Entrevista

Hospedagem cai e eventos sobem na hotelaria carioca – Entrevista com Alfredo Lopes

A cidade do Rio de Janeiro registrou uma queda na taxa de ocupação hoteleira no final do ano passado, assim como no último carnaval. A região da Barra da Tijuca foi a mais afetada e isto pode ser atribuído aos novos empreendimentos. Dos 15 mil novos quartos que estão entrando em operação na capital fluminense antes das Olimpíadas de 2016, 11 mil são na Barra da Tijuca.

Com isto, a oferta de leitos será suficiente para atender aos turistas que chegam para a Copa do Mundo de 2014, assim como para as Olimpíadas de 2016. Isto é o que garante Alfredo Lopes, Presidente da ABIH/RJ – Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Estado do Rio de Janeiro. Ele vê como natural que em período de grandes eventos a procura cresça e seja natural que o tarifário sofra incremento. A ocupação estimada por ele para a Copa do Mundo de 2014 é de pelo menos 90%, especialmente entre os empreendimentos de 3 a 5 estrelas.

Os legados que Copa do Mundo e Olimpíadas vão deixar para o Rio de Janeiro e o incremento do turismo de negócios que foi responsável por cerca de 50% da ocupação hoteleira em 2013, também são abordados nesta entrevista exclusiva com Alfredo Lopes.

Revista Hotéis – A taxa de ocupação hoteleira da cidade do Rio de Janeiro sofreu queda no final do ano passado, assim como neste último carnaval. A que se deve esta queda e qual a região que mais afetada?
Alfredo Lopes – O parque hoteleiro carioca está sendo ampliado. De 2010 até as Olimpíadas, teremos colocado em operação cerca de 15 mil novos quartos, um incremento de quase 50% na nossa oferta de acomodações. É natural que, com o aumento da oferta de leitos a demanda seja diluída. Todas as regiões foram afetadas. Isso só aumenta o nosso desafio de atrair novos mercados, trazer mais turistas e fazer com que esse crescimento se dê de forma sustentável. Isso só acontece com uma forte campanha de divulgação do destino.

Revista Hotéis – A Barra da Tijuca é apontada por alguns estudos de mercado como uma região saturada para se construir novos hotéis. Como você analisa esta região, quantos empreendimentos foram projetados e qual o impacto que isto terá na taxa de ocupação e diárias?
Alfredo Lopes– A Barra da Tijuca é a região que lidera os investimentos. É um case de expansão. Somente na região, serão 11 mil novos quartos até as Olimpíadas. Porém, o bairro não é conhecido como destino no Brasil e no exterior, então, para que esse crescimento se dê de forma sustentável será necessário um grande esforço de promoção.

Revista Hotéis – O que os investimentos hoteleiros que a região do Porto Maravilha está recebendo poderá impactar no segmento?
Alfredo Lopes – O Porto deverá se desenvolver muito nos próximos anos. A região está recebendo investimentos estratégicos e certamente será um sucesso à exemplo de outros processos de revitalização similares pelo mundo.

Revista Hotéis– Um estudo mercadológico divulgado no ano passado pela ECA International coloca a cidade do Rio de Janeiro como a quarta mais cara para se viver nas Américas. Isto impacta no aumento das diárias hoteleiras que estão acontecendo?
Alfredo Lopes – Sem dúvida o custo de vida e os encargos do setor impactam no valor da diária média. Outra questão é o momento em que a cidade vive, os grandes investimentos sejam injetados e o reposicionamento do destino frente aos principais destinos turísticos do mundo. Em período de grandes eventos e procura cresce e é natural que o tarifário sofra incremento. Isso acontece em qualquer cidade do mundo nos períodos mais concorridos.

Revista Hotéis – Atualmente qual é o preço médio da diária hoteleira da cidade do Rio de Janeiro e a estimativa para os jogos da Copa do Mundo de 2014?
Alfredo Lopes – A estimativa de ocupação é de 90% para o período da Copa do Mundo e as diárias estão em cerca de US$ 180 a US$ 450.

Revista Hotéis – A capacidade hoteleira do Rio de Janeiro será suficiente para atender a demanda dos turistas que vão visitar a cidade no periodo da Copa do Mundo de 2014?
Alfredo Lopes – A oferta de leitos será suficiente para atender aos turistas que vêm para o mundial.  A maior demanda está concentrada no período de jogos. A respeito dos preços, é natural que haja um incremento nas tarifas em função da grande demanda, isso é lei de mercado. A entidade está acompanhando, junto aos órgãos fiscalizadores e caso seja comprovado qualquer preço considerado abusivo o hotel estará sujeito à medidas legais.

Revista Hotéis– Muitas famílias estão alugando seus próprios imóveis para períodos, como o da Copa do Mundo. Isto poderá ser prejudicial a hotelaria instalada?
Alfredo Lopes – Não são modelos concorrentes, não dividem o mesmo público.

Revista Hotéis – A Match Hospitality devolveu muitas reservas de hospedagens contratadas no último dia 31 de janeiro em cidades sedes. Houve devoluções de diárias na cidade do Rio de Janeiro ou acredita que poderá haver?
Alfredo Lopes – O cenário no Rio está bem diferente das outras cidades que receberão jogos para a Copa do Mundo. Para os dias de jogos praticamente não houve devolução. O índice de devoluções para o período sem jogos é pequeno. A procura continua aquecida. A ocupação estimada é de pelo menos 90%, especialmente entre os empreendimentos de 3 a 5 estrelas.

Revista Hotéis– Qual é o legado que a Copa do Mundo deixará para a cidade do Rio de Janeiro?
Alfredo Lopes– Os legados são muitos e incontestáveis. Vão das obras viárias, transporte público, melhoria dos aeroportos, renovação do parque hoteleiro, entre outros. A infraestrutura da cidade como um todo será impactada positivamente. Isso atende tanto ao turismo, quanto para os moradores da cidade.

Revista Hotéis – A cidade do Rio de Janeiro sempre teve a vocação de sol e mar para atrair turistas, mas nos últimos anos está descobrindo a vocação para atrair eventos. O que este nicho de mercado representa na taxa de ocupação e o que se pode esperar para os próximos anos?
Alfredo Lopes – Segundo levantamento da ABIH-RJ, o turismo de negócios foi responsável por cerca de 50% da ocupação hoteleira em 2013.  Com exceção dos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, em todos os outros meses o principal motivo de visita de turistas foi o trabalho/negócios e convenções/feiras. O calendário do Rio Convention & Visitors Bureau já tem 95 feiras e congressos agendados. Eles serão responsáveis por uma receita estimada superior a US$ 443 milhões. A nossa expectativa é que 2014 ultrapasse os números de 2013 em público, receita e número de eventos.

Revista Hotéis – O que existe de fato na possibilidade do Rio de Janeiro ter um novo centro de eventos que poderá ser no aterro do Flamengo? Este é uma necessidade premente ou os centros disponíveis são suficientes para atender a demanda?
Alfredo Lopes – Existe. Com o Riocentro, na Zona Oeste, e o Píer Mauá, na Região Portuária, ficaria faltando apenas um centro de convenções de grande porte na Zona Sul para equilibrar o turismo de negócios da cidade, principalmente na baixa temporada. A região, por exemplo, é responsável por 68% da hotelaria carioca. Cabe a Prefeitura do Rio estudar a viabilidade de construção em locais como os fortes do Leme e do Posto Seis, Marina da Glória e o Centro de Convenções do Hotel Nacional, que pode ser revitalizado independente do hotel.

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