O LASOS, promovido pela RCI, é o maior evento do setor na região latinoamericana e aconteceu no México entre os dias 11 e 12 de outubro
Pensamento estratégico, liderança, transformação digital, inovação, tendências e evolução. Esses foram os pilares que guiaram a edição 2022 do LASOS – Latin American Shared Ownership Summit, o maior evento indústria da Propriedade Compartilhada da América Latina. Realizado pela RCI, o encontro reuniu mais de 200 empresários e investidores do mercado turístico – imobiliário de dez países para compartilhar experiências e traçar o futuro da atividade.
Direto do Live Aqua Urban, na Cidade do México, Juan Ignacio Rodriguez reforçou a importância de reter os ensinamentos conquistados com o enfrentamento à pandemia e de suas consequências socioeconômicas. “O ser humano se esquece rapidamente do que passou ao sair de uma crise, quando o que se deve fazer é criar mecanismos para se preparar para a próxima. Sempre haverá tempos difíceis”, cravou o Diretor-executivo para América Latina e Caribe da RCI e Líder Global de Desenvolvimento de Negócios, lembrando que a missão do evento é exatamente sinalizar as melhores oportunidades para apoiar o avanço da atividade.
Nesse sentido, o evento destacou a necessidade de adaptar a comunicação a um target multigeracional, motivado pela mudança no perfil dos clientes e pelo consumo concomitante de cinco diferentes gerações. Essa mudança não se resume a etarismo, mas inclui novos perfis que demandam produtos diferenciados, como os praticantes de bleisure, os silver surfers e os nômades digitais.
Mudanças na prospecção resultaram em aumento de vendas
Rocio Hefferan, Diretora de Desenvolvimento de produtos e análises de tendências da RCI para América Latina e Caribe, apresentou uma pesquisa, respondida pelos próprios clientes RCI, sobre as tendências dessa indústria no Brasil e no México. O primeiro ponto destacado foi a efetividade das alterações realizadas por 78% dos empreendimentos brasileiros entrevistados, com destaque para a definição de novos pontos de captação offsite e para o investimento em marketing digital – especialmente por redes sociais, chatbots com inteligência artificial e tecnologia de realidade aumentada.
As iniciativas resultaram em crescimento de 56% na procura no pós-pandemia e aumento médio de 67% nas vendas online no pós-pandemia. As mesmas estratégias e tecnologias foram implantadas por 74% das empresas mexicanas que participaram do estudo, com crescimento de 43% na procura e de 50% nas vendas online.
Quando o assunto é produtos, 87% das empresas mexicanas entrevistadas confirmaram ter realizado ajustes durante a pandemia – como a flexibilização do check-in, descontos em all inclusive, criação de pacotes de filiação de 5 a 10 anos, maior investimento em travel clubs e parcerias com bancos para zerar os juros dos financiamentos, entre outros. No Brasil, país que se destaca pela venda preferencial de multipropriedades, a principal alteração foi a criação de produtos com menor tempo de uso (de 3 a 10 anos) e custos reduzidos.
Os destinos com maior procura no México foram Riviera Nayarit, Puerto Vallarta, Los Cabos, Riviera Maya e Cancún. Na distribuição de canais, as mídias sociais saíram na frente com 52%, seguidas pelo call center, que registrou 48% das vendas no país. No Brasil, os destinos mais procurados foram Gramado (RS), Fortaleza (CE), Porto de Galinhas (PE), Porto Seguro (BA) e Natal (RN). As vendas também se concentram nas mídias sociais (53%), seguidas pela reserva direta no site do empreendimento (23%), call center (19%) e OTAs (5%). “Não há dúvidas que estamos nos recuperando, o turismo está voltando. Uma prova disso é a recuperação de 15% a 20% nas vendas e upgrades no México e o crescimento de 9% registrado no Brasil na comparação entre 2021 e 2019”, defendeu Rocio.
Novos caminhos
Em mais de 18 horas de programação divididas entre os dois dias, o Lasos 2022 incentivou os participantes a criar e seguir uma agenda da inovação, bem como a investir em transformação digital. A dica é explorar as oportunidades advindas de novas plataformas, ativos e tecnologias como Metaverso, Blockchains, NFT’s e Criptomoedas, mas sempre preservando a proposta de valor da organização e o aspecto aspiracional da indústria.
Os painéis também trouxeram ensinamentos sobre novas formas de mensurar a efetividade do planejamento estratégico por meio das OKR – sigla em inglês para Objective and Key Results ou Objetivos e Resultados-Chave, em tradução livre –, insights relacionados a um processo de venda mais eficiente e à valorização do pós-venda, setor que contribui de forma significativa para a fidelização do cliente.
Para Fabiana Leite, Diretora de Desenvolvimento de Negócios da RCI América do Sul, o evento reconfirmou que o segmento tem potencial para seguir gerando um círculo virtuoso de inovação, a fim de continuar oferecendo aos clientes a oportunidade de viver experiências únicas. A executiva destaca, entretanto, um trio de demandas que devem ser cumpridas para garantir a longevidade do setor: a união entre os players para a promoção dos destinos, a sensibilização dos quadros funcionais e a inclusão das comunidades nas quais os empreendimentos estarão instalados. “Esse é um dos pontos mais importantes para garantir a sustentabilidade de nossa indústria no largo prazo. É preciso investir na conscientização de nossas equipes para que elas tenham em seu DNA esta cultura de igualdade, sustentabilidade e governança, assim como é vital iniciar a incorporação dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável em nossas empresas”, finalizou Fabiana.
Palestrantes e painelistas brasileiros
A agenda contou com as participações dos brasileiros Francisco Costa Neto, Managing Partner da Beta Advisory e sócio da Resid, que falou sobre “Pontos Fortes, Desafios e Oportunidades do Mercado Latino-Americano”; de Felipe Lima, Diretor do Beach Park, que integrou o painel “Melhores Práticas de Pós-Vendas”; de Bruna Apolinário, Gerente-geral de Experiência Vacation Ownership do Aviva Vacation Club, que abordou a temática “Evolução de Experiências e Produtos de Férias”; e de Samuel Sicchierolli, fundador e Presidente da VCI, que falou sobre “Tendências de Viagem no Futuro”.
Em seu painel, Francisco Costa Neto falou sobre sua visão sobre o futuro do setor e sobre a mudança no comportamento de consumo em relação à percepção sobre o uso de casas de primeira e segunda residência. “As casas de primeira residência estão cada vez mais orientadas ao lazer, e as de segunda residência, orientadas aos negócios. Acredito na mudança do comportamento cruzado entre estes dois conceitos, no que eu denomino de Resleisure”, comenta o empresário. O termo criado por ele representa a tendência de residir com lazer, um paralelo ao bleisure (business com lazer).
Do Brasil, também estiveram presentes Edson Cândido, Diretor Comercial e Relacionamento do Gramado Parks; Raimundo Pimenta, CEO do My Mabu, e Rafael Albuquerque Dias, Diretor de Vacation Ownership do Grupo Leceres.
