Hotelaria de luxo é destaque na retomada do setor no Brasil
Cada vez mais brasileiros ‘descobrem’ experiências de luxo no Brasil, posicionando o segmento como um dos principais protagonistas da retomada

Não é novidade que a pandemia atingiu o mundo e estremeceu diversos segmentos causando impactos diferentes, mas obrigando todos a reinventar a sua maneira de interagir com o cliente, elemento essencial para a sobrevivência dos negócios e equilíbrio da economia. Assim foi com o turismo e os desafios foram muitos, deixando um capítulo na história dessa indústria com lições que certamente servirão de exemplo de superação e estratégia para a posteridade. Agora, com a vacinação em curso e com a retomada de todos os segmentos, fica a pergunta: a pandemia teve algum aspecto positivo para os segmentos de turismo e hotelaria? A resposta é sim. Durante a pandemia, os brasileiros que mantinham o hábito de viajar e conhecer novos destinos, ao se depararem com o fechamento de fronteiras e com as diferentes restrições sanitárias impostas pelos países do exterior, voltaram a sua atenção para destinos mais próximos, aquecendo o turismo interno e criando uma tendência que muitos especialistas afirmam, veio para ficar.
Neste contexto, o segmento de luxo conseguiu sobressair-se com o oferecimento de novidades e pacotes que cativaram o viajante, ávido por uma fuga do cotidiano da quarentena e por novas experiências de conforto, recreação, sofisticação, gastronomia e descanso ao lado da família ou de amigos. “Acredito que essa descoberta foi o melhor da pandemia. O Brasil tem muitos lugares e experiências ainda a serem descobertas e acredito que em 2022 ainda teremos um forte turismo interno. Obviamente, 2021 foi um ano ímpar devido às restrições dos brasileiros para fora do Brasil, mas o próximo ano será, creio, aquecido para o mercado interno”, afirma Simone Scorsato, CEO da BLTA – Brazil Luxury Travel Association.

Segundo Simone, as estratégias que os hotéis do segmento devem continuar usando para manter essa ascensão são: excelência em serviço, comunicação personalizada, e experiências surpreendentes. “Este viajante quer ser mimado, mas, sobretudo, que ser surpreendido”, opina. A gastronomia, segundo a especialista, está no ranking dos elementos mais relevantes para os viajantes. “Gastronomia, serviços de lazer e bem-estar. Acredito que tudo que esteja relacionado à renovação pessoal, regeneração e transformação”, complementa. Ainda sobre 2022, Simone detalha: “Acho que em 2022 teremos, gradualmente, um fluxo de brasileiros para o mercado internacional, mas acredito que o turismo interno continuará aquecido. O que vai demorar mais é o turista internacional. Para atraí-lo, temos que ter ações grandes no sentido de melhorar a imagem do nosso País no exterior”.
Identificação
Esse movimento de descoberta ou redescoberta de experiências e destinos nacionais também é observado por Carolina Saas de Haro, especialista no segmento e sócia da Mapie Consultoria. “Acreditamos que esse movimento de valorização do turismo nacional será permanente. Ainda que o turismo internacional retorne com a reabertura das fronteiras, muitos brasileiros descobriram ou redescobriram excelentes opções nacionais que serão buscadas principalmente para finais de semana e feriados. Este público, acostumado a viajar internacionalmente, identificou ótimas opções de luxo no Brasil e buscará mais alternativas, o que deve favorecer e aquecer o desenvolvimento de novos negócios para este público, pois ainda há espaço em diversas localidades brasileiras que serão desatendidas neste sentido”.
Para Carolina, o empreendimento do segmento que deseja conquistar um bom desempenho, aproveitando essa tendência, deve observar que: “o importante é ter um conceito e uma proposta de valor bem estabelecidos. Pensar a jornada de forma completa, passando por cada detalhe, desde a compra pelos canais disponíveis até o pós-check-out, além de estar conectado com as principais tendências de comportamento e consumo”.

Desconexão
A especialista explica ainda que “o luxo na atualidade tem valores novos, como tempo livre, equilíbrio, qualidade de vida, saúde e bem-estar, desconexão, contato com a natureza e exclusividade. É importante estar atento a estes atributos, combinado com a alta qualidade de serviços e consistência na entrega. A gastronomia deve ser entendida como parte integral e relevante da experiência. O contato com o destino e com o local de forma mais autêntica e customizada também será cada vez mais relevante, então é preciso fazer a curadoria de passeios e atrativos que tenham aderência com este perfil”.
E conclui: “O luxo no Brasil, especialmente na hotelaria, ainda tem bastante espaço para se desenvolver, tanto em termos geográficos, quanto na proposta de valor. Temos cada vez mais produtos incríveis com experiências diversas como o Parador do Casa Hotéis em Cambará do Sul, o Wood Gramado, o Fuso Concept Hotel, em Florianópolis e o Nomaa, em Curitiba, apenas para citar alguns exemplos, mas ainda há muitas oportunidades para produtos emblemáticos com entrega de serviços impecáveis”.
Valorização do segmento
O movimento de descoberta ou redescoberta de experiências de luxo no Brasil está atrelado a uma mudança da forma como o viajante consome esses produtos. Se antes o interesse era centralizado na experiência e na imersão na cultura e nos costumes de um destino, com a pandemia e a consolidação do trabalho remoto, muitos viajantes passaram a ‘unir o útil ao agradável’, tornando o conceito bleisure mais popular no turismo brasileiro. Gabriela Otto, sócia-proprietária da GO Consultoria e Presidente da HSMAI Brasil, explica: “O reconhecimento do Brasil como destino para viajantes mais exigentes, com certeza foi um dos fatos marcantes durante a pandemia. Esperamos que tenha sido o marco definitivo da valorização do segmento de luxo pelos brasileiros. Com a maior flexibilidade para trabalhar de qualquer lugar, e sem gastos em viagens internacionais, as estadias mais prolongadas também vão se manter por um tempo maior pós pandemia. A maioria dos hóspedes já se enquadram no segmento ‘bleisure’ hoje em dia.
Hotéis com estratégias inteligentes de negócios proporcionarão experiências que vão incentivá-los a ficar ainda mais tempo no hotel. O dólar ainda pode manter parte do segmento desfrutando das belezas brasileiras. Com a reabertura total das fronteiras, os viajantes estrangeiros também tendem a retornar, assim como localmente os clientes mais velhos, que se preservaram mais e retomaram as viagens mais tardiamente.

Mas o que podemos afirmar com certeza é que esse movimento despertou muitos hotéis boutique para a necessidade de melhoria de produto (72% dos associados BLTA, por exemplo), maior eficácia na sua comunicação e maior investimento em treinamento. O cliente de final de semana classe A/B, deu lugar para o AA que estendeu sua estadia e exigiu muito mais dos hotéis. Nesse quesito, com certeza foi um grande aprendizado para a hotelaria nacional de alto padrão e que será levada como legado”, detalha.
Posicionamento de marca
De acordo com Gabriela, a ascensão de um turismo de nível premium é um fenômeno que está acontecendo não apenas no Brasil, mas de forma simultânea em outros destinos do mundo. “Muitos países aproveitaram a pandemia para posicionar sua marca. O Ministro da Espanha deixou claro seu posicionamento ao declarar que está definitivamente mudando para o turismo premium.
Na Itália, o governo está apostando em um turismo mais sustentável, proibindo, por exemplo, grandes cruzeiros em Veneza. O Ministro do Turismo da Grécia está incentivando que turistas prefiram destinos menos lotados e estendam essa tendência de viagens mais sustentáveis por pelo menos mais dois ou três anos para que o impacto seja percebido por toda uma geração.
Dito isso, o Brasil tem passos a serem dados ainda no seu posicionamento de um destino de alto padrão. Nossa autenticidade, natureza e hospitalidade natural são sim nossos diferenciais. Entretanto, podemos ser ainda mais sustentáveis, qualitativos, duradouros, consistentes e seguros. Turismo de qualidade é diferente do turismo de luxo. Turismo de qualidade é muito além do retorno financeiro, mas também do custo total para a sociedade”.
Um aspecto que merece atenção por parte dos hotéis que integram este nicho, segundo a especialista, é a constante concentração no atendimento da expectativa do viajante, cada vez mais exigente: “A hiper personalização é a realidade em um segmento que lida com os clientes mais exigentes do mercado, e com muitas referências. Cada viajante tem suas próprias expectativas, preferências e estilo. Entretanto, algumas coisas seguem sendo vitais. E podemos ir desde da sensação genuína de se sentir seguro e ter uma excelente noite de sono, até desfrutar o prazer de ter seus desejos antecipados ou ser surpreendido pelos detalhes da experiência”.
Gabriela afirma que, mesmo com a pandemia em controle e a possibilidade do viajante em empreender viagens internacionais, o mercado deve continuar aquecido para o segmento de luxo, desde que observem as seguintes prerrogativas: “Além de produto de alto padrão e serviços personalizados, a originalidade e a autenticidade sempre validam muito um hotel.
A criatividade e cuidado com os detalhes na criação de experiências que incentivem os hóspedes a ficarem mais tempo no hotel com certeza serão vitais nesse período”.
E conclui: “Muitas tendências se concretizaram nesse período, e seguirão nos próximos meses. A privacidade, slow travel, viagens multigeracionais e experiências turísticas com maior consciência ambiental e social ainda se fortalecerão com certeza”.
Prolongamento de estadas
A pandemia trouxe mudanças diversas no hábito dos consumidores de viagens e experiências. Além do interesse dos viajantes por destinos mais próximos, com maior contato com a natureza e com atividades típicas e regionais, o viajante também passou a optar por estadas mais longas, uma vez que a pandemia também popularizou o trabalho remoto, adotado pela maioria das empresas.
Essa foi uma das constatações de João Annibale, Presidente da Leading Hotels of The World, marca que possui, debaixo de seu ‘guarda-chuva’, grandes ícones da hotelaria de luxo em diversos destinos do mundo. Segundo João, “O consumo do luxo no Brasil é absolutamente resiliente. É um mercado maduro, constante, e ainda em expansão. Mesmo durante a pandemia parte dos hóspedes frequentes da Leading Hotels continuou a viajar, onde havia pouca ou nenhuma barreira com relação à situação do COVID-19. Interessantemente, as estadas tornaram-se muito mais longas, diante dos desafios de se viajar e, uma vez no destino, fazia sentido alongar a estada que seria mais curta em outro momento”.

Sobre o momento do luxo no Brasil, João observa: “Certamente os hóspedes internacionais exploraram mais os destinos doméstico de luxo. É uma comparação difícil e quase injusta para se responder. O luxo no Brasil é diferente de alguns locais onde a hotelaria de luxo está mais rodeada por uma estrutura de luxo há muito mais tempo. O Brasil continua melhorando. Tanto é verdade que atualmente, apesar de não ser um número enorme perante os mais de 400 hotéis members pelo mundo, está em seu maior patamar histórico.
Com a pandemia houve alguma desaceleração, mesmo assim esperamos integrar mais membros futuramente. Em resumo, o viajante de luxo explorou o Brasil. Houve vários casos dentro da nossa coleção no Brasil que a fila de espera estava bem alta tamanha a demanda doméstica”.
Crescimento anunciado
Para João Annibale, assim como para Carolina Saas de Haro e Simone Scorsato, este mercado tende a continuar crescendo. “O mercado de luxo tende a crescer. Muitas empresas tiveram altos lucros durante a pandemia, embora a concentração seja em algumas indústrias. Além disso a demanda pelo consumo de luxo ficou muito represada. Naturalmente haverá uma expansão exponencial até que o crescimento volte a se estabilizar”.
Segundo o executivo, “O impacto visível (do período de pandemia) foi o alongamento das estadas em nossos hotéis membros, e com isso, apesar de um menor número de reservas, a receita gerada mais que triplicou. Foram beneficiados hotéis resorts e hotéis com maior distanciamento social exigidos em cada etapa da pandemia. Os hotéis de cidade sofreram um efeito contrário, porém houve casos de sucesso mesmo em cidades nos hotéis que inspiraram mais confiança, que trabalharam nas certificações de higiene extra e específica para a pandemia, por exemplo”.
Sobre a posição da Leading Hotels of The World nesse cenário de pandemia e retomada do setor hoteleiro, Annibale é enfático: “A Leading mantém seu propósito original desde sua criação em 1928, que resumidamente, seria um selo de qualidade de luxo nascido muito antes do conceito de certificações. Nessas mais de nove décadas, a Leading evoluiu e incorporou toda a tecnologia, permanecendo fiel à essência da hotelaria, que é a hospitalidade ímpar, quase um verniz final ao toque do luxo que é transmitido sensorialmente ao hóspede naturalmente, desde o momento de reserva até a finalização da estada. O Brasil é um mercado chave, que historicamente gerou e gera praticamente 50% de todas as reservas feitas a partir da América Latina. O plano é continuar forte e consistente, afinal crises tradicionalmente fortalecem marcas perenes com a Leading e lhe conferem ainda maior confiança e segurança por parte da sensação de seus hóspedes”.

O descobrimento do Brasil
Com o fechamento de fronteiras, a imposição de restrições sanitárias e o futuro incerto da economia, o viajante brasileiro que mantém o turismo como parte de seu orçamento anual e aqueles que sentiram a necessidade de um refúgio da atmosfera de medo que se instaurou com a pandemia, se viram repensando roteiros que antes incluíam alternativas fora do País. Esse movimento os levou a descobrir lugares e empreendimentos que, sentindo essa mudança, começaram planos estratégicos para atraí-los, mantendo os índices longe dos que registrados no auge da pandemia, quando muitos empreendimentos sucumbiram. O Six Senses Botanique, lodge de luxo localizado no coração da Amazônia, é um exemplo. “Devido as fronteiras internacionais fechadas, o mercado interno passou a viajar predominantemente dentro do País. Nossa ocupação cresceu expressivamente, especialmente em dias de semana em que os clientes tinham a facilidade de poder trabalhar no modelo home office”, explica Renata Maia Luque, Diretora de vendas e marketing do Six Senses Botanique.
Para ela, essa é uma tendência que vai perdurar, mesmo com o avanço da vacinação e abertura de fronteiras: “O turismo doméstico teve a oportunidade de ‘descobrir’ destinos e produtos hoteleiros que não conheciam. As viagens internas passarão a ocupar um espaço importante no calendário de viagens. Finais de semana, feriados estendidos e outras comemorações com estadas entre duas e quatro noites poderão ser oportunidades de viagem sem ocupar o espaço das viagens internacionais mais longas”, observa.
A preocupação dos viajantes e as exigências também mudaram. O viajante agora tem mais critérios e zela pela sua segurança e saúde. “Nesse momento e daqui em diante, os viajantes estarão mais preocupados com questões de segurança e saúde. Nós estamos totalmente alinhados com esses predicados. Curta distância de São Paulo, fácil acesso, sem necessidade de aeroportos ou grande exposição. Total conexão com a natureza, poucos quartos em uma propriedade muito extensa, diversos programas e atividades que promovem o bem-estar, saúde e a reconexão”, afirma Renata.

A Diretora também revela que o desempenho do empreendimento para os próximos meses é promissor: “Para o último trimestre a expectativa continua das melhores. Devemos ter um ano excepcional em receita e também em ocupação, com crescimento do RevPar acima de 24%. Para 2022, acreditamos na retomada das viagens internacionais e por isso daremos início ainda neste ano na divulgação do hotel no mercado internacional. Além de seguir com o trabalho de marketing forte em praças ainda pouco exploradas, mas com muito potencial, com as cidades do Sul, Centro-Oeste e Nordeste”, finaliza.
Inspiração francesa no Sul do Brasil
Referência no segmento de luxo em Gramado, no Rio Grande do Sul, o hotel Colline de France nasceu de um sonho e da iniciativa de seus proprietários Jonas e Ana Clara, que tinham o desejo de trabalharem juntos para poder dedicar mais tempo à família. Na época também identificaram uma oportunidade de mercado, pois Gramado ainda não possuía no seu pool hoteleiro, um empreendimento inspirado na época do império francês, período também conhecido pelo seu requinte e sofisticação. “O luxo, os detalhes do hotel e o atendimento personalizado são parte do cenário que eles se propuseram a criar para se diferenciar dos demais. Com base nesses conceitos e dedicação diária, o objetivo foi atingido e hoje podemos proporcionar uma hospedagem exclusiva na cidade de Gramado”, explica o Gerente geral do empreendimento, Márcio Santos.
De acordo com Santos, também pesou na decisão dos viajantes – ao escolherem o hotel durante o período de pandemia – o fato do destino já possuir por si só, um forte apelo turístico, com atrações e paisagens encantadoras. “Cada hóspede é único, cada um tem um sonho, um propósito no momento de decidir por um destino. Felizmente Gramado é um dos destinos mais procurados no Brasil, uma cidade encantadora e repleta de atrativos para todos os públicos.
Com sua rica oferta gastronômica e seus excelentes hotéis, a região como um todo foi colocada em evidência nesse momento em que a restrição de entrada em outros países foi imposta. A retomada das viagens internacionais certamente impactará no fluxo de viajantes brasileiros no País como um todo. No entanto, o prévio fechamento das fronteiras se apresentou como uma oportunidade para mostrar ao público nacional o quão qualificado o destino está e isso certamente o atrairá a voltar ou visitar Gramado pela primeira vez”.

O Colline de France se sobressai com o oferecimento de atrações e experiências exclusivas que Márcio detalha a seguir: “O Hotel Colline de France possui um ambiente finamente decorado, local onde o hóspede pode ler um livro, assistir a um filme ou até mesmo desfrutar de uma boa conversa. Aos sábados e quartas-feiras ocorre o ‘Bonsoir’, momento em que o hóspede pode desfrutar de um espumante local e apreciar o musicista ao piano. No Jardin des Buganvilliers, inaugurado recentemente, pode-se degustar um vinho, relaxar de ao som de músicas clássicas e ter contato mais próximo com a natureza.
Para os apaixonados por gastronomia, o café da manhã é servido à mesa das 7h00 às 11h00 com opções variadas como croissants, brioches, tortas, entre outras opções. Ainda conta com um cardápio à la carte e a cada dia um prato especial inspirado nas delícias da França, o chamado ‘Spécial du Jour’. Além disso, o hotel possui o Bistrot Escoffier, exclusivo aos hóspedes e com especialidades da culinária francesa como boeuf bourguignon e sobremesas clássicas como o creme brulé. O centro de bem-estar do Colline de France oferece opções de terapias corporais, faciais e diversos tipos de massagens. Possui academia para que o hóspede mantenha sua rotina de exercícios durante a viagem e em breve teremos uma nova área com piscina aquecida e sauna”.
Com a pandemia, o Colline de France só registrou queda sensível na frequência de estrangeiros. “Entretanto seguimos recebendo turistas da Argentina, Uruguai, França, Reino Unido e Estados Unidos. Desde a implantação das primeiras restrições, ainda não percebemos um aumento desse público”, afirma a coordenadora de hospedagem, Eva Pinto.

Ainda segundo Márcio, as projeções para a temporada de fim de ano são positivas: “Com a retomada dos eventos, Gramado conseguiu se organizar para que os espetáculos do Natal Luz sejam realizados de acordo com os protocolos de segurança. Isso estimulou muito o interesse e a procura pelo destino. O evento natalino terá início no dia 28 de outubro e se estenderá até o dia 30 de janeiro de 2022. Neste período, Gramado fica toda decorada e as suas incríveis apresentações despertam a magia do Natal. Para os meses de novembro e dezembro já restam poucas datas com disponibilidade. Todavia, para janeiro ainda há suítes disponíveis, além de tarifas diárias mais atrativas”, finaliza o Gerente.
Projeções para o futuro
Para Gabriela Otto, o crescimento do mercado de luxo é um dado concreto: “Com relação ao segmento de luxo em geral, a projeção no Brasil é um aumento de 50% em 2021 com relação à 2020 (BCG). Sem as viagens constantes para o exterior, o brasileiro gerou uma onda de compras de marcas internacionais de luxo tão grande, que as lojas tiveram que aumentar o estoque. O mesmo vale para restaurantes mais requintados, hotéis de alto padrão, etc. Nossa moeda desvalorizada, claro, tornou mais confortável e atraente aproveitar os produtos nacionais. Além disso, a oportunidade de comprar a prazo, exclusividade do País, se conecta totalmente com a cultura de compra do brasileiro. Claro que todos os segmentos foram afetados, mas o mercado de luxo, com certeza, sairá da crise mundial sem precedentes com menos prejuízos que muitos outros segmentos”.
Simone Scorsato prevê um ano difícil: “Apesar de tudo que vivemos em 2020, o impacto da pandemia e a perda imensurável de vidas, o Brasil conseguiu avançar na vacinação (a pressão popular foi muito importante e trouxe resultados) e os nosso protocolos foram, de fato, um diferencial. Agora é enfrentar um ano difícil economicamente e politicamente falando em 2022. Mas acredito muito no potencial do Brasil. Não será rápido mas vejo no futuro o nosso País como um destino fortalecido no turismo”.

Resiliência
Para João Annibale, que encerra com uma reflexão, a resiliência é a palavra que melhor sintetiza o momento: “Não sabemos se a pandemia terminou, se virão outras ondas, ou se passaremos a conviver com mais um vírus mundial. O importante é saber que a hotelaria atravessou guerras, crises financeiras, e a cada desafio torna-se mais sábia e aprende a se adaptar aos novos tempos, às novas exigências e aos novos conceitos de luxo que constantemente se reinventam. É uma indústria viva, dependente do ser humano, que gera muitos empregos e renda, poluindo pouco ou quase nada.
Ou seja, é uma indústria saudável, resiliente e que continuará sempre. Afinal, quem não gosta de se hospedar em um hotel de sonhos onde você se sente a pessoa mais importante do mundo, ainda que sejam por alguns dias?”.