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Como a hotelaria está se preparando para as festas de final de ano?

Mesmo com os impactos econômicos provocados pela pandemia da COVID-19 e as restrições de contato, tem muita gente querendo viajar, mas querem segurança e negociar preços

A hotelaria brasileira deverá viver nesse final de ano, uma situação inusitada, a de reinventar o negócio para atrair os hóspedes. Aquela velha fórmula de transformar uma diária de R$ 300,00 o casal, montar um pacote de réveillon ou final de ano incluir uma ceia e jogar os preços na altura, poderá não se sustentar. Mas tem muitos hotéis pensando e trabalhando da mesma maneira que em anos anteriores, mesmo com o impacto da COVID-19 na economia. Para isso, contam com a vontade dos hóspedes deixarem a quarentena de vários meses em seus lares e literalmente colocarem o pé na estrada.

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Os hotéis de lazer têm mais chances de ter uma boa ocupação nesse final de ano, mas se fecharem o ano com boa taxa de ocupação acumulada, será motivo de comemoração. “O volume de reservas na hotelaria de lazer cresce em todo o País e a expectativa é que a ocupação possa chegar a dezembro, na média do mês, entre 15% e 30% abaixo do mesmo período do ano passado. Diante da maior crise sanitária global da história recente, a performance esperada deve ser comemorada e poderia ser melhor se não houvesse protocolos de distanciamento social, que limitam a ocupação diária de muitos empreendimentos. Apesar da ocupação mais baixa, a restrição de oferta e a pressão de demanda estão impulsionando as tarifas para cima, que na média do ano devem crescer próximo a 10%”, acredita Pedro Cypriano, Sócio diretor da Hotelinvest, uma das mais atuantes consultorias do setor hoteleiro no Brasil.

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Como a hotelaria está se preparando para as festas de final de ano?
Pedro Cypriano: “O volume de reservas na hotelaria de lazer cresce em todo o País” (Foto: Divulgação)

Mas a recuperação da hotelaria urbana não deve acompanhar a de lazer, prevê Cypriano. “Enquanto a hotelaria urbana dificilmente chegará ao final do ano com receitas de hospedagem de até 50% em comparação com o mesmo período de 2019, resorts e hotéis de lazer poderão atingir valores próximos ao pré-pandemia no último mês de 2020. Ao menos até o final da temporada de lazer, mantida a tendência de controle gradual da COVID-19, teremos resultados favoráveis”.

Crescimento da hotelaria de lazer

A tendência de crescimento da hotelaria de lazer e a demora na recuperação do corporativo também é observada pela STR, um provedor global de benchmarking. “Desde que os países começaram a suspender as restrições de entrada relacionadas ao COVID-19 para viajantes, a demanda por lazer proporcionou um fluxo adicional para a reabertura de hotéis. Por outro lado, a demanda corporativa demorará mais para chegar aos mercados. O caso do Brasil não tem sido exceção, os mercados de lazer têm experimentado constantes aumentos de ocupação devido ao aumento da demanda interna. No feriado de outubro, mercados regionais no Rio de Janeiro (+11%), Sao Paulo (+18%) e Recife (+36%) apresentaram aumentos de ocupação comparados com o mesmo período do ano passado”, lembra Patricia Boo, Area Director Central & South America – STR Consultoria.

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Mas mesmo assim, ela aponta muitas incertezas do comportamento da hotelaria para esse final de ano e vai depender das reservas de última hora. “Nossa solução Forward Star, que mede a demanda futura de hotéis, mostra uma tendência clara em todo o mundo para reservar no último minuto. Ao mesmo tempo, os dados para o restante de 2020 estão diminuindo devido à incerteza contínua e ao aumento da capacidade, permitindo tempos de reserva mais curtos. Então, não temos uma imagem clara do que vai acontecer no final do ano no momento. Da mesma forma, a previsão do STR, em colaboração com a Tourism Economics, não espera uma recuperação total nos próximos anos”, revela Patrícia.

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Patricia Boo: “A demanda por lazer proporcionou um fluxo adicional para a reabertura de hotéis” (Foto: Divulgação)
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Carolina Sass de Haro, Sócia-diretora da Mapie Consultoria também concorda que a hotelaria de lazer está demonstrando bons resultados nesta retomada, especialmente em destinos naturais, como praia e montanha. “O final de ano parece promissor, com os brasileiros desejando viajar e celebrar as festas. O importante é ter cuidado no planejamento, pois como estamos vendo na Europa, é possível que haja uma segunda onda de contaminação, que pode impactar estes resultados. As medidas restritivas não devem ser tão rígidas como da primeira vez, mas os cuidados com os protocolos devem ser mantidos e reforçados”, lembra Carolina.

Restrição da capacidade

Tendo em vista que muitas cidades no Brasil ainda estão sob controle da capacidade de hospedagem, a liberação total ou o aumento será de fundamental importância. “A grande maioria dos meios de hospedagem já voltaram às operações e em setembro, índices mostraram que hotéis de lazer, principalmente aqueles que ficam a distância de carro de grandes capitais, já atingiam 60% do resultado pré pandemia. E é muito provável que, até o final do ano, com o clima mais quente, muitos cheguem ao máximo da ocupação permitida”, prevê Gabriela Otto, Sócia Diretora da GO Consultoria e Presidente HSMAI Brasil. Ela lembra um estudo da Omnibees prevendo que a hotelaria em geral terá uma demanda 35% menor no último trimestre do que 2019 no mesmo período. Já os resorts, uma diminuição de apenas 9%, o que espera recuperar rapidamente entre janeiro e fevereiro.

Vários resorts no interior de São Paulo já estão com ocupação de até 50% em outubro para natal e réveillon e alguns com poucos apartamentos sobrando. “E isso porque estamos falando de grandes inventários, pois os pequenos, que proporcionam mais privacidade, já estão lotados.

Além da comemoração normal de final de ano, as pessoas querem reencontrar familiares, amigos e já celebrar a entrada de 2021 como um ano melhor, com mais esperança, possibilidade mais concreta de uma vacina, etc. Quem souber tirar proveito do período, garantindo a segurança / higienização com todos os protocolos, sem prejudicar a experiência do hóspede, fará um bom caixa e também ganhará pontos na sua reputação online. Mas é preciso ter cuidado, pois os hóspedes estarão ‘de olho’ naqueles hotéis que, por desespero financeiro, não investirem em processos que evitem aglomerações….e isso vai repercutir online”, alerta Gabriela.

Carolina Haro destaca que a maioria das pessoas que desejam viajar nesse momento de pandemia é do grupo de ressabiados. “São aqueles que querem retomar, mas precisam sentir segurança e confiança nos prestadores de serviços. Eles não estão dispostos a abrir mão dos protocolos e se assustam com algumas posturas do grupo de despachados. Combinar estes públicos é um desafio para hotéis e resorts, mas é importante que as equipes estejam preparadas para abordar de maneira gentil e garantir o cumprimento das novas condutas. Existe o risco de perder os clientes ressabiados ou em um cenário mais drástico, haver uma contaminação e prejudicar não somente seu empreendimento, mas o próprio setor”, acredita Carolina.

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Carolina Haro: “A maioria das pessoas desejam viajar nesse momento de pandemia” (Foto: Divulgação)
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Experiência agradável

Como a grande maioria dos eventos de comemoração de natal e réveillon ao ar livre foram cancelados e as pessoas estão cansados de ficarem em casa, o hotel seria uma boa opção.  “As pessoas realmente não aguentam mais ficar em casa. Além disso, todos estão sedentos pelo contato com a natureza, sensação de liberdade, serem novamente mimados. Isso sem falar no zoom fatigue, que é o cansaço excessivo das telas, onde ficamos ligados muito mais de oito horas por dia em home office”, diz Gabriela. “O ambiente controlado com protocolos e distanciamento social de hotéis e resorts mostra-se atrativo para aquelas famílias que pretendem comemorar as festas em um ambiente seguro. É importante oferecer uma experiência que seja agradável para as celebrações, mantendo a segurança higiênico-sanitária”, complementa Cypriano.

Como final de ano é uma época dos meios de hospedarem aumentarem o faturamento com os pacotes, conter ou não os aumentos é a questão. “A precificação de qualquer bem ou serviço é uma relação simples entre oferta e demanda. Se há mais pessoas dispostas a comprar do que empresas capazes de vender, os preços tendem a subir. Hoje, por um lado, há uma restrição de oferta em razão dos novos protocolos operacionais, por outro, o anseio por viagens é alto, seja pelo confinamento social dos últimos meses, seja pela dificuldade de aceder a destinos internacionais. É natural sim que as tarifas de final de ano não apenas sigam altas, mas até superem os valores pré-pandemia. No entanto, lembremos que esse é um período pontual e que a real recuperação do setor depende de um fluxo de caixa favorável não apenas nos feriados e no verão, mas também na média de todo um ano. E para chegarmos lá, precisaremos controlar definitivamente a COVID-19”, assegurou Cypriano.

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Gabriela Otto: “Os resorts deverão ter uma recuperação rápida entre janeiro e fevereiro” (Foto: Divulgação)

Gabriela revela que alguns hotéis de lazer já estão conseguindo aumento de tarifas até 15%. E com previsão de aumento geral de faturamento para 2021 com enfoque total na diária, e não especificamente na ocupação. “O que está acontecendo também é um boom das reservas diretas, onde o custo de distribuição / aquisição de cliente diminui muito, gerando maior lucro por reserva. O cliente espera condições mais flexíveis, facilidade de alterações e, principalmente, garantias de retorno do investimento (ou pelo menos uma negociação mais rápida e direta) em caso de mudança ou cancelamento”, concluiu Gabriela.

O que os hotéis estão preparando?

Beach Hotel Maresias

O empreendimento localizado em São Sebastião (SP) está com pacotes especiais de fim de ano para o casal, com entrada no dia 28 de dezembro e saída no 4 de janeiro e preços a partir de R$ 8.383,98. Segundo a Gerente geral Patrícia Luz, os insumos e custos esse ano tiveram alterações severas, contudo o hotel está repassando o mínimo possível às tarifas, ocasionando pouco reflexo no aumento tarifário. Com isso, ela acredita que o hotel terá uma boa ocupação nesse final de ano. “A procura pelos pacotes de fim de ano começa a ficar aquecida por conta de recentes notícias positivas em relação à diminuição em número de contágios da COVID e da possível vacina ainda esse ano. Além disso, a necessidade de sair da rotina (princípio da escassez), faz com que a ocupação suba repentinamente inclusive em dias de semana. O perfil de nossos hóspedes é em sua maioria famílias entre 30 e 45 anos com um ou dois filhos e buscam um meio de hospedagem que ofereça uma demanda de serviços na qual ele não precise sair do hotel com alta frequência. Nossos pacotes contemplam café da manhã, ceia de natal ou réveillon, estacionamento privativo, wifi de alta velocidade em todas as dependências e acesso privativo pé na areia”, destacou Patrícia.

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Patrícia Luz: “Estamos com uma boa expectativa de taxa de ocupação nesse final de ano” (Foto: Divulgação)
Le Canton

Mônica Paixão, Diretora do Hotel Le Canton, que fica em Teresópolis (RJ), diz que existe uma boa procura e que até o final de novembro vai vender tudo, sem mexer nos preços. “O nosso público é de famílias principalmente do Rio de Janeiro e temos muitos hóspedes que voltam todos os anos. O nosso pacote é de cinco noites com pensão completa e inclui o espetáculo da virada com um lindo show e festa, além do jantar de gala com uma garrafa de espumante cortesia para cada apartamento. Além disso temos a super programação de entretenimento todos os dias com a nossa equipe de lazer”, diz Mônica.

Afim de evitar concentração de pessoas em locais fechados comemorando as festas de final de ano, Mônica informa que existe o planejamento de utilizar a área aberta do hotel, em plena natureza, para a realização de espetáculos de entretenimento que irão alegrar bastante tanto as crianças quanto os adultos no Réveillon. “Temos percebido que o comportamento dos hóspedes mudou e que praticamente todos eles respeitam os nossos protocolos de segurança, depois que são orientados. Mas se houver excessos nas comemorações, teremos nossa equipe sempre atenta e atuante de forma empática e sútil”.

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Mônica Paixão: “O comportamento dos hóspedes mudou muito com a pandemia” (Foto: Divulgação)
Enjoy Olímpia Park Resort

O hotel localizado na cidade de Olímpia (SP) está na expectativa de confirmação da tradicional festa ao ar livre que acontece. “Por isso, os pacotes para o final do ano estão sendo ofertados com um valor abaixo do que foi comercializado em 2019. Mas isso faz com que a procura esteja grande e acima do esperado, pois Olímpia retomou com muita força”, assegura Bruno Bomfá, Gerente de marketing da Enjoy Hotéis e Resorts.  Para o Gerente geral do hotel, Carlos Dias, os turistas estão valorizando mais do que nunca o descanso. “Por terem ficado muito tempo dentro de casa, o ticket médio, ou seja, o valor gasto nas facilidades do hotel também está mais alto, comparado ao período anterior da pandemia. Há também a valorização da viagem familiar, as pessoas que chegam fazem questão de fazer as refeições e as atividades juntos. Mais consciente, os visitantes mostram-se dispostos e conscientes em cumprir as medidas de segurança. Iremos manter o alerta em nossos serviços, tendo em vista que a pandemia ainda não acabou”, revelou Dias.

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Bruno Bomfá: “Olímpia retomou bem as atividades e com isso, aumentou a procura de reservas de final de ano” (Foto: Divulgação)
Portobello Resort

O empreendimento localizado em Mangaratiba (RJ) já está comercializando os pacotes para as festas de final de ano, com opções para o Natal e o Ano Novo, de seis ou sete dias, apostando em uma estadia prolongada.  “Acreditamos que iremos vender todos sem modificar os preços. Recebemos muitas famílias, que por estarem quase o ano inteiro afastados, irão procurar uma alternativa segura para sua celebração de final de ano. Os pacotes incluem jantares temáticos, coquetel de boas vindas, atividades especiais de lazer para adultos e crianças, happy hour e apresentações musicais, ceia de natal ou reveillon e um luau de despedida. Vamos orientar os hóspedes a manter o distanciamento necessário entre os grupos, seguir com o uso das máscaras, oferecer as refeições em buffet assistido por funcionários e estimular as atividades ao ar livre”, afirma, Luiz Antonio Raposo, Diretor comercial e marketing do Portobello.

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Luiz Antônio Raposo: “Acreditamos que iremos vender todos nossas reservas sem modificar os preços” (Foto: Divulgação)
Hotel Estância Atibainha Resort & Convention

Essa é uma opção de hospedagem para quem deseja passar as festas de final de ano em Atibaia (SP), em contato com a natureza e longe dos agito das cidades grandes. O hotel já está comercializando pacotes com descontos de 20% e cortesia para crianças nas reservas antecipadas. Para o Natal, há duas opções de pacotes de 22/12 a 26/12 (terça a sábado) ou 23/12 a 27/12 (quarta a domingo) com preços a partir de R$ 4.620,80 o casal e uma criança até 12 anos como cortesia no chalé Standard. Já no Ano Novo, os pacotes são de 28/12 a 2/01 ou 29/12 a 3/01 com preços a partir de R$ 7.980,00 o casal e uma criança até 12 anos. E para facilitar a aquisição, os valores podem ser parcelados em até 10 vezes no cartão de crédito. A hospedagem é em chalés amplos e arejados que oferecem total segurança e privacidade às famílias.

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Edgar J. Oliveira

Diretor editorial - Possui 31 anos de formação em jornalismo e já trabalhou em grandes empresas nacionais em diferentes setores da comunicação como: rádio, assessoria de imprensa, agência de publicidade e já foi Editor chefe de várias mídias como: jornal de bairro, revista voltada a construção, a telecomunicações, concessões rodoviárias, logística e atualmente na hotelaria.

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