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Perspectivas da hotelaria brasileira diante do momento crucial da retomada das atividades

Artigo de Maarten Van Sluys*

Decorridos pouco mais de 100 dias desde a OMS – Organização Mundial da Saúde ter anunciado a situação de pandemia em função do novo coronavírus em 11 de março deste ano, nosso setor vive momentos de perplexidade. Reformulação de novas e permanentes perguntas e a tentativa de obter respostas e planificar ações que visem minimizar os efeitos nefastos sobre negócios e geração de empregos entre tantas outros. Neste período trocamos impressões e conhecimentos em escala talvez nunca antes vistas através de centenas de “lives”, reuniões virtuais e leituras de inúmeros de novos protocolos criados a toque de caixa para aqueles hotéis que hercúleamente seguem em operação (ainda que reduzidas) bem como para os hotéis momentaneamente fechados que terão o grande desafio de implantá-las já no momento de reabertura.

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Como previsível já contabilizamos baixas definitivas no setor. aproximadamente 15% do nosso inventário nacional de meios de hospedagem não retornarão à atividade. empreendimentos que mesmo antes da pandemia já não vinham bem foram aqueles que sucumbiram a este momento trágico.  Ao contrário do que se imagina, entendo que não será a previsão (ainda incerta) do retorno da demanda para os hotéis que será o maior determinante para a retomada saudável dos empreendimentos. Mas principalmente a liquidez financeira e a recomposição do capital de giro proporcionando fluidez do fluxo de caixa. Os hotéis se depararão com débitos anteriores a serem renegociados ou quitados imediatamente, teremos o retorno das forças de trabalho sob suspensão temporária com estabilidade de alguns meses, custos adicionais de equipamentos de seguranças (EPI’s) e novas exigências já fartamente conhecidas através de inúmeras notas técnicas emitidas por agências reguladoras.

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Todos os gestores, proprietários de hotéis e investidores de condohotéis precisarão de acuidade absoluta na gestão conjunta das receitas x despesas futuras de seus respectivos hotéis.  Teremos uma curva muito achatada de retorno das atividades corporativas, o setor de eventos médios e grandes ainda sem uma perspectiva real de quando teremos escala similar ao período pré-pandemia. Os hotéis de lazer em destinos bucólicos e próximos a regiões de veraneio sairão na frente e precisam estar adequados desde já aos aspectos do “novo normal” que permeia a preocupação dos futuros visitantes. Setores como cruzeiros marítimos, hospedagem através de plataformas como Airbnb, mega eventos em resorts e viagens de incentivos de grandes empresas estão no final da curva de retomada. Meios de hospedagem de várias categorias vem desde março buscando pulverizar seu leque de opções abrindo espaço para room offices (aptos convertidos em ambientes de trabalho), moradia para uma ou duas pessoas entre outras ideias que possibilitem a sustentabilidade econômica.

Teremos uma curva muito achatada de retorno das atividades corporativas. / Foto – Divulgação.

Sob a ótica funcional os hotéis hoje vivem uma realidade totalmente diferente de tempos recentes. Cresce o conceito multifunção. poucos funcionários em escalas de trabalho adequadas ao momento e realizando funções multi disciplinares a despeito de uma legislação trabalhista que apenas tenuemente possibilita esta adoção. Por uma questão de absoluta necessidade estamos colocando o “carro na frente dos bois”, medidas necessárias colocadas em prática e sobre as quais discutiremos seus detalhes e normatizações mais a frente.

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Considerando o cenário de redução abrupta das forças de trabalho correlatas a hotelaria estimamos que até agora 35% de todos os empregos diretos já tenham sido eliminados. O grande desafio de todos será gerir as operações ao longo da retomada da demanda com seus efetivos reduzidos. Não sabemos ainda como será o comportamento do público que retornará aos nossos hotéis. Numa análise preliminar constatamos que há uma tendência pelo resgate de valores tradicionais que compõe a avaliação qualitativa ou seja, um farto café da manhã, acomodações impecavelmente limpas, soluções tecnológicas de qualidade como internet rápida e seleção premium de canais de TV, áreas comuns arejadas e serviços eficientes. O resgate dos valores tradicionais da boa hospitalidade virá mais rápido que muitos imaginam e apesar de uma demanda que crescerá apenas aos poucos teremos que implementar qualidade e biosegurança de forma imediata. Gestores precisarão treinar mais e melhor suas equipes, valorizar seus funcionários e principalmente zelar pela saúde de todos garantindo assim seu “share” no ainda mais disputado cenário destes novos tempos.

*Maarten Van Sluys é Consultor Estratégico Senior com larga experiência no segmento hoteleiro. Contato:  E-mail: msluys@uol.com.br

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Edgar J. Oliveira

Diretor editorial - Possui 31 anos de formação em jornalismo e já trabalhou em grandes empresas nacionais em diferentes setores da comunicação como: rádio, assessoria de imprensa, agência de publicidade e já foi Editor chefe de várias mídias como: jornal de bairro, revista voltada a construção, a telecomunicações, concessões rodoviárias, logística e atualmente na hotelaria.

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