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Quais são as perspectivas realistas para a retomada da hotelaria em 2021?

Artigo de Maarten Van Sluys*

Na mesma data na qual o Brasil acorda perplexo com os índices elevadíssimos e inéditos da pandemia no País todos os segmentos de turismo aguardam não só as medidas emergenciais compostas por isenções e reduções tributárias e auxílios financeiros através de linhas de créditos e leis que desonerem os expressivos gastos com a folha de pagamentos, bem como a divulgação do Plano Nacional de Convergência entre Poderes no Combate a disseminação descontrolada da epidemia no âmbito nacional. Há consenso amplo que somente a imunização de rebanho (pelo menos 75% da população) através das vacinas nos trarão novamente o ambiente econômico em situação de uma retomada sustentável das atividades produtivas de toda cadeia ligada ao turismo tanto no âmbito doméstico como internacional.

Nos últimos meses do ano passado a hotelaria vinha lentamente se recuperando dos resultados extremamente adversos a partir de abril. Considerando as 14 principais capitais do País contabilizamos em 2020 uma média abissal de 26,9% em taxa de ocupação média. Mercados proeminentes como São Paulo 18,3%, Rio de Janeiro 27,9% e Belo Horizonte 21,7% em índices acumulados no ano.

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Quais são as perspectivas realistas para a retomada da hotelaria em 2021?
Somente com a larga aplicação da vacina na população  é que trará um ambiente econômico em situação de uma retomada sustentável – Foto – Divulgação
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Expectativas não confirmadas

A expectativa apontava para um arrefecimento da pandemia no País, notícias alvissareiras referentes ao início da vacinação e um possível reaquecimento em curto prazo face a demanda reprimida causada por meses sequenciais de paralisação de inúmeras atividades. A hotelaria estava contidamente otimista e traçando planos inclusive de recontratações de mão de obra e melhoras estruturais em especial tecnológicas em seus empreendimentos. Os meses de dezembro 2020 e janeiro 2021 apontavam suas setas para cima. Abrindo um parêntesis destaco a performance crescente dos hotéis de lazer tanto no litoral brasileiro como nas regiões interioranas. Após meses de relativo confinamento e restrições de mobilidade as regiões turísticas de lazer contabilizaram resultados próximos daqueles atingidos em altas temporadas anteriores. Fatidicamente porém esta movimentação contabilizada na ocupação de assentos de aviões e dos hotéis terminou por contribuir para o agravamento da pandemia notoriamente causada pelo trânsito de pessoas (e do vírus) entre as mais diversas regiões. Decorrente deste fato tivemos a crise de Manaus e desde então a expansão da mesma por todas as regiões do Brasil propiciando assim um forte e incomensurável novo revés a toda cadeia produtiva do turismo.

Os números de fevereiro já demonstram recuo a índices similares a abril 2020 sendo março e abril sequenciais de forte queda em que pese a expertise alcançada por todos nós em conviver com a situação de crise prolongada.

Quais são as perspectivas realistas para a retomada da hotelaria em 2021?
Esse gráfico demonstra o comportamento da hotelaria nacional em 2020 com ênfase a cidade de Belo Horizonte
Conhecimentos preciosos

Sim, julgo ser suma importância mencionar que em especial os gestores hoteleiros adquiriram conhecimentos preciosos no dia a dia da crise. Medidas internas de gestão, administração de recursos escassos para manter sua operação de pé, conscientização dos clientes, adoção de ferramentas tecnológicas reduzindo a interação humana seguindo uma tendência mundial que se perpetuará na hospitalidade e também nas negociações e comunicação mais efetiva com os investidores e proprietários dos mais diversos meios de hospedagem. Hoje, data na qual iniciamos um Grande Plano Nacional de enfrentamento a pandemia a pergunta é: Quando voltaremos ao normal?

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Importante ressaltar que estamos falando de um “normal diferente” no qual práticas testadas ao longo de 2020 serão em parte perpetuadas e outras deixadas de lado conforme a avaliação das experiências e avaliações registradas. A partir da retomada da demanda em regime gradual a partir de julho (concomitantemente ao crescimento do % de vacinação em massa) a hotelaria manterá suas atividades no sistema “on demand”, ou seja, planejamentos e comprometimentos financeiros calculados no curto prazo. As projeções de médio e longo prazos não tem data para retornar sendo que vislumbro inclusive que, já a partir deste segundo semestre os orçamentos outrora anuais passarão a ser confeccionados e apresentados em periodicidade máxima tri- ou semestral. A hotelaria aprendeu-se a trabalhar com menos pessoas e menos despesas agregadas em grande parte através da redução ou espaçamento maior de serviços habituais adotados na atividade. Este aprendizado veio para ficar e mesmo quando a demanda voltar a índices similares aos anteriores a gestão “low budget” (baixo custo) será mantida. Nunca antes a controvertida multi-função laboral se transformou tão rapidamente em prática universal sendo que sobre elas e diversas outras questões leis e regimentos deverão ser revisitados.

Quais são as perspectivas realistas para a retomada da hotelaria em 2021?
Os  eventos híbridos chegaram para ficar – Foto – Divulgação
Condutas diferentes

Os eventos híbridos e presenciais retornarão em ritmo gradual em regimes de condutas diferentes dos tempos pré-pandemia. Empresas manterão atividades semi-presenciais e conforme o ramo de atuação voltarão a movimentar seus executivos e funcionários em características anteriores. Para as cidades do Interior o movimento deverá ser mais rapidamente retomado conforme a política de segurança imposta por cada uma das diferentes empresas no que tangem seus colaboradores, já as grandes multinacionais com outras exigências e procedimentos mais rígidos a serem adotados pelos hotéis elencados em seus cadastros aprovados.

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O desafio que se impõe a hotelaria que abrirá seus trabalhos no segundo semestre em grande parte descapitalizada e com compromissos financeiros relativos ainda a 2020 será manter sua perenidade. Manter-se vivo, atingir o ponto de equilíbrio, preservar empregos (os que restaram) e se possível resgatar parte dos perdidos e sustentar bons níveis de satisfação de seus clientes não deixando de focar nas vendas diretas e aprimorar o B2C se desgarrando tanto quanto possível dos onerosos custos das comissões pagas aos intermediários. Vamos pensar na lucratividade e a reconstrução da expansão dos negócios desde já.

Não são poucos os planos de crescimento futuro vislumbrado por investidores internacionais e Fundos locais para a hotelaria em especial de lazer. Os novos projetos de Multipropriedade surgem a cada dia na curva de tendência das futuras viagens e descentralização de eventos. Os desafios são muitos, mas serão vencidos com o espírito de união e determinação estratégica!

*Maarten Van Sluys é Consultor Estratégico e com muita vivência e experiência no setor hoteleiro. Contato: Fone: (31) 98756-3754 – E-mail: msluys@uol.com.br

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