Hotel de Foz do Iguaçu lança roteiro para visitação a obras de arte
O piso de ardósia emoldurado por colunas e vigas de madeira conduz o visitante para um passeio repleto de curiosidades, aprendizado e contemplação pelo hotel em estilo colonial. Há pinturas, tapeçaria, xilogravuras, litografias, desenhos em nanquim, entre outras coisas. Além disso, dois bustos homenageiam figuras representativas para a história do hotel, San Martin e Santo Salvatti. As visitas serão agendadas a partir do dia 7 de novembro, às quartas e sextas-feiras, às 16h.
Quem fez a catalogação das obras e criou o projeto educativo da exposição “Sanma Hotel – 50 anos – Colecionando Memórias” foi a professora de artes visuais, Maria Eduarda Pontes e Pontes. Ela percorreu os depósitos, quartos, corredores, restaurantes e bares do hotel redescobrindo as preciosidades e dando luz à história de cada artista. “Reunimos mais de 80 obras de arte que fazem parte do Acervo Sanma para compor uma exposição permanente que poderá ser apreciada por moradores de Foz do Iguaçu, turistas, hóspedes e estudantes”, convida Isabel Salvatti, sócia-proprietária do hotel.
Santo Salvatti
A iniciativa de um passeio guiado que enalteça o acervo do Sanma Hotel e compartilhe esse legado com os interessados é uma forma de homenagear Santo Salvatti, Diretor do hotel por décadas e um dos pioneiros da hotelaria iguaçuense. Santo começou a trabalhar em um hotel, no Rio Grande do Sul, exercendo diversas funções quando tinha apenas 17 anos. De mudança para Foz do Iguaçu, no Paraná, atuou no ramo de madeireira e, anos depois, coordenou e participou da sociedade de um dos empreendimentos mais representativos para a fronteira: Hotel Salvatti. No ano de 1979 formou uma nova sociedade e adquiriu o Hotel San Martin. Em 2020, conduziu a reconfiguração na direção e no novo conceito do atual Sanma, meses antes de falecer em decorrência da COVID-19. Durante anos ele adquiriu as obras que fazem parte da decoração do empreendimento hoteleiro. Santo completaria 81 anos neste 1º de novembro de 2022. Além disso, o roteiro baseado em obras de arte é um produto educativo e turístico ainda inédito em Foz do Iguaçu.
Os artistas
Entre os nove artistas com obras no Acervo Sanma, há brasileiros e estrangeiros. Destaque para o paranaense Fernando Calderari (litografia), para o paulista Antonio Augusto Antunes Neto (litografia), para o cearense Aldemir Martins (xilogravura, litografia, acrílica sobre tela e serigrafia), além do chileno Kennedy Bahia (tapeçaria de lã e serigrafia) de quem o Sanma Hotel possui o maior acervo conhecido no Brasil, com mais de 55 exemplares de serigrafias. A artista argentina María Cecília Wagner deu especial atenção à mitologia dos povos originários da tríplice fronteira nas pinturas que enobrecem alguns dos espaços do hotel. As obras abordam, de diversas maneiras, lendas, história de países latinos, aspectos da cultura brasileira, com manifestações de cores, traços e desenhos singulares.
Relíquia
Nos jardins externos, o Sanma Hotel guarda ainda outra raridade que tem relação com os primeiros encontros dos integrantes da Itaipu Binacional, ainda em formação, e dos presidentes das Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobrás/Brasil) e da Administración Nacional de Electricidad (Ande/Paraguai) em abril de 1974. As informações estão gravadas em uma placa de metal instalada numa enorme pedra de três metros de altura. “Este acervo é um verdadeiro patrimônio para a cidade de Foz do Iguaçu”, aponta a professora de artes visuais que receberá os visitantes.