Vale a pena terceirizar a administração de seu hotel?

Enquanto alguns proprietários valorizam a autonomia e a personalização do atendimento, outros preferem a segurança e a expertise que uma administradora pode oferecer. Assim, entender os impactos dessa escolha é crucial para alinhar a gestão do hotel às expectativas do mercado e aos objetivos do investidor.

O foco da hotelaria

Os hotéis devem concentrar seus esforços em diversos aspectos estratégicos para oferecer uma experiência alternativa aos hóspedes e garantir a competitividade no mercado. O atendimento de excelência é um dos principais diferenciais, pois uma equipe bem treinada, atenciosa e proativa pode transformar uma simples estadia em uma experiência única. A infraestrutura também desempenha um papel crucial, exigindo ambientes confortáveis, bem equipados e mantidos para garantir o máximo constantemente de bem-estar aos visitantes.

Publicidade

Além do básico, a personalização da experiência é um fator cada vez mais valorizado. Investir em tecnologia, oferecer serviços diferenciados e proporcionar experiências gastronômicas e culturais tornam a hospedagem mais atrativa. O marketing digital e a presença online são igualmente essenciais, já que avaliações positivas e uma comunicação eficiente aumentam a visibilidade e influenciam a decisão dos viajantes.

A sustentabilidade e a responsabilidade social também devem ser prioridades. Práticas ecológicas, como redução do consumo de recursos naturais e apoio à comunidade local, não apenas atraentes para o meio ambiente, mas também agregam valor à marca. Por fim, uma gestão financeira eficiente, com controle de custos, precificação dinâmica e diversificação das fontes de receita, é fundamental para garantir um crescimento sustentável e a longevidade do negócio. Quando bem alinhados, esses fatores permitem que os hotéis ofereçam uma experiência diferenciada e se destaquem no mercado.

Administração própria

Quando se trata de hospitalidade, os hotéis com administração própria tendem a se destacar. Embora o resultado financeiro seja essencial, o envolvimento direto dos proprietários na gestão garante que a satisfação do hóspede seja prioridade absoluta. Nesse modelo, a lucratividade não é apenas um objetivo, mas a consequência natural de um serviço excepcional. As avaliações em redes sociais e plataformas de reservas (OTA’s) reforçam essa realidade, já que os estabelecimentos com maior índice de satisfação costumam ser aqueles onde os proprietários estão diretamente envolvidos na operação e na experiência do cliente.

Redes Hoteleiras

Já os hotéis de redes, embora mantenham a hospitalidade como um pilar fundamental, muitas vezes precisam equilibrá-la com o critério e as expectativas dos investidores e acionistas. Nesse modelo de gestão, a rentabilidade e a eficiência operacional tornam-se prioridades estratégicas, o que pode impactar a personalização do atendimento e a flexibilidade na tomada de decisões.

Diferentemente dos hotéis com administração própria, onde os proprietários têm total autonomia para investir na experiência do hóspede sem interferências externas, os hotéis de rede precisam atender às diretrizes padronizadas e metas financeiras pela matriz. Isso pode resultar em uma hospitalidade mais estruturada e eficiente, porém, em alguns casos, menos adaptável às particularidades de cada cliente ou mercado local.

Publicidade

Além disso, decisões relacionadas a investimentos em infraestrutura, treinamentos e serviços costumam ser pautadas por análises financeiras e retorno sobre o investimento, o que pode deixar a experiência do hóspede em segundo plano diante de metas econômicas mais claras. No entanto, as grandes redes hoteleiras também possuem a vantagem de contar com processos otimizados, tecnologias avançadas e reconhecimento de marca, fatores que, quando bem alinhados, podem garantir um alto padrão de qualidade e satisfação.

Prós e Contras

Entregar a gestão de um hotel a uma administradora hoteleira pode trazer diversas vantagens, mas também apresenta desafios que devem ser considerados com cautela. Entre os benefícios, destaca-se a profissionalização da operação, garantindo processos eficientes e alinhados às melhores práticas do setor. Além disso, as administradoras possuem experiência para minimizar erros operacionais, reduzir riscos e melhorar a rentabilidade do negócio. Outro ponto positivo é o acesso facilitado a canais de distribuição e marketing, aumentando a visibilidade do hotel e sua taxa de ocupação. A negociação com fornecedores também se torna mais vantajosa, econômica em custos operacionais.

Publicidade

O uso de tecnologia e inteligência de mercado é outro diferencial, já que sistemas modernos permitem precificação dinâmica e abrangente mais assertivas da demanda. Contudo, há confiança que precisa ser ponderada. A primeira delas é uma perda de autonomia por parte do proprietário, que passa a ter menor controle sobre as decisões operacionais e estratégicas. Em alguns casos, pode haver desalinhamento de interesses, pois enquanto o dono do hotel prioriza a experiência do hóspede, um administrador pode focar mais nos resultados financeiros.

Os custos com a gestão terceirizada também devem ser avaliados, pois a administradora geralmente cobra um percentual sobre a receita, o que pode impactar a lucratividade, especialmente em períodos de baixa demanda. Além disso, os hotéis independentes costumam ter maior flexibilidade para personalizar a experiência do hóspede, enquanto uma administradora segue padrões globais que podem limitar a identidade do empreendimento.

Por fim, há uma dependência direta do desempenho da administradora, e se a empresa não entregar os resultados esperados, o hotel pode sofrer com baixa ocupação, queda na negociação e dificuldades financeiras. Assim, a escolha de uma administradora deve considerar tanto os benefícios da profissionalização e eficiência operacional quanto os desafios de perda de controle e dos custos envolvidos, garantindo que a decisão esteja alinhada aos objetivos do proprietário.

Terceirizar ou não?

A decisão final sobre a administração do hotel está diretamente ligada à intenção original dos proprietários ou investidores ao ingressar no setor hoteleiro. Se o objetivo principal para a maximização da rentabilidade e da eficiência financeira, a terceirização para uma administradora especializada pode ser uma escolha mais estratégica, garantindo processos otimizados, controle específico de custos e acesso a redes de distribuição global.

Por outro lado, se a visão do investidor for construir um hotel com forte identidade própria, voltadas para a hospitalidade moderna e a personalização da experiência do hóspede, a gestão própria pode ser a melhor alternativa. Nesse caso, o envolvimento direto dos proprietários permite um controle mais próximo sobre cada detalhe da operação, possibilitando um atendimento diferenciado e uma proposta mais exclusiva.

Portanto, a escolha entre administração própria ou terceirizada depende da essência do negócio e da prioridade que se deseja dar entre hospitalidade e retorno financeiro. Ambos os modelos apresentam vantagens e desafios, e a melhor decisão será aquela que estiver mais homologada aos valores e objetivos de longo prazo do empreendimento.

* Mário Cezar Nogales é um consultor altamente especializado em hotelaria, com vasta experiência no setor e autor de diversos livros voltados para profissionais da área. Seus trabalhos e publicações são reconhecidos por contribuir com insights práticos e estratégicos para o aprimoramento do setor hoteleiro, atendendo às necessidades de gestores e equipes. Para saber mais sobre sua trajetória, serviços de consultoria, publicações e acesso a conteúdo exclusivos, visite seu site oficial em www.snhotelaria.com.br