Opinião

Cliente Oculto: Para ter um bar de sucesso

Marcos Galvez*

 

Um dos locais mais agradáveis na cidade de São Paulo é o Bar Baretto, do Hotel Fasano. Seu salão elegante com ares românticos atrai tanto pela boa música que oferece, quanto pela qualidade de seus drinques, sempre impecáveis. A esplêndida música ao vivo, por sinal, nunca se excede em um volume que atravessa as conversas. Enfim, é o ambiente perfeito para hóspedes e visitantes que querem desfrutar deste tipo de ambiente.

 

O ambiente do Baretto combina perfeitamente com a proposta do hotel que o abriga, e vice-versa. Pense agora nos bares dos hotéis que você conhece ou frequenta pelo país afora. Com exceção de alguns bares em resorts, grande parte destes locais, em hotéis de categorias distintas, costuma ficar às moscas, sem um funcionário exclusivo para atendê-lo.  Ou têm um cardápio e serviço tão ineficientes que seria melhor não oferecer este produto aos hóspedes.

 

Por sinal, poucas coisas em um hotel são tão deprimentes quanto um bar mal utilizado. Geralmente é aquele espaço que fica num cantinho escondido, não oferece nenhum atrativo, nem inspira os hóspedes a pedirem sequer um café. E os drinques, então? Inúmeras vezes fui atendido por “barmans” de emergência, que mal sabiam preparar uma caipirinha – o que dirá algo mais elaborado.

 

Nessa altura, vocês devem estar pensando: “ah, mas não dá para comparar o meu hotel com o Fasano”. E para provar que tamanho, ou a quantidade de estrelas, não é documento, posso afirmar categoricamente que tenho ótimas recordações etílicas de pequenas pousadas e hotéis de lazer que caprichavam em seus bares, na variedade e qualidade de seus drinques e também no treinamento dos funcionários que iriam prepara-los.

 

Uma pousada na região de Aiuruoca, em Minas, fazia combinações muito interessantes da cachaça local com frutas e ervas da região, oferecendo bebidas saborosas e criativas. O mesmo posso dizer de alguns hotéis fazenda no Sul e no interior de São Paulo que aproveitam a vocação de suas frutas sazonais para inventar ótimos drinques.

 

Já nos resorts, tive boas e más experiências neste quesito. Em algumas redes, que funcionam em sistema all inclusive, é comum a prática de utilizar misturas pré-prontas para preparar coisas simples como uma piña colada. Sentir o gosto de abacaxi industrializado e uma overdose de groselha era profundamente frustrante. Até o limão da caipirinha vinha de um suco concentrado! Nem os estrangeiros engoliam essa mistura! Ora, o que realmente custava para o hotel preparar drinques com ingredientes frescos, feitos na hora, se até nos bares de cruzeiros isso é comum?

 

A questão crucial dos bares de hotel é a seguinte: só ofereça este benefício se o seu estabelecimento realmente tiver disposto a investir em um atendimento de qualidade. Ninguém gosta de ver seu drinque ser preparado pela pessoa da recepção, pelo recreacionista ou pela mocinha que veio correndo só Deus sabe de onde com um monte de polpa congelada nos braços… Uma boa saída é manter um espaço pequeno, ao lado do restaurante, e que só abre em horários próximos das refeições. É fácil treinar um funcionário da área de alimentos para preparar e servir bebidas no balcão neste momento e utilizá-lo em outras funções posteriormente.

 

Um cardápio enxuto, mas variado e bem elaborado, também vale mais do que aquele menu extenso, mas que irá proporcionar lembranças indigestas. Tente misturar drinques clássicos com algum exclusivo do hotel, feito com ingredientes locais. Com essas medidas simples, certamente seu bar será notado.

 

*Marcos Galvez é um personagem criado pelos consultores da Konduti, empresa de cliente oculto especializada em hotelaria, gastronomia e turismo. konduti@konduti.com.br

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