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Hotelaria terá que reinventar seu negócio para ser competitivo no acirrado cenário pós COVID-19

Artigo de Maarten Van Sluys*

Corria o último mês de março quando todos os segmentos do turismo nacional faziam análises do recém terminado período de carnaval. De forma geral a observação predominante é que tivemos uma performance apenas razoável, abaixo do ano anterior e aquém das expectativas. enfim o “ano corporativo” se iniciaria com projeções animadoras de uma continuidade no crescimento já observada ao longo de 2018 e 2019. Como que nos enredos de filmes mais trágicos, todos foram surpreendidos pela notícia da pandemia global declarada pela OMS – Organização Mundial da Saúde. Portanto, seria só uma questão de dias a chegada da COVID-19 ao Brasil e com ela o quase imediato desabamento de todas as estruturas da cadeia produtiva do turismo.

Muito já se falou e escreveu sobre os acontecimentos e sobre como será o “novo normal” da maneira que entendemos o turismo de lazer e de negócios. são profundas reflexões e tentativas de depreender cenários e curvas de retomada. Em todos eles há um consenso: teremos um árduo, longo e incerto caminho pela frente.

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Para a hotelaria brasileira hoje, aparelhada com 43,2 mil meios de hospedagem entre hotéis, flats, pousadas, hostels etc. Suas mais de 1,1 milhões de UH´s e 2,5 milhões de leitos as perguntas que não quer e calar são: e agora? Como sustentar meu negócio em patamares viáveis? Como preservar os 583 mil empregos diretos e quase 2,5 milhões indiretos? Como ficarão os valores dos ativos? Empreendedores, entidades, gestores, analistas, dirigentes do segmento todos atônitos e em busca de soluções para resolver questões de curtíssimo, médio e quem sabe, de longo prazo. Medidas emergenciais dos governos foram imediatamente requeridas por todos mostrando uma fragilidade nata do setor em lidar com gestão de crises exógenas. o turismo é fornecedor de soluções para ambientes em equilíbrio. A história revela que em grandes distúrbios somos um dos elos mais frágeis da cadeia, o primeiro a parar e via de regra o último a retomar a normalidade. O “GAP” é grande e precisaremos definitivamente reinventar o negócio para, numa visão absolutamente “Darwiniana” conseguirmos sobreviver a esta ainda incomensurável crise.

O que se discute hoje é como preservar os 583 mil empregos diretos e quase 2,5 milhões indiretos  gerados no segmento hoteleiro- Foto: divulgação

De imediato a aderência as medidas provisórias publicadas e a legislação já existente trouxe algum alento. É notório que para a hotelaria seus prazos são insuficientes e seu escopo não abrangente para sustentar medidas a médio prazo. A opção de muitos hoteleiros independentes e redes foi encerrar as atividades provisoriamente. estima-se que aproximadamente 63% da oferta hoteleira do País esteja de portas fechadas seja por força de decreto ou por decisão de seus proprietários. um verdadeiro “Tsunami” se abateu sobre todos !!!

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Neste momento trabalhamos todos na confecção de novos protocolos de serviços e estruturais que, uma vez bem concebidos e colocados em pratica assertivamente poderão representar a sobrevivência do meio de hospedagem. Não serão poucas as mudanças e os investimentos para adequar a hotelaria a expectativa dos viajantes pós-pandemia.

toda a atenção será destinada aos aspectos sanitários, evitara-se ao máximo o contato através do distanciamento social, áreas públicas (eventos e restaurantes) terão suas capacidades reduzidas e os modelos de serviços estão sendo redesenhados. Os hotéis em funcionamento terão vantagem cronológica pois estão já colocando em pratica suas inovações, a bem da verdade podemos dizer que está funcionando em modo marcha reduzida devido a baixíssima demanda. como será quando as ocupações aumentarem? Como acomodaremos as pessoas?

Com qual staff atenderemos a demanda hoje solicitada de alimentação nos apartamentos? Quais serão nossos gastos com insumos e embalagens, aumento exponencial de descartáveis? Falaremos de desinfecção de ambientes e não mais de limpeza ou higienização, isso implicará em massivos novos custos. novas legislações sanitárias, adicional de insalubridade aos colaboradores, descarte de resíduos, normas de produção e disponibilização (mise en place) de alimentos, novas normas de climatização de ambientes confinados, redução da capacidade de elevadores, distanciamento de funcionários, filas com afastamentos em lobby’s e restaurantes muitas vezes já mal dimensionados anteriormente.

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Hoje sobram perguntas e faltam muitas respostas. muitas redes nacionais e internacionais estão desenvolvendo materiais interessantíssimos sobre as COVID-19, todos serão adaptados a frente com base nas experiencias apresentadas no dia a dia dos hotéis.Como serão os voos entre as grandes cidades no futuro? e o cruzeiro marítimos, eles sobreviverão? quais os segmentos da hotelaria que se recuperarão mais rapidamente?

Os exemplos da China apontam claramente para uma regionalização do turismo de lazer, preferência para a hotelaria econômica (acirramento da guerra tarifária? sim ou não?) e também uma redução efetiva e duradoura do turismo de negócios. Nos tempos de reclusão social o home office ganhou espaço e notória eficácia. a tecnologia s tornou a aliada de primeira hora para sustentar negócios, trabalhar e interagir virtualmente numa troca nunca antes vista de informações e ideias. a tendência está traçada. empresas fecharão salas e escritórios dando ênfase ao trabalho remoto já regido em leis trabalhistas desde a mini reforma trabalhista de 2017.

O pós-pandemia será mais desafiador para o turismo e a hotelaria que o período atual. será a hora de separar “os homens dos meninos” no segmento. A hora da verdade (e das respostas impostas pelo mercado) se aproxima. Nunca como antes nós consultores fomos tão requisitados para redesenhar processos e pensar modelos acoplados as necessidades de primeríssima hora. Importante todos usarem o período intra crise para exercitar o ‘ócio criativo” visando encontrar soluções, desenvolver novas habilidades e acima de tudo: tomar as decisões que nortearão seu futuro como empreendedor ou gestor!

*Marten Van Sluys é Consultor Estratégico Senior com larga experiência no segmento hoteleiro. Contato: Fone: (31) 98756-3754 – E-mail: msluys@uol.com.br

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Desbravador

Edgar J. Oliveira

Diretor editorial - Possui 31 anos de formação em jornalismo e já trabalhou em grandes empresas nacionais em diferentes setores da comunicação como: rádio, assessoria de imprensa, agência de publicidade e já foi Editor chefe de várias mídias como: jornal de bairro, revista voltada a construção, a telecomunicações, concessões rodoviárias, logística e atualmente na hotelaria.

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