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Cresce a adesão dos meios de hospedagem ao uso da energia solar

A energia solar cresce a largos passos no Brasil e a hotelaria, além de enxergar uma oportunidade de contenção de custos, também se alinha a uma tendência mundial ao instalar placas solares

A energia derivada de fonte solar fotovoltaica está em alta no Brasil. De acordo com dados da ABSOLAR – Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, o setor deve ser aquecido em 2023, gerando mais de 300 mil novos postos de trabalho no decorrer do ano e novos investimentos da ordem de R$ 50 bilhões, em usinas de grande porte, sistemas de telhados, fachadas e outros. Para o Brasil, que possui uma das energias mais caras do mundo, tais dados são inspiradores.

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O crescimento do uso de sistemas geradores de energia solar no Brasil é um fenômeno que faz do País um dos primeiros no mundo dentro desse mercado. A indústria hoteleira, sempre atenta as tendências de sustentabilidade que atualmente possuem peso relevante na tomada de decisão do hóspede, também entendeu a importância da instalação desses sistemas, que além de prevenir a falta de energia, também se apresenta vantajosa em termos de custos operacionais. Com isso, cada vez mais empreendimentos instalam equipamentos dessa natureza, consolidando ainda mais o mercado de energia limpa no Brasil.

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No entanto, ainda é dos pequenos negócios, consumidores de residências, propriedades rurais e prédios públicos a maior fatia desse segmento. Também de acordo com informações da ABSOLAR, em 2023 serão adicionados mais de dez gigawatts de potência instalada, totalizando um acumulado de 34 GW, o que significa um aumento de mais de 52% sobre a potência solar atual no Brasil. Desses 34 GW, 21,6 GW, segundo a associação, serão provenientes dos nichos mencionados.

Números positivos

Mal começou o ano e o Brasil já contabiliza a impressionante soma de 1,6 milhão de sistemas instalados, 79% em residências e para autoconsumo. Mesmo com dados tão robustos, existem 75,2 milhões de imóveis aptos a receberem sistemas de geração de energia por meio solar, mas apenas 2,2% dessa soma já o tem instalado nas suas dependências. A energia solar é gerada pela luz do sol, que é captada e convertida em eletricidade ou em calor para aquecimento de água. A ABSOLAR afirma que o uso dessa fonte de energia pode diminuir em até 90% o custo na sua forma tradicional e mais conhecida. Também chamada de energia renovável, por ser oriunda do sol, que nunca ‘acaba’, ao contrário de outros minerais e meios de geração de energia que se esgotam e precisam ser repostos, a energia solar hoje ocupa uma posição de destaque no Brasil.

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No Brasil, a maior fatia dos usuários de energia solar ainda são residências, fazendas e outros tipos de moradia – (Foto – Pixabay/pasja100)
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O Marco Legal da Geração Distribuída

No dia 7 de janeiro de 2022, o então Presidente da República, Jair Bolsonaro, sancionou o Projeto de Lei 5.829/2019, que institui o marco legal da microgeração e minigeração distribuída, ou Geração Distribuída, que ainda não tinha lei própria que pudesse assegurar juridicamente os agentes do segmento, permitindo assim, o seu crescimento sustentável.

O tema da lei foi amplamente discutido no Congresso Nacional e envolveu associações, consumidores e órgãos do setor para que juntos, chegassem a uma versão que melhor atendesse os interesses de todos, garantindo benefícios para todos. O texto está alinhado as diretrizes emitidas pelo Conselho Nacional de Política Energética com destaque ao livre acesso do consumidor às redes das distribuidoras para fins de conexão de Geração Distribuída; segurança jurídica e regulatória; alocação dos custos de uso da rede e dos encargos previstos na legislação do Setor Elétrico e gradualidade na transição.

O Projeto de Lei, também apelidado de “Taxação do Sol”, no entanto, pode ser adiado. É que o Deputado Federal Celso Russomanno, do Republicanos, elaborou o PL 2.703/2022, que acrescenta 12 meses ao prazo original, aumentando largamente o tempo necessário para as concessionárias de adaptarem.

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Celian Chaufour: “A taxa ajuda a manter a legalidade e dá mais segurança” – (Foto – Divulgação)

De acordo com Paulo Feitosa, CEO da JPNR Energia, especializada em consultoria, desenvolvimento e gestão de energia elétrica, a grande diferença que ocorre em relação aos projetos protocolados até o dia 06/01/2023 em comparação aos novos projetos protocolados depois de 06/01/2023, é que os pequenos consumidores de energia passarão a pagar um pedágio, gradativamente até 2028, para a energia gerada e não utilizada imediatamente, que é injetada na Rede da Distribuidora de Energia. Já os grandes consumidores (acima de 500KW) pagarão o pedágio imediatamente, e não gradativamente.

Mas para ambos os casos, se a energia for gerada num local e utilizada no mesmo local, sem injeção de grandes volumes na Rede, a diferença entre os projetos protocolados até 06/01/2023 e os protocolados após 06/01/2023, terão uma diferença insignificante.

O objetivo da regulação é corrigir o erro que havia, onde todos que tinham energia solar, pagavam apenas uma pequena taxa pelo uso do sistema de Distribuição, independente de quanto injetassem de energia. A regulação dada pela lei 14.300, juntamente com a regras determinas nas resoluções normativas da ANEEL, incluindo aí a REN 1.000, dão equilíbrio ao sistema, onde quem usa muito a Rede, paga mais, quem usa pouco paga menos.

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O Marco Legal da Geração Distribuída estabelece, entre outras coisas, que os custos de distribuição da energia gerada passem a ser pagos pelos geradores. No entanto, é importante ressaltar que a lei determina também que todas as instalações de sistemas de geração solar implantadas antes da vigência da lei, permaneçam isentas da cobrança até 2045. Isso equivale praticamente ao prazo de vida útil dos equipamentos, determinado entre 25 a 30 anos. Porém, a data limite para que os novos usuários fizessem a solicitação, garantindo a isenção, terminou no dia 6 de janeiro de 2023. “Eu acredito que a taxa, por um lado, ajuda a manter a legalidade e dá mais segurança. Ainda que pareça uma desvantagem, principalmente para o consumidor final que deseja fazer essa instalação, as vantagens de gerar energia limpa, reduzir custos e ainda preservar o meio ambiente são muito maiores. Na minha casa pessoal, eu também coloquei e gero cerca de 60 kWh/ dia, aproximadamente, 1800 kWh / mês, e eu faço uma economia de 90 %”, afirma Celian Chaufour, empresário sócio-fundador do Jaguaribe Lodge & Kite, um empreendimento modelo no tema sustentabilidade em Fortim, no Ceará.

A Vice-presidente de Geração Distribuída da ABSOLAR, Barbara Rubim, explica: “O Marco Legal da Geração de Energia, que foi trazido pela Lei 14.300 em janeiro do ano passado é visto com bons olhos pelo setor. O Marco trouxe mais estabilidade e segurança jurídica para a realização de investimentos, além de trazer uma série de aprimoramentos nas disposições referentes ao sistema de compensação de energia elétrica. Trouxe também um ônus que foi o estabelecimento do pagamento do FioB que é a componente tarifária que remunera as distribuidoras de energia, mas eu diria que no apanhado geral, a legislação é positiva paras o setor fotovoltaico e seria ainda mais positiva se ela estivesse sendo observada pela ANEEL e pelos distribuidores que há mais de sete meses ignoram o comando legal de aplicar esses benefícios para o consumidor”.

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Barbara Rubim: “O Marco Legal da Geração de Energia é visto com bons olhos pelo setor” (Foto – Divulgação)
Mais detalhes sobre a lei

É comum a preocupação do consumidor ao ouvir falar em novas leis e taxas, mas para que não haja má interpretação, Barbara ressalta: “Dentre outras questões, o Marco Legal da Geração estabeleceu a necessidade de que todo consumidor que decida gerar sua própria energia após o dia 8 de janeiro de 2023 tenha que remunerar o uso da rede de distribuição. Como é que vai funcionar essa remuneração? Na prática, quando o consumidor gerar a própria energia e injetar essa energia na rede da distribuidora, ele vai receber essa energia gerada pra ele no final do mês como um crédito para a sua conta de luz. Mas esse crédito, ele vai valer menos do que o valor referente ao consumo que ele fez da rede de distribuição.

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O deságio entre esses dois valores é exatamente o montante que fica com a distribuidora para remunerar o uso da sua rede. Se fossemos usar um exemplo, imagine que 1 kWh consumido da rede da distribuidora tenha o custo de R$ 1. Quando o consumidor gera a própria energia numa situação que chamamos de direito adquirido, ou seja, quando ele optava por fazer essa geração até o dia 7 de janeiro desse ano, a energia produzida por ele era injetada na rede de distribuição também valendo R$ 1 por kWh. Os novos entrantes, ou os consumidores que só aderirem essa possibilidade agora, irão gerar energia, e quando eles receberem esse kWh de volta na forma de um crédito, ele será valorado a R$ 0,96 em média. Perceba que existe ai um deságio, no nosso exemplo, de R$ 0,04. Por que? Porque o valor do FioB, que é o que ficou popularmente conhecido como essa taxação, equivale, numa média nacional, a 4% da tarifa de energia. Isso no primeiro ano da cobrança, porque ela será progressiva. No primeiro ano, o consumidor paga 15% dessa componente tarifária, que equivale a esses 4% da tarifa e nos anos seguintes, esse percentual vai subindo até que seja paga integralmente essa componente”.

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Ampliação de prazo

Barbara finaliza explicando que a ampliação do prazo para a realização de novas instalações não deve onerar os outros consumidores. “A ampliação do prazo para a realização dessa instalação com uma compensação plena ou então com uma paridade tarifária, de maneira alguma representa um ônus para os outros consumidores. Isso porque há estudos que mostram que quando um consumidor gera a própria energia, ele auxilia na redução da conta não só dele mesmo, mas também de outros consumidores que não tem a geração própria de energia. Isso por causa dos benefícios elétricos que são trazidos pela geração distribuída, como alívio das redes de transmissão e de distribuição, a redução das perdas dentro do sistema e o fato de evitar o despacho de usinas termelétricas como tivemos acontecendo grandemente ao longo do ano passado.

Numa estimativa feita, o crescimento da geração própria de energia no País vai ajudar a reduzir em mais de 5% a conta de luz de todos os consumidores nos próximos dez anos, trazendo o equivalente a mais de R$ 80 bilhões em benefícios sistêmicos para toda a sociedade”.

Cresce a adesão dos meios de hospedagem ao uso da energia solar
As placas solares do Jaguaribe Lodge & Kite, reduziu os custos em 99% (Foto – Divulgação)
Sol o ano inteiro

Não é novidade que o tema sustentabilidade se tornou cada vez mais relevante e presente nas empresas e na vida das pessoas. As novas gerações de viajantes são mais engajadas e preocupadas com as práticas sustentáveis dos destinos e dos hotéis onde se hospedam em suas férias. Prova disso é que atualmente uma das premissas dos meios de hospedagem é a eliminação da emissão de carbono, uma tendência mundial que abrange diversos setores da indústria. A energia solar, além de prevenir uma queda abrupta do fornecimento de energia em um hotel (essencial para o conforto e até para viajantes de negócios que dependem da energia para continuar trabalhando), também é grande aliada na economia de custos e não menos importante, da preservação do meio-ambiente.

Um bom exemplo é o já mencionado Jaguaribe Lodge & Kite, em Fortim, no Ceará. O empreendimento, que mescla elementos da natureza e rusticidade com sofisticação e conforto, consolidou-se no destino como um dos principais meios de hospedagem, bem avaliado em sites especializados com comentários positivos. Celian Chaufour, sócio-fundador do Jaguaribe, explica: “Conseguimos aqui oferecer uma experiência em que o hóspede se sinta integrado à natureza em todos os aspectos. O Jaguaribe Lodge foi idealizado para ter toda sua estrutura e conceito pautados na sustentabilidade. O hotel foi feito sobre palafitas para preservar o movimento das dunas e vegetação local. Utilizamos madeira reflorestada e folhas de carnaúba. As áreas são amplas e priorizam a ventilação natural, inclusive nas acomodações.

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A ventilação é por meio dos muxarabis e pelas grandes janelas, não é necessário uso de ar-condicionado. O uso de produtos biodegradáveis e a troca de produtos de plástico para vidro, também trouxeram mais impactos positivos a nossa estrutura, e a inserção de placas solares para a geração de energia agregou ainda mais. Após a instalação em 2022, em nosso estacionamento, conseguimos uma redução de 99% nos custos. Nosso gasto com energia hoje é somente da iluminação pública. Isso permitiu que façamos mais investimentos em melhorias e atividades para os nossos hóspedes”.

Chaufour afirma desejar que a tecnologia possa avançar ainda mais, proporcionando novas maneiras de preservação da natureza. “A natureza é de todos e devemos preservá-la. Se é possível investir em mais fontes de energia limpa, como o sol e o vento, tem que ser feito. A conscientização ambiental já é um fator decisivo entre os viajantes e é um ato de respeito ao tanto que a natureza nos oferece. A tecnologia utilizada para a geração de energia limpa vai continuar avançando e muito. E não só a voltada a energia solar, mas a energia eólica. O que dá uma grande vantagem ao Ceará, que é abençoado com sol o ano todo e ventos constantes. O que podemos esperar num futuro próximo é mais tecnologia para o armazenamento, e as start-ups têm desempenhado um grande papel nesse cenário”.

Esforços em Sustentabilidade

Para o gestor, o uso de energia limpa, derivada das placas solares está diretamente atrelada ao desempenho do Jaguaribe Lodge e também da sua predileção por parte dos hóspedes habituais. “Diria que influencia infinitamente. Hoje vejo a chegada do Jaguaribe Lodge, em 2017, e seu conceito voltado à sustentabilidade impactou aos hóspedes e a percepção que é necessário fazer pausas em nosso dia a dia e ter um contato real com a natureza. No último relatório do Booking, 81% dos viajantes mundiais disseram que dão importância para a sustentabilidade e 38% indicaram que procuram ativamente informações sobre os esforços de sustentabilidade de uma hospedagem”.

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Vista aérea do Vila Selvagem, que conta com 450 painéis de 590w (Foto – Divulgação)

E conclui: “Além do Jaguaribe Lodge (que possui 240 painéis de 450w), nossos outros hotéis, Vila Selvagem e Jaguaríndia Village, já contam com esse olhar para a geração de energia limpa. No Vila Selvagem (que possui 450 painéis de 590w), a implementação das placas solares no teto do estacionamento conseguiu gerar 1250kWh/dia. Mais ou menos 37.000 kWh/mês, o que nos permite economizar 70%. No Jaguaríndia, incluímos pontos de recarga para carros elétricos. Inclusive fomos os primeiros na costa a adotar tal medida”.

Economia significativa

A Wyndham Hotels & Resorts é uma das redes mundiais de hotéis preocupadas com ações que visem não só a economia nos custos de operação como também a minimização do impacto no meio-ambiente.

No Wyndham Olímpia Royal Hotel, um dos expoentes da hospitalidade do destino Olímpia (cujo turismo teve salto expressivo, motivando muitos investimentos e modernização da cidade), as placas solares desempenham papel essencial, segundo explica o Gerente geral, Mario Pio: “O sistema de energia solar do Wyndham Olímpia Royal Hotel capta as ondas solares por meio de grandes placas fotovoltaicas que estão posicionadas no telhado de duas torres do empreendimento. A energia gerada abastece 480 apartamentos. Hoje esse sistema tem capacidade para aquecer até 60.000 litros de água/dia, o que gerou, rapidamente, uma economia significativa nas contas do hotel.

No Brasil, optar por aquecer água com energia solar é uma ótima oportunidade, pois os índices de radiação solar aqui são muito altos e o desempenho dos aquecedores solares por consequência é excelente. Em Olímpia, temos quase 300 dias de sol por ano”.

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Mário Pio: “Além da energia solar, nosso hotel está abastecido 100% com lâmpadas de LED e reciclagem cuidadosamente separada” (Foto – Divulgação)
Evoluindo na gestão hoteleira

Pio afirma: “Sabemos que os hóspedes estão cada vez mais conscientes e valorizando meios de hospedagem que têm uma política de sustentabilidade efetiva e de valor. Estar à frente dessa transformação, investindo em energia limpa e outras medidas para tornar o Wyndham Olímpia uma referência na região, faz parte da nossa evolução como administradora hoteleira. Além da energia solar, nosso hotel está abastecido 100% com lâmpadas do tipo LED e a reciclagem do lixo também é cuidadosamente realizada.

Tais práticas nos certificaram com o selo nível 1 Wyndham Green. Queremos que hóspedes, proprietários e investidores saibam que os recursos naturais estão sendo administrados como se devem aqui no empreendimento, garantindo férias sustentáveis e divertidas para todos”.

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A piscina do Wyndham Olímpia, um dos expoentes do lazer de Olímpia (Foto – Divulgação)

Para quem ainda mantém dúvidas sobre custo-benefício das placas solares, o Gerente do Wyndham Olímpia esclarece: “O investimento pode ser alto inicialmente, mas é prontamente recuperado a médio prazo. A economia que se tem na conta de energia elétrica fornecida pelas concessionárias é gigante. Temos esse sistema desde 2018 e já estamos pensando em ampliá-lo para abastecer outras áreas do resort, incluindo nossos outros 480 apartamentos”.

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Já no Wyndham Foz do Iguaçu, o sistema é diferente, mas a fonte é a mesma: o sol. “Nós não produzimos a energia solar e sim esquentamos a água por meio de tubos a vácuo solares, aonde essa água gelada passa por esses tubos, ficando parada por um determinado tempo e, como o computador faz a leitura da diferença de temperatura gerida pelo delta, acaba por fazê-la circular, esquentando até 60/70 graus.

Lembrando que a água quente é mais leve que a água fria, fazendo a circulação natural. Ou seja: O aquecimento solar utiliza energia solar para aquecimento da água, uma energia renovável e abundante. Toda a capacidade de aquecedores solares contribui para a redução do consumo da matriz energética, evitando uso de fontes poluentes e não eficientes para a geração de energia”, detalha o Gerente geral do empreendimento, Mario Apollo Frohlich.

Frohlich também ressalta a importância das ações sustentáveis na tomada de decisão do novo viajante: “Através das ações de aquecimento solar e do reaproveitamento de água, recebemos o reconhecimento do selo Wyndham Green, que garante ao cliente a responsabilidade do hotel com o meio-ambiente. Consequentemente possuir essa chancela interfere na decisão do hóspede sim”. E finaliza: “O retorno do investimento gira em torno de cinco anos e no nosso caso, o sistema já se pagou. O Wyndham Foz do Iguaçu não considera ‘caro’ nenhum tipo de ação que venha a contribuir com a sustentabilidade do planeta”.

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Vista aérea do Royal Tulip JP Ribeirão Preto, um case de sucesso no uso de energia solar – (Foto – Divulgação)

Pelo ritmo, o ano de 2023 parecer ser mesmo o da energia solar na hotelaria. No início de janeiro, a Louvre Hotels Group Brazil anunciou que o hotel Royal Tulip JP Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, também está investindo em estrutura sustentável em diversos espaços.

No sistema hídrico, toda a água da limpeza (aspiração) das piscinas, das hidromassagens externas e da suíte 521 (com 172m², jardim privativo e jacuzzi), está sendo armazenada em caixas que, juntas, retém 30 mil litros, além do aproveitamento da água utilizada para irrigação dos jardins, que somam 20 mil metros. No sistema energético, 60% da energia solar de toda água para banho, lavanderia, piscinas e cozinha estão sendo transformadas em autossustentáveis. O objetivo é tornar o hotel ainda mais amigo do ambiente, priorizando o bem-estar de hóspedes e colaboradores, além da fauna e da flora regionais.

De acordo com a Gerente geral do empreendimento, Luciana Marotta, “A geração mensal do sistema é equivalente ao consumo mensal de 100 residências médias. Considerando também o período total de operação, foram preservadas 150 árvores, além de 100 toneladas de CO² que deixaram de ser eliminadas na atmosfera. Por isso, investir em ações que preservam o meio-ambiente é, sobretudo, dedicar esforços e potencializar a qualidade de vida atual e futura do ecossistema, que inclui o hotel e todos os hóspedes e colaboradores. E é também, entender esse nicho que se tornou imprescindível para os diferentes segmentos, como, em especial, a hotelaria. Somos um hotel bucólico, com ampla área verde de 50 mil m², o que nos impulsiona a abraçar a sustentabilidade como uma legítima aliada do nosso dia a dia”.

A Gerente afirma que a economia foi sentida rapidamente após a instalação dos sistemas. “Acreditamos que temos que evoluir muito neste quesito, não existe a conscientização a ponto de ser um fato decisivo na escolha do hotel. O Brasil tem muito que explorar este tema para tornar os cidadãos mais conscientes. Entre as vantagens de um hotel possuir esses sistemas, estão: não polui, é renovável, é limpa e é silenciosa. A necessidade de manutenção é mínima”.

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Desbravador

Luciana explica que, no caso da unidade de Ribeirão Preto, ainda é demasiadamente cedo para pensar no retorno do montante investido na instalação dos equipamentos. “Investimos recentemente, ainda não deu tempo, mas já conseguimos ver o resultado e, com certeza, é muito bom. O sistema fotovoltaico do hotel JP possui 402,69 kWp de potência e está em funcionamento desde meados de 2021, tendo, até o momento, uma geração de energia acumulada de 440.130 kWh. O sistema apresenta uma geração média de 40.552 kWh mensais, e uma economia de R$ 22.198,22 mensais, totalizando, até o momento, R$ 273.583,82, já tendo recuperado cerca de 20% do investimento realizado”.

No entanto, a Gerente opina que, o Marco Geral da Geração Distribuída pode motivar cautela no futuro: “Essa medida foi tomada após o nosso investimento, talvez, se tivéssemos pensado depois, iriamos analisar mais, pois ela tira algumas vantagens”, opina.

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O Novotel Morumbi é um dos empreendimentos de eco eficiência da rede Accor (Foto – Divulgação)
Energia renovável: relevância acentuada na hotelaria

A Accor, rede francesa com mais de 40 marcas espalhadas pelo mundo é um dos destaques da indústria hoteleira quando o tema é sustentabilidade. João Dias, Gerente de sustentabilidade da Accor Americas – Premium, Midscale & Economy Brands, detalha: “A maioria dos hotéis da Accor no Brasil fazem uso de pelo menos uma parcela relevante de energia renovável. Grande parte dessa energia é adquirida por meio do mercado livre de energia, e certificada internacionalmente por meio de I-RECs. Há alguns casos em que parte da energia é gerada in loco, por meio de placas solares, mas nem todos os hotéis possuem esse potencial de geração, uma vez que muitos estão em área urbana, com exposição ao sol e espaço físico limitados”.

Para o executivo, a energia renovável é um item importante para a estratégia de redução de emissões atmosféricas de qualquer empresa. “Na hotelaria, essa relevância é acentuada, uma vez que quase metade das emissões atmosféricas de uma operação hoteleira advém do consumo de energia. O consumo de energia renovável é uma realidade, e a redução desse consumo por meio de projetos de eficiência energética, uma necessidade. O uso da energia renovável, porém, não depende apenas da geração de energia solar. É possível obter energia limpa por meio da compra diretamente no mercado livre de energia, com emissão de certificados I-REC que asseguram a procedência de fonte renovável, sendo solar, eólica, ou biomassa, entre outras fontes renováveis”, afirma.

Considerações para instalação de placas solares

Sobre o tema Marco Legal da Geração Distribuída, João aponta que as mudanças trazidas pela lei, por si só, não interferem na decisão dos empreendimentos pelo investimento em energia solar, tendo outros pontos relevantes a serem considerados: “A isenção de parte das tarifas de distribuição de energia renovável consistiu em um benefício temporário visando incentivar investimentos no setor em um momento em que os custos de projetos solares e eólicos ainda eram altos demais para boa parte dos investidores. O que ocorre hoje é uma redução significativa nos custos desse tipo de geração de energia comparado a fontes fósseis, fazendo com que os benefícios fiscais sejam menos importantes para garantir investimentos no setor. A geração de energia renovável já não é novidade, e passará a ser cada vez mais difundida independentemente de haver ou não benefícios fiscais para esses investimentos.

Nos hotéis, por exemplo, a inclusão de placas solares nos projetos é definida muito mais pelas questões de disponibilidade de espaço físico para instalação, sendo os benefícios fiscais fatores secundários nessa tomada de decisão”.

E complementa: “Nos hotéis da Accor, realizamos as instalações de sistemas de geração de energia renovável sempre que há possibilidade e disponibilidade de espaço físico. Essa e outras práticas de sustentabilidade estão cada vez mais pesando das decisões dos hóspedes. Tanto no mercado corporativo de viagens, em que as empresas cada vez mais solicitam declarações sobre as práticas sustentáveis dos meios de hospedagem de seus colaboradores, como também nas vendas por meio de OTA’s, que inserem cada vez mais dados de sustentabilidade em seus portais, trazendo mais transparência para seus clientes. A realidade é que esses aspectos estão passando a contar cada vez mais como fator de tomada de decisão, como sugerem os principais estudos de mercado”.

O Gerente finaliza detalhando os recentes movimentos dentro do robusto plano de ações sustentáveis da rede. “A Accor acredita que a continuidade da indústria da hospitalidade depende de uma transformação profunda e que leve em consideração os vários aspectos de sustentabilidade. O aspecto de utilização de energia renovável, e eco eficiência são importantíssimos, mas outros fatores também possuem grande influência no impacto socioambiental desse segmento. As questões de eliminação de plástico de uso único, a certificação de cadeias de suprimentos de alimentos e bebidas visando mitigação de impactos ambientais, e os fatores sociais de diversidade & inclusão e desenvolvimento local estão em nossa lista de prioridades para os próximos anos, e tudo isso passa por uma maior consciência socioambiental de nossos principais stakeholders. Para os colaboradores, por exemplo, desenvolvemos um treinamento global sobre as questões de carbono e mudanças climáticas que passou a ser obrigatório para todos os colaboradores de nossos escritórios corporativos no ano passado, e esse ano será desdobrado ao todas as lideranças operacionais de nossos hotéis.

Um módulo de cinco horas de treinamento com efeito de sensibilização para o impacto individual de cada ser humano no planeta, e consequentemente seu reflexo nas organizações. Em nossa visão, não há transformação de modelo de negócios sem a sensibilização e criação de senso de urgência nos indivíduos que compõe a organização. Estamos começando a colher os frutos de um time preparado para enfrentar os desafios impostos por mudanças climáticas a nível individual e corporativo”.

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O Malai Manso opera 100% com energia solar própria (Foto – Divulgação)
100% com energia solar

Instalado próximo a Chapada dos Guimarães (MT), numa região onde é verão o ano todo e com uma das maiores incidências de luz solar do Brasil, o Malai Manso Resort tirou proveito de sua localização privilegiada para construir o seu próprio parque solar.  O resort opera 100% com energia solar própria e também a tem a maior instalação fotovoltaica (obtida através da conversão direta da luz do sol em eletricidade) no Estado do Mato Grosso. O projeto de engenharia foi realizado pela Oeste Solar Energia Renovável e 3.016 módulos vieram da fabricante Trina Solar. A iniciativa faz parte dos valores do resort, que segue diretrizes globais para o desenvolvimento de um turismo sustentável e valoriza a importância e a disseminação de práticas sustentáveis e ecológicas entre seus colaboradores e hóspedes, por meio de ações do projeto ECO Malai.

Os sistemas de geração de energia solar e fotovoltaica são cada vez mais adotados como alternativa para a energia tradicional (Foto – Pixabay/mrganso)

O parque solar do Malai Manso foi construído em uma área de oito hectares e teve investimento de R$8,3 milhões, com previsão de retorno desse investimento em 2,5 anos. Ao todo, foram 6616 módulos do modelo Polycristalino instalados, que permitem que projetos solares comerciais e de concessionárias de energia elétrica tenham economias significativas. Além do impacto zero no meio ambiente, a nova tecnologia está proporcionando uma geração de 350.000 KWH mensais de energia, redução da emissão de CO2 no meio ambiente e uma grande economia de gastos mensais do resort.

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Piscina do Bonito Ecotel (Foto: divulgação)
Pioneirismo 

Localizado no Mato Grosso do Sul, o Bonito Ecotel foi pioneiro na utilização de energia fotovoltaica na região. O empreendimento, que possui uma política robusta baseada na sustentabilidade, hoje é um dos cases de maior destaque no País quanto o tema é energia solar.

Kassilene Cardadeiro, Diretora do Bonito Ecotel, explica: “O Bonito Ecotel investiu na geração de energia fotovoltaica em março de 2017, e foi pioneiro nessa instalação no segmento hoteleiro do Mato Grosso do Sul. A produção inicial tinha média mensal de 2.350 kWh/mês. Com o aumento das UH’s, ampliação da taxa de ocupação e consequentemente aumento do consumo de energia, o Bonito Ecotel ampliou seu sistema, gerando cerca de 9.000 kWh/mês, traduzindo uma economia cerca de R$ 9.500 mensais, contribuindo muito para a sustentabilidade e economia no hotel.

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Vista aérea do Bonito Ecotel, de onde se pode ver as placas solares instaladas (Foto: divulgação)

Nestes cinco anos de geração já foi gerado mais de 242,5 mWh de energia, contribuindo para redução nas emissões de CO2 em cerca de 170t.

A qualidade do sistema e da engenharia, tem muita influência nos resultados, onde foi realizada uma consultoria com a empresa tecfasa Brasil e utilizados equipamentos de origem alemã com alta eficiência e segurança. O princípio de operação é luz solar incidindo sobre as células fotovoltaicas gerando a energia. Esta energia é convertida para tensão usada pelo cliente e consumida pelo próprio hotel. O excedente é injetado na rede, gerando um crédito, compensado no final do mês com o consumo eventual noturno”.

A Diretora também detalhou outros pormenores do consumo de energia solar, como retorno do investimento feito. “O retorno do investimento acontece em cinco anos, é como se você antecipasse o pagamento da conta de energia que o hotel consumiria nesse período, e depois você ganha mais 20 anos de energia gratuita.

Nós nos antecipamos no Bonito Ecotel, para implementar a terceira fase das placas de energia solar dentro do prazo que nos isenta da cobrança de taxa. No entanto, qualquer taxação na produção de energia, em um País que precisa ampliar as suas matrizes energéticas, vai contra o desenvolvimento. Sabemos que o Brasil é um dos grandes produtores de energia limpa do mundo, que o brasileiro aprende rápido e tem iniciativa, basta observar que em pouco mais de cinco anos o número de placas aumentou de forma impressionante. Como a energia solar produzida não é utilizada de forma imediata, ela é lançada na rede, e uma cobrança pelo uso da infra estrutura é justificável. O que não apoiamos é a cobrança pela produção, uma vez que o investimento realizado é do CNPJ, CPF e não da concessionária ou do governo”, conclui.

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