Procura por serviços de transporte aéreo pode ter queda em 2023

Apesar da recuperação no último ano, recessão económica mundial e outros fatores tendem a afetar o setor

O Relatório de Tráfego da ALTA – Associação da Latino-Americana e do Caribe de Transporte Aéreo mostra que no mês de novembro de 2022, a América Latina e o Caribe (ALC) permaneceram como a região com o melhor nível de recuperação do mundo. Especificamente, 29,2 milhões de passageiros foram transportados na região, 97% dos passageiros de novembro de 2019. No acumulado de janeiro a novembro, foram transportados cerca de 298 milhões de passageiros, 9,9% abaixo dos níveis de 2019.

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Os dados de novembro refletem um progresso significativo na trajetória de recuperação em relação a outubro, quando 92% dos níveis de 2019 foram atingidos. Os números da ALC superam os da América do Norte, que ficou em 92% de seus níveis de 2019, Oriente Médio 88%, Europa 81%, África com 80% e Sudeste Asiático, a região com a menor recuperação, com 74%. No que diz respeito ao tráfego internacional de passageiros, a República Dominicana, a Colômbia e o México voltaram a liderar a trajetória de recuperação na ALC com crescimento de 22%, 17% e 11%, respetivamente. Chile e Argentina atingiram 89% e 78% de seus níveis de 2019, respectivamente. Quanto ao tráfego doméstico, Colômbia e México alcançaram um crescimento excepcional, superando 13% dos níveis de 2019. A Argentina avançou com 97% e o Chile com 96% dos níveis pré-pandemia. Os RPKs domésticos apresentaram a maior recuperação, com 2,9% acima dos níveis de 2019.

O desafio

A COVID-19 não é mais uma fonte de preocupação para viagens e isso gera perspectivas positivas no caminho da recuperação. No entanto, existem outros grandes desafios. “No nível operacional, a redução das expectativas de crescimento econômico global, as altas taxas de inflação, a desvalorização das moedas da região em relação ao dólar, um custo muito alto do principal insumo para fornecer o serviço de transporte aéreo que é combustível, entre outros aspectos, afetam significativamente”, afirma José Ricardo Botelho, Diretor Executivo e CEO da ALTA.

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Em 2022, os combustíveis mantiveram preços historicamente altos. Em 27 de dezembro, o preço do combustível de aviação atingiu 138% acima de janeiro de 2021, enquanto o preço do petróleo bruto West Texas Intermediate (WTI) atingiu 79%. Este aumento teve impacto no peso do insumo na estrutura de custos das companhias aéreas, passando de representar 28% há um ano para quase 50% no 3º trimestre de 2022. Embora nos últimos meses tenha caído em relação ao seu pico de US$ 190 (29 de abril de 2022), com US$ 128 (26 de dezembro) representou 50% a mais do que em dezembro de 2021, ressalta Botelho. “O ano de 2023 tem seus próprios desafios. A potencial queda na demanda por serviços de transporte aéreo causada por uma recessão econômica, misturada aos desafios econômicos para a operação, especialmente inflação, desvalorização e altos custos, podem ser barreiras para a recuperação dessa indústria que em 2022 perdeu US$ 2 bilhões na ALC. Mas também é um ano de imensas oportunidades. Temos diante de nós a oportunidade oportuna de fortalecer o trabalho articulado entre autoridades e indústria em favor do passageiro e em favor de uma indústria que gere desenvolvimento, conclui o executivo.

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Denise Bertola

Denise Bertola é Repórter da Revista Hotéis

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