Opinião

O peso das estrelas no seu estabelecimento

Recentemente o Ministério do Turismo voltou a adotar a classificação por estrelas dos hotéis e pousadas do Brasil. O modelo brasileiro usará o padrão mundial de referência para serviços turísticos, ou seja, uma escala de uma a cinco estrelas, aplicada para indicar o nível de conforto e a qualidade dos serviços e outros benefícios oferecidos aos hóspedes. Os critérios de avaliação serão aplicados em sete tipos diferentes de hospedagem: hotel, resort, hotel fazenda, cama e café (bed and breakfast), hotel histórico, pousada e apart hotel.
A medida foi tomada como uma das iniciativas de preparo para receber turistas internos e externos durante a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. A expectativa do governo é que 600 mil estrangeiros visitem o Brasil em 2014. Em relação ao turismo nacional, estudos indicam que os desembarques domésticos avancem de 56 milhões, em 2009, para 73 milhões no ano da Copa.
Sem dúvida alguma o cenário nacional hoteleiro parece promissor. Mas será que o seu estabelecimento será mesmo beneficiado por tamanho movimento? Depende. O projeto do Ministério do Turismo conta com o apoio do Inmetro – Instituto Nacional de Metrologia e Qualidade Industrial para determinar a classificação dos hotéis. Contudo, os próprios estabelecimentos irão se “autoclassificar” pelo site governamental e, em seguida, os funcionários do instituto vão checar pessoalmente critérios diversos em cada hotel. Inevitável perguntar: o instituto terá mesmo condições de visitar todos os estabelecimentos cadastrados? Com exceção dos hotéis e resorts de redes, que procuram manter um padrão em todos os seus empreendimentos, cada hotel, hotel fazenda ou pousada tem real conhecimento de seus serviços para fazer uma autoclassificação? Neste ponto, o trabalho do cliente oculto é essencial para realizar uma avaliação coerente, justa e vantajosa, tanto para o empresário, quanto para o hóspede, que irá encontrar aquilo que realmente necessita.
Explico esse ponto de vista que, aparentemente, pode parecer radical. Há cerca de dois meses, em um passeio de catamarã na cidade de Recife, prestava atenção na conversa de duas moças, uma brasileira e uma alemã. A européia elogiava as belezas naturais do Brasil, mas reclamava imensamente dos hotéis: caros e abaixo da qualidade daquilo que diziam oferecer. Sem declarar minha profissão, entrei na conversa das duas amigas, acostumadas a viajar pelo mundo.
Elas me disseram que tinham acabado de voltar da Tailândia, um país com características turísticas parecidas às do Brasil: clima ameno e ótimas praias. No país asiático, elas contam que ficaram imensamente satisfeitas com a oferta hoteleira, tanto dos estabelecimentos de rede, quanto os de hotéis e bed & breakfast independentes. Todos praticam preços justos, serviços coerentes, limpeza impecável e equipamentos em ordem – o básico que qualquer turista merece ter. Já no Brasil, elas reclamavam exatamente desses mesmos itens. E sabem do que mais? Elas têm toda a razão.
Não basta ter 3, 4 ou 5 estrelas na fachada de seu estabelecimento. Durante meu trabalho no Guia 4 Rodas visitei vários hotéis que tentavam se “vender” graças às suas supostas estrelas, mas que nem de longe mereciam o número de astros que ostentavam na entrada. Por isso, fica aqui um alerta: muito cuidado na hora de realizar essa autoclassificação. Os turistas brasileiros estão cada vez mais exigentes e os estrangeiros, acostumados com os critérios de classificação dos hotéis por estrelas. Sem dúvida que os próximos eventos esportivos sediados no Brasil darão um enorme fôlego à hotelaria nacional. Basta fazer isso com conhecimento e competência, valorizando a excelência de nossa hotelaria.

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