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Escassez de insumos impacta nos custos dos produtos da hotelaria

Está faltando sebo bovino, algodão, celulose, cobre, inox, alumínio, madeira, plásticos, produtos químicos, derivados do petróleo, entre outros insumos. E quando aparecem no mercado, os preços são altíssimos

Em tempos de pandemia da COVID-19, a maioria dos hoteleiros estão preocupados com treinamento de equipe, segurança sanitária, melhorar a taxa de ocupação e reduzir custos operacionais. Mas um custo que ele não prevê é o aumento nos produtos que estão sendo repostos ou adquiridos para iniciar uma nova operação. E mesmo que pague mais caro, corre o risco de desabastecimento, podendo comprometer a operação e de nada adiantou os investimentos realizados na retomada se faltar sabonete, enxoval de cama, colchão, equipamentos de cozinha, mobiliário, entre outros. E a origem disso, é uma somatória de fatores provocados com a paralização das atividades industriais no último mês de março, no início da pandemia da COVID-19. Isso fez com que as indústrias de bases que processa os insumos como o sebo bovino, algodão, celulose, chapa de aço, plástico, inox, cobre, alumínio, madeira, produtos químicos, derivados do petróleo, entre outros ainda não conseguiram acompanhar a demanda do consumo interno e externo que está aquecida.

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Um termômetro desse aumento é o consumo “formiguinha”, pois na quarentena da COVID-19 os consumidores começaram a fazer aquelas pequenas reformas em casa que nunca tinha tempo de realizar. E o auxílio de R$ 600,00 que o Governo Federal concedeu a milhares de pessoas, acabou ajudando a fomentar essas pequenas reformas. Somado a isso, está o mercado da construção imobiliário muito aquecido em razão da taxa de juros Selic em apenas 2% ao ano, o menor índice da história. Com isso, cimento, ferro, aço, produtos de PVC e de cobre estão desaparecendo do mercado.

Um bom indicador que a economia está aquecida é o Índice de Confiança do Empresário Industrial medido pela CNI – Confederação Nacional da Indústria que em abril estava no pior índice da história.  Mas registrou uma série de alta e no mês de setembro chegou a 61,6 pontos, 4,6 pontos percentuais maior que agosto. Mesmo depois de cinco altas consecutivas o indicador está 3,1 pontos abaixo do registrado no mês imediatamente anterior à pandemia do novo coronavírus, em fevereiro (64,7 pontos).  O clima de otimismo está mais elevado e disseminado entre os empresários da indústria brasileira. Com o aumento da confiança, a indústria deve voltar a contratar trabalhadores e a investir, estimulando o processo de retomada da economia, destaca o relatório técnico do estudo.

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Escassez de insumos impacta nos custos dos produtos da hotelaria
O Índice de Confiança do Empresário Industrial tem crescido nos últimos meses conforme demonstra esse gráfico (Foto: Divulgação)
Pedidos suspensos

E tem muitas indústrias que não estão aceitando mais pedidos nesse ano em razão da escassez dos insumos e matérias primas em natura que estão sendo exportadas para outros países, como a China. E o que fica no mercado interno não é suficiente para atender a demanda e por isso impacta em preços bem altos. A explicação é diversa, pois se for derivado de petróleo ou commodities, esbarra na variação cambial do dólar, mas tem muitas empresas que se constituem verdadeiros carteis no setor que controlam os preços. E quem não pagar os aumentos absurdos, fica sem os insumos.

Francisco Santos, Sócio-diretor da Padrão Argil, uma das mais tradicionais implantadoras hoteleiras do Brasil, está bem perplexo com a situação. A empresa tem contrato de implantação de hoteis com pesadas multas contratuais em relação ao prazo de entrega. “Estamos sofrendo muita pressão por parte dos fornecedores para fechar com urgência tudo que necessitarmos receber até dezembro. Além da pressão de preços também temos uma escassez de matéria prima em vários setores como falta de cobre (principais minas de cobre estão no Chile e Peru onde o período de lockdown foi mais extenso) e o cobre está muito ligado a atividade industrial. Usamos cobre em materiais elétricos, fios e cabos, na produção de latão para fabricar torneiras e acessórios de banheiro entre outros”, lembra Santos.

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Escassez de insumos impacta nos custos dos produtos da hotelaria
Francisco Santos: “Mesmo com os fortes aumentos, está faltando insumos no mercado” (Foto: Divulgação)
Escassez de insumos

Ele enumera a escassez de outros insumos e matérias primas que fica sabendo no contato do dia a dia com os fornecedores. “Existe falta de plástico no mercado e vários fabricantes de tubos e conexões de PVC estão com vendas suspensas sem previsão de volta. Falta espuma para indústria de estofados e colchões, assim como sumiu do mercado o alumínio, latão, aço inox e ferro. Parece que em 2020 estamos vivendo o ano do apocalipse”, menciona Santos se dizendo preocupado. “Nesse mês de outubro recebemos sinal verde de um cliente para iniciar uma implantação de todo o FF&E e HO&S em um empreendimento novo em São Paulo. Afim de evitar que falte produtos na implantação e isso atrase a entrega, estamos negociando com grandes fornecedores estratégicos numa programação de compras”, assegura Santos.

Em relação aos aumentos de preços que estão acontecendo e que pode inviabilizar uma implantação, Santos diz que: “Nos contratos que temos preço fechado de forma preço alvo global, a Padrão Argil é 100% responsável pelos aumentos de preços e não repassamos a nenhum cliente esses aumentos. Porém nos contratos onde fomos contratados na modalidade taxa de administração, a responsabilidade dos aumentos é dos clientes. E diante do quadro de desabastecimento, contratamos uma trading company para trazer produtos internacionais para suprir eventuais faltas no Brasil”, concluiu.

 

Confira a seguir como alguns tradicionais fornecedores da hotelaria estão lidando com a situação

Colchão Onix

Mesmo fazendo parte do Grupo Claudino, um dos maiores grupos empresariais do País, com sede em Teresina (PI), que faz compras em grandes volumes, a Socimol sente os impactos dos aumentos dos insumos na fabricação dos Colchão Onix. “Nos últimos meses, todos os insumos registraram aumentos, desde arames, químicos e têxteis. Os fornecedores alegam a variação cambial, escassez de matérias primas e concorrência com outros países. Trata-se repasse de todas as etapas na cadeia produtiva. Por exemplo, no caso dos têxteis desde o fio, tratamentos, transportes. Em razão da pandemia da COVID-19, a descontinuidade da demanda de insumos foi muito brusca, pois o Brasil é muito dependente da manufatura de países como a China. Além da concorrência internacional, as comodities e a logística de transporte demora um pouco para retomar. Infelizmente os aumentos foram significativos, já trabalhamos com uma margem enxuta para obtermos competitividade, por isso, tivemos que repassar os aumentos. Acreditamos numa busca incessante por melhores preços, cabe ao hoteleiro pesar e realizar uma análise dos benefícios de produtos e suporte agregado que a nossa empresa oferece”, destaca João Vicente Claudino, Vice-presidente do Grupo Claudino.

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Escassez de insumos impacta nos custos dos produtos da hotelaria
João Vicente Claudino: “Mesmo com a escassez de matéria prima e da pandemia da COVID-19, não paralisamos a produção de colchões em respeito aos nossos clientes” (Foto: Divulgação)

Segundo ele, a Socimol foi uma das poucas empresas no País que não paralisaram a fabricação de colchões por falta de matéria prima em razão da importância do setor hoteleiro para os negócios da empresa. Mas que está difícil manter a produção. “Algumas plantas de produtos químicos estão em manutenção ou foram desativadas. Os produtos químicos atendem a uma demanda muito ampla de produtos, por isso cada segmento necessita de uma quantidade para manufaturar os seus produtos. Mas com muita determinação, estamos superando os desafios e ampliando a nossa capacidade de produção em 25% até o final desse mês de setembro. O objetivo é atender ao aumento da demanda no varejo e buscar recuperar as receitas perdidas na pandemia até o final de 2020”, conclui João Vicente.

São Rafael

A empresa é a principal fabricante de câmaras frigoríficas do Brasil, com forte atuação na hotelaria nacional, e parte de seus insumos são totalmente dolarizados e atualizados pela variação cambial até a data de seu faturamento. Mas mesmo assim, alguns destes insumos sofreram aumentos significativos mesmo em dólar, pois o problema tem origem nas unidades de produção da Europa e Ásia, principalmente. “Estamos falando dos componentes de matéria prima como, por exemplo, o poliuretano e neste se destacou o isocianato com aumento em dólares de 35%, além da variação cambial do período de janeiro até este momento entre 35 e 40%. Esse aumento significativo em dólar, ninguém consegue absorver e mesmo com algum estoque estratégico somos obrigados a atualizar os preços. Como grande parte de nossos clientes são empresas multinacionais, vivemos há anos fazendo estas negociações o que torna uma tarefa árdua”, revela Augusto Dalman Boccia, Diretor Administrativo da São Rafael.

Ele não culpa os especuladores de plantão pela alta dos preços dos insumos e nem que seja necessária uma intervenção na política de preços por parte do Governo, mas talvez na política cambial, mas já perderam este momento e faz um alerta. “No início da retomada de muitos negócios, com certeza enfrentaremos um enorme desafio para recompor os estoques de diversos produtos. Temos que esperar a retomada total da produtividade de muitos setores para equilibrar os mercados e acreditamos que isto deve acontecer até o final do próximo mês de dezembro”, prevê Boccia.

DM Móveis

Mesmo o Brasil sendo um dos maiores produtores mundiais de madeira e dela se derivando as chapas de MDF, MDP, MDF, que são essenciais na fabricação de mobiliário com projetos mais agregados, e as chapas MDP para projetos mais econômicos, houve aumentos recentes. “Em alguns acabamentos com maior consumo, esses aumentos de fábrica superam 10% nesse ano, mas a maioria está em torno de 7%. Isso era todo aumento esperado para 2020, mas possivelmente haverá mais um aumento até o final do ano. Em relação as revendas de outros materiais que usamos, o aumento chega a 20%, puxado pela alta de fretes e aumento repentino de demanda. No momento as negociações são constantes no mais puro método ‘estica e puxa’ para não repassar valores em contratos em andamento ou com negociação avançada, o que será inevitável em contratos futuros, pois os índices estão muito elevados”, diz Valdecir Alano, Gerente Comercial da DM Móveis, um tradicional fornecedor para a indústria hoteleira no Brasil.

Ele explica que esses aumentos são em razão da demanda causada por milhões de pequenos consumidores que tiveram antecipações de férias e outros recebíveis. Somado a isso, o tempo extra da quarentena da COVID-19 que os motivaram a fazer reformas ou comprar móveis e decorações. A alta do dólar também contribuiu para os aumentos dos insumos de madeiras e a falta de estoques regulares. “A expectativa é que o mercado se regule em março 2021, onde empresas voltarão a ter necessidade de colocar seus estoques no mercado, demanda e cambio relativamente estabilizados. Hoje não há estoque e sim filas de pedidos na cadeia de suprimentos”, assegurou Alano.

Metalworks

O Diretor da Metalworks (Crismoe), Sérgio Moelin, revela que desde janeiro estão ocorrendo aumentos acentuados nos insumos e que isso impacta na composição dos preços de seus produtos e enumera os aumentos: “No latão chegou a 60%, na solda 50%, no inox 26%.  A alegação dos fornecedores desses metais é a valorização desses produtos negociados na LME – London Metal Exchange que ainda é agravado pela variação cambial do dólar. Outro momento que chegou a 15% nos últimos meses é das caixas de papelão e a explicação dos fabricantes é no mínimo curiosa. falta matéria prima porque os catadores de papeis estão recolhidos em suas casas em razão da pandemia da COVID-19”, revela Moelin.

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Desbravador

 

Escassez de insumos impacta nos custos dos produtos da hotelaria
Sérgio Moelin: “Tivemos aumento de 60% no latão nos últimos meses” (Foto: Divulgação)

Ele destaca que além de aumentos abusivos, está difícil encontrar certos tipos de matérias primas no mercado. E mesmo a empresa trabalhando com estoque estratégico, não consegue negociar descontos ou redução nos aumentos. “Creio que com essa falta de matéria prima no mercado, nem os grandes volumes de compras, irão conseguir descontos. Com isso, estamos repassando aos clientes parte desses aumentos, pois já absorvemos o que podíamos. Mas no caso dos hotéis, as negociações se iniciam as vezes mais de um ano até o fechamento final. Assim, fica mais fácil negociar uma alteração no orçamento”, concluiu Moelin.

Prática Fornos

A empresa é uma das principais fornecedoras de fornos combinados para a hotelaria e de equipamentos de panificação, além de possui a divisão Klimaquip. De acordo com Milton Machado, Diretor comercial da empresa, ela está registrando aumentos significativos nas matérias primas e componentes e detalha os aumentos. “O níquel tem subido constantemente afetando o preço do aço inox, que chegou a subir 25%. Por isso acredito que os órgãos de controle deveriam olhar essa questão do aço inox, praticamente monopolizado, com certas restrições protetivas que impedem um processo de importação mais competitivo. Como trabalhamos com vários itens importados, como os componentes eletrônicos e elétricos, eles estão sendo afetados pela desvalorização do real frente ao dólar. Mas há também um aumento muito grande da linha de motores fabricados por empresas brasileiras em especial por conta do aumento da demanda da linha branca. Existe o risco real de desabastecimento de alguns itens, em especial motores elétricos e unidades condensadoras para a linha de refrigeração”, diz Machado.

Para ele, os aumentos refletem a conjuntura atual, onde a desvalorização do real tem um impacto importante, além do efeito da pandemia, que gerou certo desabastecimento por conta de paradas de produção. “Devido à pequena reação do mercado a indústria não está preparada para esse aumento produtivo de forma rápida. Por isso, a demanda é maior que a oferta e impacta nos aumentos que temos absorvido parte deles. Como o mercado está reduzido e as oportunidades raras, as negociações estão sendo muito favoráveis aos compradores, obtendo descontos significativos da indústria, especialmente para compras em lote”, concluiu Machado.

Harus

A empresa é uma das mais tradicionais fornecedoras de amenities para a hotelaria nacional, além de distribuir outros produtos através de sua divisão de Soluções em Hospitalidade. E diante dos aumentos sem precedentes que estão ocorrendo em insumos adquiridos pela empresa na fabricação de amenities, o Diretor geral, Luiz Roberto Magrin Filho é enfático em afirmar que: “O mercado está completamente descontrolado, sem limites e com aumentos semanais. Quando fazemos cotação de preços de insumos eles são válidos por apenas uma semana. A massa base para sabonete já ultrapassa 120% de aumento em um ano. A JBS que tem hegemonia na fabricação desse insumo no Brasil, alega que o sebo bovino, principal componente da massa base do sabonete, está sendo muito utilizado na fabricação de biodiesel e existe falta desse produto no mercado. Nos últimos três meses tivemos que adquirir nossas embalagens plásticas com um aumento de 110%. A alegação dos fabricantes é o impacto do dólar, mas na verdade eles estão preferindo exportar o produto com o câmbio favorável do que abastecer o mercado interno e já existe falta de matéria prima”, revela Magrin Filho.

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Ameris

 

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Luiz Roberto Magrin Filho: “O mercado está completamente descontrolado, sem limites e com aumentos semanais” (Foto: Divulgação)

Na opinião dele, os aumentos são abusivos, oportunistas e desnecessários. “Se houve variação cambial, com certeza ela não impactou os aumentos nesta proporção. Os fabricantes querem na verdade é reajustar margens de lucros. Mesmo negociando em grandes volumes, não estamos conseguindo melhores preços e vivenciando uma situação única. Temos um grande volume em estoque no qual conseguimos amenizar um pouco os aumentos e não repassar na integridade para nossos clientes e contratos. O caos está instalado, acredito que deveria ocorrer alguma intervenção do governo como zerar alíquotas de importação”, sugere Magrin Filho.

 

Teka

Essa que é uma das maiores indústrias têxteis do Brasil, sofreu um grande impacto nas vendas no segmento hoteleiro em razão da suspensão das atividades e intensificar outros mercados foi a solução encontrada. “Durante o auge da COVID-19, tivemos que intensificar ações em outros mercados como no varejo e no segmento hospitalar que está bastante aquecido no período. Introduzimos EPI’S (Equipamentos de proteção individual) em nosso portfólio, as quais em representaram fatia relevante em nosso faturamento.  Passado o pior da pandemia, observamos retomada forte do consumo, resultando em demanda bastante além de nossa capacidade de atendimento. Panorama este que deve se reequilibrar ao longo dos próximos meses, à medida que se equaciona a falta de sincronismo que os diversos setores industriais tiveram na retomada das atividades”, revela Márcio Hoffmann, Diretor comercial da Teka.

Em sua visão, mesmo o segmento de varejo e hospitalar compensando a queda de vendas para a hotelaria, o forte impacto nos insumos e matérias primas, como o algodão e fios preocupa, assim como a escassez de plásticos e papelão no mercado. “Grande parte do aumento de custos está atrelado à exportação de commodities, favorecida pelo dólar valorizado que favoreceu a exportação. Mas encareceu certos insumos importados como poliéster, pigmentos e corantes, entre outros, e alguns já com algumas limitações de oferta. A Teka sempre procura amenizar ao máximo os repasses de custos, seja através de ganhos internos de produtividade ou mesmo reavaliação de margens, caso estas não estejam no mínimo viável. Ainda assim, com diversos aumentos combinados a empresa buscou absorver grande parte deste impacto”, concluiu Hoffmann.

Aluminas

A tradicional fornecedora de mobiliário para área externa na hotelaria sente os efeitos do aumento do alumínio, corda náutica, fibra sintética, tinta, madeira, tela, espuma, tecidos, entre outros insumos. “Os fabricantes alegam falta de matéria prima básica no mercado, em função das plantas ficarem desativadas no período da pandemia. Existe também a falta de importação no período, alta do dólar e aumento da demanda muito rápida, fatores esses que fizeram um desiquilíbrio na lei da oferta e procura”, revela Adarlan Rodrigues, Diretor presidente da Aluminas.

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Adarlan Rodrigues: “Esses aumentos são abusivos, sem programação ou aviso antecipados e poderiam sim ser fiscalizados por órgão governamentais” (Foto: Divulgação)

Segundo ele, os percentuais de aumento estão sendo bem altos, não existe estabilidade e segurança de preço. “Esses aumentos são abusivos, sem programação ou aviso antecipados e poderia sim ser fiscalizados por órgão governamentais. Chegamos à situação de cotar um insumo na parte da manhã e o fornecedor já não garantir o mesmo preço no final do dia. E mesmo pagando à vista não estamos conseguindo negociar, pois os fornecedores estão inflexíveis em relação ao aumento, ou você paga ou não tem a matéria prima. Por isso, estamos repassando parte desses aumentos desde maio deste ano e com isso nos obrigando a antecipar um reajuste de tabela que aconteceria somente em novembro. A maioria dos clientes estão entendendo esses aumentos, até porque está estampado em todos os segmentos comerciais, em todos os gêneros de consumo no Brasil. Acreditamos em uma retomada dos hotéis para 2021, e que essa situação se normalize com redução de preços de matéria prima para juntos fornecedores e clientes possamos voltar a fazer negócios que resultam satisfação para ambos”, prevê Rodrigues.

VAG Confecções

A empresa que é tradicional fornecedora de cortinas, colchas, edredons, peseira, capas duvet e enxoval decorativo para a hotelaria nacional, tem boa parte dos insumos importados da China que reduziu a produção em razão da COVID-19. E somado a isso, a variação cambial do dólar também impactou nos custos de produção. “Com isso, estamos tendo que repassar parte dos aumentos, mas tentando fazer uma conta justa. Nossos clientes estão sendo muito parceiros e compreendendo essa nova situação de negociação, assim como nossos fornecedores que parcelam as compras em mais vezes. Em alguns casos, estão passando descontos maiores para volumes maiores”, revela Vanessa Andrade Gomes, Diretora da empresa.

Ela diz que em razão da redução da oferta não estar acompanhando o aumento da produção, todos os fornecedores de tecidos estão zerados, com entregas previstas para os próximos 60 dias. “Com isto, a produção de nossos artigos como cortinas e almofadas está bem comprometida, mas estamos nos organizando para que nos próximos meses, tenhamos matéria prima. E para evitar o desabastecimento, estamos deixando alguns artigos semiprontos, para poder atender com prazo e qualidade, nossos clientes fidelizados. Percebo que os clientes hoteleiros estão se preparando para a alta temporada, pois o turismo nacional promete ter um grande aumento”, prevê Vanessa.

Móveis Delucci

Madeiras, colas e espumas estão sendo os insumos com maior aumento de preços enfrentados por esse fabricante gaúcho de mesas, cadeiras, banquetas, poltronas e acessórios. “Praticamente não existe margem para negociação, os insumos para a fabricação de móveis estão faltando de maneira geral o que acaba contribuindo para esta inflexibilidade nos preços. Viemos nos últimos meses sacrificando as margens de lucro em virtude do atual cenário nos propondo a absorver boa parte dos aumentos. Tivemos que repassar o percentual devido na madeira que é nosso maior insumo, mas mesmo assim estamos conseguindo conduzir as negociações que tínhamos com hotéis sem grandes aumentos. Temos notado que vários empreendimentos hoteleiros, principalmente aqueles que buscavam uma troca de seu mobiliário antigo optaram por cautela, estão esperando um momento mais oportuno para a compra”, diz Cintia Weirich, Diretora da Móveis Delucci.

Escassez de insumos impacta nos custos dos produtos da hotelaria
Cintia Weirich: “Em razão da falta de algumas matérias primas e sem previsão de entrega, isso poderá encerrar as vendas de alguns itens mais cedo nesse ano” (Foto: Divulgação)

Em razão da falta de algumas matérias primas e sem previsão de entrega, isso poderá encerrar as vendas de alguns itens mais cedo nesse ano. “Exemplo disso são as palhas que utilizamos em alguns modelos de nossas cadeiras. Temos pouco estoque e quando ele acabar, não poderemos mais oferecer esta opção ao mercado, pelo menos até o fornecimento se normalizar”, revelou Cintia.

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Edgar J. Oliveira

Diretor editorial - Possui 31 anos de formação em jornalismo e já trabalhou em grandes empresas nacionais em diferentes setores da comunicação como: rádio, assessoria de imprensa, agência de publicidade e já foi Editor chefe de várias mídias como: jornal de bairro, revista voltada a construção, a telecomunicações, concessões rodoviárias, logística e atualmente na hotelaria.

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