Entrevista

Ronaldo Albertino comanda Bourbon rumo à internacionalização

O executivo Ronaldo Albertino foi contratado recentemente para ser o Diretor de desenvolvimento na América Latina da Bourbon Hotéis & Resorts e ele traz consigo muita experiência profissional adquirida em grandes redes nacionais e internacionais. Entre alguns desafios que ele terá está à internacionalização da Bourbon e o compromisso na transferência dos valores da rede que não pretende atravessar o Atlântico para administrar empreendimentos, mas a América Central e os Estados Unidos fazem parte dos planos de expansão.
O lançamento da nova bandeira econômica Rio Hotel By Bourbon e a consolidação como administradora hoteleira é uma das grandes metas de Albertino na rede Bourbon que comemora em 2013, 50 anos de operação e deverá continuar sendo uma empresa 100% brasileira que trabalha incessantemente para garantir a maior satisfação possível aos clientes. Confira estas e outras novidades a seguir nesta entrevista exclusiva.

 

Revista Hotéis — A Hotelaria Brasil estava vivendo seu grande momento quando você se desligou da condição de sócio diretor para assumir a diretoria de desenvolvimento da Rede Bourbon. Você considerou sua missão cumprida? Qual foi o principal legado que deixou na Hotelaria Brasil?

Ronaldo Albertino — Acredito que a equipe remanescente, liderada pelo Mauro Kaluf, tem as mesmas condições de alcançar seus objetivos. Não diria que deixei algum legado, o que foi feito nestes anos foi em conjunto com a equipe de profissionais com quem tive a honra de conviver. Se pude contribuir em algo foi demonstrar na prática às marcas internacionais que podemos, sim, operar produtos estrangeiros com qualidade superior.

Revista Hotéis — O que o motivou a assumir a Diretoria de Desenvolvimento para América Latina da Bourbon Hotéis & Resorts?

Ronaldo Albertino — A expansão de atuação em mercados já conhecidos por mim no passado, só que agora com uma empresa 100% brasileira, o que me motiva e entusiasma. Representar o País fora de nossas fronteiras é motivo de orgulho para todos nós, sobre tudo quando contamos com a credibilidade e seriedade de uma empresa como a Bourbon.
 
Revista Hotéis — Qual é a experiência profissional e acadêmica que traz consigo para enfrentar os desafios deste cargo?

Ronaldo Albertino — Dar aulas na pós-graduação em Hotelaria, trabalharem empresas globais, nacionais e regionais me impuseram a busca incessante pelo aprimoramento profissional e o aprendizado que somente com humildade e respeito ao próximo podemos fazer um trabalho que traga harmonia, para nós e para os nossos profissionais. Agora na América Latina, os valores cada vez mais necessários para uma convivência harmônica, estão baseados na filosofia de serviços que empregamos na Bourbon, ou seja, colocamos em prática a busca constante de excelência na formação de nossos profissionais com uma das maiores cargas de treinamento da indústria hoteleira. Sem educação não atingiremos os nossos objetivos profissionais e pessoais.
 
Revista Hotéis — No que sua experiência na área de Desenvolvimento da Hotelera Posadas na América do Sul poderá contribuir para a internacionalização da rede Bourbon. Conhecendo o mercado sulamericano será mais fácil desenvolver a rede Bourbon ou a realidade hoje é diferente de anos atrás?

Ronaldo Albertino — Costumo dizer que sou uma pessoa de sorte por ter trabalhado nas empresas que trabalhei e Posadas foi uma das principais, porém hoje a realidade que vivemos e as transformações galopantes nos forçam, literalmente, a replanejar nossas atividades. Há dez anos, o PIB brasileiro era pouco mais de R$ 270 bilhões e o da Argentina era de R$ 215 bilhões e representava 80% do nosso PIB. Atualmente a Argentina não representa 20% do nosso PIB, realidade que vemos na relação dos PIBs do Brasil e Estados Unidos. Certamente algo estrutural mudou e com esses dados devemos ter maior compromisso com a excelência. A quem mais for dado, mais será cobrado, é uma frase milenar a ser lembrada sempre.

Revista Hotéis — Em breve a rede Bourbon inaugura o empreendimento hoteleiro da Commenbol em Assunção, no Paraguai. O que representa para a Bourbon a administração deste empreendimento?

Ronaldo Albertino — O passo internacional e o compromisso na transferência de nossos valores. Tenho certeza que alcançaremos com profissionalismo nossas metas.
 
Revista Hotéis — Como estão os contatos e prospecções do mercado sulamericano para implantar unidades da rede Bourbon. Vocês pretendem ter unidades fora do Continente Americano?
Ronaldo Albertino — Crescimento em espiral é o mais indicado. Atravessar o Atlântico não está nos nossos planos, não obstante observarmos de perto América Central e Estados Unidos.

Revista Hotéis — A expansão da internacionalização da Bourbon se dará somente através de administração terceirizada, ou vocês pretendem também fazer aporte de recursos próprios?

Ronaldo Albertino — Em mercados chave, podemos eventualmente investir, sempre em parceria com investidores locais. Não deixamos de analisar nenhuma das possibilidades.

Revista Hotéis— Muitas redes nacionais e internacionais que atuam no Brasil optaram para o modelo de franquia de marcas para expansão. Como a Bourbon vê este modelo? Vocês pretendem adotá-lo?
Ronaldo Albertino — Primeiro temos que construir estruturas novas, culturas novas, haja vista nossas características de permanência no investimento hoteleiro, diferentemente das empresas franqueadoras que são unicamente prestadoras de serviços. Certamente temos interesse em franquias, mas o momento agora é o de consolidar nossa posição como administrador hoteleiro.

Revista Hotéis — Haverá a criação de alguma outra bandeira da rede Bourbon nesta expansão, como, por exemplo, a econômica, ou vocês vão manter o mesmo padrão?

Ronaldo Albertino — Já estamos bem adiantados com a marca Rio Hotel By Bourbon, em breve faremos o lançamento desta marca econômica já com vários produtos em andamento.

Revista Hotéis— Como a Bourbon analisa as oportunidades do mercado brasileiro? Os grandes eventos que o País irá sediar nos próximos anos interfere de alguma maneira nesta expansão?

Ronaldo Albertino — Estes eventos trazem exposição e é sempre bom para a indústria do turismo. Só não podemos expor nossas mazelas de maneira como expomos atualmente. Não precisamos de propaganda negativa, sobretudo para o exterior, mas se continuarmos com esta vergonha que vemos em todos os setores de infraestrutura, fatalmente a herança será de amadorismo e pouco caso. Hoje não crescemos mais porque não temos infraestrutura. Ao conversar com um líder da aviação nacional em evento da indústria recentemente, ele me disse que só não põe mais aviões em operação, porque não tem slots ou seja, estamos parados e isso é muito ruim para todo o país. Podemos dar um passo para trás e o governo não está, realmente, se mexendo.

Revista Hotéis — Quantas unidades habitacionais a Bourbon possui de capital próprio e quantas são terceirizadas? Até que ponto o fato de possuir recursos próprios em hotéis facilita a administração terceirizada, a expansão e internacionalização da Bourbon?

Ronaldo Albertino — Hoje são praticamente o mesmo número, temos aproximadamente 2800 quartos entre 50% próprios e 50% administrados. Agora com a abertura do Bourbon Conmebol os administrados serão a maioria e acredito que este percentual aumentará naturalmente nos próximos anos. Quando falamos aos investidores que nos mantemos no negócio, certamente esta postura trás mais conforto e segurança ao investidor. A nossa capacidade de investimento é limitada e, portanto, há que escolher os projetos com os critérios certos, mas o importante é que analisamos qualquer projeto para administração como se estivéssemos na posição de investidores, caso o projeto não seja rentável apontado em estudo de mercado e viabilidade prévios, não entramos no negócio.

Revista Hotéis — Em 2013 a Rede Bourbon completa 50 anos de atividades. Vocês pretendem comemorar com quantos hotéis no portifólio e destes, quantos poderão ser no exterior?

Ronaldo Albertino — Quantos forem possíveis com a manutenção da qualidade e rentabilidade. O importante é que chegaremos aos 50 anos de operação sendo uma empresa 100% brasileira que trabalha incessantemente para garantir a maior satisfação possível aos nossos clientes, investidores e profissionais, mas com rentabilidade. Esta filosofia é mais importante que os números de hotéis e apartamentos, pois é perene e garante naturalmente o nosso crescimento.

Revista Hotéis — Como você analisa a hotelaria brasileira nos próximos anos?

Ronaldo Albertino— Mais madura, mais profissional e mais consistente. Hoje temos orgulho de ver equipamentos bem instalados nas principais capitais do país e agora nas cidades médias. Sem dúvida é uma indústria que vem fortalecendo-se através da atuação dos hotéis independentes, redes nacionais e internacionais. O futuro é brilhante e em poucos anos teremos um parque hoteleiro digno para apoiar o crescimento sustentado do País.

Revista Hotéis — Um dos grandes gargalos que alguns especialistas apontam para a hotelaria nos próximos anos é a qualificação na mão-de-obra. Como a Bourbom vê esta questão?

Ronaldo Albertino — Criamos há três anos atrás a Escola Bourbon de hotelaria é levada a cabo nas nossas unidades e em módulos externos e já realizamos mais de 68.000 horas de treinamento e formação. Ela é um ícone de nossa empresa junto com a nossa preocupação na manutenção das propriedades e estes esforços contribuem para o crescimento de uma maneira global, motivos que me cativaram e que me dão orgulho em representar a Bourbon.

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