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Hotéis incrementam permutas para enfrentar o momento econômico

A prática que remonta os primórdios da humanidade ganha força no segmento hoteleiro que repõe equipamentos e ainda combate à baixa ocupação

A troca de bens por produtos, serviços ou utensílios remonta os primórdios da humanidade onde se trocava sal por carne de caça, frutas por couro ou peles de animais, ou mesmo arcos e flechas por pedras lascadas que serviam de armas ou mesmo para acender fogo. O sistema de escambo evoluiu, ganhou força e chegou até mesmo às academias de ensino. Durante os primórdios da Universidade de Harvard no século 17, as mensalidades podiam ser trocadas por madeira, gado ou materiais de construção. A chamada moeda escambo evoluiu no tempo e ainda hoje continua sendo uma prática muito comum, mesmo com a evolução tecnológica dos meios de pagamentos. Realizar compras sem desembolsar dinheiro, preservando o fluxo de caixa das empresas é uma prática comum na Europa e em vários países do mundo. Um exemplo é a Argentina, que durante a crise econômica da década de 1990 investiu no desenvolvimento desse mercado. Atualmente, existem dezenas de empresas gerenciadoras de permutas no país vizinho. Outro exemplo é os Estados Unidos, maior mercado de trocas do mundo, onde são realizados anualmente mais de 450 milhões de negócios.

Com a adoção dos meios eletrônicos de pagamentos a indústria da permuta perdeu um pouco o espaço, mas diante do atual cenário econômico mundial, ganhou força total, principalmente no segmento corporativo. Segundo estimativas da IRTA – International Reciprocal Trade Association -, aproximadamente 470.000 empresas permutam um total de US$ 4,5 bilhões de dólares em vendas anuais no mundo.

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Negócio seguro e vantajoso

A permuta multilateral, diferente da troca bilateral, praticada em alguns segmentos, permite uma infinidade de possibilidades de trocas. Os produtos e serviços são ofertados à rede de associados, que por sua vez os compram com créditos gerados pelas vendas de seus próprios produtos e serviços. É um conceito inovador de fazer negócios, que promove o consumo responsável por meio da utilização de estoques parados e capacidade ociosa. Além de contribuir para a redução de custos, já que a empresa pode trocar seus produtos e serviços ao invés de investir caixa em novas aquisições, a permuta multilateral incentiva o uso dos estoques do que já foi produzido. Desta forma, a permuta multilateral estimula a sustentabilidade, ao refrear a produção de novos bens.

Com a atual conjuntura econômica, a popular permuta se consolida com força total no Brasil e vários hotéis estão vendo isto como uma grande oportunidade de negócio ao trocar camas, colchões, equipamentos e utensílios de cozinha, montar uma sala de ginástica ou de reuniões, preservando o fluxo de caixa. Para fazer estas intermediações existe no Brasil a empresa Tradaq que utiliza em suas transações a moeda chamada de único.

A Tradaq trouxe para o Brasil o conceito de permuta multilateral em 2000 e desde então tem seguido como a maior empresa do setor no País. É afiliada à IRTA – International Reciprocal Trade Association, organização internacional que promove os interesses da indústria de permuta pelo mundo. “Atualmente contamos com uma rede de mais de 1500 associados que por meio de seus produtos e serviços transformam capacidade ociosa e estoques parados em dinheiro e liquidez para seus negócios. Esperamos crescer 15% em 2016 dentro do complicado entorno econômico que o País enfrenta, pois representamos uma proposta muito atrativa em tempos de pouca liquidez”, revela José Rivero, Diretor geral da Tradaq no Brasil.

José Rivero: “Hoje os hotéis são responsáveis por 15% das operações realizadas pela nossa empresa”
José Rivero: “Hoje os hotéis são responsáveis por 15% das operações realizadas pela nossa empresa”

Momento de oportunidades

Rivero vê o atual momento econômico que vive o País como uma grande oportunidade e tem percebido o interesse de empresas que procuram a permuta não somente para diminuir custos, mas principalmente para alavancar os seus negócios diante do cenário recessivo, com a prospecção de novos clientes. Rivero projeta uma estimativa de crescimento de 100% para os próximos cinco anos. E um dos setores que mais vai alavancar este crescimento são os hotéis. “O setor hoteleiro possui enorme potencial para a permuta multilateral. Além da constante demanda por parte dos associados, o segmento pode aproveitar os momentos de baixa ocupação para alavancar as vendas e acessar novos clientes. Hoje os hotéis são responsáveis por 15% das operações realizadas pela nossa empresa. Os mais de 1000 associados que temos, buscam constantemente as ofertas de hotéis tanto para negócios como para lazer e os hotéis, por sua vez, procuram desde publicidade e comunicação institucional ate produtos como: linha branca, guarda-sol, móveis de piscina e serviços de tecnologia e informática”, explica Rivero.

A permuta pode ser também uma boa alternativa para os hotéis aumentarem a ocupação dos apartamentos na baixa temporada. Os quartos não vendidos significam receita que deixa de entrar no caixa da empresa, uma vez que não se pode estocá­los para vender quando a demanda aumentar. Em contrapartida, com a venda de diárias em permuta o hotel transforma quartos e apartamentos em oportunidades de negócios. O mesmo vale para o setor de turismo, seja para as locadoras que não conseguem estocar diárias de carros não vendidos, como para companhias aéreas que não estocam assentos desocupados.

Ferramenta comercial

O Hotel Vacance, localizado em Águas de Lindóia, interior de São Paulo, é um dos empreendimentos que utiliza a permuta com uma eficiente ferramenta comercial. “Através da empresa Tradaq já adquirimos piso laminado, carpetes, mídia impressa, outdoor, locação de bens móveis, gêneros alimentícios diversos, móveis de escritório, material elétrico e hidráulico, granito e mármore, material gráfico, enxoval diverso de cama, mesa e banho, hospedagem em outros hotéis e até serviços de entretenimento que chega ao valor de R$ 1,5 milhão. Considero interessante este sistema de permutas em virtude do que ele pode representar ao estabelecimento de parcerias comerciais que proporcionam indiretamente a divulgação de sua marca e a difusão dos seus serviços com maior fidelidade. Portanto, indo muito além da simples operação de troca entre fornecedores distintos”, analisa Flávio De Lucca, Gerente do Vacance Hotel. Segundo ele, no momento está negociando a aquisição de carpete de alto tráfego que tem como propósito a inovação do centro de convenções.

O Hotel Casa Grande no Guarujá é outro meio de hospedagem que utiliza o sistema de permuta
O Hotel Casa Grande no Guarujá é outro meio de hospedagem que utiliza o sistema de permuta

Outro tradicional meio de hospedagem que utiliza permuta para é o Casa Grande, localizado na praia da Enseada no Guarujá (SP). “Nós já trabalhamos com o sistema de permuta há mais de 20 anos, pois facilita o processo de renovação e manutenção de nossos equipamentos. Ao longo deste período, fizemos inúmeros produtos e serviços, e entre outros, está uma divisória acústica para sala de reunião, tapetes e carpetes para diversas áreas do hotel que teve um valor aproximado R$150 mil. Devemos incrementar ainda mais as permutas em 2016 em razão do atual momento econômico que incentiva e promove esta modalidade de negócio”, destaca o Gerente de hospedagem, German Montoya.

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Edgar J. Oliveira

Diretor editorial - Possui 31 anos de formação em jornalismo e já trabalhou em grandes empresas nacionais em diferentes setores da comunicação como: rádio, assessoria de imprensa, agência de publicidade e já foi Editor chefe de várias mídias como: jornal de bairro, revista voltada a construção, a telecomunicações, concessões rodoviárias, logística e atualmente na hotelaria.

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