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Entrevista com Gonçalo Rebelo de Almeida, Administrador dos hotéis Vila Galé

A rede hoteleira Vila Galé possui 36 hotéis em operação, sendo 27 em Portugal e nove no Brasil, quase todos com recursos próprios. Em razão da pandemia da COVID-19, conta com apenas cinco unidades abertos para servir exclusivamente aos profissionais de saúde, médicos e enfermeiros de Portugal. Manter uma estrutura montada, custos fixos, um quadro de mais de três mil colaboradores recebendo salários e receita zero é um desafio a ser superado.

Mas Gonçalo Rebelo de Almeida, o Administrador da rede Vila Galé está reinventando os modelos de administração para preservar todos os postos de trabalho e manter todas as pessoas na rede que continua enxergando várias oportunidades no Brasil. Em breve entra em operação uma unidade próxima da Av. Paulista e ainda existem dois projetos de resorts, um próximo a Maceió e outro no centro histórico de Salvador (BA). Confira essa e outras novidades nessa entrevista exclusiva que também fizemos na Live de nosso Instagram.

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Revista Hotéis – Como o Vila Galé está posicionado no mercado? Quantos hotéis integram o portfólio e onde estão situados?

Gonçalo Rebelo de Almeida – Neste momento estamos presente em Portugal e no Brasil. Estamos com 27 hotéis em Portugal e nove no Brasil. Em Portugal estamos em todas as regiões, desde o norte do país, Porto, Coimbra, em toda Lisboa, Alentejo, Algarve e Madeira. Das sete regiões do país, estamos em seis. E no Brasil, estamos no Ceará, na Bahia, em Pernambuco, Natal (RN), no Rio de Janeiro (Lapa e Angra dos Reis) e em breve devemos ter mais três unidades hoteleiras para consolidar ainda mais nossa presença no Brasil.

RH – Com exceção das duas unidades no Brasil que são administradas de terceiros, todos os demais hotéis da rede Vila Galé são recursos próprios?

GRA – No Brasil, o Eco Resort de Angra dos Reis (RJ) e o Eco Resort do Cabo de Santo Agostinho, em Ipojuca (PE) são propriedades da FUNCEF que estamos administrando. Em Portugal as propriedades são praticamente todas nossas. Temos um modelo de concessão com quatro dos hotéis que funcionam em edifícios públicos e que fizemos investimento na sua recuperação, então pagamos um valor para usufruir desses imóveis em regime de concessão.

RH – Com esse grande ativo de recursos próprios, como receber a notícia de suspender as atividades dessas unidades em razão da pandemia da COVID-19?

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GRA – Seria bom se pudéssemos falar disso no passado. Ainda não podemos falar no passado porque esta situação ainda está decorrendo. Estamos com quase todos os hotéis fechados, no Brasil todas as unidades suspenderam atividades, e em Portugal mantivemos cinco abertos para servir exclusivamente aos profissionais de saúde, médicos e enfermeiros. Estamos agora começando a programar a reabertura.

O mais difícil é que se trata de um cenário em que você tem uma estrutura montada, custos fixos, um quadro de mais de três mil colaboradores e receita zero. E precisa continuar pagando os salários. No primeiro momento, quisemos garantir que conseguiríamos pagar os salários, não só nos meses que já passaram como nos próximos, pois não se trata de uma situação que irá passar de um dia para o outro, a recuperação é lenta. Isso já está estruturado e nossas equipes podem se manter relativamente tranquilas nesta fase. Somos uma empresa sólida com volume de dívidas muito baixo. Mas obviamente foi necessário recorrer a algumas medidas de apoio, como no Brasil, como os recursos da Medida Provisória que é semelhante a que o estado português adotou. E também há uma co-participação da segurança social e uma ajuda das nossas equipes que também, mais uma vez, não posso deixar de agradecer pela compreensão pois tiveram uma queda sensível de sua remuneração. Sem o esforço de todos, não seria fácil passar por esses meses em que não haverá receita alguma. Nosso objetivo é tentar preservar todos os postos de trabalho e manter todas as pessoas em nossa organização.

Um dos 79 quartos do Vila Galé Collection Elvas – Historic Hotel, Conference & Spa – Foto: divulgação

RH – Vocês chegaram a fazer demissões? Como motivar a equipe nesse momento de instabilidade?

GRA – A mensagem do Vila Galé foi, de todos os gerentes falarem bem com as pessoas, explicarem e passarem todas as informações do que estava acontecendo. No final de abril começamos a realizar uma série de webinars internos da Vila Galé, dedicados a munir os colaboradores de informações, conscientizando-os de que a empresa estava preparada e quais seriam os planos de reabertura. Eu diria que essencialmente a comunicação e o fato de termos colaboradores de longa data, que conhecem a empresa e nossa frontalidade e seriedade, foi o que manteve a tranquilidade e o foco. Acho que é a melhor forma dentro do que é possível, e vamos continuar a seguir nosso lema, ‘sempre perto de você’.

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RH – Qual a situação atual das operações do Vila Galé em Portugal?

GRA – Nós deixamos abertos cinco hotéis: Porto, Coimbra, Lisboa, Évora e Madeira. Os outros 22 ficaram fechados, inclusive temos dois que tinham concluído a sua construção mas não chegaram a ser inaugurados. Estavam com as inaugurações previstas para março e abril e foram adiadas e devem abrir no dia 9 de junho. A previsão é abrir algumas unidades em junho e julho, gradativamente. O caso da hotelaria em Portugal é singular, pois aqui o governo não solicitou o fechamento dos hotéis, esses poderiam continuar abertos, mas a demanda desapareceu, os clientes sumiram. No caso do Brasil, a procura cessou, não houve mais transporte aéreo e grande parte dos clientes dos resorts vinham do Sul e não havendo malha aérea, somada à instrução ao confinamento, resultou no fechamento.

RH – Que ensinamentos a pandemia que afetou toda a Europa trouxe para a operação do Brasil?

GRA – A pandemia começou na Ásia e chegou à Europa e mais tarde é que alcançou ao continente americano – América do Norte e América do Sul. Isso nos deu 15 dias de avanço face a situação do Brasil. Portanto, todos os procedimentos adotados em março, foram testados em Portugal, antecipadamente. Agora também deve acontecer o mesmo, ou seja a reabertura por força da evolução da situação da pandemia, deve acontecer mais cedo em Portugal do que no Brasil. Portanto, devemos adotar um conjunto de medidas, como uso de equipamento individual, seja máscara, viseira, batas, luvas, com que nossas equipes terão de se adequar, além de outros procedimentos de limpeza com outros produtos à base de álcool, colocação de álcool gel em pontos estratégicos e medidas de distanciamento social. A capacidade dos hotéis será reduzida no primeiro momento, e o serviço de restaurante terá de funcionar com agendamento. Somado a isso está o desenvolvimento de um aplicativo chamado My Vila Galé, por onde o cliente poderá fazer solicitações, operações como checkin, check-out, consulta de cardápio, preencher pesquisas e similares, agilizando os processos e evitando que os hóspedes tenham contato com fichas. Tudo isso por meio de seu próprio smartphone e tablet. Isso tudo permitirá a reabertura dos hotéis, mantendo os conceitos de distanciamento social que são fundamentais.

“Agora também deve acontecer o mesmo, ou seja a reabertura por força da evolução da situação da pandemia, deve acontecer mais cedo em Portugal do que no Brasil”

RH – Como andam as operações no Brasil? Já existe uma previsão para a sua retomada?

GRA – Estamos acompanhando a situação do Brasil. Há um desejo e uma previsão de que pelos menos o Vila Galé Marés e o Vila Galé Angra dos Reis abram no final de junho para as festas juninas, e depois o restante dos hotéis, em julho. Ainda estamos sujeitos a verificar se a essa altura, a situação da pandemia estará controlada. Queremos oferecer total segurança às equipes e aos nossos clientes. São datas provisórias, mas aguardamos a evolução da situação no Brasil, que está um pouco atrasada.

No momento todas as operações do Vila Galé estão suspensas no Brasil em razão do COVID-19 (Foto: Divulgação)
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RH – Diversas pesquisas apontam que o comportamento dos hóspedes deve mudar, a exigência pela limpeza e higienização ganharão mais peso na decisão pela hospedagem. Como você analisa isso?

GRA – O uso de equipamentos, o distanciamento social e as medidas de higiene já eram uma prioridade da hotelaria em termos históricos. Já existiam processos de limpeza muito rigorosos, de higiene e segurança alimentar. Já era um fator crítico para nós, antes da pandemia. Teremos que ter mais cuidado a partir de agora, fazer mais limpezas nas áreas sociais. Vamos implementar uma quarentena de 24h00 entre uma hospedagem e outra. Não vai mais existir aquela situação de um cliente deixar o quarto às 11h00 e outro já ocupá-lo às 14h00, por exemplo. Vai nos permitir limpar melhor e com mais detalhe, além do arejamento, circulação de ar. Nas áreas sociais, a limpeza de mesas, cadeiras, terminais de pagamento, puxadores de portas, enfim há uma série de pontos críticos que nós vamos reforçar, limpando cinco, seis vezes, com produtos mais eficientes.

RH – Como será trabalhado o buffet dos restaurantes da Vila Galé? Como evitar a aglomeração?

GRA – Vamos apostar na transição ao a la carte em uma fase inicial e depois, assim que a demanda aumentar e houver controle total da pandemia, retomar o buffet, mas ainda assim com alterações, passando para um conceito de doses individuais, sem grandes travessas. Os colaboradores também ajudarão a servir, evitando que todos os clientes toquem em utensílios, etc.

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RH – Em relação a alimentação, vocês possuem em Portugal o sistema take away que é a retirada de um prato da culinária servida nos hotéis. Isso uma tendência que vai ser estendida para os hotéis do Brasil?

GRA – É óbvio o objetivo de rentabilização, mas o potencial financeiro dessa receita é baixo. Nossa intenção foi mais no sentido de desafiar a nossa equipe em pensar em soluções diferentes, e por outro lado, manter uma ligação com os nossos hóspedes, inclusive os que vivem nas proximidades dos hotéis de permitir que continuem a usufruir dos nossos serviços. Nós acreditamos e a experiência ocorreu bem em Portugal, vamos prolongar esse serviço que é uma forma do hotel se conectar mais às comunidades locais. É um serviço que vamos manter no futuro.

“No próximo mês de julho vamos colocar em operação o Vila Galé Paulista”

RH –  Falando em Brasil, gostaríamos que detalhasse a chegada do Vila Galé Paulista. Quando ele entra em operação e quais os diferenciais desse empreendimento?

GRA – Este hotel deve entrar em operação no final de julho desse ano. Será um hotel de cidade, bem localizado, direcionado ao corporativo, dinamizando com o lazer, afinal muitos visitam São Paulo para turismo cultural. O hotel terá piscina, pizzaria, Vila Galé Café, com confeitaria requintada e localização a 200 metros da Avenida Paulista. Ninguém acredita, mas estamos no Brasil desde 2001 em Fortaleza e sempre pensamos que faria sentido ter hotel em São Paulo. Demorou um pouco, quase dezoito anos, mas encontramos.

Vista área do hotel Vila Galé Cumbuco – Foto: divulgação

RH –  E como está o projeto de construção de um resort do Vila Galé próximo a Maceió (AL).

GRA – Esse investimento é de cerca de R$ 150 milhões. O terreno está em uma praia linda, cerca de 30 ou 40km de Maceió, em Alagoas. Só vi as imagens por vídeo ainda. Ia em março pessoalmente visitar, mas não consegui. Vamos iniciar ainda neste ano a construção e no final de 2021 ou início de 2022 deve ser concluído. Será um resort dentro do padrão dos outros da Vila Galé e acreditamos que será um produto de sucesso.

RH –  A Vila Galé está com um desafio histórico que é a restauração de um prédio histórico de 400 anos em Salvador (BA) e transformá-lo num hotel. Como se encontra esse projeto?

GRA – É um desafio que vem da inspiração do que já temos feito em Portugal…..

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Edgar J. Oliveira

Diretor editorial - Possui 31 anos de formação em jornalismo e já trabalhou em grandes empresas nacionais em diferentes setores da comunicação como: rádio, assessoria de imprensa, agência de publicidade e já foi Editor chefe de várias mídias como: jornal de bairro, revista voltada a construção, a telecomunicações, concessões rodoviárias, logística e atualmente na hotelaria.

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