Hotelaria aposta na utilização de gás para reduzir custos
Economia e eficiência no consumo motiva os empreendimentos hoteleiros a investir na geração de energia através de fontes alternativas
Os gastos com energia elétrica estão entre as maiores despesas dos empreendimentos hoteleiros e com a acirrada concorrência no setor e a rentabilidade necessária, reduzir este gasto é uma equação que os hotéis necessitam resolver. Pensando nisso, muitos hotéis pelo País vêm buscando novas alternativas nos últimos anos para a minimizar este custo elevado, através de diversas ações, como o consumo inteligente, através de sistemas eletrônicos e também o uso de variadas fontes de energia.
O gás natural e o gás LP (liquefeito de petróleo), conhecido popularmente como gás de cozinha, vêm ganhando a preferência dos hotéis para suprir os elevados gastos da energia elétrica. Em alguns casos, a conversão de parte da energia pode gerar uma economia de 30% a 40%. Outros fatores também estão possibilitando esta mudança, como a independência em relação à energia elétrica e a diminuição de poluentes, que já faz parte da estratégia de grande parte da hotelaria brasileira.
Tanto o gás natural, quanto o LP, podem gerar energia através de geradores, que são movidos parte por gás, parte por diesel, que a partir daí trabalham para mover o sistema de gerador e prover energia elétrica. Na utilização de gás natural, que já se encontra em estado gasoso, o processo envolve a transformação direta em energia elétrica, enquanto o gás LP, que é armazenado em estado líquido em grandes recipientes e precisa passar por um regulador de pressão, mudando então para o estado gasoso. Em ambos os casos, a energia contida no gás será transformada em calor (chama), e então utilizada em diversas aplicações. Este processo tem o nome de co-geração de energia, o principal utilizado na indústria hoteleira, justamente porque permite tanto a produção de energia elétrica, térmica, de vapor, a partir de uma única fonte de combustível. Outra vantagem do processo é o uso do combustível com total eficiência energética, além da garantia de independência da energia elétrica.
No funcionamento do hotel, diversas funções que tem impacto direto na conta de energia podem ser supridas com a utilização do processo de co-geração de energia, como o aquecimento para utilização em chuveiros, torneiras, lavanderias ou mesmo ou resfriamento em sistema de ar-condicionado.
A preocupação com o meio ambiente é outro fator que favorece a utilização de gás natural nos hotéis. A alta eficiência e um percentual menor de desperdício de energia são as vantagens em relação à termelétrica. No processo de co-geração são aproveitados cerca de 90% do gás empregado no processo. Já em uma termelétrica, a eficiência cai para 50%. Quando usada para refrigeração, a co-geração, além de ser mais econômica, contribui com o meio ambiente por não necessitar do CFC (cloro-fluor-carbono), um dos gases que causam danos à camada de ozônio.
Boas referências na utilização
O Sofitel São Paulo Ibirapuera, tradicional empreendimento hoteleiro da capital paulista, encontra boas referências na utilização de gás para geração de energia. De acordo com Gerente de Manutenção e Segurança do hotel, Júlio César Ferreira, a mudança já representa uma economia de 10% para o empreendimento. Segundo ele, “o principal benefício da utilização de gás para gerar energia é ter a autonomia de escolher qual é a matriz energética mais vantajosa para o hotel e ter poder de negociação com os fornecedores”.
No hotel Transamérica São Paulo, a co-geração de energia ainda está em fase inicial, mas já é utilizada no aquecimento da água, porém estão sendo feitos estudos para poder viabilizar estas mudanças. “O gás natural é uma boa opção para redução de custos, porém é de vital importância um estudo para se adequar equipamentos e/ou instalações aos setores que serão pelos mesmos servidos”, afirmou o Gerente de manutenção do hotel, Carlos Struckas. Ele também afirmou que, embora ainda não havia sido contabilizada a redução, mas o empreendimento espera gerar economia em torno de 15%.
Hotelaria Campineira
adere a utilização de gás
O setor hoteleiro de Campinas está realizando um grande investimento na geração de energia através da utilização de gás. Um dos exemplos de sucesso desta tendência é o Hotel Premium Norte. De acordo com o Gerente Geral do empreendimento, Fabio Cardoso, a experiência recente já está trazendo bons resultados. “A principio fizemos uma experiência com gás natural em refrigeração em nosso restaurante e atualmente a utilização do gás natural representa 30% de economia em nossa conta de energia comparada aos gastos anteriores com a utilização da central de ar-condicionado elétrica”, afirmou o gerente.
Segundo Fábio, a conscientização mundial da relação entre energia e o meio ambiente foram alguns fatores que motivaram a adoção do sistema de co-geração de energia. Ele também acredita que estas mudanças podem se tornar uma grande tendência. “Acredito que sim, já que nos dias atuais as empresas são muito dinâmicas quanto as mudanças, e se motivadas pela economia ‘redução de custo’ pode se tornar um tendência na Hotelaria também”.
Já no Royal Palm Plaza, a utilização de energia é feita através da geração de eletricidade nos ‘horários de ponta’ (das 18h00 às 21h00) que é o horário crítico para as empresas de energia, e segundo André Rigone, Gerente de Manutenção do empreendimento, há muita demanda e pouca oferta, além de preços altos. O sistema de geração de energia do hotel iniciou seu funcionamento no final de fevereiro e prevê uma redução de 12 a 15% no total da conta e 50% no ‘horário de ponta’. “Toda a geração de energia pelo gerador já está controlada pelo novo sistema (WS Controles) e a previsão de economia é de 12 a 15 % no total da conta e 50 % no custo do Horário de Ponta”.
Ele ainda afirma que as principais vantagens deste novo método são, “um processo de combustão mais limpo e mais estável envolvendo menor custo total. Além disso, é um processo novo no Brasil no que diz respeito à transformação de um equipamento originalmente desenvolvido para óleo diesel. Já houve transformações equivalentes, mas com princípio de funcionamento menos seguros e/ou eficientes”. Os geradores do empreendimento utilizavam-se de óleo diesel e passaram a ter uma composição 30% óleo diesel e 70 % gás natural, que segundo o gerente, “é sabido termos no Gás Natural um combustível menos prejudicial ao ambiente do que o óleo diesel”.
Matéria escrita por Anderson Estevan