WTM Latin America debate inteligência artificial e sustentabilidade
Informar as tendências, compartilhar os cases, destacar dicas práticas. A oferta de conhecimento atual voltado à indústria do turismo é um dos principais pilares da WTM Latin America e não foi diferente durante o primeiro dia da edição 2023. Inteligência artificial foi um dos temas de destaque no Explore Transformation, um dos três teatros temáticos disponíveis na WTM Latin America 2023. Thiago Akira, professor e consultor de marketing digital para o Turismo, mostrou como o ChatGPT pode ser útil para pensar em cenários hipotéticos de viagens, que podem proporcionar boas soluções para viajantes reais. Segundo ele, novas tecnologias sempre irão demandar pessoas capacitadas para utilizá-las da maneira correta. “Temos de ser os curadores da informação que essa ferramenta traz, entendendo que essa informação é um ponto de partida e precisará ser verificada e melhorada”, argumenta.
Lucas Wagner, Gerente de contas de varejo do Google, também revelou possibilidades de otimização de negócios por meio de inteligência artificial. Para ele, a adesão a ferramentas digitais economiza 48% do tempo que seria utilizado para execução, deixando os profissionais mais disponíveis para insights e decisões estratégicas. À frente de um teatro lotado, ele também destacou as mudanças no processo de compra e a importância de trabalhar orientado por dados. “A jornada de decisão não é linear, ela é confusa. Isso porque pessoas são complexas e a compra de viagens também é”, afirma. Wagner explicou que o novo consumidor é multicanal — pesquisas do Google mostram que 54% das pessoas usam cinco ou mais canais online e offline para decidir uma compra — e percorrem uma jornada mais longa antes de fechar qualquer negócio online.
Storytelling foi outro tema que despertou a atenção da audiência nesse primeiro dia de WTM Latin America pelo potencial de vendas que uma boa história pode resultar. “A técnica conecta viajantes com experiências autênticas, ajuda a promover destinos pouco conhecidos ou com pouca capacidade de investimento, e ainda pode ser estratégia na gestão do turismo sustentável”, defendeu Marta Poggi, consultora em marketing digital para turismo e hotelaria. O storytelling também tem o poder de tornar mais conhecidas histórias que muitas vezes passam despercebidas. Foi o que mostraram Carlos Humberto da Silva Filho, cofundador e CEO da Diaspora Black, e Thais Rosa, CEO da agência de viagens Conectando Territórios, iniciativas que promovem a cultura e a história de negra e o turismo responsável em comunidades tradicionais e lugares de memória.
E já que o tema é contar histórias, a WTM trouxe um painel que debateu a relação entre quem produz e publica imagens com os destinos fotografados. Andréa D’Amato, fotógrafa e doutoranda em Antropologia Visual e Heitor Salatiel, gestor cultural e de experiências turísticas compartilharam experiências próprias em que o uso impensado de câmeras em viagens por territórios de comunidades tradicionais e religiosas geraram desconforto entre os presentes. E enfatizaram a importância de se praticar a empatia e pedir permissão para capturar imagens de pessoas que aceitam abrir suas casas e locais de afeto para visitantes
Desafios em sustentabilidade e empregabilidade
Vanguardista no debate relacionado ao turismo responsável, a WTM Latin America novamente dedicou um teatro para os diferentes vieses desse tema. O painel de estreia refletiu sobre os desafios do setor público no incentivo a ações sustentáveis e trouxe ao palco Marianne Costa (Instituto Vivejar), Rafaela Lehmann (Ministério do Turismo), Bruno Wendling (Fundação de Turismo do Mato Grosso do Sul) e, Ana Clévia Guerreiro (Sebrae Nacional). Os painelistas concordaram que a falta de continuidade em políticas públicas é um dos maiores desafios a serem vencidos, junto com a urgência de tomada de responsabilidade de todos os elos — esfera pública, iniciativa privada e comunidade.
A empregabilidade foi outro tema debatido no espaço, sob o viés da inclusão. “A atração de talentos sempre foi um obstáculo e piorou depois da saída da pior fase da crise porque outros setores se adaptaram de forma muito mais rápida ao trabalho online ou híbrido, enquanto muitas posições no turismo ainda exigem expedientes presenciais. Quando o jovem compara as ofertas e considera os custos de deslocamento, vestuário e alimentação, o turismo sai perdendo”, defendeu a pesquisadora Mariana Aldrigui. Clóvis Casemiro, gerente da Associação Internacional de Turismo LGBT (IGLTA) ressaltou o déficit em educação — especialmente para atendimento em outros idiomas -, enquanto Ricardo Gomes, presidente da Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil, sugeriu que os empresários comecem a agir com a análise dos próprios quadros funcionais. “Fomentar negócios requer um alinhamento mínimo com a sua equipe que deve ser diversa, representando a sociedade brasileira, com gays, lésbicas, trans, negros, cadeirantes. É preciso começar a pagar essa dívida social que persiste há muito tempo”, enumera.
Nesse sentido, Gustavo Pinto, presidente do Instituto Vivejar, direciona um recado às empresas de pequeno porte: criar metas de curto prazo para promover a mudança. “Coloque a contratação de um negro, mulher ou LGBT como objetivo, ainda que sua empresa tenha só cinco funcionários”, sugere. Aos agentes independentes, ele indica outro caminho: buscar fornecedores diversos e listar produtos que complementem a experiência do cliente, propiciando mais contato com a diversidade.
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Lançamentos
A WTM Latin America também foi palco para um acordo de cooperação mútua entre a Embratur e 16 municípios do litoral paulista. Marcelo Freixo, presidente da Embratur; Roberto de Lucena, secretário de turismo de São Paulo, e dirigentes dos municípios se reuniram para comemorar o incentivo que foi criado, inicialmente, para contribuir com a retomada da economia dessa região após as fortes chuvas ocorridas há pouco mais de um mês.
Outro lançamento que marcou o primeiro dia do evento foi o da nova rota da JetSmart entre São Paulo e Santiago, no Chile. A companhia aérea low cost terá cinco voos por semana entre os dois destinos, com previsão de operar o voo diariamente a partir de julho deste ano. “Pouco a pouco seguimos crescendo em novas rotas, mostrando nossa força nos países em que paramos. Também temos a frota de aviões mais sustentável da América do Sul, e esperamos aumentá-la de 24 para 124 aviões até 2028”, disse Victor Mejía, diretor comercial da companhia fundada em 2017.
Para fechar o dia, o turismo do Equador realizou uma coletiva de imprensa para reforçar seu interesse em atrair turistas brasileiros. O país sul-americano mostrou seus atributos naturais, culturais e gastronômicos – com direito a degustação de chocolates e vinhos locais, além do sorteio de uma viagem — e destacou os esforços para retomar os voos diretos para o Brasil.
