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Efeitos e projeções hoteleiras em relação ao COVID-19

Artigo de Mario Cezar Nogales*

A hotelaria está acostumada a números, estatísticas, análises; principalmente aqueles que trabalham com a conduta de gestão de receitas (revenue management). Quando estamos analisando nossos dados para projeções futuras e flutuação tarifária, não nos basta apenas vislumbrar o número de UH’s vendidas, mas se nos é imperioso saber o número de hóspedes, idade, sexo, identidade sexual, localidade, necessidades, meio de transporte, enfim, uma variada gama de informações para que nossas ações sejam precisas e cirúrgicas para assim alocar recursos com marketing, vendas, tipo de UH, serviços a serem prestados, equipe a ser formada e preços a serem configurados, ou seja, estamos acostumados a dados estatísticos científicos que corroborem a nossa tomada de decisão.

Quando no deparamos com os dados, a exemplo, do estado de São Paulo com relação ao COVID-19, apenas encontramos: Número de Infectados, Número de Mortos e Localidade e dai vem a pergunta, como é que o Governo faz para tomar decisões como a manutenção do período de quarentena e/ou as medidas a serem tomadas, como no caso da ampliação do rodizio de veículos na cidade de São Paulo?

Como não há transparência nas informações, não há como saber de onde e de qual “cartola” os prefeitos e governadores estão “tirando” suas ações e nos fazem crer que ou estão de má fé; ou o fazem por puro achismo; ou de fato estão em guerra política.

Vejam o exemplo do Estado de Nova Iorque nos Estados Unidos, os dados estatísticos informam não apenas de onde a pessoa que contraiu o COVID-19 vem, mas demonstram situação de trabalho, se estava isolada, quantas pessoas residem na mesma casa, sexo, enfermidades presentes, enfim, uma gama de informações os quais nós hoteleiros estamos acostumados e assim podem realizar ações corretas sobre isolamento, quarentena, ações sociais etc.

O coronavírus já é conhecido pela ciência desde 1960, mas teve uma mutação na China e ficou mais perigoso – Foto- Vektor Kunst iXimus – Pixabay

Não que no Brasil não haja pessoas pragmáticas e que tenham conhecimento suficiente para elucubrar estes dados e realizarem análises de como estão se propagando e quais seriam as projeções corretas para tomada de decisões, vejam o exemplo de Sami Dana que é um economista, professor da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas e comentarista da rádio Jovem Pan. Ele junto com uma equipe que inclui matemáticos e médicos desenvolveram algoritmos para previsão de picos e pessoas que podem ser acometidas pelo COVID-19 de forma gratuita para os governos municipais e estaduais onde todos os envolvidos trabalham em pro bono e que foi até citado, hoje, pelo Imperial College da Inglaterra e pasmem, é possível contar nos dedos os políticos que aceitaram trabalhar com eles (Romeu Zema é um deles, segundo o próprio Dana).

Logo, é fácil definir que o Governador do Estado de São Paulo, João Dória, onde atualmente tem um apoio popular pífio e conseguiu a ira de vários setores e cidadãos que já o querem depor, não deixará o Estado de São Paulo sair da quarentena até as eleições de 2022, pois, como demonstrou hoje, utilizando de questões emotivas e sem parcimônia nenhuma decretou a ampliação da quarentena até o dia 31 e sem dúvida, quando chegar o fim do mês fará nova prorrogação e assim sucessivamente, uma vez que, como já citado, os dados oficiais não são de forma clara, transparente ou de que sejam reais, haja visto as várias comparações com número de mortes em saúde com o ano anterior.

Os poucos hotéis que estão abertos no Estado em alguns municípios, pois o decreto estadual não fecha os meios de hospedagem e em grande parte os que assim nos fecharam foram os prefeitos em cidades turísticas como o de Ubatuba, estão tendo uma ocupação baixa em torno dos trinta porcento e os Estados que estão fazendo a abertura moderada já estão contabilizando os mesmos números no turismo, ou seja, mesmo após o fim da quarentena não poderemos esperar um crescimento em nosso meio de forma a retomar o que estávamos tendo até março de 2020.

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Quando esta crise passar, e vai passar, poderemos estar retornando aos números de 2003 onde tínhamos um mercado do tamanho de um terço do que estávamos tendo em 2020, obviamente que não haverá espaço para todos e a acomodação será natural, administradoras deixarão de administrar os meios que até então estavam a frente, novas marcas surgirão e podemos prever que pelo menos um terço da disponibilidade de UH’s encerrarão suas operações dando lugar a novos empreendimentos, ou seja, sobreviverão aqueles que forem de fato administradores de seus negócios já que as necessidades dos hóspedes terão adições e não perdoarão aqueles que não as cumprirem.

Todos os hotéis que até o início desta crise não tinham, em seus procedimentos, regulamentos rígidos quanto a qualidade de higienização, limpeza e desinfecção de suas UH’s (o que já deveria ser padrão haja visto a quantidade de enfermidades que estão em risco nossas camareiras) terão maior dificuldade em adotá-los e assim terão maior propensão e deixarem de existir.

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Aqueles meios que não apresentarem de forma transparente e criteriosa seus procedimentos perante a seus hóspedes e clientes estarão fadados ao ostracismo e digo isto com conhecimento de causa pois todos, sem exceção, deverão ser rígidos no controle de gastos e custos, terem um planejamento sério e criterioso e terem processos que aliem a qualidade ao preço que seu cliente e hóspede estará disposto a pagar.

Os primeiros meios de hospedagem que se enterrarão logo de largada serão aqueles que não conseguem montar sua tabela de preços de forma consciente e com planos de ação para o primeiro ano com visão até cinco anos, e estes demonstrarão suas “garras” com preços baixos entrando diretamente nesta guerra (os quais a tempos chamo de hotéis zumbis, uma vez que estão mortos e muitas vezes conseguem morder seus concorrentes que acabam cedendo à guerra tarifária).

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Acredito que uma boa parcela do trade já esteja em informado e está “roendo suas unhas” com mais esta “patacada” do Governador do Estado de São Paulo e medidas enérgicas devem ser tomadas pela sociedade para que este tipo de governo não prospere até 2022 pois como já sabemos, o pico da pandemia em todo o Brasil foi até esta última semana segundo a pesquisa realizada pela equipe de Sami Dana e que tem acertado até aqui todas as suas previsões e lembro que este autor, como consultor que é está a disposição de seu meio de hospedagem para auxilia-lo no processo de reabertura do mercado.

*Mario Cezar Nogales é consultor especializado em hotelaria e conta com experiencia no ramo desde 1989, sendo autor de sete livros técnicos em hotelaria. Acesse: www.snhotelaria.com.br

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Edgar J. Oliveira

Diretor editorial - Possui 31 anos de formação em jornalismo e já trabalhou em grandes empresas nacionais em diferentes setores da comunicação como: rádio, assessoria de imprensa, agência de publicidade e já foi Editor chefe de várias mídias como: jornal de bairro, revista voltada a construção, a telecomunicações, concessões rodoviárias, logística e atualmente na hotelaria.

Um Comentário

  1. Simples assim, e vamos ter dificuldade em explicar que a guerra de preços tal como qualquer outra guerra não terá vencedores. Mas também estou tentando…. que não entrem, mas sabemos eu há uns aninhos mais que tu que…. Vão fazer a estúpida e nefasta guerra de preços. Mas depois fecham.

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