Superoferta na hotelaria da Barra da Tijuca é preocupante

A hotelaria da Barra da Tijuca, na cidade do Rio de Janeiro, acendeu o sinal de alerta, pois a lei de oferta e demanda está desequilibrada. Nos últimos três anos a capacidade hoteleira da Barra da Tijuca aumentou em quase seis mil apartamentos. E um dos motivos foi a necessidade de se construir novos hotéis para atender a demanda gerada pela Copa de Futebol de 2014 e as Olimpíadas de 2016. A taxa de ocupação anual que em 2011 era de quase 80%, atualmente está em torno de 43% e em ritmo de queda. Este descompasso tem muito a ver com a legislação da cidade do Rio de Janeiro que tornava praticamente inviável o lançamento de condo-hotéis, uma ferramenta de captação de investimentos que alavancou a hotelaria em todo o Brasil. O modelo predominante no Rio de Janeiro foi a fração ou cota ideal. Quem não tinha dinheiro suficiente para comprar um apartamento por inteiro (modelo condo hotel) poderia adquirir uma cota ou uma fração ideal dos hotéis e o investidor deveria receber um rendimento baseado no lucro do empreendimento.
Veja o que dizem os especialistas a respeito desta situação:
Demanda em excesso

“Houve uma forte demanda de investimentos de 25 novos hotéis de 2012 a 2018 numa região que ainda é longínqua, distante dos aeroportos, com limitados parques empresariais e vida noturna mais modesta, apesar de abrigar um dos maiores centros de eventos do País, o Riocentro”, explica Caio Calfat, Diretor da Caio Calfat Real Estate Consulting que também é Vice-presidente de Assuntos Turísticos Imobiliários do SECOVI/SP.
Poder público responsável

“Este crescimento se deu por uma confluência de fatores: incentivos desmesurados para nova oferta hoteleira. O Poder Público Municipal agiu como um irresponsável, colocando a poupança popular em risco. Em qualquer lugar civilizado quando se deseja ampliar a oferta hoteleira, mede-se a real necessidade de novos quartos e oferece-se incentivo para os primeiros projetos que cobrirem a deficiência. O Município do Rio ofereceu benefícios a qualquer um que cumprisse com determinadas exigências em determinado horizonte de tempo”, destaca José Ernesto Marino Neto, Diretor da BSH International.
E como fica os investidores?

E quem investiu na hotelaria da Barra da Tijuca terá retorno? Maarten Van Sluys, Consultor executivo hoteleiro analisa: “As perdas são evidentes sob forma da ausência da remuneração do capital investido e a redução dos valores de mercado dos respectivos hotéis. O desespero e o imediatismo tomam conta e o principal: geração de demanda para o destino, fica em segundo plano. A crise conjuntural do Rio é sem precedentes. Todos os fatores para uma curva descendente estão presentes passando pela redução da arrecadação, ausência flagrante do legado dos dois grandes eventos e insolvência do Estado ante seus compromissos firmados”
Troca de operadores é a melhor decisão?

Para Diogo Canteras, Sócio diretor da HVS/ Hotel Invest, quando esse desempenho ruim é devido ao mercado, no caso da Barra da Tijuca, onde existe um excesso de oferta combinado com a contração de demanda, a pior coisa que se pode fazer é entrar em um clima de litígio. “Brigar com a operadora ou com o Asset Manager não só não vai resolver o problema, como pode agregar mais um. É difícil, mas é a hora de se ter uma atitude cooperativa e tentar dar ao problema a solução possível, sem esperar milagres, que não acontecem na ordem natural das coisas”.
Cenário futuro
Jorge Duarte, Diretor da Cohotel Consultoria Hoteleira acredita que a solução para amenizar a super-oferta hoteleira é fazer da Barra da Tijuca um destino turístico para atrair mercado interno e externo com melhora de sua vida noturna e captar grandes eventos para o Rio Centro e Shows. Em relação a rentabilidade de quem investiu ele assegura que: “A médio prazo, esses hotéis não terão boa rentabilidade, até que a economia volte a crescer a taxa consistentes de 3% a 4% ao ano e a Região possa ter no mínimo 50% de ocupação e tarifas médias de US$ 100 no mínimo. Este cenário de baixa diária média e recuperação da taxa de ocupação deve permanecer por mais quatro a cinco anos”.
Esta matéria está postada na íntegra com exclusividade em nosso aplicativo, assim como várias outras. Baixe nosso aplicativo acessando o link http://bit.ly/2io8j6a