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Movimento Free Cage Eggs chega a hotelaria

A preocupação com o bem-estar animal entrou na pauta da ONU e grandes empresas se comprometem a utilizar ovos de galinhas criadas livres

Cada vez mais a preocupação com o meio ambiente e o bem estar social faz parte da vida das pessoas. Hoje em dia quando os viajantes pesquisam sobre destinos a tendência é de buscar cada vez mais informações sobre como esses temas são tratados no local em que ele deseja conhecer e se hospedar. Para as empresas essa pauta ganha cada vez mais importância, e as práticas norteadas pelos princípios ESG tem aumentado de relevância. O termo que em inglês significa Environmental, Social and Governance que pode ser traduzido como preocupação com as questões Ambientais, Sociais e de Governança, foi cunhado em 2004 em uma publicação do Pacto Global em parceria com o Banco Mundial, chamada Who Cares Wins. Surgiu de uma provocação do secretário-geral da ONU Kofi Annan a 50 CEOs de grandes instituições financeiras, sobre como integrar fatores sociais, ambientais e de governança no mercado de capitais.

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Annan foi responsável pela criação do Pacto Global em 2000, quando propôs que as empresas alinhassem suas estratégias e operações aos Dez Princípios Universais nas áreas de Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e Anticorrupção e desenvolverem ações que contribuam para o enfrentamento dos desafios da sociedade, e hoje é maior a inciativa de sustentabilidade corporativa do mundo com mais de 16 mil participantes, entre empresas e organizações, distribuídos em 70 redes locais, que abrangem 160 países. O entendimento e aplicação dos conceitos de ESG nas empresas brasileiras tem se tornado uma realidade, pois de acordo com estudos e pesquisas divulgadas pela Pacto Global mostra que as empresa alinhadas a esses princípios ampliam sua competitividade, reduzindo custos, melhorando sua reputação, promovendo melhores relacionamento com os mais diversos stakeholders, mostrando solidez e comprometimento com a sociedade.

Dentro dessas práticas que são bem amplas e envolvem diversos temas, alguns vem se destacando. As questões sobre sustentabilidade sempre estão em alta e os hóspedes tem levado em conta esse assunto na hora de escolher seu local de hospedagem e agora as questões sobre alimentação estão ganhando mais importância. O cuidado com a saúde, a alimentação, seja ela fitness, saudável, com restrições, vegetariana ou vegana entrou de vez na pauta dos hotéis que tem se preocupado em oferecer alimentos de qualidade para seus hóspedes. Além das hortas próprias e a oferta de alimentos orgânicos, surge a preocupação com o bem estar animal. Um dos movimentos que tem se destacado é o Free Cage Eggs ou Ovos de Galinha Livres.

De olho nessa tendência alguns hotéis e redes no Brasil, seguindo o movimento mundial já estão adotando essa prática, entre ele a Accor, a Marriot, o Tivoli e a Coleção Casa Hotéis. O Grupo Accor recentemente assumiu o compromisso de eliminar da cozinha seus hotéis na América do Sul, ovos que não sejam de galinhas livres. Antonietta Varlese, SVP de Comunicação e Sustentabilidade Accor Américas – Premium, Midscale & Economy Brands, fala sobre o assunto e explica os motivos que levou o grupo a assumir tal compromisso. “A causa do bem-estar animal é algo que está em nosso radar há alguns anos, com compromissos globais assumidos pela Accor em prol dessa agenda. Desde o ano passado o tema passou a ser considerado prioritário dentro da agenda de Desenvolvimento Sustentável da ONU, o que reforça que estamos no caminho certo”, afirma.

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Antonietta Varlese: “A causa do bem-estar animal é algo que está em nosso radar há alguns anos, com compromissos globais assumidos pela Accor em prol dessa agenda” (Foto – Danilo Borges)
Por que se preocupar com o bem-estar animal?

Sustentabilidade, meio ambiente e saúde estão entre as principais razões pelas quais as pessoas deveriam começar a se preocupar com o bem-estar animal. Como destacou a executiva da Accor, em março de 2022, a ONU aprovou uma resolução inédita que introduz o bem-estar animal como preocupação política essencial no PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Entre os motivos apresentados para a aprovação estão deter a perda da biodiversidade, mitigar as mudanças climáticas, reduzir a poluição e reduzir o risco de novas doenças zoonóticas infecciosas, como por exemplo, os vírus das gripes aviárias e suínas.

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Algumas pesquisas apontam que têm crescido a preocupação dos brasileiros com a origem dos alimentos que consomem e como isso pode impactar principalmente a saúde. O consumo de ovos de galinhas criadas em gaiolas traz uma série de problemas para os animais e até para a saúde humana. Entre eles, sofrimento extremo do animal e a rejeição de consumidores quanto à utilização de produtos que demandam de sofrimento do animal. Além disso, estudos mostram que sistemas que confinam galinhas em gaiolas apresentam maior risco de contaminação de Salmonella, gênero de bactéria que contamina alimentos diversos, como ovos e carnes.

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Um levantamento da Delacon, empresa da área de fitogênicos e nutrição animal, realizado em janeiro de 2020 com consumidores com idades entre 29 e 38 anos, mostra que 85% dos millenials brasileiros se preocupam com a origem e qualidade dos alimentos que consomem. Outro dado interessante é que oito entre dez consumidores dessa geração ao escolher uma marca de ovos ou frango, se atentam as boas práticas de bem-estar animal, se foi produzido de forma sustentável e se foi criado sem a utilização de antibióticos. No ano passado uma pesquisa inédita conduzida pelo Datafolha mostrou que 88% dos brasileiros maiores de 16 anos se importam com o sofrimento dos animais nas fazendas. Em uma estimativa percentual baseada na população brasileira, isso corresponde a cerca de 148 milhões de pessoas.

A pesquisa identificou que o percentual aumenta entre os mais jovens, com idade entre 16 e 24 anos (93%), entre aqueles que possuem ensino superior (91%) e brasileiros das classes A/B (89%), composta por maioria feminina. O percentual dos que dizem não se importar (apenas 9% do total da amostra), é maior entre pessoas com 60 anos ou mais (14%), pessoas com apenas ensino fundamental completo (13%) e residentes na região Sul (13%). Ainda de acordo com o estudo 84% dos entrevistados evitariam empresas que não adotam políticas de bem-estar animal. “A prática de criação de galinhas confinadas em gaiolas comprovadamente causa extremo sofrimento a esses animais, e os consumidores, por sua vez, cada vez mais rejeitam esse tipo de produto. Além disso, estudos mostram que sistemas que confinam galinhas em gaiolas apresentam maior risco de contaminação, e consequentemente menor confiabilidade”, afirma Antonietta Varlese.

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No sistema de gaiolas em baterias (o mais comum atualmente), as galinhas são confinadas em pequenas gaiolas de metal – com espaço individual equivalente a uma folha de papel A4 – onde não podem expressar comportamentos naturais como ciscar, abrir suas asas ou nem mesmo se virar sem dificuldade. Por conta do estresse extremo ao qual são submetidas nas gaiolas, as galinhas sofrem alterações em seus comportamentos naturais e acabam brigando entre si, chegando a cometer inclusive canibalismo.

Para evitar que isso aconteça, elas sofrem amputação parcial do bico, prática conhecida como debicagem. Nesse processo os bicos são cortados com uma lâmina quente e muitas desenvolvem problemas e feridas que as acompanham durante toda vida. Renata Scarellis, Diretora de Políticas Corporativas, da ONG Mercy For Anilmals, conta que esse procedimento doloroso é feito sem o uso de anestesia ou analgésicos. “Nesses sistemas com gaiolas, as galinhas também estão sujeitas à prática da muda forçada, que consiste em submeter as aves a um jejum prolongado de alimentos, com o objetivo de estender a vida produtiva das galinhas”, explica Renata. De acordo com a ONG, que trabalha reduzir o sofrimento e promover melhorias para os animais, algumas aves morrem devido às péssimas condições nas gaiolas e seus corpos apodrecem em meio a outras ainda vivas produzindo ovos para consumo humano. Galinhas e frangos “de corte’’ foram modificados para crescer tanto e tão rápido que, muitas vezes, ficam impossibilitados de sequer conseguir andar sem dor. O nível de amônia em galpões fechados é tão alto que causa grandes danos à pele, irritação na garganta, cegueira e problemas respiratórios fatais, podendo afetar inclusive os trabalhadores dessas fazendas. “Esses são alguns dos motivos pelos quais a Accor e mais de 1.800 grandes empresas em todo o mundo já se comprometeram com a eliminação do uso desses produtos em suas operações”, pondera Antonietta.

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Galinhas confinadas nas gaiolas em bateria que causam extremo sofrimento para os animais (Foto – Mercy for Animals)

Aliás a Accor e a Mercy For Animals vêm trabalhando juntas pela causa, através do compartilhamento de informações, apoio com desenvolvimento de cadeias produtivas, além de garantir transparência às empresas, por meio do MICA – Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais. A ferramenta analisa o desempenho das empresas de hotelaria e alimentos mais influentes da América Latina no que diz respeito ao bem-estar animal e classifica os avanços na eliminação dos ovos de galinhas confinadas. Além da Accor fazem parte dessa iniciativa a BRF, GPA (Grupo Pão de Açucar), Subway, Arcos Dorados e Carrefour.

Além disso, a Mercy for Animals opera o programa EscolhaVeg, que tem o objetivo de dar suporte gratuito para empresas, lanchonetes, refeitórios e supermercados na adesão à tendência plant-based, incluindo itens 100% vegetais nos cardápios e estabelecimentos. “Utilizando a assessoria da Escolhaveg, a Accor pretende em breve lançar um PDV 100% plant based em um de nossos hotéis”, destaca Varlese.

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O que são e como identificar ovos de galinhas livres?

O termo foi regulamentado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos EUA) onde já existe uma legislação sobre o assunto, assim como na Europa e na Austrália, de bem-estar para criação de galinhas poedeiras em sistema free cage. O Brasil ainda não possui legislação sobre o tema, mas já há certificação para as empresas que pretendem adotar a prática. O Instituto Certified Humane Brasil é o representante na América do Sul da HFAC – Humane Farm Animal Care, a principal organização internacional sem fins lucrativos de certificação voltada para a melhoria da vida das criações animais na produção de alimentos, do nascimento até o abate. A HFAC foi fundada em 2003, em 2009 chegou ao Brasil através de uma parceria entre a HFAC e a Ecocert Brasil, uma certificadora de produtos orgânicos. Em 2016 foi criado o instituto, focado no desenvolvimento do selo Certified Humane que garante que o alimento é oriundo de produtores que atendem exigências objetivas de bem-estar animal. “A presença de um selo de certificação na embalagem de ovos ou de qualquer produto de origem animal representa um grande valor agregado, já que atesta ao consumidor final que aquele produto provém de fazendas ou granjas que adotam normas rígidas de bem-estar animal do nascimento até o abate”, explica Luiz Mazzon, Presidente do Instituto Certified Humane Brasil.

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Luiz Mazzon: “A presença de um selo de certificação na embalagem de ovos ou de qualquer produto de origem animal representa um grande valor agregado” (Foto – Divulgação)
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Ele explica que para receber a certificação o produtor deve realizar ajustes em sua operação de acordo com as exigências da entidade, que são disponibilizadas em uma cartilha. Nesse período de adaptação o instituto fica à disposição para esclarecer dúvidas. Entre os principais requisitos estão:

1 — Não ter gaiola em nenhum momento da vida da ave, nem na recria, quando ainda são jovens;

2 — Acesso a poleiros a partir da quarta semana de vida, com espaço de ao menos 7,5 cm por ave na recria e 15 centímetros durante a produção;

3 — Um ninho para cada cinco aves, para botarem ovos (existe um outro modelo de ninho comunitário, no meio do galpão, que segue outra regra);

4 — Acesso à cama (substrato) com material que permita o banho de areia, e que esteja sempre em boas condições;

5 — Acesso livre à comida e água, em boa quantidade, com comedouros e bebedouros dispostos de forma que elas não disputem entre elas;

6 — A dieta deve ser nutritiva, para cada fase produtiva do animal, com suplemento de cálcio;

7 — Proibido o uso de antibióticos preventivos (só usar se for preciso) e promotores de crescimento;

8 — Conforto térmico, boa ventilação.

Após essa fase, vem o preenchimento da solicitação e apresentação de documentos, depois de validada essa etapa é marcada a auditoria e inspeção do local, com inspetores do Instituto e Médicos Veterinários. Se aprovado, o produtor receber o certificado que tem validade de 12 meses. “Neste momento ele pode fazer referência à certificação e colocar o selo Certified Humane, nas embalagens dos seus produtos”, diz Mazzon. Que ressalta que as inspeções são feitas anualmente para garantir que o produtor continue respeitando as exigências e então o certificado é renovado.

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Icaro Rizzo: “Galinhas criadas ao ar livre geram ovos com maior teor de vitamina D, maior teor de proteínas, duas vezes mais vitamina E, duas vezes mais Ômega 3, além de apresentarem maior resistência à penetração de salmonella” (Foto – Bruno Geraldi)
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Vantagens de consumir ovos de galinhas livres?

Icaro Rizzo, Chef do restaurante Neto, localizado dentro do JW Marriott Hotel São Paulo, explica que por se tratar de galinhas que recebem água e alimentação 100% vegetais, seus ovos são livres de antibióticos e promotores de crescimento. “Galinhas criadas ao ar livre geram ovos com maior teor de vitamina D, maior teor de proteínas, duas vezes mais vitamina E, duas vezes mais Ômega 3, além de apresentarem maior resistência à penetração de salmonella”, complementa. A iniciativa de usar ovos free cage foi adotada pela Marriott há alguns anos. O JW Marriott que chegou ao Brasil em 2022, trazendo o luxo clássico com experiências de mindfulness e espaços inspiradores para melhorar o bem-estar de seus hóspedes, implantou o sistema há cerca de um mês. “Estamos muito orgulhosos que conseguimos colocar em prática. O nosso objetivo é dar continuidade nessas e outras práticas sustentáveis adotadas pelo grupo”, afirma Icaro. De acordo com o Chef, 100% dos ovos utilizados no hotel são de galinhas cage free e são provenientes de Itanhandu – MG, fornecido por uma grande empresa do setor. Eles são certificados e inspecionados pelo ministério da agricultura. “Procuramos sempre trabalhar com fornecedores certificados e qualificados que tenham valores semelhantes aos nossos”, afirma.

O Chef executivo do Tivoli Mofarrej São Paulo, Danilo Brasil, explica que esses tipos de ovos são geralmente mais saudáveis, com menos gordura saturada e colesterol, e com níveis mais altos de proteína e destaca que outro ponto importante é a questão ética, do bem-estar animal. “Acredito que é importante cada vez mais abordarmos sobre esse conceito, zelando pela produção alimentícia mais responsável, pela diminuição de agrotóxicos e valorização dos ingredientes locais, cultivados pelos pequenos agricultores. Uma realidade que deve se tornar cada vez mais comum”, pontua Danilo.

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Danilo Brasil: “Acredito que é importante cada vez mais abordarmos sobre esse conceito, zelando pela produção alimentícia mais responsável” (Foto – Elvis Fernandes)
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A questão da produção local é destaque no Hotel Wood em Gramado, como conta Rodrigo Belllora, Chef do restaurante do hotel. “Quando eu entrei para trabalhar no Wood, em 2018, começamos a fazer uma pesquisa no entorno para mapear todos os pequenos produtores de produtos orgânicos e, dentre eles, para mim era essencial procurar um fornecedor de ovos. Conhecemos, então, o Eliezer, que hoje faz parte de nossa história, e tem uma pequena produção de ovos de “galinhas felizes”. Hoje 100% dos ovos utilizados no Wood são de galinhas livres”, afirma. Rodrigo também concorda com a qualidade superior e fala dos benefícios de utilizar o produto. “Eu tenho certeza que os benefícios são muitos, tanto para a saúde, já que estudos falam que os ovos tem mais vitaminas, como para o meio ambiente, já que diminuem o impacto ambiental. Mas pra mim, como Chef de cozinha, e como uma pessoa muito apaixonada pela gastronomia, penso mais na qualidade, na relação de sabor, na experiência do cliente”, diz.

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O produtor Eliezer tem uma pequena produção de ovos de “galinhas felizes” que abastece o Hotel Wood (Foto – Sérgio Azevedo)
Hóspedes mais preocupados com qualidade e origem dos alimentos

Nos hotéis a experiência dos clientes e hóspedes é um ponto que tem recebido cada vez mais atenção. Na Accor a comunicação para os hóspedes ainda está sendo realizada em pilotos de alguns hotéis. Para os hotéis que já estão comunicando, a receptividade dos hóspedes está sendo muito positiva. Porém, a comunicação será ampliada à medida que for sendo ampliado o processo. O Fairmont Rio de Janeiro Copacabana, por exemplo, deixa visível para seus clientes que ovos de galinha utilizados no hotel são de aves criadas livremente em grande aviários, permitindo que os animais circulem livremente pelo criadouro, expressando comportamentos naturais e saudáveis. O Pullman Ibirapuera e o Pullman Guarulhos Airport já iniciaram o uso de ovos de galinhas livres nos pratos à la carte. E nas unidades Pullman e Grand Mercure Vila Olímpia, os ovos são utilizados no café da manhã. Outros hotéis que passaram a comprar também esses ovos são o ibis e ibis Budget Tamboré, ibis Dutra, ibis SP Paulista, ibis Styles Barra Funda, ibis Paranaguá, Novotel Itu Golf & Resort, Novotel São José dos Campos, Novotel São Paulo Jardins, Novotel Berrini, Novotel Jaraguá, Novotel Morumbi e Mercure Jardins.

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O Fairmont Rio de Janeiro Copacabana usa ovos de galinhas livres em suas receitas (Foto – Divulgação)

No Wood segundo o Chef Rodrigo, os hóspedes tem essa preocupação com sustentabilidade. “É um público que se preocupa com isso e deseja consumir alimentos cada vez mais conscientes de sua origem. Nas nossas comunicações e divulgações dos restaurantes, hóspedes e visitantes ficam sabendo que temos uma gastronomia diretamente ligada à natureza, onde todas as nossas opções do cardápio valorizam os ingredientes e produtos frescos da terra, do ar e do mar, com o que existe de melhor em cada estação. Para mim é super importante essa relação com o alimento. É um enorme desafio, mas aqui no Rio Grande do Sul a gente consegue boa qualidade de alimentos e, inclusive, de proteínas. Temos muitos produtores que também se preocupam em trazer essa pegada sustentável e isso vem melhorando a cada ano”, pontua.

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Icaro Rizzo do Neto, comenta que o perfil dos hóspedes do JW Marriott já é de pessoas que se preocupam com os temas de meio ambiente, sustentabilidade e origem dos alimentos. “Por isso, temos tanto orgulho de fazer parte desta prática tão importante para nossa sociedade. Queremos sempre estar alinhados com os interesses de nossos clientes. Como essa prática foi recém adotada pelo hotel, ainda estamos no processo de divulgação deste produto, mas em breve estará inserido em nossos menus”, conclui.

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A cadeia produtiva do ovo no Brasil

O Brasil é sexto maior produtor mundial de ovos. Segundo dados da ABPA – Associação Brasileira de Proteína Animal em 2022 o Brasil produziu 52 bilhões de ovos. Em média são produzidos 1.350 ovos por segundo, maior parte dessa produção voltada para o mercado interno. Os principais produtores são: São Paulo (29,6% do total), Minas Gerais (10,5%), Espírito Santo (9,1%), Pernambuco (8,1%) e Rio Grande do Sul (5,8%). Nos últimos 15 anos o consumo de ovos vem crescendo no Brasil, passando de 131 ovos consumidos por cada brasileiro em 2007 para 241 unidades per capta em 2022. Assim como o consumo de ovos vem aumentando, o número de galinhas aumentou cerca de 20% na última década de acordo com estimativa do IBGE. Segundo Luiz Mazzon, no Brasil aproximadamente 3,5 milhões de aves foram certificadas no final do ano passado, o que corresponde a aproximadamente 5% do plantel de galinhas poedeiras no Brasil. Mas esse número tende a crescer já que as principais empresas do setor estão investindo no sistema de criação cage free.

A indústria de produção de ovos e grandes redes que consomem esses produtos estão assumindo compromissos em prol do aumento da produção de ovos de galinhas criadas livres. O ano de 2025 tem sido colocado como um marco para que essa transformação se concretize. As maiores produtoras de ovos no Brasil já estão investindo para adaptar o sistema de criação de galinhas. Em Lorena, no interior paulista, foi inaugurada em agosto do ano passado, uma granja no modelo chamado de 4.0 com 1 milhão de galinhas criadas livres, a meta é que até 2025 chegue a 2,5 milhões de aves. Gigantes multinacionais do fast food, como McDonald’s e Burger King, já anunciaram que comprarão a totalidade de ovos utilizados em suas cozinhas apenas de sistemas cage free, a partir de 2025. A Accor prevê finalizar o processo de transição do uso de ovos de galinhas livres em todos os hotéis operados pela empresa até 2025. Atualmente, a rede tem 28% dos hotéis da América do Sul utilizando ovos de galinhas livres em seus restaurantes.

Antonietta Varlese fala dos desafios de assumir esse compromisso. “O prazo é desafiador, principalmente para algumas regiões, em que as cadeias de suprimentos ainda não estão estruturadas. Porém, as estratégias para atingir essa meta passam não somente pela substituição por ovos de galinhas livres, mas também pela redução da utilização desse produto, privilegiando compostos similares plant based que já substituem os ovos em grande parte das receitas. O mercado de ovos possui grandes players que aos poucos estão adentrando o mercado de ovos de galinhas livres. A capilaridade do setor hoteleiro, porém, necessita muitas vezes de desenvolvimentos locais, que são coordenados pelos próprios hotéis por meio das estruturas internas de clubes de sinergia, que reúnem hotéis de determinada região na busca por sinergias”, conclui.

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Ovos produzidos de galinhas livres: o sabor é incomparável (Foto – Divulgação)

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Denise Bertola

Denise Bertola é Repórter da Revista Hotéis

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