Entrevista

Álvaro Bezerra de Mello o grande timoneiro da hotelaria nacional

O Presidente da ABIH Nacional — Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, Álvaro Bezerra de Mello está confiante no bom momento que o Brasil está vivendo, através de uma economia estável e responsável, além da democracia estabelecida, o que nos dá uma visibilidade bem positiva para os investidores internacionais. Neste aspecto a hotelaria será sem dúvida um dos setores mais beneficiados em razão dos grandes eventos que o Brasil estará sediando nos próximos anos.

A nova classificação hoteleira que a ABIH Nacional apóia será um grande marco regulatório do setor e mesmo sem adesão total dos associados, Álvaro destaca que este processo democrático é muito salutar e que hoje os hóspedes possuem diferentes canais para aferirem a qualidade dos meios de hospedagem. Confira nesta entrevista exclusiva estas questões, assim como o que pensa o Presidente da entidade mais representativa da hotelaria nacional sobre a construção de novos hotéis para atender a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 no Brasil, assim como a fusão da ABIH Nacional com a Resorts Brasil e o FOHB.

 

Revista Hotéis — A ABIH Nacional tentou durante vários anos implantar uma nova classificação hoteleira entre seus associados, mas poucos aderiram. O que esta classificação propunha e na opinião do Senhor, porque os hoteleiros não aderiram de forma maciça?

Álvaro Bezerra de Mello — No passado à classificação era mais restritiva e nem todos podiam se adequar aos padrões estabelecidos. Outro ponto é que as autoridades federais não estavam tão comprometidas com a indústria do turismo como agora.

 

Revista Hotéis — No início das discussões sobre a nova classificação hoteleira proposta pelo Ministério do Turismo, a ABIH Nacional se posicionou contra, mas posteriormente se mostrou favorável. O que fez a ABIH Nacional mudar de postura?

Álvaro Bezerra de Mello— A própria flexibilização do Ministério do Turismo que retirou as sanções e punições para quem optar por não se classificar. Além do mais, a matriz com sete segmentos aumenta a possibilidade de um número muito maior de empreendimentos se adequarem às novas diretrizes.

 

Revista Hotéis — O Senhor acredita que o modelo aprovado de sete categorias seja o ideal para atender às diferenças regionais?

 Álvaro Bezerra de Mello — Acredito que sim. O Brasil é muito vasto com regiões muito distintas. Acho que com a realização dos maiores eventos esportivos mundiais e com a exposição que o País terá na mídia de todo o globo, não só as cidades que abrigarão os jogos serão beneficiadas, mas todos os destinos indutores do País. Diante disto, muitas operadoras e agentes de viagens começarão a trabalhar o destino Brasil. Daí a importância de uma classificação oficial nos mais diferentes níveis. 

 

Revista Hotéis— Mesmo com a adesão maciça das regionais da ABIH a nova classificação hoteleira, a ABIH/PE se mostrou contra, assim como a ABIH/RJ. Existe algum ponto específico que elas se apegam para serem contra e quais soluções elas apresentam para implantar um novo sistema de classificação?

 Álvaro Bezerra de Mello — O processo democrático é muito salutar. Após discussões amplas sobre o tema, ambas ABIH´s já estão mais flexíveis em suas posições. De qualquer maneira, acho que hoje os hóspedes possuem diferentes canais para aferirem a qualidade dos meios de hospedagem.

 

Revista Hotéis — No seu ponto de vista, quais são os pontos mais relevantes desta nova classificação hoteleira proposta pelo Ministério do Turismo e o que ainda pode ser aperfeiçoado?

 Álvaro Bezerra de Mello — Acho que a nova classificação atende nossas necessidades.

 

Revista Hotéis — O parque hoteleiro nacional é suficiente para atender toda a demanda da Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas em 2016 ou se faz necessário à construção de vários hotéis? Qual o impacto que isto pode ter posteriormente na diária média e taxa de ocupação, tendo em vista que estes dois eventos duram apenas dois meses?

Álvaro Bezerra de Mello — Acho que em cidades como Rio, São Paulo e Belo Horizonte, mesmo com a construção de novos hotéis, a demanda posterior aos eventos conseguirá manter em bons níveis a taxa de ocupação. Já em cidades com Cuiabá, Manaus, Recife, Fortaleza, Porto Alegre a situação tem que ser muito bem analisada antes de grandes investimentos na construção de novos hotéis.

 

Revista Hotéis — A cidade do Rio de Janeiro será sede destes dois grandes eventos e vários especialistas afirmam ser necessário mais 12 mil leitos para atender estas necessidades. Como a ABIH Nacional está analisando a situação destes investimentos na capital fluminense? Poderá ser utilizado o sistema semelhante a flat que expandiu a hotelaria paulistana ou será necessário encontrar outras alternativas de investimentos?  

Álvaro Bezerra de Mello — O Rio de Janeiro já está chegando em projetos a nove mil quartos até 2014. Então acho que não haverá grandes questões. Quanto aos flats somos contrários. Já o Condotel é uma idéia que nos parece mais simpática no caso do Rio de Janeiro. 

 

Revista Hotéis — Quais os legados que a Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas em 2016 podem deixar para o turismo brasileiro?

 Álvaro Bezerra de Mello— Como os eventos serão realizados com apenas dois anos de distância entre um e outro, o Brasil ficará cerca de dez anos em total exposição na mídia mundial. Além dessa exposição, o boca a boca dos turistas que vierem assistir os jogos ser um importante fomento para a indústria.  Uma das características mais citadas sobre a África do Sul foi a simpatia do povo e isso nós temos de sobra. Sem falar no padrão dos produtos e serviços turísticos que desde já estão se preparando para receber esses eventos. Toda a indústria do turismo está motivada para atender essa demanda. Acho realmente que estamos inaugurando um novo cenário para o turismo nacional. 

 

Revista Hotéis— Como a ABIH está trabalhando junto aos órgãos públicos para suprir às necessidades que estes dois eventos impõem?

Álvaro Bezerra de Mello — A ABIH Nacional está trabalhando com foco na capacitação profissional dos profissionais que já trabalham na hotelaria e na qualificação dos Pequenos Meios de Hospedagem, através de  convênios firmados com o Ministério do Turismo e com o SEBRAE. O Programa Escola Virtual dos Meios de Hospedagem, coordenado pelo Instituto Brasileiro de Hospedagem – braço operacional da ABIH Nacional – em parceria com o Ministério do Turismo, faz parte do Projeto Bem Receber Copa, do Ministério do Turismo, e já iniciou os cursos nas 12 cidades que sediarão os jogos da Copa de 2014. 

Reconhecendo que os pequenos meios de hospedagem são agentes fundamentais no turismo brasileiro e com os grandes eventos que o País irá sediar nos próximos anos, eles também serão classificados de acordo com a nova matriz, em parceria com o Sebrae estamos implantando um projeto para qualificar esses empreendimentos através do Programa de Qualificação de Pequenos Meios de Hospedagem.

  Revista Hotéis— Durante o CONOTEL do ano passado, se cogitou a união da ABIH com o FOHB e a Resorts Brasil para se tornar uma única entidade de todo o setor hoteleiro, o que daria um grande peso representativo. Como estão estes entendimentos? O Senhor acha possível esta união e o que isto poderia representar para a hotelaria nacional?

 Álvaro Bezerra de Mello — Já estamos trabalhando tão bem juntos, cada um focando em seus interesses e unidos em torno do interesse comum, como se fossemos uma federação, que essa discussão será novamente adiada.

 

Revista Hotéis — Com a grande visão empreendedora e experiência hoteleira, o Senhor arrisca uma projeção para a hotelaria brasileira nos próximos anos? 

Álvaro Bezerra de Mello — O Brasil está vivendo um dos melhores momentos de sua história recente. Somos uma economia estável e responsável, além de termos uma democracia estabelecida, o que nos dá uma visibilidade bem positiva para os investidores internacionais. Estamos vivendo um momento ímpar e estamos trilhando um caminho que nos levará ao sucesso. 

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