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Ricardo Amorim encerra IV Fórum Nacional da Hotelaria do FOHB

Ricardo Amorim, economista e uma das 100 personalidades mais influentes do Brasil segundo a Revista Forbes, encerrou o 4º Fórum Nacional da Hotelaria do FOHB, realizado nesta segunda-feira, dia 12 de setembro, no hotel Intercontinental São Paulo, que neste ano apresentou o tema “No Time For Losers”. Sua apresentação, denominada “Cenário Macroeconômico”, começou com sala cheia. Amorim começou com duas provocações. “Paradoxalmente, o conceito de hospitalidade, receber e fazer com que as pessoas se sintam bem foi reforçado na pandemia. Como vocês focam no que as pessoas realmente querem? A primeira coisa é entender que o que vai mover essas pessoas é o propósito que é receber as pessoas da forma como elas mais querem. As pessoas querem trabalhar de casa? Sim e não. O maior interesse é fugir do trânsito, dos aborrecimentos e também trabalhar de qualquer lugar. Eu mesmo encontrei uma pessoa na praia que trabalha em uma empresa de tecnologia e estava na praia. A oportunidade de poder, não estar sempre no mesmo lugar e vivenciar novas experiências.

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Ao contrário do que pode parecer como dificuldade de atração de talentos eu acredito que a hotelaria está mais próxima do que as pessoas buscam e o segredo é mudar a percepção do que vocês fazem. A percepção de estar junto a algo que está na minha essência, nos meus valores. As pessoas vão a hotéis ou por business ou por lazer. Vocês vendem memórias que serão eternizadas. Uma das vantagens que a exposição das redes sociais me deu é o filtro do que as pessoas vivem e me falam. Se eu gastasse um segundo para responder cada um, 24 horas não bastariam. Vocês, hoteleiros estão no centro do sonho do que as pessoas estão buscando hoje. A oportunidade é grande, mas não um buraco sem fundo”.

Mapa geopolítico da economia

Amorim afirmou que, no movimento de invasão a Ucrânia, o Brasil saiu em vantagem em muitos aspectos. “É mais fácil um país emergente crescer rápido do que um desenvolvido. Há seis meses eu estive no Peru, uma experiência fantástica. Como economia, é menor do que o bairro do Itaim. Tendo dito isso, a economia do Chile é menor do que a do Estado de São Paulo. Corremos o risco de voltar ao que tínhamos de cenário nos anos 1980. O processo de globalização, abertura de mercado é ter a possibilidade de comprar mais barato e melhor. Faz trinta anos que a inflação cai, mas a saída do Reino Unido, o discurso do Trump e o grande evento que brecou a queda dessa inflação é exatamente a invasão da Rússia a Ucrânia. Na prática sobrou um único mercado emergente com potencial de investimento. Se o próximo presidente fizer o mínimo necessário, ficaremos em uma situação confortável. Para completar a nossa moeda apanhou desde o começo da pandemia. Os gringos olharam para cá, fizeram as contas e deduziram que o lugar é bom e barato.

O maior desafio macro que o mundo precisa enfrentar nesse momento é a inflação. Meu grande ponto é que o Brasil está vivenciando a menor inflação dentro do cenário atual. Se tem menos oferta e mais demanda, o preço vai subir e não é preciso ser gênio para chegar a essa conclusão. Inflação hoje é um problema global, consistente e um problema mais grave para um lugar do que para outros. O Brasil é um dos lugares os quais o problema se apresenta menos grave do que para outros destinos”, explicou o economista.

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De acordo com Amorim, das 50 maiores economias mundiais, o Brasil foi a 11ª que mais cresceu. “O juro real brasileiro hoje está mais ou menos de 5%. Se você pegar o seu dinheiro hoje, você pode consumir e comprar uma cesta que vale cem reais. Se você deixar no banco, você terá R$ 114. As pessoas estão comprando agora, as empresas estão vendendo e os preços estão subindo. Nos Estados Unidos, a última vez que os norte-americanos viram um cenário como o atual, já faz quarenta anos. Vem uma recessão por aí, os juros vão subir muito e motivar uma brecada”.

Ricardo Amorim encerra IV Fórum Nacional da Hotelaria do FOHB
Em sua palestra, Ricardo Amorim aprsentou o caos logístico que se encontra a China
Taxa de desemprego

Ricardo Amorim destacou a queda da taxa de desemprego no Brasil. “Se vocês observarem, é uma das maiores quedas do mundo. Isso significa mais gente com dinheiro no bolso, mais gente para viajar. Dos dez milhões de desempregados na pandemia, os dez mais quatro milhões já se encontram empregados. Nos últimos dois anos eu pude comprar os produtos que eu queria, mas viajar não. Resultado: estamos vendo o efeito ‘eu mereço’ que é fazer tudo o que não se fazia antes. Esse movimento deve durar mais alguns trimestres, mas o que é permanente é que as pessoas mudaram. Se no início da pandemia, foi a tecnologia que nos permitiu manter-nos conectados as pessoas que amamos, hoje não é mais, somos nós mesmos. Falta reforçar o que vocês entregam na experiência emocional, na recordação”, ressaltou. Amorim mostrou um gráfico que mostra o caos logístico que acontece na China, com centenas de navios que não desembarcam por conta do lockdown. “Em algum momento os chineses vão ter de reabrir e a economia brasileira vai vivenciar um reaquecimento”, complementou.

Transformação digital

De acordo com o economista, o processo de transformação digital não é novo. “Até meus 45 anos, minha visão era perfeita e hoje se eu vou a um restaurante com cardápio com letras pequenas, não tenho a menor ideia do que está escrito. Hoje, além de uma lupa, uso o celular. Uma pena a evolução digital não ter acabado ainda com os óculos. Feito esse comentário, o movimento de ida para casa, ou home-office, significa para muitas pessoas não perder grande parte de suas vidas no transporte. Isso é uma oportunidade para os hotéis, que podem oferecer experiências novas para esses novos nômades digitais. A questão é embalar isso de forma que aconteça. Se você achou que está mudando rápido, prepare-se, vai mudar ainda mais. Antes da pandemia a vídeo-conferência, por exemplo já era realidade, estamos apenas acelerando o que já acontecia”.

Amorim também usou exemplos de serviços disruptivos na hotelaria que podem encantar o cliente mesmo com simplicidade. “Me hospedei certa vez em um hotel que proporcionou como mimo especial, um porta-retrato no quarto com uma imagem de minha família. Entendi o esforço em me fazer me sentir em casa e achei muito bacana. No restaurante, um colaborador quis saber se eu gostaria de algo que não estivesse sendo oferecido. Já estava no final da minha refeição, mas elogiei a seleção musical do ambiente. Recebi então um pen-drive com as músicas e me senti muito prestigiado. Foi o hotel mais caro e mais chique em que já me hospedei? Não. É por isso que eu digo que está nas suas mãos oferecer a melhor e mais inesquecível experiência. Se alguém do hotel te contar isso, você pode até achar papo de vendedor, mas se eu compartilho essa experiência, eu instigo outros viajantes a receber o mesmo tratamento. Isso ressignifica a experiência e transforma as pessoas no seu próprio departamento de marketing”, observou.

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