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Variante ômicron não afeta a volta por cima do turismo e da hotelaria

Especialistas dos segmentos de turismo e hotelaria compartilham projeções para 2022 e são unânimes: retomada continua em curso ascendente mesmo com a variante da ômicron 

O ano de 2022 começou agitado para a indústria. Mesmo com o sucesso da campanha de vacinação entre adultos e início da imunização de crianças, a Ômicron, variante do novo coronavírus e a terceira onda da pandemia, reacenderam alertas e preocupações com a segurança sanitária e com protocolos de prevenção à infecção com o vírus e suas mutações. Apesar disso, não houve impacto negativo na retomada dos setores de turismo e de hotelaria, outrora denominados como os mais afetados pela pandemia em 2020.

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Especialistas e players da indústria são unânimes em afirmar que nem a terceira onda e a Ômicron tiveram peso suficiente para causar uma retração nos mesmos moldes da iniciada em março de 2020, época da primeira onda e da quarentena aderida pelos estados brasileiros, quando só funcionaram normalmente serviços considerados essenciais.

O início da pandemia e os primeiros meses, com a quarentena dos estados, fechamento de fronteiras e outras restrições, causaram um impacto nunca antes visto para o turismo e para as cadeias produtivas que compõe essa indústria, como a hotelaria e a alimentação fora do lar. Muitos hotéis e restaurantes acabaram sucumbindo e encerrando definitivamente suas atividades. Hoje, quase dois anos depois da explosão da COVID-19 em nível mundial, o turismo, a hotelaria e o setor de eventos já encontram-se em processo de retomada. A última Equipotel, em 2021, realizada de forma presencial, é um exemplo de sucesso de vendas, visitação e principalmente, do desejo do profissional pelo encontro com seus clientes, dos novos negócios firmados ‘olho no olho’. Também os hotéis começaram a registrar satisfatórios desempenhos nos índices de ocupação, que foram crescendo gradativamente e em alguns períodos, superando os índices da era pré-pandemia.

Variante ômicron não afeta a volta por cima do turismo e da hotelaria

O que é a Ômicron

A variante denominada Ômicron, do vírus SARS-CoV-2 teve sua primeira aparição na África do Sul e foi categorizada como preocupante pela OMS – Organização Mundial da Saúde, em 26 de novembro de 2021. Sua propagação foi rápida: na terceira semana epidemiológica de 2022 (16 a 22 de janeiro), a variante já respondia por 99,7% das amostras positivas sequenciadas no Estado de São Paulo, segundo dados da Rede de Alerta das Variantes.

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A Ômicron tem mais de 30 mutações presentes na proteína Spike, responsável por levar o vírus para dentro do organismo. A variante tem potencial maior de transmissibilidade e infecta de forma mais veloz os tecidos do trato respiratório superior, ao invés dos pulmões, contribuindo para a sua maior disseminação. A variante causa doença leve, o que pode levar a uma menor taxa de detecção e consequentemente, aumento de transmissão. Sua subvariante denominada BA.2 é mais contagiosa, mas tem o mesmo nível de severidade da original, segundo informações da OMS.

No entanto, as vacinas demonstram eficiência contra a variante. Segundo o Painel Coronavírus, do Ministério da Saúde, entre 26 de dezembro de 2021 e 1º de janeiro de 2022, foram registrados 22.283 novos casos de COVID-19 e 670 óbitos. Um mês depois, já em meio a ascensão da Ômicron, foram 1.305.447 novos casos e 3.723 mortes. Isso demonstra que o número de casos aumentou 58 vezes e o aumento de óbitos, cinco vezes. Essa diferença, segundo especialistas, é resultado da campanha de vacinação. Outros especialistas da UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo, constataram que todas as mutações encontradas na Ômicron, exceto uma, foram identificadas em outras cepas, e essa seria a razão da eficiência das vacinas em seu combate.

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A Ômicron e a hotelaria

Um fenômeno de sincronicidade foi o que aconteceu no Brasil, com a chegada da Ômicron e a terceira onda da COVID-19. Como o mercado reagiu e quais são os possíveis quadros para o restante do ano é o que compartilharam diferentes personalidades do turismo e da hotelaria. Para Orlando de Souza, Presidente do FOHB – Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil, “Com a curva de aprendizado destes dois anos, com tudo que desenvolvemos no combate e prevenção das possibilidades de contaminação, com o extraordinário avanço da vacinação, com praticamente 90% da população imunizada, o cenário para este ano é de uma importante e, mais do que esperada, recuperação do setor, principalmente das receitas e das margens de lucratividade”. Para Orlando, não há como prever novas ondas da COVID-19, “mas a avaliar pela Ômicron, parece que as novas variantes serão menos agressivas”.

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Orlando de Souza: “Avaliando a Ômicron, parece que as novas variantes serão menos agressivas” (Foto – Divulgação)
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Porém, o executivo ressalta que os desafios que o setor ainda tem pela frente são complexos: “Neste momento estamos experimentando um início de recuperação. É o que nos mostra o último trimestre de 2021. Mas se por um lado temos a recuperação da demanda, espelhada nos números das taxas de ocupação, por outro ainda temos um longo caminho para a recuperação da geração de receitas, como mostra a defasagem de quase 40% no RevPar se comparado com 2019”.

Para o executivo, o aprendizado dos dois anos é o que orientará o setor daqui para frente: “Aprendemos que é sempre temerário fazer previsões durante essa pandemia, mas entendo que temos que considerar o aprendizado desses dois anos e, acho que podemos dizer que apesar da Ômicron, o setor e a sociedade em geral já tem conhecimento e mecanismos para enfrentar essa e outras variantes de maneira mais rápida e efetiva. Como diz sempre nosso Presidente do conselho, Eduardo Giestas: ‘nós gestores hoteleiros não seremos avaliados pela recuperação das taxas de ocupação mas, sim, pela recuperação da lucratividade dos hotéis e pela remuneração adequada dos ativos que administramos’”.

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Carnaval sem folia

Outra importante liderança da hotelaria, Alexandre Sampaio, Presidente da FBHA – Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação Fora do Lar, apontou o cancelamento do Carnaval como uma das características que, apesar do cenário de recuperação que se desenha mais adiante, afetou o desempenho do setor no primeiro quadrimestre. “A Ômicron que podemos chamar de terceira onda da COVID-19, apesar de não tão letal para os minimamente vacinados, atrapalhou em muito a hotelaria nacional. Nos destinos turísticos de verão, impactou a demanda pela alta temporada, diminuindo reservas, gerando adiamentos e devoluções de depósitos de garantia, afetando a Diária Média. Com os cancelamentos de Carnaval, o prejuízo foi grande. Nas capitais sem tradição de lazer, resultou em postergação de feiras, eventos, congressos e seminários que começariam no final de janeiro, prejudicando assim, muitos meios de hospedagem”, observa.

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Sampaio ressalta que a terceira onda da COVID-19 e a chegada da variante Ômicron não implica em reformulações radicais dos protocolos já implantados na hotelaria. “Acredito que as medidas em vigor já são suficientes e devem acompanhar a legislação estadual ou local. Os protocolos adotados pela hotelaria são muito eficientes e estamos sempre aprimorando conforme necessidade”.

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Alexandre Sampaio: “No decorrer do semestre, devemos constatar um arrefecimento dos óbitos e a volta gradual do movimento turístico” (Foto – Marcelo Freire)

A Ômicron, por sua vez, não deve causar maiores estragos para a economia dos setores, segundo o executivo: “Não vejo essa situação. Com a diminuição das internações e a percepção pelos não vacinados de que a mortalidade da Ômicron pode ser grande, aumentou a procura dessa população pela imunização. No decorrer do semestre devemos constatar um arrefecimento dos óbitos e a volta gradual do movimento turístico”, prevê. “Se a inflação for controlada e o ambiente político gerado pelas eleições não nos der nenhum susto, teremos um ano de recuperação, mas ainda com muita dificuldade e baixa temporada no primeiro semestre. O Ministério do Turismo declarou recentemente através do Ministro a possibilidade da reedição de algumas MP’s que poderiam facilitar a nossa atividade, como o adiamento da devolução de créditos de garantia e outras como o BEM. Achamos pouco provável, porém se conseguirmos derrubar o veto 19 do Perse, já seria uma grande conquista. A inclusão do setor turístico na desoneração da folha de pagamentos também seria bem-vinda”, conclui.

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Volta por cima com resiliência

Para José Antônio Bastos, Diretor de operações da Rede Vila Galé, portuguesa que possui uma grande escalabilidade de expansão no Brasil, a volta por cima da indústria continua em curso, tendo no ano de 2022, a última etapa para o alcance da ‘normalidade’ do desempenho da operação. “Neste momento, tendo em conta o volume de reservas diário, acreditamos que o pior já passou e a retomada será gradual. Um aspecto interessante e que de certa forma, vem confirmar isto, é a realização de diversos eventos corporativos, que até alguns meses atrás era impensável.

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Contudo, o passado recente ensinou-nos, que a pandemia ainda se encontra longe de passar para endêmica e com qualquer variante que possa surgir, alterando completamente o cenário. Por isso, continuamos com todos os cuidados contra a COVID-19”, afirma Bastos.

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José Antônio Bastos: “Acreditamos que a retomada seja gradual ao longo de 2022 e que em 2023 possamos atingir o patamar de resultados que tínhamos em 2019” (Foto – Divulgação)

De acordo com o executivo, a primeira onda foi a mais agressiva, mas, felizmente, ficou no passado. “Fruto do avanço da vacinação, temos sentido uma maior confiança dos consumidores e a retomada da procura – em níveis ainda abaixo do período pré-pandemia, mas que nos inspiram confiança na crescente demanda. Acreditamos que a retomada seja gradual ao longo de 2022 e que em 2023 possamos atingir o patamar de resultados que tínhamos em 2019”, observa. “Outros aspectos a salientar acerca de todo esse período, são a resiliência do setor e a capacidade de inovação, através da introdução de novos serviços e produtos”, conclui.

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Demanda reprimida

Com margens que variam pouco quando o tema é quando acontecerá de fato a normalização total da indústria, especialistas são unânimes em um ponto: o pior cenário definitivamente ficou para trás e daqui para frente, a escalada será um trabalho de formiga, porém com resultados concretos no futuro. Segundo Gabriela Otto, Presidente da HSMAI Brasil, CEO da GO Consultoria e Professora da Educação Executiva e MBA da ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing, “a hotelaria continuará se recuperando ao longo de 2022, mas o caminho não será necessariamente tranquilo. Os resultados ao se aproximarem de 2019 nos deixa a responsabilidade de recuperar alguns anos de crescimento de Diária Média abaixo da inflação que antecede a pandemia.

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As incertezas permanecem. Mesmo com as viagens de lazer em recuperação rápida, as viagens de negócios ainda seguem a passos lentos. Entretanto, o bleisure representa uma mudança consistente para nossa indústria e os hotéis continuarão evoluindo para atender as necessidades dos novos viajantes. De acordo com a STR e a Tourism Economics, a projeção para uma verdadeira recuperação pode chegar à 2025.

Ainda assim existe muito otimismo no setor, já que uma demanda reprimida significativa segue incrementando os números dos hotéis de lazer e resorts, ainda mais considerando o cancelamento dos cruzeiros no início do ano. Uma pesquisa da Accenture no final de 2021 mostrou que a prioridade financeira de 44% dos consumidores é pagar suas dívidas, e 40% planejam economizar para as férias”, afirma.

Ainda assim, segundo Gabriela, todas essas mudanças também anunciam uma nova era de oportunidades para impulsionar a fidelidade do cliente a longo prazo. “Para garantir a sustentabilidade do negócio, os hotéis precisarão se adaptar à demanda e responder as complexidades e volatilidade adicionais nas viagens. Os valores e propósito do negócio estão sendo colocados no holofote, pois o mercado espera um serviço mais transparente e digital. As empresas precisarão continuar a se transformar digitalmente, reinventar seu modelo de fidelidade e repensar a proposta aos colaboradores se quiserem prosperar.

Com relação a geração de receita, o foco mudou de uma corrida para implementar a tecnologia necessária para 2020/2021 para uma exploração de como essa tecnologia pode apoiar a recuperação de perdas de receita”, completa a consultora.

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“Para garantir a sustentabilidade do negócio, os hotéis precisarão se adaptar à demanda e responder as complexidades e volatilidade adicionais nas viagens” (Foto – Divulgação)

No que diz respeito a variante Ômicron e seu potencial de ataque à retomada da indústria, Gabriela é enfática: “Não acredito em tamanho retrocesso de demanda (em relação ao impacto da ômicron). 2020 nos derrubou, 2021 gerou falsos começos e muitas incertezas. As redes associadas FOHB fecharam o ano com 37,5% de queda no RevPar em relação à 2019. 2022 é recuperar ou recuperar”, observa.

Para Gabriela Otto, o mercado deve continuar crescendo e registrando bons números com o mês de abril sendo o mais aguardado e com maiores expectativas e otimismo. “O curto prazo é incerto, mas o otimismo grande está no mês de abril. As Diárias Médias começam a reagir para o segmento corporativo e os eventos voltam a acontecer com mais intensidade, assim como as restrições de viagem tendem a se tornar cada vez mais flexíveis. O segmento de lazer levou um susto no início do ano, mas a demanda já vem retornando de forma consistente.

Mesmo assim, os resultados seguirão voláteis. O cenário político-econômico mais favorável, com certeza, impactará positivamente. Estamos torcendo! Por outro lado, o aumento potencial da inflação, a escassez de mão de obra persistente e as restrições de viagens podem continuar a afetar o turismo em 2022. Até o momento, a projeção de inflação para 2022 é 5,03%, enquanto 2021 fechou com um índice acima de 10%. A tendência agora é seguir baixando, com projeção de 3,41% para 2023 e 3% para 2024, segundo a IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Com a inflação dando uma trégua, melhoram também as perspectivas de custo”, conclui Gabriela.

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Percepção para o futuro

Jeferson Munhoz, profissional com longa trajetória na hotelaria nacional e hoje Diretor de vendas e marketing da HotelCare e sócio da Escola para Resultados, também compartilhou a sua análise sobre os recentes acontecimentos no País, o impacto e a projeção para o restante do ano. Para Munhoz, a terceira onda da COVID-19 e o crescimento no número de contaminados se dariam mesmo sem o advento da Ômicron. “Esta terceira onda, como estamos chamando, tinha uma certa previsibilidade de acontecer, devido às festas de fim de ano, férias de janeiro e também – não podemos esquecer – do Carnaval. Estas datas para nós brasileiros, são importantes dentro do calendário, promovendo a concentração de pessoas e por consequência, a contaminação. Acredito que este crescimento de contaminados aconteceria no Brasil, independente da Ômicron. Talvez apenas com dimensão um pouco menor. Minha percepção desta nova onda em nosso setor, tendo como base os hotéis operados pela HotelCare e também na conversa com demais hoteleiros por meio da Escola Para Resultados, foi uma desaceleração das vendas futuras para o lazer e o corporativo nos meses de janeiro e primeira quinzena de fevereiro e um volume de cancelamentos significativo de eventos até o mês de março”.

A chegada da Ômicron, segundo Jeferson, não implica no desenvolvimento de medidas especialmente desenvolvidas para a sua prevenção. “A hotelaria está seguindo regras de biossegurança necessárias para evitar a contaminação de seus clientes. Acredito, como já falei anteriormente, que muitas das medidas implantadas durante este período vieram para ficar. Pelos especialistas consultores que temos na Escola Para Resultados nesta área, não se faz necessário potencializar nenhuma medida nova, e sim manter as atuais 100% ativas. A Ômicron causou sim um impacto neste início de 2022, reduzindo vendas futuras durante os meses de janeiro e fevereiro e promovendo quase que o cancelamento de 100% dos eventos.

Mas já detectamos na segunda quinzena deste mês de fevereiro, uma retomada das reservas tanto no lazer quanto no corporativo, inclusive mais rápido do que imaginávamos. Quanto a eventos no hotel, as empresas principalmente multinacionais, estão receosas para marcar calendário presencial, mas notamos que as demandas começaram a aparecer para os meses de abril em diante”.

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Jeferson Munhoz, Diretor de vendas e marketing da HotelCare: “Sou crédulo que a partir de abril tudo volte ao normal” (Foto – Divulgação)

O executivo complementa: “Minhas projeções são positivas para 2022. Mesmo com a contaminação, o mês de janeiro foi positivo para a maioria dos empreendimentos hoteleiros se comparado com 2021. Claro que poderemos sentir o impacto dos resultados em fevereiro e março. Mas sou crédulo que a partir de abril, tudo volte ao normal e que desta data para frente tenhamos uma recuperação gradativa do mercado, como já percebemos no final de 2021”.

Atenção com a mão de obra

Apesar do otimismo unânime, Jeferson Munhoz alerta para uma questão determinante no sucesso dos hotéis em tempos de retomada da indústria: a mão de obra qualificada. “O mercado hoteleiro tende a retomar o crescimento em 2022, principalmente após abril, quando existe uma forte tendência a volta dos eventos presenciais. Acredito que com as devidas precauções, nós hoteleiros, precisamos repensar de forma efetiva a formação e qualificação da mão de obra existente em nossos hotéis. Acredito que o nível de entrega e qualidade está muito abaixo do esperado pelos clientes, e se nós não investirmos nisso, pagaremos o preço de nossa ausência sobre esse tema.

Vejo também uma dificuldade enorme na recomposição dos quadros, o que estamos chamando de apagão da mão de obra, pois muita gente que ficou desempregada durante a COVID-19 migrou para outros tipos de atividades, tornando a mão de obra escassa. Isso me faz pensar que a hotelaria precisa rapidamente se unir e formalizar grupos regionais para trabalhar a geração de mão de obra para nossos hotéis. Isso é urgente, e pode dificultar nosso negócio no curto, médio e longo prazos com a retomada plena da demanda.

Na HotelCare estamos trabalhando fortemente para a melhoria de nossa entrega aos clientes em todos os produtos que administramos, através de melhorias na infraestrutura de cada hotel, como na qualificação de nossas equipes através de treinamentos específicos. Um exemplo foi agora em fevereiro com um start do nosso programa de formação para 2022, com nosso parceiro Claudemir Oliveira da Seeds Of Dreams Institute, falando sobre o tema de motivação através da Psicologia Positiva. Este treinamento foi replicado a todos os nossos empregados simultaneamente e ao vivo. Agora no início de março, faremos a replicação deste mesmo treinamento aos familiares todos os nossos colaboradores. Isso totaliza, mais de 1500 pessoas impactadas. Para construir tudo isso, no final de 2021 criamos a Diretoria de RH e Implantação, capitaneada por Karin Freitas. Sua missão é garantir uma entrega aos nossos clientes de alta qualidade através de profissionais qualificados e motivados.

Na Escola Para Resultados, iniciaremos nossa programação de cursos de calendário em março. Este ano os cursos foram reduzidos com base nos principais pontos de interesse dos alunos e interligados nos temas. Nosso objetivo é que nossos alunos façam uma jornada de aprendizado, complementando seus conhecimentos. Serão cinco temas, com 16 horas cada um, devidamente elaborados por profissionais de ponta do mercado, que serão realizados mensalmente até julho. No segundo semestre os temas se repetem.

Já os treinamentos in company desenvolvidos pela Escola Para Resultados são um sucesso. Em 2021 foram mais de 350 pessoas treinadas. Para 2022 já tínhamos, na segunda quinzena de janeiro, os nossos profissionais aplicando treinamentos em uma rede internacional de resorts. Neste ano desenvolveremos novas metodologias para aplicação dos treinamentos in company, melhorando ainda mais o aprendizado dos participantes e a satisfação da empresa que nos contratou. Quem quiser saber mais pode acessar o nosso site: www.escolapararesultados.com.br”, finaliza.

Variante ômicron não afeta a volta por cima do turismo e da hotelaria
Marco Ferraz: “O setor de cruzeiros monitora, coleta e relata continuamente informações de casos diretamente aos orgãos governamentais” (Foto – Eric Ribeiro)
Outros setores apresentam medidas de segurança

Dos segmentos que compõem a gama de modalidades que o turismo oferece, está o de cruzeiros marítimos, que responde por cerca de 24 mil postos de trabalho e tinha expectativa de receber cerca de 360 mil viajantes na temporada iniciada em novembro de 2021. A CLIA Brasil – Associação Brasileira de Navios e Cruzeiros anunciou, após alguns casos de COVID-19 entre passageiros de algumas embarcações, a suspensão temporária das operações nacionais, primeiro com previsão para terminar no dia 18 de fevereiro, data que foi adiada para 4 de março, “decisão que visa dar continuidade ao criterioso trabalho e discussões com as autoridades nacionais, estaduais e municipais para a retomada dos cruzeiros”, segundo Marco Ferraz, Presidente da entidade.

Ele explica que: “De acordo com a Portaria Interministerial nº 666, publicada em 20 de janeiro de 2022, é necessário que todos os estados e municípios que recebem os cruzeiros estejam alinhados com os requisitos que apoiam o retorno das operações e os procedimentos e exigências dos rígidos protocolos de segurança estabelecidos pela Anvisa. As operações de cruzeiros possuem características técnicas específicas, que precisam ser trabalhadas com total uniformidade em todo o território nacional.

Os cruzeiros são o único segmento que exige, antes do embarque para passageiros e tripulantes, níveis extremamente altos de vacinação e 100% de testes de cada pessoa. No Brasil, os protocolos exigem que todos os hóspedes estejam com o ciclo vacinal completo, apresentem testes negativos antes do embarque, testagem contínua a bordo, uso de máscaras, distanciamento social e menor ocupação dos navios, entre outros protocolos.

Quando os casos são identificados como resultado da alta frequência dos testes a bordo, os protocolos dos navios de cruzeiro ajudam a maximizar a contenção com procedimentos de resposta rápida projetados para proteger todos os hóspedes e tripulantes, bem como as comunidades que os navios visitam. Além disso, os cruzeiros são o único setor que monitora, coleta e relata continuamente informações de casos diretamente aos orgãos governamentais.

Passamos por outras variantes, como Beta, Delta e agora a Ômicron, e todos os protocolos minimizam a possibilidade de infecções. Além disso, nosso contato com a Anvisa é constante e, se for preciso, os procedimentos de segurança poderão ser flexibilizados ou ajustados, de acordo com possíveis novas exigências”.

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Segurança sanitária

Segundo Ferraz, os membros da CLIA continuam a trabalhar em conjunto com as autoridades, sempre guiados pela ciência e pelo princípio de colocar as pessoas em primeiro lugar, com medidas comprovadas, que são adaptadas conforme os cenários e que garantem a proteção da saúde dos passageiros, tripulantes e das comunidades que recebem os cruzeiros.

Esses protocolos têm mostrado seu alto nível de segurança. Os cruzeiros são o único setor que monitora, coleta e relata continuamente informações de casos diretamente aos orgãos governamentais.

Dada a essa supervisão e a taxa excepcionalmente alta de vacinação exigida a bordo, a incidência de doenças graves é drasticamente menor do que em terra, e as hospitalizações têm sido raras.

De um total de aproximadamente 130 mil passageiros transportados, entre 5 de novembro e 3 de janeiro de 2021, cerca de 1.100 casos foram confirmados, o que representa menos de 1% do total das pessoas atendidas (incluindo hóspedes e tripulantes)”.

De volta ao mar

Marco Ferraz também compartilhou a sua projeção para o ano, baseada em dados já consolidados para o ano: “A temporada 2022/2023 já possui oito navios confirmados. Com isso, alcançaremos os níveis de 2019, apenas uma temporada depois da pandemia. A MSC confirmou cinco navios e a Costa terá três embarcações dedicadas ao Brasil e outros dois navios farão rotas de longo curso que passarão por aqui.

Sonhamos e almejamos uma temporada que dure o ano todo. Para isso, sabemos que uma série de coisas precisarão evoluir conosco, para que o Brasil seja atrativo. Continuamos trabalhando para isso.

Sabemos do nosso enorme potencial a ser explorado. Temos 42 Companhias Marítimas e todas estão aptas para vir para cá. Até 2027, entrarão em operação 93 novos navios e eles precisarão de destinos. Estamos fazendo nosso trabalho que o Brasil seja um candidato para recebê-los, se possível, e assim ampliar a oferta para os cruzeiristas brasileiros”.

Outros números

Marco Ferraz destaca outros dados acerca do mercado de cruzeiros no Brasil, outrora um dos mais impactados pela pandemia e hoje, assim como a hotelaria, com retomada em curso ascendente: “Nossos estudos revelam que quase 92% dos cruzeiristas deseja realizar uma nova viagem de cruzeiro, e 87% querem retornar ao destino de escala, índice que reforça o papel da viagem de cruzeiro como uma vitrine para os viajantes conhecerem diversos destinos de maneira dinâmica e voltarem em um outro momento.

A temporada atual, que começou em novembro de 2021, tinha previsão de movimentar mais de 360 mil turistas, com impacto de R$ 1,7 bilhão, além da geração de 24 mil empregos, envolvendo uma cadeia extensa de setores da economia, entre eles comércio, alimentação, transportes, hospedagem, serviços turísticos, agenciamento, receptivos e combustíveis, entre muitos outros.

Além disso, nossas estratégias seguem lado a lado com o nosso compromisso com as pessoas, com o meio ambiente, com os tripulantes e com a nossa comunidade.

Nosso presente e nosso futuro também são pautados pela responsabilidade ambiental. Embora os cruzeiros tenham sido um dos setores mais afetados pela pandemia, as companhias continuam se destacando no desafio de desenvolver novas tecnologias ambientais que beneficiem toda a indústria de navegação e mais de 23,5 bilhões de dólares estão sendo investidos nisso.

De acordo com um recente estudo lançado pela CLIA Global, os membros da entidade têm a meta de reduzir as emissões de carbono em 40%, até 2030, e zerá-las até o ano de 2050. Além disso, quatro navios movidos a GNL (gás natural liquefeito) foram lançados recentemente e outras 22 embarcações foram pedidas ou estão em construção”, conclui.

Foco nas viagens

Se na hotelaria, as projeções feitas pelos especialistas trazem otimismo para o futuro próximo, também no turismo o cenário permanece promissor. É o que explica Roberto Haro Nedelciu, Presidente da BRAZTOA – Associação Brasileira das Operadoras de Viagens: “A variante Ômicron impactou fortemente as consultas para viagens internacionais, mas não trouxe cancelamentos. O doméstico continua forte e antes mesmo da chegada da Ômicron muitos destinos já estavam com altos índices de ocupação para o verão.

As pessoas continuam querendo viajar e o foco é na busca por alternativas seguras e possíveis para fazer a tão sonhada viagem. A dica é se atentar aos protocolos de saúde gerais e, também, do destino, sobretudo no caso internacional. O papel das operadoras de fornecer informações reais e atualizadas, além de total assessoria para os viajantes, está sendo muito valorizado, por conta das constantes mudanças de cenário e protocolos”.

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Roberto Haro Nedelciu: “O caminho de recuperação segue passos cautelosos, sustentáveis e firmes” (Foto – Divulgação)

Nedelciu explica que atualmente a indústria tem mais fôlego, em parte graças a campanha de imunização e sua rápida e crescente adesão: “Hoje, o cenário é muito diferente de 2020. O avanço da imunização no Brasil, aliado aos protocolos de segurança amplamente difundidos pelo setor continuam sendo de extrema importância para uma viagem segura e satisfatória”.

Recuperação com passos firmes

Segundo o executivo, “O caminho de recuperação segue passos cautelosos, sustentáveis e firmes quando o assunto é manter uma curva ascendente. Segundo nosso último boletim, em novembro, 56,5% das operadoras alcançaram 50% ou mais do faturamento pré-pandemia – 5% a mais do que no mês anterior – enquanto 43,5% ainda trabalham para alcançar 50% do que venderam em 2019.

Para 2022, esperamos continuar nossa trajetória rumo aos patamares pré-pandemia. Com muita responsabilidade e respeitando protocolos, almejamos um ano de ainda mais evolução, de aprendizados sendo praticados, de ainda mais união e de pleitos atendidos. Que todos os operadores tenham a certeza do seu papel fundamental nesse momento, de levar informação e orientação aos viajantes para uma tomada de decisão mais assertiva, com base nos dados aos quais temos acesso pelo contato aproximado com destinos, autoridades e organizações, além é claro, do papel de transformar sonhos em experiências memoráveis e transformadoras”.

Próximos movimentos

Depois de um hiato de duas edições, a realização do Prêmio BRAZTOA de Sustentabilidade está confirmada em 2022 e acontecerá de forma totalmente diferente. “Uma notícia que muito nos orgulha, já que esse tema se mostra cada dia mais imprescindível para que o desenvolvimento do turismo seja consistente e responsável. O evento vai acontecer em abril, na Serra Catarinense, junto com o SEEDS e com a Convenção BRAZTOA, e já conta com grandes parceiros e apoiadores, como o Conserra (Conselho de Turismo da Serra Catarinense), a Amures (Associação dos Municípios da Região Serrana), o Iberostar, a SANTUR (Agência de Desenvolvimento do Turismo de Santa Catarina) e o Ministério do Turismo.

Mudamos nosso estatuto e criamos o Programa de Experimentação, no qual operadores que tenham interesse em fazer parte da BRAZTOA, mas não conhecem seu trabalho de perto, poderão vivenciar alguns dos benefícios oferecidos, sem custo, por um período de 60 dias. Queremos, com isso, reforçar ainda mais a atuação da entidade em nível nacional e ampliar o canal de networking entre membros, um dos grandes diferenciais da associação.

Sem contar os grandes planos que temos para daptar os Boletins BRAZTOA, que levam dados e inteligência de mercado que auxiliam na tomada de decisão dos nossos associados e parceiros, além do Programa Experiências Incríveis que, ao lado de outras iniciativas, consolidarão ainda mais os avanços da Academia de Excelência BRAZTOA. Novidades estão por vir”, revela o Presidente.

O mercado corporativo reage

Desde o momento em que os estados brasileiros e outros países flexibilizaram as medidas impostas pela quarentena que o mercado teve pelo menos, dois momentos de alarme falso de retomada para de fato, colocar os planos de recuperação em prática e colher os primeiros frutos dessa empreitada. O lazer reagiu primeiro e o corporativo continuou suspenso, pois muitas empresas não tinham planos estabelecidos para as viagens em meio a uma pandemia. Somado a isso, está o crescimento das reuniões virtuais, sem despesas com passagens, hospedagem e alimentação.

Porém, o segmento das viagens corporativas também já dá sinais de recuperação. É o que demonstra o estudo denominado “Reconstruindo as Viagens de Negócios”, elaborado pela Amadeus. Nele, estão insights de líderes de TMC’s globais sobre as perspectivas do setor de viagens de negócios, além de estratégias de recuperação para 2022. “Os resultados foram extremamente encorajadores. Não temos como negar os grandes desafios que ainda estão por vir. No entanto, as viagens de negócios já estão sendo retomadas, embora de forma diferente. Um novo ambiente comercial também abre oportunidades – e as respostas que recebemos mostram que as TMC’s já identificaram essas oportunidades e estão bem avançadas no desenvolvimento de estratégias para aproveitá-las ao máximo. As TMC’s estão se reinventando mais uma vez”, afirma Paul de Villers, Sênior Vice-President, Global Business Travel Accounts da Amadeus.

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