Segunda webinar na FOHB Conecta aborda as transformações do consumo e os impactos das novas gerações na sociedade
Aconteceu nesta sexta-feira, 29, às 11:00, em seu canal YouTube, o FOHB – Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil, dando continuidade à sua programação de webinars na plataforma FOHB Conecta, com a temática “Transformações do Consumo Pós Normal”. Moderado por Gabriela Otto, CEO da GO Consultoria, o webinar contou com as participações de Sabina Deweik, caçadora de tendências, futurista, palestrante, educadora e coach ontológica; Peter Kronstrom, head do Copenhagen Institute For Future Studies e membro do conselho consultivo do consulado geral da Dinamarca e do Centro de Inovação Dinamarquês em São Paulo; e Célio Martinez, Sócio-diretor do Grupo GS& Gouvêa de Souza, holding que atua há 32 anos no varejo brasileiro e promove o Latam Retail Show, mais qualificado evento de varejo da America Latina. Além das participações especiais de Orlando Souza, Presidente-executivo do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil e Raffaele Cecere, Sócio diretor do Grupo R1.
Quem abriu o painel foi Orlando Souza, Presidente-executivo do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil. “Desejamos o melhor conteúdo possível, conteúdo relevante, e num momento como esse, fazer coisas que valem a pena falar, discutir, porque acho que vai acrescer no futuro da hotelaria. Quero agradecer ao Grupo R1, que nos ajuda a fazer isso com qualidade, agradecer ao ELO cartões, a Equipotel e o Grupo Trend, nosso novo parceiro. Desejamos boa sorte, temos temas interessantes. O que tentamos trazer são visões diferentes, não mais do mesmo. Trazer pessoas fora da hotelaria para falar o que podemos imaginar nesse pós pandemia, nesse momento de incerteza. Nada melhor que pessoas que tenham outra cabeça para dizer “olhar hotelaria, melhor pensar fora do quadrado”, disse Orlando.
Raffaele Cecere na abertura foi questionando por Gabriela Otto sobre a presença da tecnologia no futuro e na retomada que está por vir. “A gente já está a há dois meses com estúdio dentro dos hotéis WTC e no Hilton em São Paulo, a gente está com dois formatos. E o que posso garantir é que está sendo um grande aprendizado. O que eu tenho dito é, tem muita tecnologia acontecendo, e de fato o que penso disso tudo é que nem tudo vai ficar. Estamos tendo uma overdose de reuniões virtuais, e já notamos que tem coisa que funciona e coisa que não funciona. Em relação a eventos, está aparecendo um milhão de ferramentas virtuais. E não acho que esse modelo vá ficar. Acho que a tecnologia é complementar. Nesse curto espaço de espeço faz muito sentido, até mesmo na retomada dos hotéis, você tem um pequeno público dos hotéis e transmitir isso. Mas o que a gente precisa entender é que evento é uma ferramenta de marketing e promoção, no qual quando você contrata o hotel, você está dando uma experiência que ele não vive todo dia, como um quarto, uma alimentação diferente… Então quando você promove um evento, você está oferecendo uma experiência e isso não vai ser substituído por nenhuma tecnologia”, disse.
O mundo antes da pandemia e o futuro
Sabina Deweik, caçadora de tendências, futurista, palestrante, educadora e coach ontológica, foi questionada sobre as ascensões nesse período, o que cresceu e mudou durante este tempo. “Neste momento é preciso de humildade para tocar os assuntos do futuro, porque o futuro é incerto para todos nós. Só que quem trabalha com essa captação de sinais, a gente consegue observar o presente para fazer uma análise do futuro. Então como você mesmo disse, a pandemia foi uma aceleração de futuro. É interessante fazer um contexto de onde a gente estava. Nós não estávamos vivendo uma normalidade e sim uma normose. Então o que significa essa normose, uma espécie de anestesia. Em termos de tecnologia, estávamos usando tecnologia de uma forma robotizado, fazíamos encontros, mas sempre no celular. Então agora estamos usando para fazer realmente uma conexão humana. Então a gente não está num distanciamento social e sim físico. Estávamos vivendo um mundo extremamente desigual, a questão ambiental, social, diferenças econômicas… o mundo muito fragmentado. E a pandemia veio para dar uma pausa, pra gente rever essa normose que estávamos vivendo”, disse Sabina.
Peter Kronstrom, head do Copenhagen Institute For Future Studies e membro do conselho consultivo do consulado geral da Dinamarca e do Centro de Inovação Dinamarquês em São Paulo, opinou que. “Eu concordo com boa parte. A nossa análise também fala sobre várias coisas que iriam acontecer de forma mais acelerada. Precisamos pisar no chão, estamos construindo um novo mundo, talvez essa digitalização que vivemos agora, vá abrir um espaço para valorizar o encontro físico. Mas o que é chamado para o novo normal, ninguém sabe. Estamos num momento de reconstruir”, comentou.
Célio Martinez, Sócio-diretor do Grupo GS& Gouvêa de Souza, fez uma análise sobre como a sociedade pode mudar com tudo que aconteceu. “ A gente tem uma grande reflexão nesse contexto. Antes eu chegava na padaria e pedia pães. Agora antes eu pergunto se a pessoa está bem. A gente resgata a empatia, o mundo virou a grande regra de ouro. Antes falávamos em empatia de pessoas, hoje virou obrigação. Quando a gente brinca com a ideia de negócios que são compatíveis, a partir do momento que colocamos o consumidor no centro de tudo. Quando a gente fala que essa empatia é fundamental para colocar qualquer plano estratégico, resultado, isso faz a gente se unir, até com a concorrência. Vemos o mercado chinês fazer isso em prol de uma retomada. Quem diria isso 10 anos atrás? ”, disse.
Tecnologia e conexão humana
Questionada pela Gabriela Otto sobre ajuda da tecnologia no futuro do mundo e também sobre as conexões humanas com o medo da população, Sabina Deweik diz que.“Eu acho que nesse momento apesar da retomada, é o momento de retomar mas prestando atenção na economia do cuidado, com a empatia. Tem algo bem importante para falar que é tudo que é muito massificado, não vai rolar. Então vamos entrar na economia da customização, e isso pode ser bom pro setor de turismo e hotéis, porque tudo vai migrar pelo atendimento, de forma personalizada, o que você pode oferecer de experiências personalizadas. Antes já era assim, agora aumenta. O digital vai vir para fazer uma ponte. Não é que você não vai encontrar fisicamente, mas vem para ajudar. Coisas que não precisam ser feitas fisicamente, podemos fazer no digital, tanto hotéis como companhias áreas oferecendo atendimentos personalizados. ”, disse Sabrina.
Turismo brasileiro
Sabina ainda comentou sobre a diferença do tempo e do espaço após o período de crise. “Antes da pandemia nosso maior luxo era o tempo, agora o tempo se dilatou de maneira diferente, e o nosso maior luxo agora é o espaço. Então olha a oportunidade para os hotéis. ”, completou.
Já Peter Kronstrom alertou sobre a oportunidade para o turismo brasileiro crescer após a pandemia. “Em contra partida, a gente está vendo que a pandemia vai ter um impacto, mas provavelmente que em 3 ou 4 anos, teremos um retorno. O mundo vai querer seguir viajando com um patamar mais digitalizado. O que estamos vendo para o mundo que falamos hoje é que nos próximos 2 ou 3 anos, irá diminuir viagens internacionais, então é uma baita oportunidade para carga local”, alertou.
A imagem das empresas no cenário atual
Em relação ao trabalho das empresas durante a quarentena e posicionamentos, Célio Martinez explicou que. “Isso é muito bacana porque haviam muitas empresas na década passada com a reputação abalada por trabalhar de forma agressiva, por ganhar cada vez mais, e não zelar tanto pelos colaboradores. A Ambev, por exemplo, veio quebrando esse paradigma. Ela transformou todas as fábricas, ela quis zelar pelas pessoas. Isso mostra como as empesas podem sim refazer sua reputação. O próprio Magalu vem fazendo isso… Como através de um aplicativo voltado para consumo, lá você denunciar a violência contra mulher. De uma forma bem mais delicada, simples, e hoje isso nós precisamos dar destaque. ”, frisou Martinez.
Sabina Deweik, questionada sobre a cobrança das novas gerações em relação as empresas, esclareceu que: “Isso é influenciado pelas novas gerações. Minha filha desde pequena quando estou escovando os dentes, me alerta dizendo que a água do mundo vai acabar. Com 12 anos eu não tinha essa visão. Já eles nasceram com essa visão… Então os novos consumidores estão conectados com negócios que apoiem alguma causa, negócios que de alguma forma oferecem serviços sustentáveis e que tragam algum impacto positivo. E também querem trabalhar em empresas que querem oferecer esse impacto. Eles não estão só conectados com salários. Eles buscam algo maior que é o propósito. Então se eu tivesse que dizer qual o conceito desse mundo, é a buscar pelo sentido”, disse.
O legado
Célio Martinez fez sua análise de lições que tirou da pandemia. “Não olhar para trás, e sim para frente. Sou otimista, tirei lições nesses 80 dias. Pensamento de resgatar o calor humano, o valor humano. Estou com saudade de visitar meu varejo, de ver o shopping, as ruas cheias, está faltando felicidade… Eu acho que isso resgatamos algumas frentes do que o menos é demais”, esclareceu.
Para exemplificar o que pensa sobre esse momento que passamos e o que pode mudar, Sabina Deweik comentou que. “Sou bastante humanista, o grande legado disso tudo é a revolução o humano. Para mim estamos num processo de transformação digital do mundo. Temos dados ai que empregos vão desaparecer, eu prefiro acrescente que as máquinas vão ocupar o que não precisa do humano. Para mim, com todo esse confinamento, porque na verdade o vírus jogou na nossa cara nossas angustias e restrições. Eu trago uma imagem que gosto muito que é o ovo. O ovo quando ele quebra por fora, a vida morre dentro. Mas quando ela quebra por dentro, a vida nasce. O que eu espero é que a nossa casca, dos hotéis, companhias áreas, ela quebre por dentro, esse é o grande legado“, comentou.
Peter Kronstrom encerrou sua participação dizendo que “Eu tenho esperança. Realmente vamos ter pessoas mais preocupadas com a sociedade. Estamos entendo que a vida que conhecemos é muito frágil e tudo pode mudar em semanas. Então a minha esperança é a maior consciência que a vida vale pena”, finalizou.