Os “mares” de Goiás e a vocação turística do Estado

O mês de março é dedicado à importância de se valorizar a água, que ganha cada vez mais relevância turística em Goiás

A água é fonte de vida em múltiplos sentidos. O Dia Mundial da Água, celebrado a cada 22 de março desde 1993, foi estabelecido pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) como forma de chamar a atenção para a importância desta substância vital e também para a necessidade de sua utilização sustentável. Ao longo de todo o mês de março, uma série de ações e atividades reforça essa mensagem. O Brasil ocupa uma posição de destaque no cenário hídrico mundial, já que o país detém cerca de 12% do total de água doce do planeta. Este número é superior aos montantes da Europa e de todo o continente africano, que possuem 7% e 10% das reservas mundiais, respectivamente.

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O Estado de Goiás, por sua vez, também é privilegiado em relação aos recursos hídricos, com boa parte da região hidrográfica Tocantins-Araguaia percorrendo o seu território. Com disponibilidade hídrica per capita superior a 20.000 metros cúbicos por habitante por ano, o estado tem uma situação riquíssima de água, segundo classificação da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). Esse volume é quase 12 vezes superior ao piso estabelecido pela ONU, de 1.700 m3/hab/ano. E, entre os muitos usos da água no estado, como o consumo doméstico, o abastecimento da indústria e a geração de energia hidrelétrica, destaca-se também a vocação goiana para o turismo.

Segundo explica explica o secretário-executivo do Conselho Estadual dos Recursos Hídricos, João Ricardo Raiser, “A água está presente em todas as atividades que exercemos, seja como matéria-prima ou como parte dos processos produtivos. O turismo ligado à água é extremamente impactante para Goiás. Temos Caldas Novas, Lagoa Santa, a bacia do Araguaia como um todo e os grandes lagos que estão relacionados à geração de energia mas que também trazem essa vertente do turismo, em razão do espelho d’água muito grande”.

Os vastos "mares" de Goiás e a vocação turística do Estado
Vista do Lago da Usina Corumbá IV, próxima do município de Abadiania, em Goiás (Foto: João Paulo Ribeiro)

Nos últimos anos, uma das alternativas de lazer que mais tem chamado a atenção de visitantes goianos e do Distrito Federal é o Lago Corumbá IV. Formado para a exploração do potencial hidrelétrico do rio Corumbá, banha sete municípios: Abadiânia, Alexânia, Corumbá de Goiás, Luziânia, Novo Gama, Santo Antônio do Descoberto e Silvânia.  Por estar próximo a Goiânia e Brasília, ele hoje está se consolidando como um novo destino turístico.  São águas para refrescar cerca de seis milhões de habitantes que vivem no raio das duas capitais de clima quente e seco.

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Os números do Corumbá IV são superlativos. Inaugurado há 15 anos, o lago artificial surpreende pelo porte colossal – são 173 km² de área e capacidade de 3,7 trilhões de litros de água. A energia produzida na usina abastece cerca de 250 mil habitantes do Distrito Federal, o que corresponde a 15% da demanda energética do DF. A barragem de terra tem comprimento total de 1.290 metros e altura máxima de 76 metros. O vertedouro tem três comportas metálicas com capacidade para jorrar mais de 2 milhões de litros de água por segundo. Diante de tanta grandiosidade, muitos moradores da região costumam dizer que o lago é, na verdade, um mar.

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Raiser, que também é mestre em Gestão de Recursos Hídricos, avalia: “O rio Araguaia já era conhecido como o ‘mar dos goianos’, e agora está sendo complementado por esse e outros lagos espalhados por todo o Estado”. Ele ressalta a importância de se garantir que as intervenções feitas para a criação desses lagos respeitem não apenas a legislação, na questão do uso da água, mas também que integrem outras atividades. “O lago de Corumbá IV é um exemplo. É um lago para geração de energia, planejado também para dar segurança ao abastecimento hídrico do Distrito Federal, e que desenvolveu uma vocação muito grande para o turismo. Isso nos mostra a importância dos usos múltiplos da água e de pensarmos estes processos de forma integrada, principalmente quando pensamos na água como recurso limitado e essencial a todas as atividades”, conclui o especialista.

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