Entrevista

doispontozero Hotéis : Novo modelo de gestão hoteleira

A doispontozero Hotéis nasceu em 2011 como um novo modelo de gestão e de interação entre hotel e hóspede em um mundo novo, reinventado, digital. Com a aquisição de vários hotéis da marca Arco Premium e Arco Express em várias cidades do Interior paulista, a empresa ganhou competitividade no mercado.  Atualmente a doispontozero Hotéis possui 1.190 apartamentos em operação e 12 hotéis em diferentes estágios de desenvolvimento para inauguração até o fim de 2015, e mais alguns projetos no pipeline ativo.

Além de manter as marcas Arco Premium e Arco Express em seu portfólio, a empresa possui foco no desenvolvimento e posicionamento da marca Zii Hotel em mercados secundários e terciários, como: Parauapebas, Pouso Alegre, Boa Vista e Rondonópolis, Maracanau, Palmas, Campo Grande, Macapá, Alagoinhas, Rio Branco e Três Lagoas (MS). O executivo Júlio Gavinho utiliza sua ampla experiência na hotelaria para comandar a expansão da doispontozero Hotéis e você confere abaixo nesta entrevista exclusiva.

Revista Hotéis — Como e quando surgiu a doispontozero Hotéis? Ela foi criada com quais objetivos e quais são os controladores?
Júlio Gavinho — A doispontozero Hotéis surgiu em 2011, fundada por mim e pela WTorre. A empresa já nasceu sob o signo da inovação, carregando desde seu início a missão de desenvolver uma nova geração de hotéis, para uma nova geração de brasileiros. A nossa visão é levar um novo modelo de gestão e de interação entre hotel e hóspede, em um mundo novo, reinventado, digital. Em 2013, após saída da WTorre, a empresa passou a ser controlada pelo fundo de investimento HSI — Hemisfério Sul Investimentos.

Revista Hotéis — O que difere a doispontozero Hotéis das outras redes hoteleiras que operam no Brasil?
Júlio Gavinho— A nossa empresa nasce a partir de uma ampla pesquisa com esta nova geração de brasileiros, mapeando seus hábitos, costumes e preferências, entregando os itens de sua predileção em um hotel. Eliminamos as filas de check-in e check-out, integramos os ambientes, ampliamos camas, chuveiros/banheiros e TVs e, por fim, trouxemos uma equipe identificada com os valores e costumes desta nova geração. Além de tudo isso, com o Lounge Zii (espaço de convivência e alimentação no pavimento térreo), buscamos conectar os nossos hóspedes entre si, com música contemporânea, telejornal e videogames. Tudo isso em um empreendimento construído com as mais modernas tendências de sustentabilidade e cuidado com o bem-estar: aquecimento solar, estação de tratamento de reuso de água, tratamento de efluentes, acessibilidade, gerador próprio, um café da manhã balanceado, águas de cortesia no minibar e fitness center com bicicletas de spinning. Somos um novo orientador de tendências, a resposta aos anseios desta nova geração de brasileiros que está agora entrando no mercado de trabalho. Tudo isso por preços competitivos!

Revista Hotéis — Recentemente vocês adquiriram os ativos de vários hotéis da marca Arco Premium e Arco Express. Quais as cidades onde estão localizados estes hotéis e o que isto representou para a doispontozero Hotéis?
Júlio Gavinho — Estamos concentrados no interior de São Paulo com mais de 1.100 apartamentos. Esta aquisição representa um passo grande para a nossa empresa que foi de uma startup promissora para uma empresa operacional plena. Já estamos trazendo inovações para esta empresa, incluindo um retrofit agressivo trocando todos os colchões e televisores da rede, abrindo e reformando restaurantes em Ribeirão, Piracicaba e Bauru. Além disso, estamos conduzindo uma reforma em todos os banheiros da rede, implantando A Cafeteria para os nossos colaboradores e iniciando este mês o nosso programa de trainees. Com este programa, vamos identificar e preparar a nossa nova geração de líderes, executivos incubados na cultura da doispontozero. Este projeto de reposicionamento, que ainda contará com o facelift da marca, promoverá a entrada da marca Arco nas principais capitais do Brasil como São Paulo, Curitiba e Manaus.

Revista Hotéis — Vocês pretendem continuar adquirindo hotéis ou marcas já posicionadas no mercado ou o objetivo é crescer construindo marcas próprias?
Júlio Gavinho — O nosso foco é o desenvolvimento e posicionamento da marca Zii Hotel em mercados secundários e terciários, conforme o nosso projeto inicial. Já temos 12 hotéis em diferentes estágios de desenvolvimento para inauguração até o fim de 2015, e mais alguns projetos no pipeline ativo. Quanto à rede Arco, o nosso projeto agora é de crescer eventualmente através de aquisições de novos prédios conversíveis neste produto. A dinâmica de preços da Arco é bastante interessante para o hóspede, pois não oferece surpresas. Pelo mesmo preço de diária daquele hotel que você conhece, oferecemos a consistência de produto econômico de 18m2 (com camas modernas, de molas ensacadas e TV de 32” de led), além de estacionamento e Wi-Fi gratuitos. Além da localização conveniente, temos frigobar completo em todas as unidades e serviço de quarto e preços dentro do que você costuma pagar.

Revista Hotéis
— Vocês lançaram recentemente a marca Zii Hotel. Ela é voltada para qual público e quais os diferenciais desta marca?
Júlio Gavinho — A marca Zii Hotel é a nova geração de hotéis no Brasil. Somos um hotel de cerca de 110 quartos em média, com aproximadamente 21m2 de área interna com camas queen e TVs de 40 polegadas, que oferece uma quantidade satisfatória de tomadas no quartos e nas áreas sociais, entretenimento e conectividade em todo o hotel, e um café da manhã com os itens selecionados para uma refeição balanceada com frutas, iogurtes, chás, pães torrados na chapa na hora, sanduíches e outros opções saudáveis. A nossa marca tem um forte compromisso com o meio ambiente e já nasce consumindo metade da energia que gasta aquele hotel que você conhece. Somos uma empresa que emprega com diversidade e inclusão, oferecendo oportunidades para profissionais imigrantes, que buscam a volta para sua região, e para pessoas com necessidades especiais, que buscam participar produtivamente da vida em sociedade. Somos a nova geração de hotéis e rogamos que, em breve, todas as marcas hoteleiras orientem-se no nosso modelo. Estas são medidas simples, social e ambientalmente responsáveis, que se aplicadas por todos, em maior ou menor escala, podem mudar o mundo.

Revista Hotéis — Além da Zii Hotel vocês pretendem lançar outras marcas próprias? A marca Arco permanecerá no portfólio ou será substituída por outra marca?
Júlio Gavinho— Neste momento estamos concentrados no desenvolvimento da marca Zii Hotel e na consolidação da marca Arco, que vamos manter no portfólio.

Revista Hotéis — Quantos hotéis a doispontozero Hotéis possui no portfólio, o que isto representa em termos de UH´s, e em que localidades estão situados?
Júlio Gavinho — Contamos com 1.190 apartamentos em operação, 113 nos próximos 30 dias em Parauapebas, obras avançadas em Pouso Alegre, Boa Vista e Rondonópolis e obras em início em Maracanau, Palmas, Campo Grande, Macapá, Alagoinhas, Rio Branco e Três Lagoas. Em 2015, teremos um total de cerca de 2.500 apartamentos em operação.

Revista Hotéis — Como vocês estão analisando as oportunidades do mercado hoteleiro no Brasil? O momento é bom para investir? E quais os critérios que adotam para a escolha dos locais?
Júlio Gavinho — O nosso mercado precisa ser olhado com cautela. Se por um lado existem boas oportunidades de investimento fora dos grandes centros, os desafios de desenvolver e construir hotéis nestes mercados são relevantes. As dificuldades de crédito e de disponibilidade de capital próprio para pequenos tomadores também são fatores que definem um investimento já que nossa atividade não vive sem crédito. Por outro lado, nos grandes centros, a disputa com outros segmentos da atividade ainda representa um entrave fundamental para os novos hotéis, como pode ser observado no Rio e São Paulo. Nestas duas cidades, além desta disputa com prédios residenciais e corporativos, a ocupação urbana ao longo dos anos criou barreiras quase intransponíveis para entrada de novos hotéis. Por último, a análise da concorrência e dos seus projetos também definem, no nosso caso, a escolha ou não por uma cidade ou mercado. Este processo, que envolve cerca de 180 dias de análise, é conduzido por uma equipe multidisciplinar que é composta por arquitetos, advogados, economistas e hoteleiros. Somos investidores. Nossas decisões de investimentos são tomadas com critério e responsabilidade.

Revista Hotéis — Quais os planos de crescimento da doispontozero  Hotéis nos próximos anos no Brasil? Vocês pretendem crescer somente através de investimentos próprios ou vão adotar outros modelos como conversão, administração terceirizada ou franquias?
Júlio Gavinho — Nós somos eminentemente uma companhia investidora em hotéis. Este é nosso DNA e nosso motor de crescimento. Ainda temos investimentos para concluir e outros por iniciarmos. Nosso foco é no crescimento e posicionamento da marca Zii Hotel, mas não descartamos conversões para a marca Arco, no segmento econômico. Podemos em um futuro próximo lançar uma plataforma de administração, porém, franquear nossas marcas ainda não está em nossos planos.

Revista Hotéis — Você já esteve em outras redes nacionais e internacionais desenvolvendo hotéis no Brasil. Quais as principais dificuldades que pode apontar para desenvolver meios de hospedagens no Brasil, assim como as soluções?
Júlio Gavinho — Seguramente o desalinhamento de interesses entre o mercado hoteleiro norte americano e o mercado imobiliário brasileiro pode ser apontado com uma das maiores barreiras de entrada aos grandes players internacionais. Neste item estão juntos a originação, aspectos legais de aprovação e os quebra-queixos da construção civil no Patropi. Logo em seguida, estão os monumentais desafios de entendimento das normas contábeis e fiscais brasileiras, somados ao celeiro de surpresas da interpretação da CLT por parte dos excelentíssimos doutores magistrados. O Brasil, conforme já foi dito e repetido à exaustão, é para profissionais. Para profissionais em Brasil. Há a questão dos condo-hotéis, rejeitados como o sete-peles pelos estrangeiros e amados como belos querubins pelos investidores e incorporadores. Por último, existe o entendimento sobre o valor da marca e o que se paga por ela. Os investidores brasileiros em geral, percebem as taxas de marca, de administração, de marketing, de reservas, de serviços técnicos, de avaliação predial, de auditoria de serviços, os reembolsos de despesas, os investimentos obrigatórios em padrões obrigatórios de mobiliário e decoração (ufa!) como muitas e muito caras. Desta forma buscam parceiros nacionais (ou nacionalizados) para seus desenvolvimentos hoteleiros. Empresas como Marriott já entenderam a mensagem e estão, mesmo que timidamente, aprendendo a sambar. Aos outros, bem, aos outros ainda restam todos os países da América do Sul para espalhar suas bandeiras ou, como se diz na América, colocar seu dinheiro onde está seu discurso.

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