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Turismo LGBT+ no Brasil: desafios e oportunidades

Foco na segurança, inclusão e respeito são essenciais para atrair cada vez mais turistas de um nicho que tem potencial de crescimento no mercado

O turismo LGBT+ no Brasil tem se tornado um segmento de mercado cada vez mais relevante e em ascensão. Nos últimos anos, o País tem feito esforços significativos para promover esse nicho de turismo, reconhecendo o potencial econômico e social deste mercado. Com festivais animados, praias paradisíacas e uma atmosfera de celebração, o Brasil oferece uma experiência única para os visitantes LGBT+. Cidades icônicas como Rio de Janeiro e São Paulo se destacam por suas paradas do orgulho LGBTQ+, eventos culturais inclusivos e vida noturna diversificada. Além das festas e celebrações, o Brasil também oferece um cenário natural de tirar o fôlego. Destinos como Florianópolis, Búzios e Trancoso apresentam praias de areia branca e águas cristalinas, proporcionando um ambiente relaxante para casais e viajantes individuais. Nesse contexto diversas empresas e organizações têm se movimentado para fomentar e desenvolver o turismo e levantar algumas bandeiras em prol da inclusão, da diversidade e do respeito.

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Uma delas é a Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil associação sem fins lucrativos que tem como principal objetivo promover o intercâmbio de conhecimento e o desenvolvimento das relações comerciais e empresariais fortalecendo o empreendedorismo e o desenvolvimento socioeconômico e cultural da Comunidade LGBTQ+. O Presidente da entidade, Ricardo Gomes, explica que desde o início das atividades o foco do trabalho foi com o turismo LGBT e tendo países, estados, cidades e empresas dos mais diversos segmentos do turismo como associados. “Em 2021 lançamos o Programa Fornecedores Diversos credenciando fornecedores LGBTQ+, ou seja, empresas com mais de 50% das suas ações em nomes de pessoas da comunidade LGBT. Outro foco do trabalho é fomento da cultura LGBT e mais recentemente começamos trabalhar com o esporte. Temos claro a importância do esporte e da cultura na erradicação do preconceito e também na força que estes dois segmentos de negócios têm como geradores de emprego e negócios para a Comunidade LGBTQ+”, afirma Ricardo.

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Clovis Casemiro, Gerente de Desenvolvimento de Membros – Brasil / América do Sul da IGLTA (Associação Internacional de Turismo LGBTQIA+), acredita que o Brasil é um bom destino turístico para o viajante LGBT+. “Há anos trabalhamos o Brasil como destino LGBT+, saímos do ícone dos anos 70/80 que era o Rio e que ainda continua um dos fortes destinos mundiais, e fomos ampliando os destinos como São Paulo, Salvador, Recife, Belo Horizonte. E hoje chegamos a pequenas cidades e destinos como Pipa, Praia Grande (SC) – região dos Canyons, Bonito e Pantanal que estão se posicionando com força. Fora os grandes eventos que o País já tem como Réveillon, Carnaval, São João, Rock in Rio, The Town, que coloca o Brasil como destino de muitos desejos e bolsos”. A IGLTA está presente em 80 países e é uma importante plataforma para comunicação com o trade turístico internacional focado no turismo LGBT+. A entidade recentemente retomou a parceria com a Embratur para promover o Brasil no exterior com foco na diversidade, o presidente da entidade, Marcelo Freixo, oficializou o acordo. “O turismo é uma alavanca de desenvolvimento econômico, mas também civilizatório. Olhar para a parceira com a IGLTA e com a agenda LGBT+ é olhar para um mercado forte de geração de emprego e renda, mas também é um marco civilizatório. A Embratur tem esse compromisso e o Brasil precisa reafirmar cada vez mais essa agenda. No mundo que a gente quer viver não cabe a homofobia”, destacou Freixo.

Respeito e segurança merecem atenção especial

No entanto, enquanto o Brasil se esforça para se posicionar como um destino LGBT-friendly, ainda há desafios a serem enfrentados. Apesar dos progressos legais e culturais, episódios de violência contra a comunidade LGBT+ ainda são uma realidade em algumas regiões do Brasil. “Quando falamos de recepção de turistas no nosso país o item segurança é ainda um sério problema de forma geral. Infelizmente vários destinos sofrem com essa situação e claro que se reflete em nossa comunidade, principalmente nas que são mais expostas à insegurança. É um item bastante delicado e que deve ser visto com muito cuidado e planejamento de nossas polícias e governo”, afirma Casemiro. A discriminação e a violência contra a comunidade LGBT continuam sendo problemas sérios em algumas partes do País, o que destaca a necessidade contínua de educação e sensibilização. Iniciativas governamentais e da sociedade civil estão em andamento para combater essas questões, buscando garantir que todos os visitantes possam desfrutar de sua estadia sem preocupações. “Através do STF tivemos um grande sucesso e hoje em dia LGBTfobia é crime no Brasil, podemos denunciar através de serviços como o 100 ou direto na polícia. Isso protege não somente aos turistas, mas aos donos de pousadas, hospedagens, restaurante etc.”, destaca Clovis Casemiro.

Clovis Casemiro: “LGBTfobia é crime no Brasil, podemos denunciar e isso protege não somente aos turistas, mas aos donos de pousadas, hospedagens, restaurante etc.” (Foto – Divulgação)

Para Antonietta Varlese, SVP de Comunicação e Sustentabilidade – Accor Américas na divisão Premium, Midscale & Economy e Líder LGBTI+ do grupo na região, infelizmente ainda temos muitas etapas a avançar enquanto sociedade. “O Brasil é um dos lugares com maiores índices de crimes contra LGBTI+ no mundo. Porém, vejo que o País como um todo está mais consciente – principalmente as novas gerações, que têm nos ensinado a valorizar as características únicas de cada pessoa e a respeitá-las. Afinal, devemos celebrar em harmonia quem somos”, afirma. Segundo a executiva, na Accor, a Diversidade, Equidade & Inclusão são um dos principais pilares, tanto nas ações focadas em colaboradores quanto para os hóspedes e parceiros, além de ser um grande diferencial. “Está no nosso DNA essa característica de acolhimento, aceitação e valorização das diferenças, promovendo uma cultura de inclusão”, destaca.

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Desbravador

Clovis ressalta que há muitos avanços em curso. “Hoje o turismo entende melhor os turistas LGBT+ como um segmento de mercado, que precisa ter o conhecimento de seus pedidos quando em viagem, além do tratamento respeitoso e dignidade sempre. Algumas redes hoteleiras como a Accor, por exemplo, entre outras empresas estão atentas a melhorar o ambiente para suas equipes, como também saber oferecer o melhor atendimento aos turistas LGBT+”.

Para Ricardo Gomes, apesar dos desafios, o Brasil é um destino incrível para o turista LGBT+. “Somos um povo caloroso e que recebe bem naturalmente. Nossa miscigenação nos fez conviver e absorver diversas culturas. No entanto, apesar dos avanços, precisamos evoluir em termos de informação, ampliando os treinamentos de como atender bem o turista LGBT+ e focar nas suas especificidades. Só atenderemos bem e de forma igualitária o turista LGBT+, quando nos atentarmos para suas diferenças e as necessidades que estas diferenças demandam. Nos últimos anos podemos falar de um avanço substancial no entendimento da necessidade de aprimorar o atendimento à comunidade LGBT+. A falta de informação é o grande gargalo e até, porque não dizer, a grande barreira que impede que o turismo LGBT+ ganhe ainda mais expressão. As empresas que entenderam isso e tem trabalhado para capacitar seus times tem colhidos os melhores resultados”, afirma.

Ricardo Gomes: “A falta de informação é o grande gargalo e até, porque não dizer, a grande barreira que impede que o turismo LGBT+ ganhe ainda mais expressão” (Foto – Divulgação)
Mais informação gera mais inclusão

Para impulsionar ainda mais o turismo LGBT+, a indústria hoteleira, agências de viagens e empresas de entretenimento estão adotando abordagens mais inclusivas. Hotéis e resorts estão investindo em treinamentos para suas equipes, garantindo um ambiente acolhedor e seguro para todos os hóspedes. Além disso, a promoção de roteiros turísticos específicos para a comunidade LGBT+ tem se mostrado uma estratégia eficaz para atender às necessidades e interesses desse público diversificado. “Cada vez mais encontramos empresas interessadas em entender e se capacitar a receber. Esses pedidos são feitos pela hotelaria ao redor do mundo, é tanto que agora a IGLTA tem um programa de certificação da hotelaria para receber seus turistas LGBT+ que se chama Accredited Program. Além disso existem vários eventos que oferecemos ao longo do ano, diretamente com a IGLTA em nossos “Connect Calls” e com nossos parceiros como a LGBT+ Turismo Expo que aconteceu no Rio, com a WTM Latin America, ABAV, Festuris, Aviesp e outros que estamos sempre trazendo informação”, explica Clovis. “Na IGLTA nossas pesquisas mostram que 70% dos turistas LGBT+ dão preferência aos hotéis / destinos que participam de nossa organização, e que demonstram em seu portifólio a diversidade dos seus clientes”.

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Alex Bernardes, criador e Diretor geral da LGBT+ Turismo Expo, trabalha com turismo LGBT+ desde 2008, quando foi convidado para ajudar a lançar uma revista B2C de turismo para este segmento. Durante muitos anos frequentou o trade e percebeu que o turista LGBT+ era estimulado a viajar e quando chegava para comprar um pacote, as agências não sabiam o que oferecer e nem como oferecer. Ele também participou de convenções da IGLTA e outros eventos de turismo LGBT+ internacionais e colheu referências. Dessa expertise veio a ideia de fazer algo na indústria do turismo brasileiro que pudesse educar e orientar o trade com as melhores opções de produtos, serviços e destinos para o segmento LGBT+, originando a ideia de criar a LGBT+ Turismo Expo. “Antes de trabalhar com turismo eu já organizava feiras para até 80 mil pessoas, congressos e eventos em Campo Grande (MS), então consegui unir as duas coisas. A edição da LGBT+ Turismo Expo 2023 foi muito além do que esperávamos. Tivemos um total de 50 expositores, 12 expositores a mais em relação ao ano anterior. Ainda assim, tivemos uma fila de espera de expositores que queriam aderir ao evento, mas o espaço físico do local não comportava. Também tivemos um número recorde de inscritos, foram 875 agentes de viagens inscritos e 660 presentes, um crescimento de público de 47% em relação a 2022, onde tivemos 450 agentes presentes”, conta Bernardes.

Mercado em ascensão demanda serviços especializados

Ricardo Gomes explica que nos últimos anos o trade turístico passou a investir mais em treinamento, sensibilização e capacitação dos colaboradores e fornecedores, além de levar informações para os clientes sobre a diversidade, equidade e inclusão. Estas ações têm como resultado a melhoria dos serviços prestados à comunidade LGBT+ fazendo com que o turismo LGBT+ ganhe mais força e gere mais negócios. “Segundo dados da OMT – Organização Mundial do Turismo, este público forma o nicho turístico mais rentável uma vez que tem duas vezes mais passaportes ativos e viajam também duas vezes mais em relação ao turista heterossexual. Outro ponto importante é que a comunidade tem um boca-a-boca muito forte e cliente bem atendido tende a relatar suas experiências para outros LGBTs”. Antonietta Varlese acrescenta que pesquisas indicam que os viajantes LGBTI+ gastam mais em comparação com os viajantes heterossexuais. “Falta muito preparo do turismo em oferecer produtos personalizados e o acolhimento e serviço necessários. É um movimento que precisa do apoio não apenas do setor privado, mas de órgãos públicos, para que seja efetivo”, afirma.

Alex Bernardes: “O Brasil é continental e há muitos equipamentos que ainda precisam entender como funciona o atendimento a este público” (Foto – Divulgação)

Em um mundo cada vez mais conectado, com a informação circulando de maneira cada vez mais rápida, se informar e se preparar é fundamental para oferecer um serviço no mínimo adequado e não perder um nicho promissor na cadeia turística. Na visão de Alex Bernardes quanto mais se trabalha, mais se percebe que ainda há muito o que se fazer. “O Brasil é continental e há muitos equipamentos que ainda precisam entender como funciona o atendimento a este público. Muitas vezes são detalhes simples, mas que quem está na linha de frente fica inseguro e erra na hora de atender, seja por falta de atenção e conhecimento, como também, por excesso de cuidado. Em 2022, a gente começou a rodar o País e oferecer um treinamento chamado “Entender para Melhor Atender”. Esse treinamento capacita os profissionais do trade com relação às boas práticas de atendimento. É uma orientação completa, passando pelo conceito da comunidade LGBTQIA+, explicando a sigla, falando sobre vieses inconscientes, entrando também no tema do atendimento na prática e até chegar na gestão de conflitos que também é algo importante. Nós já fizemos essa capacitação em alguns destinos como São Luís, Paraty, Bonito e em algumas redes de hotéis, além dos hotéis inscritos nas edições 2022 e 2023 da LGBT+ Turismo Expo, mas ainda temos muito o que avançar”. Bernardes destaca que pela primeira vez o Ministério do Turismo patrocinou o evento. “Isso é um avanço muito grande. Foi a primeira vez que o órgão máximo do turismo nacional apoiou um evento de turismo LGBT+ desde sua criação, em 2003, uma honra para mim. A gente trabalha sério, pensando muito nos negócios e ter o MTur conosco foi a chancela que nos faltava”, celebra.

O Brasil tem se dedicado para ser um destino de viagem onde a diversidade é celebrada e abraçada. Com sua cultura rica e esforços contínuos para promover a inclusão, o país está se tornando um exemplo de como o turismo pode se tornar uma ferramenta poderosa para promover a aceitação e compreensão global. Nesse espírito, o Brasil abre suas portas para viajantes LGBT de todo o mundo, mas não se pode ignorar os desafios que ainda permeiam a experiência de quem deseja explorar o país com segurança e inclusão. A crescente aceitação e celebração da diversidade no Brasil têm sido acompanhadas por avanços significativos, mas também por preocupações que refletem a realidade complexa enfrentada por essa comunidade.

Rio de Janeiro é um dos destinos turísticos preferidos no Brasil pela comunidade LGBT+ (Foto – Anderson W. Rangel by Unsplash)
Treinamento pode evitar discriminação e experiências desagradáveis

O preconceito pode se manifestar de maneiras sutis e às vezes não tão sutis. Turistas LGBT+ relatam ocasionalmente experiências desagradáveis em hotéis, restaurantes e outros estabelecimentos, seja através de olhares hostis, comentários depreciativos ou tratamento diferenciado. Isso não apenas prejudica a experiência dos viajantes, mas também afeta a imagem do Brasil como um destino acolhedor. “Todo dia temos notícia de hotel que se recusou a fornecer quarto com cama de casal a um casal de gays ou de lésbicas, ou um estabelecimento que não soube como agir em uma situação de LGBTfobia e etc. O que me alivia é que se olharmos para trás, já avançamos muito. Antigamente a gente tinha que implorar, ouvir piadas, e sofria preconceito quando oferecíamos este trabalho, e hoje são as empresas que nos procuram. Um sinal claro de que o nosso setor começou a acordar para o tema”, argumenta Bernardes.

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Muitos estabelecimentos não possuem treinamento adequado para lidar com questões relacionadas à diversidade sexual e de gênero. Iniciativas de capacitação e sensibilização são essenciais para garantir que os profissionais do setor saibam como receber e tratar todos os visitantes com respeito e igualdade. “Muitas vezes o cliente deste segmento chega em uma agência de viagem querendo comprar um pacote com os amigos, uma viagem de lua de mel, uma viagem com os filhos (sim, porque famílias homoparentais já são uma realidade), e muitas vezes o agente não sabe o que oferecer. Acontece até do agente, sem querer, pôr a vida e a integridade física do seu cliente em risco, indicando destinos onde a homossexualidade é considerada crime, por exemplo. O que oferecemos com o nosso conteúdo é uma apuração do que há de melhor neste segmento, algo que o agente pode oferecer tranquilamente. São destinos, produtos e serviços seguros para os membros desta comunidade. Empresas com compromisso de não só receber bem, mas como também de celebrar e se orgulhar de ter clientes LGBTQIA+ em suas dependências. Entendemos que uma viagem, seja ela para perto, longe, cara ou barata, ela é sempre a realização de um desejo, de um sonho, e a gente tem a missão de não deixar esse sonho se transformar em um pesadelo. Afinal, segundo a OMT, representamos 10% do setor e movimentamos 15% dele. Não é justo sermos tratados aquém do que merecemos”, enfatiza Bernardes.

Alex Bernardes também destaca o trabalho da rede Accor no segmento de hotelaria.  “A Accor é a locomotiva da hotelaria que puxa o trem de muitas outras, inclusive pequenas propriedades hoteleiras como é o caso da Casas do Pátio, em Paraty, uma pequena pousada que tem a diversidade no seu DNA e que apoia também iniciativas deste segmento na cidade. Na aviação, temos a Gol com políticas internas de apoio aos seus colaboradores que fazem parte da comunidade LGBTQIA+, oferecendo, inclusive, apoio a colaboradores que queriam fazer a redesignação sexual, um avanço enorme. Se a gente abrir o leque para as empresas de fora do Brasil, aí vale destacar a Disney, que é hoje o patrocinador master da IGLTA e temos as aéreas como a Lufthansa”.

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Impulsionar a abertura e a igualdade

Antonietta Varlese explica que o objetivo da Accor é impulsionar a abertura e a igualdade no local de trabalho, prevenir a discriminação, garantir oportunidades que capacitem todos e ajudar a apoiar o papel da hospitalidade como um elevador social. Ser uma empresa inclusiva é um grande diferencial. “Promovemos o bem-estar dos funcionários e capacitamos os membros das nossas equipes, estimulando o desenvolvimento individual e coletivo dentro de um ambiente de trabalho diverso. Um dos marcos de nossas iniciativas é o guia “Compromisso com a Diversidade”, lançado em 2018, que apresenta conceitos, glossário, datas comemorativas e um guia para experiência positiva do hóspede – que inclui dicas para ações práticas como atenção em bares, restaurantes, recepção e preparação dos ambientes. Essa cartilha foi distribuída para todos os hotéis da Accor no Brasil e hoje é utilizada como treinamento para as equipes. Por outro lado, criamos o Manual de Recrutamento LGBTI+, que serve para a conscientização dos recrutadores durante os processos seletivos. O conteúdo enfatiza que a seleção de candidatos deve basear-se apenas em questões profissionais e não em critérios discriminatórios, como religião, idade, gênero, opiniões políticas, origem étnica, entre outras características individuais e pessoais. Este material pontua ainda que qualquer legislação local em prol da diversidade e da igualdade deve ser respeitada”. Para a executiva a mensagem principal é que a comunidade é bem-vinda e respeitada em mais de 450 hotéis da rede nas Américas. “De uma maneira geral, todos podem esperar um serviço de qualidade, pois somos referência global em hospitalidade. Nosso ecossistema abrange também entretenimento, gastronomia, coworking e espaços de trabalho flexíveis, o que traz mais opções aos hóspedes que têm conosco uma gama de possibilidades”, pontua.

Antonietta Varlese: “Temos como foco a promoção de um ambiente de trabalho inclusivo, acolhedor e que valorize o talento e a individualidade de cada profissional” (Foto – Danilo Borges)

Ricardo Gomes cita o exemplo da Accor para dizer que que o trabalho de treinamento e também de posicionamento em favor da comunidade, não deve ser apenas no mês de junho por conta das comemorações do Orgulho LGBT, mas o ano todo. “Investir no fomento do turismo LGBT além de ser um importante negócio, faz com que a empresa seja mais inclusiva, diversa e por conseguinte mais preparada e mais competitiva. A diversidade, equidade e inclusão são capitais inegociáveis e que precisam estar implantados em toda a empresa e sua cadeia de negócio”, finaliza.

Antonietta destaca: “Nosso calendário de Diversidade, Equidade & Inclusão tem ações regionais e treinamentos para colaboradores o ano inteiro. No entanto, as Paradas LGBTI+ trazem grande visibilidade e, dentro do nosso escopo das Américas apoiamos várias delas, tanto pelo lado institucional quanto dos hotéis, que muitas vezes trabalham individualmente com os eventos. É um momento super relevante para mostrar, na prática, que somos aliados”.

Oportunidades no mercado de trabalho

Quando se fala em inclusão, diversidade e acolhimento, não podemos apenas pensar no cliente, mas há a outra ponta da cadeia, que são os colaboradores. Uma pesquisa recente realizada pelo Instituto Mais Diversidade, em parceria com a Human Rights Campaign (HRC) e o Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+, mostrou que a Accor é uma das melhores empresas do setor de hotelaria e turismo para pessoas LGBTQIA+ trabalharem. “Essa premiação é uma forma de reconhecimento às nossas ações, que realmente acontecem na prática, e não apenas no mês de junho, que é o Mês do Orgulho. Temos como foco a promoção de um ambiente de trabalho inclusivo, acolhedor e que valorize o talento e a individualidade de cada profissional. Investimos em parcerias com governo e ONGs para fomentar a empregabilidade LGBTI+ no segmento de hotelaria, além de realizar treinamentos exclusivos para colaboradores e outras ações conjuntas com associações e entidades, fomentando também os negócios”, diz Antonietta. Em 2021 a Accor se tornou Platinum Partner da IGLTA – International LGBTQ+ Travel Association e, desde 2018, apoia os Padrões Globais de Conduta para Empresas estabelecidos pela ONU com foco na comunidade LGBTQI+, além de ser membro do Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+. “Na América do Sul ainda trabalhamos em conjunto com Câmaras LGBTs de vários países como Brasil, Argentina e Colômbia, patrocinando fóruns, bate-papos com o trade e feiras de turismo. Estas associações são formadas por profissionais com conhecimento técnico e local de fala, que nos ajudam a pensar “fora da caixa” e a sensibilizar colaboradores sobre temas necessários ao longo do ano”, conclui a executiva.

Perspectivas e Iniciativas Futuras

Apesar dos desafios, não se pode ignorar os esforços positivos em andamento. Organizações da sociedade civil, agências de viagens e ativistas estão trabalhando para sensibilizar o público, promover a inclusão e apoiar iniciativas que garantam a segurança dos turistas LGBT+. Além disso, a promoção de roteiros turísticos específicos para esse público tem o potencial de direcionar recursos e atenção para destinos que priorizam a aceitação.

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Em um mundo globalizado, a aceitação e a inclusão não são apenas valores desejáveis, mas também são fatores-chave para o sucesso do turismo. O Brasil, enquanto trabalha para capitalizar sua rica diversidade e atrair viajantes de todos os horizontes, precisa encarar de frente os desafios ainda presentes. Ao abordar essas questões, o Brasil pode se posicionar como uma liderança no turismo LGBT+, oferecendo não apenas beleza natural, mas também um ambiente onde todos são bem-vindos e respeitados.

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Denise Bertola

Denise Bertola é Repórter da Revista Hotéis

Um Comentário

  1. Realmente um artigo excelente e muito completo. É uma honra fazer parte dessa história e poder ver e acompanhar o crescimento do segmento LGBT+ em nosso país. A união fortalece nossa Indústria.
    Parabéns Querido Alex pelo belíssimo trabalho com a Expo trazendo aos Agentes o que há de melhor.
    Querida Antonietta sua garra e participação é muito estimulante e nos dá um enorme orgulho, um exemplo à nossa Hotelaria.
    Parabéns Querido Ricardo e equipes da Câmara LGBT+ que avança cada vez mais forte no Brasil, concretizando mais parcerias.
    Está certo para nós a importância da Diversidade e Inclusão nos negócios e em nossas vidas.

    Contar com a Embratur e Ministério do Turismo tem muito sentido na captação de outros mercados.
    Obrigado Denise e equipes da Revista Hotéis.
    👏👏👏

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