Margot Rosenbrock: primeira mulher a comandar a ABIH/SC
Margot Rosenbrock Libório iniciou sua carreira na hotelaria com 18 anos para ajudar seus pais a comandarem um hotel em Balneário Camboriú (SC)

Margot Rosenbrock Libório iniciou sua carreira na hotelaria com 18 anos para ajudar seus pais a comandarem um hotel em Balneário Camboriú (SC), sem entender nada do negócio. Mas com muita garra, vontade de aprender e mesmo sabendo que era uma profissão desafiadora, ela se apaixonou pelo segmento.
O negócio de família cresceu, se expandiu, assim como Margot cresceu em sua carreira profissional que completa 30 anos. E vem coroar ao ser eleita a primeira mulher a ocupar a presidência da ABIH/SC – Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Santa Catarina no ano em que a entidade completa 60 anos de atividades.
Confira nessa entrevista exclusiva os planos de Margot frente a entidade, como se encontram os preparativos para a realização do Encatho & Exprotel, como ela enxerga os desafios da hotelaria e a contribuição da entidade para consolidar ainda mais o destino.
Revista Hotéis – Como foi que entrou no segmento hoteleiro? Quais os desafios que teve que enfrentar e superar no início de sua carreira profissional?
Margot Rosenbrock Libório – Meus pais são os grandes e corajosos visionários que me iniciaram na hotelaria. Eles são pessoas muito simples, com pouco estudo formal, mas com uma grande capacidade empreendedora, além de um sonho, o sonho de serem hoteleiros em Balneário Camboriú.
Comecei na hotelaria com 18 anos, sem entender nada do negócio, mas também com muita vontade de aprender. Turismo é um setor desafiador, mas apaixonante. Eu me apaixonei.
R.H – Como analisa o atual momento hoteleiro no Brasil e como o setor evoluiu desde sua entrada no segmento?
M.R.L – Estou no negócio há mais de 30 anos e neste tempo o mundo mudou. A hotelaria mudou também, e que bom que isso aconteceu! Atualmente a tecnologia ocupa espaço importante dentro da distribuição hoteleira, as avaliações on-line direcionam as escolhas dos viajantes por hospedagem, o mercado está muito competitivo, mas a essência da hotelaria segue a mesma: o desafio de oferecer uma experiência tranquila e memorável aos hóspedes. Sem isso, todo o restante perde o sentido.
“O mercado está muito competitivo, mas a essência da hotelaria segue a mesma: o desafio de oferecer uma experiência tranquila e memorável aos hóspedes”
R.H – Você acaba de tomar posse como a primeira mulher a presidir a ABIH/SC. O que a levou a aceitar esse desafio e quais são seus planos frente a entidade?
M.R.L – O convite para presidir a ABIH-SC – Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Santa Catarina veio em um momento em que eu estava disponível para um novo desafio. Além de apaixonada pelo turismo, sou apaixonada pelo associativismo! Presidir a ABIH-SC, mais do que tudo, é uma grande honra. Representar o setor hoteleiro me dá muita alegria, é algo com que eu me identifico. Espero nesta gestão poder unir cada vez mais o nosso setor, aumentar os momentos de networking e tornar a ABIH-SC cada vez mais relevante. Espero que o hoteleiro catarinense perceba o valor da entidade e queira estar conosco, porque isso faz diferença para o seu negócio.
R.H – A ABIH-SC está completando 60 anos de atividades nesse ano. Quais ações estão sendo desenvolvidas para destacar a relevância da entidade no turismo catarinense?
M.R.L – Entre as principais iniciativas, estão a intensificação da busca por novos benefícios para os associados, além da ampliação dos ‘Cafés de Hotel’, um evento de networking que será realizado em todas as regiões turísticas do estado, levando a representatividade da entidade a novos públicos. Além disso, a ABIH-SC está criando um calendário de treinamentos para promover a qualificação contínua no setor, reforçando o papel da entidade no desenvolvimento do turismo em Santa Catarina. Queremos estar próximos dos hoteleiros e queremos os hoteleiros próximos uns dos outros, reforçando cada vez mais a confiança entre os empresários.
“A expectativa para o Encatho & Exprotel 2025 é atrair um público ainda maior, oferecendo oportunidades de networking e desenvolvimento de novas parcerias”
R.H – O Encatho & Exprotel deste ano terá como tema Turismo Conectado, Negócios & Hospitalidade. Por que da escolha desse tema e qual a expectativa desse evento?
M.R.L – A escolha do tema “Turismo Conectado, Negócios & Hospitalidade” para o Encatho & Exprotel deste ano reflete a crescente importância da conectividade no setor de turismo, especialmente em um contexto onde a tecnologia e a integração entre diferentes áreas são essenciais para impulsionar negócios e promover uma experiência de hospitalidade de qualidade. O tema destaca a necessidade de adaptação às novas demandas do mercado, a transformação digital e a união de negócios para um turismo mais eficiente e inovador.
A expectativa para o evento é atrair um público ainda maior, oferecendo oportunidades de networking e desenvolvimento de novas parcerias. Para isso, estamos focados em aumentar a visibilidade do evento e fazer parcerias com as entidades do trade turístico. Além disso, a manutenção de uma parceria forte com a imprensa é crucial, pois ela desempenha um papel fundamental na divulgação e no sucesso do evento, garantindo maior alcance e engajamento com o público-alvo.
R.H – Como está sendo montada a grade de programação desse evento? Já dá para adiantar alguma novidade?
M.R.L – A grade de programação do Encatho & Exprotel deste ano está sendo cuidadosamente montada para oferecer uma experiência diversificada e enriquecedora, assim como nos anos anteriores. O evento contemplará todos os setores de um meio de hospedagem, abordando temas relevantes e atuais para o desenvolvimento do turismo e da hospitalidade.
Como em edições passadas, teremos palestrantes de renome, que compartilharão suas experiências e conhecimentos com o público, além de painéis específicos que proporcionarão discussões aprofundadas sobre as principais tendências do setor. A programação será intensa, com atividades distribuídas ao longo de três dias de evento, que acontecerá de 29 a 31 de julho no CentroSul, em Florianópolis.
A expectativa é de que o evento seja mais uma vez um grande sucesso, reunindo profissionais e empresas do setor para promover a troca de experiências, fortalecer o networking e estimular o desenvolvimento do turismo catarinense.
R.H – Na sua opinião, a hotelaria já se recuperou totalmente dos impactos da pandemia da COVID-19? O fim eminente do PERSE preocupa?
M.R.L – Creio que agora, em 2025, podemos dizer que os efeitos da pandemia vão ficando para trás, mas foram anos muito duros para o setor. 2019 já tinha sido um ano onde a lucratividade não chegava fácil, não aumentava, então a pandemia, em 2020, chegou em um momento que parte do setor já estava fragilizado. O faturamento perdido, no caso da hotelaria, é um faturamento que não volta, os dias, os anos, nós vendemos um produto que se dissolve com o tempo. A diária média foi bastante afetada durante o triênio 20/21/22 e mesmo em 2025 as pessoas estão muito sensíveis em relação aos preços. Apesar do cenário positivo, os desafios são intensos. O PERSE é o primeiro programa de incentivo fiscal recebido na história da hotelaria brasileira e, com certeza, deixar de contar com o programa preocupa o setor.
“Ter mão-de-obra qualificada é um dos nossos maiores desafios, pois o turismo é feito de pessoas para pessoas”
R.H – Como se comportou a hotelaria catarinense em 2024? Qual impacto dela para a economia de Santa Catarina e que análise faz para esse ano?
M.R.L – Segundo dados do IBGE, a atividade turística aumentou 7,8% em Santa Catarina (a referência é setembro de 2024). A hotelaria é parte essencial desta atividade e ter opções de hospedagem qualificadas impulsiona ainda mais o turismo de Santa Catarina. A entrada de turistas internacionais em SC subiu 33,5% em 2024 e para 2025 as previsões são ainda mais otimistas, pois questões econômicas tornam o Brasil muito interessante para os viajantes que vêm de outros países. Esperamos que todo este movimento dê visibilidade à importância econômica do setor, que muitas vezes não é reconhecido como indústria, apesar de gerar um grande número de empregos e ter capacidade de potencializar a economia.
R.H – Quais são os principais desafios enfrentados pela hotelaria em Santa Catarina hoje e como a ABIH-SC está apoiando os associados para superá-los?
M.R.L – Em Santa Catarina vivemos um momento de pleno emprego, então parte do desafio é em relação à mão de obra, que precisa ser qualificada constantemente, pois o turismo é feito de pessoas para pessoas. Além disso, temos regiões que ainda convivem com a sazonalidade, essa questão, além de impactar o fluxo de caixa, também dificulta que o quadro de colaboradores se mantenha. Para a ABIH-SC é importante apoiar os empresários com oportunidades de capacitação e também manter-se atuante e representativa junto às lideranças governamentais para que a promoção de Santa Catarina como destino turístico o ano inteiro seja cada vez mais efetiva.
R.H – A hotelaria é feita de pessoas. Quais são as iniciativas da ABIH-SC para capacitar e valorizar os profissionais do setor? Mão-de-obra no setor ainda é um gargalo?
M.R.L – Sim. Capacitar, capacitar, capacitar os colaboradores para assim seguir firmes e atuantes!
Mão de obra é gargalo, mas também é solução! Nossos trabalhadores trabalham quando todos trabalham e também quando todos descansam. Trabalhar com turismo é desafiador, mas também é apaixonante. Os empresários precisam de muita inteligência emocional para ativar a capacidade de motivar suas equipes. Quando os empresários se unem eles ficam muito mais fortes e a ABIH existe também para reforçar essa união.
R.H – Na sua visão, quais serão os principais diferenciais de Santa Catarina como destino turístico nos próximos dez anos, e como a ABIH-SC planeja posicionar o estado para liderar o turismo no Brasil?
M.R.L – Santa Catarina é um destino completo. Temos um litoral maravilhoso, serras, cânions, águas termais, temos festas e paraísos idílicos, temos o enoturismo, o ecoturismo e também o turismo religioso. Santa Catarina tem excelentes índices em relação ao IDH e à segurança. Todo esse conjunto nos torna um estado ímpar. Agora também a malha aeroviária está sendo ampliada. Temos voos direto de Florianópolis para Lisboa e para a cidade do Panamá. A hotelaria está preparada para esse capítulo da história do turismo de SC e a ABIH-SC está junto dos hoteleiros, de leste a oeste, para que a diversidade e a força de nosso estado nos una cada vez mais, como setor produtivo que cresce, investe, se atualiza e vive com orgulho no melhor estado do Brasil para o turismo.
R.H – O que podemos esperar da ABIH/SC nos próximos anos?
M.R.L – A ABIH é uma entidade de valores sólidos e muito fortes, que acolhe, que abraça o empresário assim como a hotelaria abraça as pessoas. Somente a união entre os empresários nos dá a força que merecemos ter perante o poder público. Sozinhos somos bons, mas unidos somos muito melhores.
É na união que brotam os melhores sentimentos e também os melhores resultados. São 60 anos de história e que venham muitos anos mais, para termos cada vez mais orgulho de ser hoteleiros, de desempenhar essa atividade tão relevante para a economia e para as pessoas, com determinação, ética e muito trabalho. Somos a ABIH-SC e estamos felizes, estamos em festa!