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Pesquisa da HotelInvest mostra como será a recuperação da hotelaria no Brasil

Esse estudo intitulado Recuperação da hotelaria urbana no Brasil acaba de ser divulgado numa live realizada através do Portal Panrotas que terminou agora a pouco. Essa foi a maior pesquisa já elaborada sobre os caminhos da recuperação da hotelaria urbana brasileira pós-crise de COVID-19 foi realizada pela HotelInvest, em parceria com a Omnibees, a STR Consultoria e o FOHB. Foram levantados as perspectivas de ocupação e diária média dos hotéis no Brasil. Como será possível ver adiante, a recuperação passa por diferentes perfis de empreendimento, e mostra-se que isso ocorrerá de forma lenta e gradual, de acordo com cada um. O moderador deste encontro foi Artur Luiz Andrade, Editor-chefe da Panrotas, que ainda contou com Pedro Cypriano, Managing partner, e Diogo Canteras, Fundador e CEO da HotelInvest, Emanoel Lima, Cientista de dados da Omnibees, Patricia Boo, Diretora da STR, e Orlando de Souza, Presidente executivo do FOHB.

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Desbravador

Na apresentação desse estudo, Diogo Canteras, Fundador e CEO da HotelInvest, fez sua análise do trabalho realizado pela empresa. “O objetivo é ambicioso, é fornecer parâmetros confiáveis para ajudar os gestores hoteleiros a criar estratégias para sair deste período de crise. Ele procura caminhos, e neste estudo, darmos parâmetros para ele planejar neste período de crise. Para chegar nessas projeções, não foi fácil. É uma situação inédita”, comenta.

Os painelistas que estiveram presentes (Foto: Reprodução)

Canteras ainda esclareceu que os cenários não são positivos e a crise ainda levará um tempo para passar. “Eu tenho que dizer que os resultados não são o que gostaríamos de apresentar, as projeções são preocupantes, mostram que nós devemos ter cuidado. Mesmo antes do início da pandemia, não vivíamos uma situação maravilhosa, estávamos no comecinho da recuperação do que passamos de 2015 e 2017. Em 2019 foi o segundo ano no período de recuperação, estávamos longe de atingir a máxima. O impacto da pandemia no mercado hoteleiro provavelmente deve atrasar o que estávamos na recuperação. Mas a crise vai passar, para ser um pouco otimista. O importante é sair da crise vivo, e quanto antes entendermos qual o remédio para o nosso empreendimento, melhor. Esse estudo serve para isso”, disse.

Diogo Canteras: “Mesmo antes do início da pandemia, não vivíamos uma situação maravilhosa” – Foto – Divulgação
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Impactos do COVID-19

Os impactos da Covid-19 foram imensos no seguimento hoteleiro. Por ser a origem do vírus, a China foi a que sofreu primeiro, mas após isso, a taxa caiu radicalmente no mundo inteiro. Um exemplo usado no estudo é a Europa que viu a ocupação cair em fevereiro e um mês depois chegar a 10% de ocupação. Nos Estados Unidos, como o lockdown não foi adotado em todo o país e o isolamento social foi menos severo na maioria dos estados, a ocupação também caiu, porém não chegou a valores abaixo de 20% como nos demais mercados analisados.

A China passou por um sorto e, dois meses depois, se recuperou. Hoje, 90% dos hotéis estão com portas abertas.  Em fevereiro, mais de 50% das propriedades hoteleiras chinesas fecharam temporariamente. Com a rápida ação do governo e o controle da disseminação dos casos, aproximadamente dois meses depois, em abril, apenas 10% estão fechados.

Patricia Boo, Diretora da STR, fez uma análise sobre como os Países no mundo lidaram com a crise (Foto: Reprodução)

Patricia Boo, Diretora da STR Consultoria, comentou sobre a retomada da economia e hotelaria na China. “A China está bem na frente da pandemia. O que fizemos foi entender as fases dessa crise. Se olharmos de janeiro até maio, na China, desde fevereiro passou por 3 fases. No mês de abril tivemos aumento no nível de ocupação… um reflexo de uma demanda. O grande pico foi em maio, no feriado importante, e teve um impacto grande. A China está 7 semanas a frende do mundo”, esclareceu.

Em relação a Europa, Patricia explica que a Europa ainda caminha para uma retomada. “Infelizmente não estamos vendo a melhoria na Europa. Os níveis de ocupação são baixos, praticamente todos. Muito diferente do que imaginaríamos. O que vemos na China e EUA é parecido, uma recuperação baseada na economia. Na Europa é esperado para junho nesta recuperação”, disse.

Hotelaria nacional

Com as medidas de isolamento social e as incertezas sobre o controle da COVID-19, os hotéis ainda estão fechados. A intenção de reabertura é para daqui dois meses. Reservas futuras pela Omnibees já sinalizam início de recuperação, porém ainda estão 90% abaixo do período pré-crise. Segundo o FOHB – Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB), dos 884 empreendimentos hoteleiros participantes da pesquisa “Oferta de Disponibilidade Hoteleira”, a maioria (64% do total) encontra-se fechada. Dentre eles, os resorts foram os mais afetados, com 93% da oferta fechada.

64% dos empreendimentos hoteleiros estão fechados (Foto: Reprodução)

Em relação as diárias, no começo do ano, por estimulo do carnaval, o começo do ano foi positivo, porém, após março, os números nas capitais caíram de forma relevante. Os números mostram que a queda no volume de reservas até maio está entre 80% e 88%, no volume de pernoites futuros, entre 61% e 69%. A diferença está na diária média. A variação positiva dos hotéis acima de R$ 600 justifica-se pela maior procura por hotéis e destinos de lazer próximos aos grandes centros urbanos nos finais de semana, como, por exemplo, Campos do Jordão (SP), Petrópolis (RJ) e Gramado (RS).

Emanoel Lima, Cientista de dados da Omnibees, comentou sobre os níveis. “A gente percebe um sinal de melhoria nos próximos meses, que na verdade não é assim. Por trás, em relação 2019, então o que temos em 2020 ele caiu e ficou. Olhando aqui agora eu caí 48%, a queda é similar, então a projeção de junho é parecida com a de maio. Então precisamos saber sobre as novas reservas, se vai ter uma melhoria”, esclareceu.

Lima ainda comenta sobre as expectativas das reservas nos próximos meses. “As reservas caíram. Na média tivemos 9% de geração de novas reservas. Na semana de 19 de janeira tivemos o pico, e agora caímos. Nas últimas semanas passou de 9% para 12%, é uma evolução. E quem faz esses números crescer é o sul e centro-oeste. Gramado, por exemplo, está há três semanas gerando mais reservas que São Paulo”, esclareceu.

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Turismo

Se for comparar os valores gastos por brasileiros no exterior em 2020 e 2019, houve uma queda de 24%, segundo o levantamento. Já em abril a queda foi de 86%. Com a alta valorização do dólar, é possível dizer que a tendência deve continuar caindo, então naturalmente esses valores são investidos em viagens nacionais, o que deve beneficiar principalmente resorts e hotéis em destinos de lazer ao redor do país e compensar, ao menos parcialmente, a queda de demanda turística em razão da recessão econômica, aumento de desemprego e endividamento da população. Por fim, as receitas também devem sofrer quedas em um primeiro momento, por conta das restrições de viagens internacionais.

Segundo estudo da FGV, a recuperação do turismo (Foto: Reprodução)

Apesar do otimismo em relação as viagens domésticas, o estudo da FGV diz que a recuperação do Turismo no Brasil deve caminhar até 2023. No estudo, estima-se uma queda de 38,9% do PIB turístico apenas em 2020, montante no mínimo 4,5 vezes superior à queda projetada para o PIB nacional. Ainda é considerado um prazo de 12 meses para turismo doméstico e 18 meses para o internacional. Com a crescente dos números do Coronavírus, isso pode se estender ainda mais.

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Premissas de recuperação

Mais uma vez pensando nas incertezas que o Brasil oferece até então, a HotelInvest pensou em três cenários, sendo conservador, moderado e otimista, com base nas premissas à evolução da Covid-19 e tudo que ela reflete na economia e no turismo.

Apesar da análise ter sido feita com foco em São Paulo, outros grandes centros também podem ser relevantes no estudo. Para uma adaptação das projeções a cada região requerida, ou até a um hotel específico, a HotelInvest sugeriu os seguintes passos:

Para uma adaptação das projeções a cada região requerida, ou até a um hotel específico, a HotelInvest sugere os seguintes passos indicados (Foto: Reprodução)

Como principal referência, a HotelInvest usou países que já estão mais à frente no combate à pandemia, porém é bom deixar claro que cada país tem sua realidade, o que impede para fazer uma comparação ao Brasil. No gráfico a seguir, foi esclarecido os três cenários. A empresa pede cautela nas análises, pois o momento atual ainda é de alta volatilidade.

Com base em todas as informações mostradas anteriormente e em entrevistas com diversos gestores de empresas e entidades de turismo e hotelaria, foram desenhados três cenários (Foto: Reprodução)

Pedro Cypriano, Managing partner, esclareceu que. “Passado janeiro de 2021, teríamos uma sinalização das atividades numa normalidade mais positiva. É muito difícil você definir quando vai voltar os eventos, o aéreo nacional e internacional na sua tonalidade, mas nas incertezas, tudo indica que é um processo lento e gradual. Vamos passar por um processo longo”, comentou.

Hotéis de luxo em São Paulo levarão mais tempo para se recuperar

Maior metrópole do Brasil e uma das maiores do mundo, as projeções de desempenho dos hotéis econômicos e midscale da cidade de São Paulo indicam que o início de recuperação é mais provável em agosto, com provável break-even entre setembro e outubro de 2020. Pensando em um cenário otimistas, o levantamento da HotelInvest diz que em 2,6 anos a partir do mês pré-pandemia (fevereiro de 2020), podendo ser superior a 4 anos no cenário conservado, assim os hotéis terão a recuperação total das receitas.

As três frentes que os hotéis de São Paulo podem passar: otimista, moderado e otimista (Foto: Reprodução)

Cypriano esclarece que é pouco provável os números de 2019 se repetirem em 2020. “A nossa recuperação da de 2,6 anos no otimista, no moderado 3,3 anos, e o conservador, que causa muitos efeitos, é de 4 a 5 anos. É muito pouco provável que retome os números do ano passado, de uma maneira geral tende ser um pouco mais longa”, alenta.

Entre os empreendimentos mais sofisticados no estado, o prejuízo operacional acumulado em 2020 será expressivo e patamares mais altos de distribuição de lucros serão possíveis apenas em 2022, ainda abaixo dos valores de 2019. Essa recuperação total de RevPAR, a partir de fevereiro, é estimado em quase 4 anos, pensando em um cenário moderado, o que pode mudar para um pessimista levando para 5 anos. O aumento de oferta previsto entre os hotéis mais sofisticados também retardará a curva de recuperação da média do mercado a patamares pré-pandemia.

Cypriano, Managing partner, usando São Paulo e o momento que a região passa como exemplo. “Falando sobre o mercado econômico em São Paulo e midscale, se o problema fosse apenas econômico e nenhum isolamento social, se os eventos continuassem acontecendo, essa queda econômica, teríamos uma ocupação de 62%. Eles depois chegariam a 66%, e 70% e janeiro de 2023. Essa seria sem a Covid-19. Agora na ocupação real, com a Covid-19, a gente nota que essa queda de ocupação é muito mais acentuada que 62%. Até janeiro de 2021, a média é de 32%. Apenas em Janeiro de 2023 teríamos o aceitável de 66%”, esclareceu.

Mercado aéreo internacional

A queda dos voos no mundo iniciou-se em fevereiro, mês em que a demanda foi de 14,1% e a oferta de 8,7%, sendo o mais declínio desde o atentado de 11 de setembro de 2001. E os números ainda mostra-se baixos. A oferta global caiu 36% e a demanda 53%. As regiões mais impactadas até então foram Ásia-Pacífico e Europa. Por conta da demora para doença chegar na América Latina, o continente foi o que menos sofreu. Em análise individual, entre demanda internacional e doméstica, a internacional caiu de 43% (África) a 66% (Ásia-Pacífico), dependendo da região. Em relação à demanda doméstica, dentre os países analisados o que menos sofreu foi a Índia (-12%), e o que mais sofreu foi a China (-66%). Para abril, apesar dos dados do mês fechado ainda não estarem disponíveis, a oferta de assentos deve ficar abaixo de 80% do planejado no início do ano para o mês.

Pedro Cypriano: “A recuperação da hotelaria será lenta e gradual” – Foto – Divulgação

Mercado aéreo nacional

A partir de março, os impactos do novo Coronavírus se tornaram fortes na aviação brasileira. Para o mês de abril, os números assustaram. Mantidos apenas 1.241 voos domésticos semanais para 46 destinos (capitais, Distrito Federal e outras 19 cidades), em relação ao ano passado que eram 14,8 mil frequências semanais para 106 destinos. Para maio, apesar de ainda não haver dados oficiais, a oferta de voos divulgados pelas companhias aéreas brasileiras indica valores no mínimo 90% abaixo do normal. Em junho, a Latam passará de 5% para 9% da sua capacidade pré-crise e em julho atingirá 18%. A Gol anunciou aumento de 47% em sua malha aérea para junho quando comparado com maio. E a Azul, que já retomou a operação em 9 destinos em maio, voltará a voar para 5 outros locais. No entanto, vale ressaltar que estes calendários estão sujeitos à alteração de acordo com a evolução da pandemia no país e as medidas de restrições de deslocamento adotadas pelos estados.

 

Medidas governamentais de auxílio às companhias aéreas
nacionais buscam permitir a recuperação do setor (Foto: Reprodução)

Essa retomada, segundo estimativas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), será mais intensa a partir do 2º semestre, com o ano sendo fechado com volume médio de negócios 14% abaixo do normal. No entanto, informações mais recentes indicam que o prazo de recuperação pode ser mais longo que o inicialmente projetado. De acordo com entrevistas recentes realizadas pela HotelInvest com especialistas do setor aéreo, a tônica observada reforça a crença de uma retomada gradual a partir do 2º semestre, porém em uma intensidade mais lenta e impulsionada principalmente pelos voos domésticos. O período de recuperação da demanda por voos nacionais deve se estender por 2022 ou 2023. E a expectativa de normalização da procura por viagens internacionais pode chegar a 2024.

A participação da FOHB na retomada 

Orlando de Souza, Presidente executivo do FOHB, fez sua análise sobre o atual momento. “Eu queria que todos os dados apresentados, as perspectivas e cenários, tem uma condição que não podemos esquecer. Passamos por tudo isso e sobreviver. Esse a maior questão agora. Por isso, respondendo, no começo dessa pandemia, nas semanas desastrosas. Nós formamos um grupo de 8 entidades de hotelarias, parques, turismo… elas têm uma lógica. O primeiro foi a contenção, precisamos pensar com a cabeça fora área, como a medida 936. Passados 60 dias, estamos na fase de sobrevivência, que vai pelo menos até o final do ano. Ela está se estendendo um pouco mais”, comentou.

Orlando de Souza: “Nós estamos articulando ações junto ao governo, todas elas têm a ver para dar um folego ao caixa.”

Em relação ao setor hoteleiro, Orlando de Souza comentou que. “Definitivamente os hotéis não tem caixa. Ela conseguiu estivar um pouco o caixa, algumas medidas aliviaram o caixa, porque se não fosse isso já teria zerado o caixa. Essa esticada permite que as empresas naveguem em junho, então, se nada for feito, de setembro pra frente vão quebrar”, esclareceu.

Sobre as medidas que estão sendo tomadas e o que ainda será feito, o Presidente explicou as ações passam por 3 fases. “Nós estamos articulando ações junto ao governo, todas elas têm a ver para dar um folego ao caixa. O primeiro é evitar que eles gastem o caixa. Ouve uma permissão que o executivo consiga suspender o contato de trabalho. Isso vai passar pelo senado, ela vira lei, o presidente sanciona… Isso permite que prorrogue a suspensão do contrato de trabalho. A segunda coisa, que passou pela medida 936, que é a desoneração da folha de pagamento. O turismo não está entre os 17 seguimentos, mas vamos buscar. Outra coisa importante e já estamos mandando para o governo é a redução das tarifas tributarias de pelo menos 3 anos, para que as empresas consigam retomar. Por último, neste momento, precisa de dinheiro novo, capital de giro, para se fazer as coisas na retomada, então estamos trabalhando“, finalizou.

Para fazer o download completo desse estudo que possui 134 páginas, basta clicar aqui

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