Entrevista

Patrick Vaysse paixão e alma pela hotelaria

O francês Patrick Vaysse (foto) desde os 12 anos de idade estava convicto que a hotelaria era sua grande paixão. Após se formar na École Hotelière de Marseille e servir o exército francês, Vaysse iniciou a carreira numa unidade Ibis em La Rochele, na França. Seu espírito aventureiro de conhecer novas culturas e costumes o levou para a Ásia por onde permanceu por oito anos, trabalhando em países como China, Tailândia, Nepal, Malásia e Indonésia e vivenciando experiências de culturas e tradições memoráveis.

 

Em 1999 Vaysse se mudou para a América do Sul aceitando o desafio de fazer a abertura dos empreendimentos Sofitel Santa Clara e Sofitel Bogotá Victoria Regia (Colômbia) e depois disto passou a comandar as Operações da Accor Hotelaria para Colômbia, Venezuela, Equador e todos os países da América Central.

 

Com a vivência e a experiência mundial acumulada em hotelaria, Vaysse ajudou a desenvolver o conceito da bandeira Pullman que está presente com 54 unidades no mundo com serviços diferenciados e personalizados com uma certa informalidade. Em 2008 ele desembarcou no Brasil para comandar as operações das bandeiras Mercure, Pullman e MGallery da Accor para a América Latina. Confira a seguir nesta entrevista exclusiva a experiência, a visão de mundo e o que pensa Patrick Vaysse.

 

Revista Hotéis —  Como foi que você se interessou pela hotelaria? Foi uma paixão ou uma oportunidade?
Patrick Vaysse  — Não foi oportunidade foi paixão mesmo. Minha mãe tinha uma loja que comercializa vários produtos, como foie gras, e desde pequeno eu convivi neste ambiente. Eu deixava claro para meus pais que eu não queria fazer uma escola convencional, mas sim uma de hotelaria, pois  desde os 12 anos estava convicto que a hotelaria era o mesmo caminho a seguir. Entrei numa escola hoteleira no Sul da França e depois me formei em hotelaria pela École Hotelière de Marseille, onde aprendi a cozinhar, línguas e tudo sobre a hotelaria e me graduei na área. Após o serviço militar, que na França é obrigatório, encontrei com o Gerente geral do Sofitel Baccua em Martinica e ele me perguntou: Agora que terminou o serviço militar o que vai fazer? Eu manifestei interesse na profissão hoteleira e ele me abriu as portas. Fui para Paris e numa rápida entrevista com a responsável pela área de recursos humanos escolhi o Ibis La Rochele para iniciar a profissão. Entrei como número dois sendo responsável pela área de alimentos e bebidas neste hotel que possuía 95 apartamentos e que tinha 100% de taxa de ocupação. 16 meses depois recebi a proposta para um hotel maior em Paris, mas eu não quis, eu optei por Xangai na China.

Revista Hotéis  —  Quais as razões que o levaram a esta escolha, pois os costumes da China são completamente diferentes da França, a começar pela gastronomia?
Patrick Vaysse  — Como todo jovem, com apenas 20 anos de idade, eu tinha um espírito aventureiro muito forte e queria conhecer outras culturas e na minha opinião Xangai se identificava com o que eu procurava. Eu queria viajar conhecer o mundo e principalmente as culturas e a milenar cultura chinesa sempre me fascinou. Fui gerenciar a área de A&B no Novotel, em Xangai. Pouco tempo depois fui para Penang, na Malásia fazer a implantação deste empreendimento, por onde fiquei por um ano e meio. Depois fui convidado para abrir o Sofitel na Indonésia num pequeno povoado longe de toda a parte social e fiquei um ano e 14 meses. Depois fui fazer a abertura de um Mercure na Tailândia e esta foi uma experiência fantástica. Fui posteriormente para o Nepal, um País fantástico que possui uma grande energia. Aprendi muito sobre a cultura, os costumes orientais. Convivi por exemplo, num mesmo hotel, onde havia três culturas diferentes, uma comia carne de porco, a outra não e muitos costumes diferentes. Eu teria que fazer esta interface e aceitar costumes, valores e culturas diferentes. Depois de tanta experiência, eu queria o desafio de gerenciar um Sofitel top luxo, mas como no momento não havia, eu me desliguei da Accor. Fui convidado para ir trabalhar num hotel top luxo em Singapura, o Banyan Tree Hotels. Fiquei por pouco tempo e em 1999 a Accor me convidou a retornar para abrir um Sofitel top luxo na Colômbia e aceitei o desafio de vir para a América do Sul.

Revista Hotéis  —  O que o motivou a aceitar este novo desafio?
Patrick Vaysse — Meu desafio naquele momento era abrir um hotel Sofitel top luxo. Além disto conhecer a cultura e os costumes latino pesou na decisão e me motivou a ter uma visão mais global de cultura e costumes. Cheguei na América do Sul em 1999 para fazer a abertura dos empreendimentos Sofitel Santa Clara e Sofitel Bogotá Victoria Regia (Colômbia), sendo promovido a Gerente regional das unidades Accor em Bogotá. Pouco tempo depois fui para o Equador, onde atuei como Gerente regional das unidades do Equador, Colômbia e Guatemala e pouco tempo depois fui promovido a Diretor de Operações da Accor Hotelaria para Colômbia, Venezuela, Equador e todos os países da América Central.

Revista Hotéis —  Como foi que você concebeu o conceito Pullman?
Patrick Vaysse — Fui indicado pelo nosso Presidente na América Latina, Roland de Bonadona, a integrar a delegação que se reuniu em Paris para chegar aos conceitos que fazem do Pullman um modelo de sucesso. Foi um trabalho árduo de uma equipe multidicisplinar de 14 pessoas de diferentes áreas que ficaram durante um ano e meio trabalhando para definir conceitos. Teriamos que definir como seria a cama de um Pullman, o quarto Pullman, quais os conceitos de interatividade, conectividade e tecnologia que deveriam ser implantadas. Aportei minha visão e experiência hoteleira em vários países do mundo para incrementar valores e os resultados alcançados foram acima de nossas expectativas.

Revista Hotéis —  Como foi abrir o primeiro Pullman na América do Sul, em Rosário na Argentina. O fator cultura influenciou na concepção deste produto?
Patrick Vaysse — A finalidade como hoteleiro ao montar um Pullman é uma só e independente de qual seja o País no mundo o cliente não percebe diferença. Mesmo a cultura sendo diferente, o produto é o mesmo, existe a mesma conectividade com a tecnologia e os colaboradores. Eu sempre digo que o mais difícil para implantar um Pullman não é comprar um equipamento, não é comprar uma mesa, ou um determinado produto, mas mudar o modo de pensar e agir de nossos colaboradores. Eles estão capacitados a trabalhar em praticamente todas as áreas, pois ele é formado para atender tanto na recepção quanto no restaurante e nos eventos internos. Integrar o intangível o que é mais difícil. Mas com trabalho e know alcançamos estes objetivos.

Revista Hotéis  —  A unidade Pullman de São Paulo, que é a primeira do Brasil, teve alguma adaptação ou conceito digamos abrasileirado ou o padrão é o mesmo da marca no mundo?
Patrick Vaysse  — O investidor, Antônio Setin, acreditou muito nesta marca e isto nos proporcionou inovar criando o conceito musical que é bem diferenciado, sendo o primeiro Pullman no mundo a adotá-lo. O conceito musical foi projetado para modernizar o ambiente de gastronomia e entretenimento, restaurante e bar. A trilha musical é personalizada e quem assina é o DJ Herbert Tonn e você sente a vibração se espalhar pela recepção, lobby e outros ambientes. Este conceito musical piloto que está sendo apresentado neste hotel deverá ser implantado em outras unidades no mundo assim como o welcome, um conceito que inclui alimentos e bebidas e que acaba de ser eleito padrão mundial, pois ele funciona. Ele é diferente e rompemos barreiras. 
 

Revista Hotéis —   O mercado brasileiro ainda não sabe diferenciar as características da bandeira Pullman do Sofitel e alguns acreditam que elas disputam o mesmo público. Quais são as principais diferenças entre estas bandeiras?
Patrick Vaysse  — O Pullman se enquadra na categoria upscale, assim como a MGallery e o Sofitel se encaixa numa categoria acima que é o luxo e os clientes são mais exigentes e versáteis, que esperam e apreciam beleza, qualidade e excelência. Já um cliente Pullman possui serviços diferenciados e personalizados com uma certa informalidade. A proposta da marca Pullman é oferecer ao hóspede uma convivência diferenciada e um ambiente de conectividade e projeção futurista e os viajantes a negócios podem escolher entre ser independentes ou ter ajuda de nossa equipe disponível 24 horas. Acreditamos na tecnologia como meio de atração e fidelização de hóspedes.

Revista Hotéis  —  A marca Pullman no Brasil por ser nova ainda é associada a pão, ao contrário de outras marcas da Accor como Ibis, Sofitel, Novotel, Mercure, Formule 1 que já são identificados pelos brasileiros como sendo hotéis. Como você analisa isto?
Patrick Vaysse — Como o Pullman é uma marca muito nova no Brasil ainda não fixou, mas certamente o cliente que se hospedar pela primeira vez num Pullman ele vai se emocionar, vivenciará novas experiências, perceberá que  o contato com os colaboradores é diferente e que existe muita conectividade e tecnologia em prol de seu conforto e comodidade. Certamente um cliente que dormir num Pullman ele nunca mais vai se esquecer, pois ele dormiu bem, se emocionou e vai voltar. Isto certamente o fará fixar a marca como sendo de um hotel que emociona e traz novas experiências, pois a marca Pullman é sinônimo de sofisticação e possui 54 hotéis no mundo.

Revista Hotéis  —  Quais são os contratos que possuem assinados para desenvolver a marca Pullman no Brasil e a perspectaiva de crescimento desta bandeira?
Patrick Vaysse — Por enquanto só temos um contrato assinado para a construção de um hotel da marca Pullman em Belo Horizonte (MG) e este será um produto fantástico. Nossa equipe de implantação, arquitetura, tecnologia e operação já está trabalhando em cima deste projeto que terá o mesmo padrão mundial de serviços e infraestrutura. Vejo com boas perspectivas o crescimento desta bandeira no Brasil, pois o País necessita de hotéis com conceitos diferenciados, mais modernos, sofisticados e contemporâneos.

Revista Hotéis —  E em relação a bandeira Mercure, como você vê o crescimento desta marca no Brasil nos próximos anos?
Patrick Vaysse  — A Mercure é a bandeira que reúne o maior número de unidades da rede Accor no Brasil. Estamos fazendo um trabalho modernização desta marca no Brasil e o momento é bastante favorável, em razão dos grandes eventos que o País irá sediar nos próximos anos e necessitará de hotéis modernos com padrões atuais mundiais. Para se ter uma ideia, 56% das 70 unidades Mercure no Brasil estão passando por um processo de modernização. Isto é um número muito grande. Os novos hotéis que acabam de entrar em operação, como o de Goiânia, em Goiás e em Santos, em São Paulo, já possuem estes conceitos inovadores. Nossa estratégia de crescimento da marca Mercure no Brasil será baseada na qualidade, agregando valores e não pela quantidade.

Revista Hotéis —  Em relação a marca MGallery, quais os diferenciais desta bandeira? Vocês pretendem trazê-la para o Brasil?
Patrick Vaysse  — Ainda não temos previsão da chegada desta bandeira ao Brasil, pois é um produto upscale, assim como o Pullman, com um público diferenciado e se caracteriza por hotéis exclusivos, únicos e com poucas unidades habitacionais. O MGallery é um conceito boutique, visa, acima de tudo, ofertar um serviço de personalidade e identidade forte que propicie uma experiência única. Para ser um MGallery é necessário ter uma história para contar, ou mesmo possuir um patrimônio forte, podendo ser implantados em casarões antigos ou mesmo em mosteiros. Se encontramos estas condições favoráveis no Brasil podemos sim trazer esta bandeira.

Revista Hotéis —  Como você analisa o atual momento da hotelaria brasileira?
Patrick Vaysse  — Fantástico. O País está com uma economia sólida, em ritmo de crescimento, a taxa de ocupação dos hotéis está fantástica e deve aproveitar as oportunidade para construir produtos hoteleiros modernos para atender às necessidades dos eventos que vai sediar. Capacitar os colaboradores é um desafio, mas temos que ter ferramentas para reter e formar ou qualificar estes profisionais, assim como fazemos na Rede Accor.

Revista Hotéis  —  E em relação aos seus projetos e crescimento profissional, pretende continuar na Accor e permanecer no Brasil, ou ainda existe muito espírito aventureiro em você?
Patrick Vaysse —  Eu sempre fiz escolhas certas na vida e não tenho medo do futuro, acredito que o futuro é você quem escolhe. Estou na Accor há 24 anos, muito feliz de estar no Brasil comandando as operações das bandeiras Mercure, Pullman e Mgallery da Accor para a América Latina e vejo muitos desafios pela frente. Isto é que nos dá força para continuar nossos projetos. Adoro o Brasil, principalmente a Bahia, e pretendo permanecer por muitos anos se assim o meu presidente Bonadona desejar.

 

 

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