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Bourbon Hospitalidade completa 60 anos e tem muito a comemorar

Consolidação da presença no Brasil, expansão internacional no Cone Sul e projetos na França e Estados Unidos estão nos planos da Bourbon Hospitalidade

A Bourbon Hotéis e Resorts iniciou às atividades em 1963 devido a necessidade da família Vezozzo ter nova fonte de renda para suprir os danos da plantação de café dizimada por uma geada negra no Norte do Paraná.  A opção de transformar um edifício que estava sendo construído para ser residencial na unidade de Londrina recebeu grande apoio dos familiares para iniciar a operação e o nome Bourbon foi escolhido para homenagear a variedade de café que eles cultivavam.

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O foco na excelência do produto, cuidado com as pessoas, no bom atendimento e na conservação do patrimônio, foram as primícias que nortearam o início das atividades da rede e que se mantém até os dias atuais. E pelo fato de ser uma das poucas redes hoteleiras no Brasil a ter hotéis com recursos próprios, a Bourbon é muito procurada por investidores para administrar seus ativos, mas o critério é bem alto para garantir rentabilidade e manter a reputação do nome.

Consolidação da presença no Brasil, expansão internacional no Cone Sul e projetos na França e Estados Unidos estão nos planos dessa jovem senhora, que já tem uma linha sucessória familiar definida e um futuro muito promissor. Confira nessa entrevista exclusiva com Alceu Ântimo Vezozzo Filho, Presidente da Bourbon Hospitalidade.

Revista Hotéis – Como surgiu a rede Bourbon? Ela nasceu com quais objetivos

Alceu Ântimo Vezozzo Filho – A Bourbon nasceu por acaso, mas antes de detalhar como foi, necessito fazer uma introdutória. Minha família por parte de pai é de origem italiana e ela dedicou mais de 50 anos a trabalhar na agricultura, principalmente na lavoura de café em Minas Gerais e São Paulo, até chegar em Cambará, Norte pioneiro do Estado do Paraná. Meu bisavô chegou a trabalhar por três anos como soldador na construção do edifício Empire State Building em Nova York. Quando terminou o prédio ele foi para a Itália e chegando ao Brasil trouxe algumas economias guardadas. Aliás ele foi um dos fundadores da cidade de Cambará, inclusive tem uma rua com o nome dele. Meu avô também era um homem visionário e como marceneiro de profissão, montou uma pequena marcenaria, chamada São José e uma construtora, mas a família mantinha o cultivo do café. Com os negócios prosperando, meu avô mandou meu pai estudar engenharia na universidade Mackenzie em São Paulo. A intenção dele era expandir a atuação da construtora e adquiriram um terreno próximo a catedral de Londrina para construir um prédio residencial.

Com isso, meu pai acabou se mudando de Cambará para Londrina para cuidar dessa obra e meu avô permaneceu cuidando das duas fazendas de café que eram a maior fonte de receita da família e tudo estava indo bem. Mas em 1962 houve uma grande geada no Paraná, que ficou conhecida como geada negra, que em 24 horas queimou todas as plantações de café no estado e perdemos todas as fontes de renda. Então meu pai teve a ideia de transformar o prédio residencial semi acabado que estava construindo em Londrina, num hotel. E toda a família se mudou de Cambará para Londrina e começou a trabalhar nesse hotel. Minha tia virou governanta, minha avó cuidava do preparo do café da manhã, meu pai era o Gerente geral e recepcionista, meu avô cuidava da manutenção e assim nasceu o hotel Bourbon Londrina em 1963. O nome foi dado a uma variedade de café que nós cultivávamos, tanto o vermelho como o amarelo.

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R.H – Quais os princípios que nortearam o início das atividades da Bourbon? Eles são preservados até hoje?

A.A.V.F – Desde que a Bourbon nasceu há 60 anos, mantemos a cultura focada na excelência do produto, no cuidado com as pessoas, no bom atendimento e na conservação do patrimônio em perfeito estado. Eu não canso de reafirmar isso centenas de vezes com nossos colaboradores. Meu pai tem uma frase que diz: Não precisa ser novo, mas ter cara de novo. A limpeza e o asseio são heranças da minha avó e essa cultura mantemos até hoje em nossos hotéis.

R.H – Vocês já imaginavam 60 anos após o início das atividades a Bourbon alcançar esses objetivos?

A.A.V.F – O grande motor do sucesso é ter amor pelo que se faz. Deus deu a benção a minha família de encontrarmos uma atividade que nos encanta e o amor dá dinheiro sim. E por incrível que pareça é uma palavra hoje que as vezes é até muito mal utilizada. A grande alavanca do nosso sucesso é o amor, como nós fazemos nossa atividade e a confiança dos familiares. Parece apenas um detalhe, mas a harmonia precede o lucro e por isso, muitos negócios familiares não resistiram à desarmonia. Em nossas ações de investimentos, estamos sempre seguros e analisamos com muito cuidado, para não ter que retroceder e sempre damos passo a passo. E com uma grande satisfação que hoje chegamos aos 60 anos de atividades. Eu brinco que é uma jovem senhora, mas que ainda com certeza tem muita lenha para queimar e com um futuro muito promissor.

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R.H – Como a Bourbon é uma rede bem sólida, devem receber muitas ofertas para administração de hotéis. Quais os critérios que adotam? Costumam recusar muitas ofertas?

A.A.V.F – Em primeiro lugar, temos um profundo respeito com o investidor e quando abraçamos um negócio, ele pode ter certeza absoluta que vai ficar satisfeito com nossos resultados. Quando não temos a certeza que vamos apresentar resultados, recusamos muitos negócios, pois nosso objetivo é que os investidores se sintam totalmente satisfeitos, pois reputação é tudo. É como eu digo com prováveis parceiros investidores. Eu lhe dou trabalho, transparência e resultado. E brinco, inclusive com muito orgulho, que temos parceiros por vários anos e eles nem pedem mais auditoria da nossa administração, mas ficamos insistindo na prestação de contas e que elas sejam auditadas. Temos esses conceitos negociais e eles nos dão muita segurança nos passos que nós damos, e cada parceiro que a gente ganha, vira um amigo e eles querem aumentar os negócios. Eu faço negócio com quem eu sinto que eu vou ficar amigo. Fazer parceria com gente que não se parece comigo ou com meus conceitos, eu não faço, pois o que vai resolver um hotel a mais ou a menos. O importante é andar de cabeça erguida e nossos colaboradores sabem disso e tem respeito a esse meu conceito de vida.

“Quando não temos a certeza que vamos apresentar resultados, recusamos muitos negócios, pois nosso objetivo é que os investidores se sintam totalmente satisfeitos”

R.H – A Bourbon é uma das poucas redes hoteleiras no Brasil que possui vários hotéis com recursos próprios. Isso faz a diferença na hora de pegar um hotel com recursos de terceiros para administrar?

A.A.V.F – Eu sou da seguinte filosofia:  Quem acredita no negócio, põe dinheiro. Eu não entendo como alguém opera um hotel sem por um único centavo! Tanto acredito na atividade hoteleira, no sucesso dela, o resultado e o futuro que ela tem, que todo o nosso ativo é investido nas operações hoteleiras pertencentes a holding Bourbon. Mas lamentavelmente alguns investidores ainda confiam seus ativos a operadores que não possuem garantia nenhuma para dar a eles.

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R.H – Como pretendem aproveitar para crescer e consolidar ainda mais a rede Bourbon?

A.A.V.F – Temos o portfólio das marcas Bourbon, Rio by Bourbon e Bourbon Exclusive. E conforme o mercado, a cidade e as características do consumidor nós usamos uma dessas marcas. Não necessariamente a marca Rio será a marca que vai ser privilegiada. Realmente são opções, são marcas possuem características próprias e elas são aplicadas de acordo com o que pede o mercado.

R.H – Como analisa o atual momento do mercado hoteleiro no Brasil?

A.A.V.F – Sem dúvida alguma houve uma grande melhora no segmento hoteleiro no pós pandemia e nós da Bourbon estamos vivendo um momento excepcional. Mas devemos dar graça ao PERSE – Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos criado no governo anterior. Ele foi o maior incentivo de recursos que a hotelaria brasileira recebeu em sua história e a salvação de muitos negócios. Essa conjuntura nos trouxe a patamares muito favoráveis e espero que continue.

R.H – Como se encontra o plano de expansão internacional da Bourbon? Essa é uma das prioridades?

A.A.V.F – Nós temos objetivos de consolidar ainda mais, de forma seletiva, a presença da rede Bourbon no Brasil. Mas, estamos trabalhando há alguns anos num projeto nos Estados Unidos, assim como estamos trabalhando também em desenvolver um projeto na França. Continuamos a desenvolver a nossa marca no Conesul, onde já estamos presentes na Argentina e Paraguai. Mas reitero nossa filosofia de trabalho: Trabalhamos de forma cautelosa, nosso time não dá um passo errado, somente quando temos absoluta certeza que é um bom negócio para todos, não só para nós.

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R.H – A Bourbon está alcançando uma boa performance nesse ano e a expectativa é de obter recorde histórico. Que análise faz desses resultados?

A.A.V.F – A pandemia nos trouxe muita dor, mas foi o momento da minha vida que eu mais aprendi. E como, nós tínhamos muito tempo até porque estávamos todos isolados, eu passava horas e horas refletindo e analisando comigo mesmo caminhos, ideias, opções, etc. Então nós decidimos que apesar de toda a dificuldade, não iríamos deixar que a qualidade dos nossos serviços caísse, mesmo com o número de colaboradores diminuindo, como em todo mundo. Mas nós continuamos a manter uma política de bons serviços, de boa conservação predial e de qualificação do nosso time. Então durante a pandemia nós investimos em novidades em nossos resorts e nos hotéis, mesmo com toda a economia do mundo fragilizada. Para isso, tivemos que literalmente fazer piruetas. Agora quando essa pandemia terminou, mas parecia que não ia passar nunca, nós já estávamos com o dever de casa feito e com isso, entramos no pós pandemia muito competitivos. Enquanto muitos concorrentes entraram com grandes dificuldades, porque eles deixaram a parte predial dos hotéis sem manutenção e mandaram embora os seus melhores talentos. Então eles entraram num mercado aquecido numa situação muito difícil, porque eles não tinham recurso humano e nem um prédio adequado para receber bem os hóspedes. Então, essa aposta que fizemos, graças a Deus, foi acertada.

“Então durante a pandemia nós investimos em novidades em nossos resorts e nos hotéis, mesmo com toda a economia do mundo fragilizada”

R.H – E por falar em aposta, o que levou a Bourbon a criar o Destination Club? Como se encontra esse modelo de negócios e as expectativas de crescimento?

A.A.V.F – Temos um nome a zelar, por isso, nós iniciamos o Destination Club em junho de 2019, somente depois de dois anos de muito estudo. Hoje eu falo com muito orgulho que é o clube de férias de maior sucesso e qualidade no Brasil. Deu muito trabalho para conceber e estruturar, mas o resultado obtido nos orgulha, pois é o clube de férias com o melhor índice de reputação de todos os demais existentes no Brasil, conforme demonstra o site Reclame Aqui. Hoje temos quase cinco mil sócios e queremos ser o melhor para o nosso cliente que paga nosso salário e faz a recompra do clube de férias. Esse modelo de negócio vai muito bem, não queremos que o Destination Club Bourbon seja o maior do Brasil, mas com certeza temos os sócios mais felizes de todos os clubes de férias do Brasil.

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R.H – Na sua opinião, quais são os maiores gargalos para quem deseja investir ou empreender no setor hoteleiro no Brasil?

A.A.V.F – A falta de linhas de crédito para investimentos preocupa. A hotelaria brasileira nunca teve linha de crédito. Inclusive na pandemia a atividade hoteleira entrou na lista negra do sistema bancário brasileiro. O que se tem hoje no Brasil é uma miséria que o sistema bancário oferece ao setor e mais parece ser esmola, verdadeira ave rara. Outro gargalo que eu enumero é a falta de mão de obra, por que o mercado hoteleiro aqueceu e a formação de mão de obra técnica no Brasil, é muito deficiente. Para compensar isso, nós temos a escola Bourbon de hotelaria e quase a totalidade dos nossos Gerentes gerais e dos nossos colaboradores operacionais são formados nessa escola e com isso nós buscamos enfrentar a situação. Um outro gargalo que eu considero uma ameaça é a reforma tributária que eu não sei o que vai dar. O debate e as discussões estão muito tumultuados e o governo entre idas e vindas ainda não definiu o melhor modelo.

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R.H – Quais as ações socioambientais que a Bourbon pratica e que benefícios isso agrega à marca?

A.A.V.F – São muitas ações e a primeira que eu destaco é o Instituto Bourbon em Cambará, onde meu pai nasceu. E pelo que eu tenho conhecimento, é o maior projeto social de uma empresa hoteleira no Brasil, pois recebe mais de dois mil alunos de 4 a 80 anos e foi também uma das paixões do meu pai. Esse é um projeto maravilhoso, pois muda a vida das pessoas e suas perspectivas. Você pegar um ser humano sem nenhuma perspectiva de vida, dar formação de qualidade de graça e 20 anos depois ver essa pessoa sendo um advogado, um dentista ou mesmo um pizzaiolo, isso não há dinheiro que pague. Meu pai quando visitava Cambará, ele não podia andar tranquilo na rua, pois ele mudou milhares de vidas na região. Esse é um projeto   socioambiental que tenho orgulho e sou Presidente do Instituto Bourbon há uns quatro, cinco anos.

Em relação a sustentabilidade da hotelaria, estamos muito comprometidos com os nossos negócios. Eu compro energia limpa há seis anos para os nossos resorts e temos reciclagem praticamente 100% há muitos anos. Temos uma central de compostagem há mais de oito anos e transformamos o lixo orgânico em adubo para uso em nossas hortas nos dois resorts, onde nós plantamos legumes, verduras e frutas sem agrotóxicos e abastecemos os resorts. Nós temos uma série de iniciativas socioambientais, pois acreditamos que se cada um fizer a sua parte ou um pouco em prol da sociedade e da natureza, será uma vida melhor para todos do que iniciativas para promoção na área de marketing. Tanto é verdade que durante 15 anos ninguém sabia que existia o Instituto Bourbon.

“Eu compro energia limpa há seis anos para os nossos resorts e temos reciclagem praticamente 100% há muitos anos.”

R.H – A Rede Bourbon se tornou recentemente Bourbon Hospitalidade e lançaram a marca Vezzoso Cucina. O que os motivaram a fazer essas mudanças?

A.A.V.F – A Bourbon Hospitalidade é a nova marca-mãe, que passou a abrigar suas áreas de negócios, incluindo o Bourbon Gastronomia, Bourbon Hotéis e Resorts e o BDC (Bourbon Destination Club).  O Bourbon Gastronomia, por exemplo, reúne restaurantes de culinárias específicas como Kibô (culinária oriental), Bourbon Bistrot (onde você se sentirá em um autêntico bistrô francês). Já o Vezzoso Cucina (marca dos novos restaurantes italianos da rede), além do Tom Espaço Gastronômico, com pratos da cozinha contemporânea e o In Samba, restaurante da marca Rio Hotel by Bourbon. O Vezzoso Cucina é a nossa grande novidade no Bourbon Cataratas do Iguaçu Thermas Eco Resort. Inauguramos esse novo espaço que faz um resgate aos domingos, à infância, à memória afetiva e aos segredos e sabores italianos servidos à mesa rodeada pela família e amigos. O chef executivo é o premiado Salvatore Loi, que traz uma cozinha contemporânea inspirada na cultura e na gastronomia italiana, onde a atenção em cada detalhe é fundamental, desde a seleção dos ingredientes à excelência no preparo, que permitirão uma experiência única.

R.H – Como enxerga a Bourbon nos próximos anos? Como estão se preparando para os novos desafios?

A.A.V.F – A Bourbon é uma das poucas empresas familiares profissionalizadas e eu falo isso com uma certa tristeza. Somos uma das poucas empresas que tem sucessão, então a terceira geração já chegou e meus três filhos já nasceram dentro de hotel e isso é uma garantia para o futuro da nossa rede. A atividade hoteleira quando ela é bem gerida tem princípios sólidos, como eu herdei de meu pai e procuro transmitir não somente aos meus filhos, mas também ao meu time. Eles sim vão dar um futuro promissor a todos que estiverem conosco. Então, a nossa perspectiva para os próximos anos é muito positiva, eu vejo o futuro, com muita coisa boa acontecendo e poder levar o nosso nome a mais destinos. Reforço que a Bourbon que completa 60 anos será cada vez mais conhecida e reconhecida pela qualidade do seu trabalho e o resultado que ela dá em termos de satisfação de cliente, satisfação de investidor e satisfação dos seus colaboradores.

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Edgar J. Oliveira

Diretor editorial - Possui 31 anos de formação em jornalismo e já trabalhou em grandes empresas nacionais em diferentes setores da comunicação como: rádio, assessoria de imprensa, agência de publicidade e já foi Editor chefe de várias mídias como: jornal de bairro, revista voltada a construção, a telecomunicações, concessões rodoviárias, logística e atualmente na hotelaria.

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