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Como está a qualidade do café da manhã servido em seu hotel?

Artigo de Eduardo Avelar*

Sou um cozinheiro e viajante apaixonado pelas regionalidades e as suas identidades gastronômicas, características tão distintas e tão importantes. Elas fazem toda a diferença quando o assunto é um dos principais fatores para a escolha de um destino turístico nos dias de hoje. Por isso, trago a vocês, profissionais da hotelaria, uma reflexão sobre o tema e sobre nossa postura frente ao desafio de fidelização de nossos clientes a partir da qualidade de nossos serviços, especialmente o café da manhã, particularmente nos meios de hospedagem comerciais, uma vez que os hotéis e pousadas turísticas já trabalham de maneira personalizada ou com uma preocupação em atender aos anseios de seus clientes, geralmente hóspedes em viagens de entretenimento e laser.

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No caso aqui abordado, dos milhares de estabelecimentos cuja característica principal é atender rotistas e demais viajantes a trabalho, um público que prioriza na maioria das vezes o valor das diárias. Fato este que tem levado empresários do setor a fazerem verdadeiros malabarismos financeiros e de gestão para atender a esta demanda e obter resultados no mínimo para manter aberto seu negócio.

Carinho maior ao hóspede

Falo de uma forma direta e objetiva sobre a qualidade dos serviços oferecidos, especialmente o café da manhã, e os benefícios que podem vir a partir de um carinho maior com esses hóspedes, que priorizam custo sim, mas também querem um pouco mais do que é oferecido na maioria das vezes, em quase todos os municípios do País.

O pão de queijo é uma iguaria da culinária mineira e deve ser presença constante no café da manhã dos hotéis do País – Foto – Divulgação
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Não sou empresário do setor, gestor ou especialista em hospitalidade, mas de viagem por esses caminhos de Minas e do Brasil, entendo um pouco, especialmente como hóspede em milhares de estabelecimentos visitados nos últimos 20 anos, em um trabalho específico de pesquisas gastronômicas e características regionais das culturas alimentares, de produtos locais, da produção da agro indústria e por aí vai.

Não posso concordar com a “conta de padeiro” – sem desmerecer a categoria com essa expressão popular, ou com aquela matemática repleta de argumentos de custo benefício comum na cabeça da maioria dos gestores desses estabelecimentos, que consideram sofisticação desnecessária para atender seu público, geralmente “pouco exigente” e gastar mais com melhorias no café da manhã.

Não dá para compreender como um produto da agro indústria regional ou uma quitanda feita em casa com aquele sabor de aconchego podem ser preteridos por supostamente custar mais caro do que produtos industrializados e sem identidade alguma e às vezes até sem sabor.

Entendendo os serviços

Dá para entender um café de péssima qualidade numa região produtora de grãos campeões internacionalmente e que trazem tantas divisas para o País? Dá para entender salsichas e outros processados em regiões que produzem embutidos e outros produtos de primeira linha, simplesmente por praticidade mesmo que desagradando aos seus clientes, que só consomem por falta de opção melhor? Dá para aceitar sucos artificiais em terras de produção de frutas, pães de massas prontas ou produzidos com essas bobagens químicas desagradáveis, sem sabor, que mais parecem um sanduiche de isopor, especialmente quando se passam margarinas ao invés de manteigas locais. O que falar dos horríveis e pegajosos presuntos ou apresuntados de péssima qualidade nutricional e de sabor ou as falsas muçarelas? Que tal bebermos águas minerais gaseificadas artificialmente em estancias hidrominerais? Coerente e sustentável não?

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Não vou nem falar naqueles pães de queijo com gosto de nada ou biscoitos de pacotinho em cidades pelo interior de Minas repletas de mestres e mestras quitandeiras… Poderia aqui enumerar mais uma centena de atitudes de desamor com nossa cultura, de falta de sensibilidade sustentável, quando deveríamos estar privilegiando as comunidades produtoras locais e fazendo a economia girar, etc., etc…

Valorizar a gastronomia regional é uma forma de fidelizar os hóspedes – Foto – Divulgação
Fidelizar os hóspedes

Até agora, só falei de entraves financeiros que é a alegação dos gestores, mas será que a hospedagem é somente uma caixa de produzir dinheiro em troca de uma cama e um copo de café com leite?  Nesses tempos de crise, e em qualquer tempo, considero uma obrigação de quem escolheu a hospitalidade, especialmente aqui em Minas Gerais, o estado da gastronomia, fazer um ou mais gestos de carinho para fidelizar seu cliente, e em nossa história, a imagem de Minas se fez a partir da comida que era oferecida aos viajantes, que repercutiram esse fato em seus escritos e ao retornarem aos seus países.

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Fica aqui essa reflexão para que possamos fazer de cada meio de hospedagem nesse país uma vitrine da gentileza e da cultura de seu povo e quem sabe darmos um up grade em nosso negócio, migrando do turismo de rotas, ao fidelizarmos nossa clientela para que volte com suas famílias e amigos ao seu estabelecimento, à sua cidade, para o turismo de entretenimento e fazendo a economia regional girar a partir de nossa rica gastronomia.

Finalizo provocando os gestores da hotelaria a se informarem sobre o turismo gastronômico pelo mundo, em pequenos ou grandes centros, em países desenvolvidos, o que gera de receitas, empregos e desenvolvimento econômico e social. Vamos mudar essa postura de que isso não é problema nosso, e vamos cada um fazer a nossa parte nessa receita de responsabilidade social e crescimento coletivo? Criatividade não nos falta, a despeito das conhecidas, mas superáveis dificuldades, especialmente nesses dias tão desafiadores.

O Chef Eduardo Avelar vai estar participando do Breakfast Festival que acontecerá em breve nos melhores hotéis da capital mineira.- Imagem – Divulgação

*Eduardo Avelar é um renomado Chef de cozinha que conhece muito bem o potencial de Minas, sendo autor do projeto Sabores de Minas Gerais. Ele já percorreu as diversas regiões do estado mapeando a riqueza da cultura gastronômica mineira e usando como parâmetro a experiência da França, tão importante e representativa no cenário internacional. Eduardo também criou o projeto Territórios Gastronômicos e definiu as identidades regionais a partir de variadas características.

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Edgar J. Oliveira

Diretor editorial - Possui 31 anos de formação em jornalismo e já trabalhou em grandes empresas nacionais em diferentes setores da comunicação como: rádio, assessoria de imprensa, agência de publicidade e já foi Editor chefe de várias mídias como: jornal de bairro, revista voltada a construção, a telecomunicações, concessões rodoviárias, logística e atualmente na hotelaria.

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