Opinião

Piso Tátil – Funções e Especificações

                                                           Artigo escrito por Frederico Viebig*

Devemos entender como Elementos de Sinalização produtos que devem proporcionar pelo menos duas qualidades importantes no trato das pessoas com deficiência, entre : Contraste Visual, Contraste Tátil e Contraste Sonoro. O contraste diferencia planos adjacentes oferecendo às pessoas suficientes estímulos para sua localização e percepção do ambiente em que estão inseridas.

O “Princípio dos Dois Sentidos” postula o uso de pelo menos duas das condições acima para que um elemento seja considerado “acessível”. No caso específico dos “Pisos Táteis” eles devem associar os contrastes visuais e táteis.

Assim, as normas brasileiras e internacionais estabelecem um tipo de piso com contraste tátil com relevos que sejam percebidos por pessoas que utilizam bengalas longas e contraste visual para pessoas de baixa-visão.

As dimensões padrões são normalizadas no mundo todo permitindo a inclusão social em qualquer ponto do globo. Naturalmente cada país tem suas características e no Brasil adotou-se um sistema binário de informação tátil criada através de informação de alerta (cones) e direcional (barras). No entanto, esta condição não exime a condição de contraste visual !

Assim, é preciso que aos pisos táteis sejam associadas informações visuais de contraste através da diferença de cor, com uma dimensão mínima de 25 x 25 cm, como unidade de aérea primária. Demais trilhas contrastantes e sinais de atenção devem ser múltiplos desta unidade.

O controle do contraste tátil é executado mecanicamente por meio de medições simples em paquímetros e outros instrumentos de metrologia. Já a medição de contraste visual é um pouco menos difundida. Tecnicamente devem ser utilizados cromatógrafos que são dispendiosos, que medem cores, brilhos e tonalidades.

Até o momento a técnica utilizada, na prática, é usar cores contrastantes que são percebidas por pessoas que têm visão normal.

No entanto, só para conhecimento geral, 10% dos seres humanos masculinos são considerados daltônicos, e assim podemos ver que a contrastação pelas cores não é suficiente. Há leitores simples de medição de contraste no mundo e em breve os teremos nacionais. São os chamados Medidores de LRV (Valor da Luz Refletida). Uma forma prática de verificar se o contraste é suficiente é tirar um foto P&B e perceber se há bastante contraste entre os planos adjacentes.

Enquanto isso, devemos utilizar as orientações da Norma Brasileira NBR 9050, que no capítulo 5.14 dispõe sobre o fato dos pisos serem cromodiferencIados. Devemos ainda ter o extremo cuidado na utilização de pisos táteis com tráfego de pessoas que embora não sendo PcD’s (Pessoas com Deficiência) caminham em cima destes pisos e podem ter graves riscos de acidentes. Exemplificam-se nestes casos crianças, mulheres com salto-alto, idosos, pessoas em cadeiras de roda e outros, principalmente levando-se em consideração rotas de fuga, de emergência, , etc.

Os pisos táteis devem ser capazes de ser, portanto, antiderrapantes. Daí o cuidado na elaboração do design dos cones e barras, suas inclinações e dimensões. Os materiais cimentícios e de origem cerâmica devem ter conformação com rugosidade acentuada que reduza a possibilidade de escorregamentos e quedas. Técnicas desenvolvidas para pisos comuns já são bastante difundidas.

Já os pisos de origem sintética devem ter a preocupação de aceitarem deformação sob o peso das pessoas que nele pisam aumentando o atrito como forma de melhorar o “grip” (aderência). Materiais termoplásticos como borrachas e PVC entre outros são extremamente preferidos aos materiais termofixos como resinas epóxi, fibras de vidro, etc., visto que estas não se deformam.

Recomenda-se evitar ao máximo a utilização de materiais metálicos que sugerem pequenas “rampas de lançamento”!!! Imagine caminhar sobre “bolas de gude” ! De maneira prática deve-se imaginar sempre a aplicação destes pisos em bordas de piscina; só pra ter uma idéia sensorial do que pode acontecer.

A aplicação de relevos isolados de alerta ou direcionamento diretamente sobre o piso sem as áreas de contraste visual recomendadas pela norma NBR 9050 não é suficiente, pois como definem as normas de pisos táteis deve incorporar ambos os conceitos: Visual + Tátil.

Portanto, é mister que se atenham a este “detalhe” pois que a utilização destes elementos deverá ser acompanhada de outras medidas de sinalização acessível para satisfazer as condições de contraste visual, como por exemplo cromodiferenciar os pisos de granito, laminados, etc.

Depois de tudo isso, é preciso certificar-se das qualidades ambientais dos pisos tais como reciclagem, sustentabilidade, estabilidade, normas dos bombeiros entre outros. Enfim, um grande tema para pequenos elementos!  Para mais esclarecimentos, consulte a NBR 9050.

 

*Frederico Viebig é  Engenheiro, Coordenador GT – Sinalização ABNT CB-40 – Acessibilidade – CE.01 e  Diretor Geral da Arco Sinalização Ambiental

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