Falta de segurança em hotéis pode afastar turistas dos eventos da Copa do Mundo e Olimpíadas
Reforma, modernização e até construção de novos estádios, expansão de aeroportos e outros inúmeros itens de infraestrutura e planejamento urbano estão sendo executados em prol dos grandes eventos esportivos que mobilizarão o país – a Copa do Mundo, em 2014, e a Olimpíada, em 2016 – mas um tópico tão importante quanto os demais não tem recebido atenção necessária e pode não apenas afastar turistas como também prejudicar a imagem do país mundo afora, caso não seja devidamente organizado: a segurança hoteleira.
Casos como o recente assalto a um hotel de luxo no bairro Santa Teresa, no centro do Rio, além de mostrar a fragilidade dos sistemas de segurança, ganharam as páginas de diversos jornais ao redor do mundo, divulgando uma imagem negativa do país, o que pode amedrontar a possível vinda de turistas para o Brasil. “Esse caso ganhou imensas proporções por se tratar de um hotel luxuoso localizado em um ponto turístico da cidade. Mas, diariamente acontecem pequenos furtos, roubos em hotéis no país, consequência de falhas graves na segurança”, afirma Inbal Blanc, Diretor da SegurHotel, consultoria especializada em segurança hoteleira.
Para o especialista, o País não dá o devido valor ao tema. “Em países como Israel, a segurança é vista como investimento primordial para o sucesso de um empreendimento hoteleiro, por exemplo. O que se vê aqui é que os principais focos de investimento são em lazer e conforto, onde o retorno por parte dos hóspedes é, certamente, verificado. Porém, a falta de investimento em segurança traz insegurança ao hóspede e, em caso de ocorrência, contudo que o hotel ofereça a imagem que ficará é negativa”, diz Blanc.
O exemplo das duas últimas Copas do Mundo reforçam a tese de preocupação com a segurança, defendida pelo diretor da SegurHotel. Na Copa da Alemanha, realizada em 2006, eram previstos a vinda de 500 mil turistas estrangeiros. O evento superou as expectativas e registrou a visita de dois milhões de pessoas. O quesito de maior aprovação dos turistas foi, justamente, a segurança, com a satisfação de 93,7% do público.
Já na edição esportiva realizada na África do Sul, em 2010, a realidade foi diferente. Dos 450 mil turistas esperados, somente 306 mil desembarcaram no país – quase um terço a menos do que a previsão. Uma das razões mais influentes para que o país tenha ficado aquém da expectativa, de acordo com o ministro sul-africano do Turismo, Marthinus van Schalkwyk, foi a falta de segurança. Três anos antes da Copa, a autoridade havia revelado em entrevistas grande preocupação com esse quesito e, em pesquisa divulgada pelo governo na mesma época, o medo pela alta criminalidade era a razão mais forte pela qual turistas poderiam evitar o país durante o Mundial.
Blanc afirma “Os exemplos mostram dois caminhos e nos põe ainda em tempo de escolhermos qual desejamos para as edições nacionais desses grandes eventos esportivos. A segurança pessoal do turista é um dos maiores desafios do turismo brasileiro. A imagem do país dependerá sim, da organização aeroportuária, da melhora no transporte público, mas também das preparações e melhorias que precisam ser realizadas em relação à segurança dos hotéis, já que a indústria hoteleira é peça chave dentro da receptividade do turista e, muitas vezes, define a imagem do local visitado que o mesmo tem durante sua estada”.
No exterior, o Brasil já tem uma imagem de país bonito, de boa gastronomia e povo alegre e divertido, mas, infelizmente, com graves problemas de violência. “Se investir corretamente desde já em capacitação e treinamento de pessoal, planejamento preventivo e numa nova cultura de segurança, bem como na divulgação de tais ações pelo mundo, não apenas melhoraremos essa imagem referente à violência, como também faremos com que turistas se sintam seguros para lotar a rede hoteleira nacional e fazer desses eventos, uma grande vitrine do país no cenário internacional”, conclui o diretor da SegurHotel.
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