Cresce a transformação de hotéis em prédios residenciais no Brasil

A mudança do Hotel Glória em condomínio residencial é um importante exemplo para o mercado que está se adaptando ao novo padrão de comportamento dos clientes dos hotéis

A prefeitura da cidade do Rio de Janeiro autorizou recentemente a transformação do hotel Glória em um prédio de apartamentos e escritórios. A imponente edificação em estilo neoclássico, localizada no bairro da Glória, havia sido adquirida em 2008 por R$ 80 milhões pelo Grupo EBX, do empresário Eike Batista. O objetivo era resgatar os áureos tempos do primeiro cinco estrelas do Brasil e um dos ícones da hotelaria de luxo no Brasil, mas com a falência do Grupo EBX, o prédio foi repassado como garantia ao Fundo Soberano de Abu Dhabi, o Mubadala.  Mas desde 2013 o imóvel está fechado e foi adquirido recentemente pelo Fundo de Investimento Imobiliário Opportunity que fará um retrofit mantendo as características da fachada que é tombada pelo Patrimônio Histórico e a edificação completa 100 anos em 2022.  O imóvel que tem vista panorâmica para a Baía de Guanabara, Marina da Glória, Pão de Açúcar e Cristo Redentor foi um sucesso de vendas e o metro quadrado no Aterro do Flamengo foi superior ao badalado bairro de Ipanema.

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Isso agitou o mercado de imóveis na capital fluminense e várias outras edificações que abrigam hotéis, devem passar por essa mesma finalidade de transformação em uso residencial ou em escritórios. Alguns especialistas acreditam que isso seja uma tendência no mercado, que a pandemia da COVID-19 acelerou esse processo, mas a verdade é que nenhum investidor quer continuar perdendo dinheiro. José Ernesto Marino Neto, CEO da BSH International, comenta que: “Todo imóvel deve ter um uso no tempo e no local. O fato de um imóvel ter sido planejado para ser um hotel não o obriga a ter uso hoteleiro eternamente. Recordo-me de quando recomendei ao Grupo Coteminas que transformasse seu hotel em outro uso. Isso foi em 2002. O mercado hoteleiro de Belo Horizonte estava ruim, iria permanecer ruim e manter o uso hoteleiro não era inteligente. Afinal, seu valor pelo fluxo de caixa descontado era inferior ao valor da própria construção. Ou seja, era recomendável sua mudança de uso. Fui criticado por todo o mercado porque “eu estaria dizendo ao vice presidente da república que hotelaria não era um bom negócio”. Imóvel é um bem que deve ter uso adequado ao momento e à sua localização. A vantagem do imóvel hoteleiro é que ele pode ser convertido em hospital, salas comerciais, residencial, entre outros usos. Portanto, o que ocorre é que o momento é ruim para a hotelaria urbana. Mas se muitos alterarem o uso, vai ser bom para quem ficar porque a oferta vai reduzir, e quando a demanda retornar, as tarifas serão determinadas pela equação oferta/demanda”, assegura Marino Neto.

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