Opinião

Um hotel por trás dos números

Luiz Arthur Medeiros*

 

A frieza do mundo corporativo e a constante necessidade de mostrar resultados faz com que todos nós hoje vejamos os empreendimentos hoteleiros como um número. Qual é a diária média? O Revpar está subindo? A ocupação vem crescendo? Vamos distribuir rentabilidade? O investimento está se pagando?

 

Rodeados por estas questões quantos de nós hoje tem tempo de parar e se perguntar o que realmente é um hotel? Como nós imaginávamos um hotel antes de entrar nessa maluca e apaixonante indústria?

 

Pois então eu acho que vale lembrar um pouco do existe por trás dos números que cercam um hotel.

 

Nenhum hotel se presta ao simples serviço de oferecer repouso e descanso às pessoas. Hotéis hospedam sonhos, expectativas, esperanças. É para um hotel que os recém casados vão celebrar o primeiro dia do resto de suas vidas, e é para lá que um deles volta quando este plano de longo prazo não dá certo.

 

É num quarto de hotel que o executivo treina sua apresentação do dia seguinte, que deve ser perfeita para que o negócio seja fechado. É para um hotel que vamos quando o trabalho esgota todas as nossas forças e precisamos de descanso de frente pro mar ou no meio do mato.
É um hotel que oferece um pouco de humanidade dentro daquela cidade gigante e fria que chegamos pela primeira vez e da qual nada conhecemos, e muitas vezes nem falamos o idioma local.

 

Quantos de nós não tem uma lembrança de infância daquele hotel de férias que nossos pais e avós adoravam, e que todas as noites fazia uma rodada de bingo na qual nunca ganhávamos nada, mas que mesmo assim era uma alegria. E já mais velhos quantos de nós não viajaram atrás daquela namoradinha de adolescência e se hospedaram naquele hotelzinho baratinho e ruim, mas que era o único que “cabia” no nosso bolso.

 

Quem é que não gosta de fazer check in em um hotel, pegar a chave e entrar naquele quarto que será sua casa pelos próximos dias, sentindo aquele cheirinho de limpeza, experimentando uma cama diferente, um chuveiro forte, lendo o cartão de boas vindas; e no dia seguinte bem cedinho dar de cara com um belo café da manhã cuidadosamente montado para te agradar.

 

Quem é que não gosta de ser recebido com um sorriso daquele recepcionista que nunca te viu antes, mas que sabe que você vem de uma viagem longa e está tão cansado que um breve sorriso pode certamente carregar um pouco suas baterias.

 

É por isso que temos em nossas memórias mais remotas um sentimento de alegria quando pensamos em um hotel, e é este o papel que um hotel deve de fato ter em nossas vidas; o de nos dar alegria.

 

Os hotéis fizeram, fazem e continuarão sendo parte da vida de todos nós. Certamente os números sadios são fundamentais a um hotel, mas o que mantém essa roda gigante girando é o sonho, a expectativa e a alegria dos hóspedes. A nós hoteleiros cabe apenas recebê-los bem, e se fizermos isso vocês sabem qual é a conseqüência? Os tais números.

 

*Luiz Arthur Medeiros é Consultor e Diretor da Concierge Hotelaria – Contato: arthur@conciergehotelaria.com.br

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