9ª HSMAI Strategy Conference abordou perfil do viajante no Brasil

9ª edição do HSMAI Strategy Conference reúne 130 profissionais hoteleiros no hotel Hilton SP Morumbi, e abertura contou com palestra sobre “Contexto Econômico e as Perspectivas para 2023”
Nesta quinta-feira (10) foi realizada pela HSMAI – Hospitality Sales & Marketing Association International, a 9º HSMAI Strategy Conference, que reuniu 130 profissionais e executivos do setor de hospitalidade e turismo para uma agenda dinâmica e interativa, diretamente do hotel Hilton São Paulo Morumbi, na capital Paulista. Na ocasião, foram apresentadas palestras e painéis sobre temas variados entre eles, o “Contexto Econômico e as Perspectivas para 2023”, com uma visão do cenário econômico mundial e nacional, além da divulgação de um estudo inédito realizado pela Expedia sobre o que o viajante brasileiro mais valoriza ao reservar uma viagem.
À frente da apresentação The Experience Gap: revelando o que os viajantes realmente querem, Carrie Wilder, Senior Director Marketing Segment South America da Expedia, revelou em primeira mão aos participantes da Conference o novo comportamento de consumo dos consumidores online. Entre as muitas análises do estudo, que entrevistou 11 mil viajantes e considerou 11 mercados. Nesse relatório, pela primeira vez, nós perguntamos para os viajantes e também para os profissionais da indústria de turismo (desde hotéis, revenues de companhias aéreas, programas de fidelidade etc) que mantiveram a indústria funcionando. ‘Precisamos saber o máximo possível sobre os viajantes, seu mercado, e as mudanças da indústria que impactam seu negócio’, apontou Carrie.
Viagens de lazer
No ‘Traveler Value Index 2023’, que é a medida do que os consumidores procuram quando reservam uma viagem, foram analisados sete fatores:
- 27% – Preço baixo
- 20% – Métodos de limpeza/desinfecção aprimorados e frequentes;
- 13% – Benefícios e upgrades;
- 12% – Políticas amigas da natureza;
- 10% – Possibilidade reembolso total em reservas canceladas;
- 9% – Flexibilidade para alterações sem cobranças;
- 8% – Experiência sem contato durante toda a viagem.
Em comparação com 2021, a limpeza caiu no ranking, porém, a importância de reembolso segue em segundo lugar com 20% do total. A possibilidade de alterar as reservas sem multas ou dar a flexibilidade para os viajantes ficou mais evidente em outro momento da pesquisa em que 47% dos consumidores afirmaram que nunca iriam reservar uma hospedagem não reembolsável.
Embora a maioria das pessoas do setor, 82%, ache que os consumidores estavam entendendo as limitações da equipe e do serviço, é provável que a fidelidade do cliente tenha sido afetada.
Por outro lado, 46% dos viajantes dizem que viajar é mais importante agora do que antes da pandemia, e 43% estão aumentando seu orçamento de viagens mundialmente, contra os 31% de 2022. Para os brasileiros, esse número é ainda maior, com 60% dos entrevistados afirmando a importância das viagens.
Os brasileiros estão também mais propensos em viajar para lazer, com 89% planejando uma viagem nos próximos 12 meses, comparado com os 7% globalmente.
Viagens corporativas
Viagens a negócios cresceram rapidamente nos últimos seis meses. No começo desse ano, a maioria disse que eles não estavam planejando qualquer viagem a negócios , e hoje, uma em cada três pessoas já estão – e dessas, muitas (85%) estão ansiosos para sua próxima viagem a negócios.
Carrie destacou as 5 dicas que o estudo trouxe para os hoteleiros e profissionais do segmento de viagens:
1) Mantenha tarifas reembolsáveis e política flexíveis
2) Defina expectativas realistas com os viajantes – e tenha expectativas realistas para sua equipe.
3) Seja cuidadoso com descontos e benefícios
4) Aproveite e mostre os valores da sua marca
5) Avalie os feedbacks dos consumidores para entender como eles percebem a experiência
Em geral, à medida que o setor se estabiliza e acelera, as empresas que oferecem aos viajantes a melhor e mais confiável experiência atrairão clientes fiéis.
Cenário Político-Econômico aponta Brasil crescendo, apesar do cenário internacional
Já a análise político-econômica do evento ficou por conta de Luís Otávio Leal, economista-chefe do Banco Alfa, que levou ao público previsões sobre o cenário econômico futuro, considerando perspectivas internacionais, e o contexto o Brasil após as eleições definidas.
O economista começou apontando 3 temas internacionais:
- China – pode dar ‘dor de cabeça’ ao mundo no curto prazo, com a política de tolerância zero com a Covid-19, no médio prazo, em função da baixa no setor imobiliário chinês, e no longo prazo, em função do conflito com Taiwan.
Em resumo, a China não deverá ser a locomotiva do mundo como nos últimos anos. ‘Fiquem de olho na Índia’, ressalta Luis Otávio.
- Guerra na Ucrânia – a questão energética ainda preocupa Europa, e a inflação européia chegará à 10,7% em Dezembro/2022, em uma alta surpreendente.
- Política Monetária dos Estados Unidos – quase impossível o país não entrar em recessão, e seu mercado financeiro será com certeza abalado.
Mesmo assim, a bolsa brasileira seguirá desconectada da americana, o dólar não chegando mais aos patamares de 2021, e crescimento do PIB de 0,80% em 2023.
Já as projeções do FMI, através da análise World Economic Outlook, o crescimento mundial previsto é de 2,7%, com 3,2% para final de 2022.
Áreas com economias avançadas:
- Estados Unidos – 1,0% contra 1,6% de 2022.
- Área do Euro – 0,5% contra 3,1% de 2022.
Mercados Emergentes ou em Desenvolvimento:
- China – 4,4% contra 3,2% de 2022
- India – 6,1% contra 6,8% de 2022.
- Brasil – 1,0% contra 2,8% de 2022
E mesmo com a previsão de crescimento, Leal lembrou que o Brasil ‘não é para principiantes’, e reforçou que a Política Fiscal do governo será vital para esses resultados. Mudanças do novo governo na Reforma Tributária e questão do teto de gastos podem alterar o processo.
No final, deixou claro que se mantém como um realista esperançoso, e citou a frase de Ariano Suassuna: ‘O Otimista é um tolo. O Pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso’.