Opinião

Como a crise de água pode afetar a hotelaria – Artigo de Luiz Arthur Medeiros

Arthur Medeiros*


Com a atual escassez de água, como a hotelaria poderá contribuir com o meio ambiente e ainda manter a satisfação de seu cliente?
Construções verdes tornam-se necessárias para o suprimento de água e a geração de energia

Na hora de decidir pela construção de um empreendimento hoteleiro, são muitas as perguntas e variáveis que, quando respondidas vão dando forma e conteúdo ao hotel que nascerá futuramente.  São questões que impactam significativamente no investimento necessário para a construção do hotel e é nessa hora que eu, acostumado a implantações hoteleiras, sugiro a opção de uma construção verde, sustentável; e um minuto após  escuto a decorrente resposta: – construção verde não! É muito investimento e retorno ainda bem baixo.

Pois bem, só o consumo de energia de uma construção tradicional já é um ponto inicial quando comparamos os custos. Cerca de 30% da energia que consumimos é empregada em construção civil, e isso inclui a fase da construção e posterior consumo de casas e escritórios.

A percepção de que a construção sustentável custa mais caro, alguns falam em até 50%, é fortemente combatida pelos dados fornecidos pelo World Green Building Council, entidade global que responde por disseminar práticas sustentáveis de construção, a qual afirma que este acréscimo apenas varia de 0% a 4%.

Com base nisso resolvi esmiuçar alguns fatos, que gostaria de compartilhar para pensarmos juntos. É sempre importante pensar nestes dados olhando também para a realidade que temos hoje, em que não sabemos até quando teremos água, tanto para beber quanto para gerar energia. O atual regime hidrológico tem secado nossos reservatórios e todos sabemos que uma única boa temporada de chuvas não será suficiente para repor as reservas. Neste caso temos que pensar que a partir de já nosso suprimento de água estará para sempre comprometido. Logo, nossa capacidade de gerar energia elétrica através da água, que é a base de nossa matriz energética, também estará para sempre comprometida.

Segundo o International Finance Corporation (IFC), um braço do Banco Mundial para o financiamento privado, que tem concedido linhas de crédito para bancos brasileiros investirem em construções verdes, a construção civil no Brasil deve crescer a um ritmo de cerca de 20% até 2020, e se este dado realmente se concretizar, podemos imaginar o impacto ambiental que vai gerar.

Hóspedes não querem saber os motivos de não terem água para tomar banho. Hóspedes não se importam se a falta de energia foi causada por um racionamento no bairro. Eles pedem e com razão,  a devolução do valor que investiram em diárias, se não obtiverem o serviço que lhes fora prometido.

Com tudo isso só posso chegar à conclusão de que construções verdes em hotelaria cumprem seu papel ambiental por serem de baixo impacto, cumprem seu papel social, pois levam em consideração os métodos de trabalho dos fornecedores e, muito importante, cada vez mais cumprem um papel de assegurar a qualidade de serviços que um empreendimento hoteleiro deve prestar a seu hóspede.

Acho que este breve argumento  e os números nos mostram  que a construção verde cada vez mais deixa de ser opção e passa a entrar no campo do necessário, principalmente em hotelaria. Empreendimentos Hoteleiros não podem em hipótese alguma estar sujeitos às intempéries climáticas, instabilidades energéticas ou ineficiências da cadeia de produção de suprimentos.

E diante dessas constatações, fica uma única pergunta: a construção verde realmente custa caro?

Luiz Arthur Medeiros* é formado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica, foi diretor e proprietário da empresa Concierge Hotelaria por mais de 6 anos e atualmente é sócio-diretor da Haber Hotelaria, uma empresa pioneira na administração de negócios hoteleiros voltados para o ecoturismo e turismo sustentável.

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