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CNC promoveu seminário para debater plataformas de hospedagem

A CNC — Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, por meio do CETUR — Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade promoveu ontem um seminário sobre Impactos da “Economia Colaborativa” – Hospedagem. O evento ocorrido na sede da CNC na cidade do Rio de Janeiro, reuniu vários representantes de entidades ligadas a hotelaria como: Alexandre Sampaio, Presidente da FBHA — Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação; Manuel Gama, Presidente do FOHB — Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil; Luigi Rottuno, Presidente da ABR – Associação Brasileira de Resorts; Dilson Jatahy Fonseca Júnior, Presidente da ABIH — Associação Brasileira da Indústria de Hotéis e seu Vice-presidente, Manoel Cardoso Linhares, que também é Vice-presidente da FBHA e Presidente do Sindhotéis do Ceará. O Coordenador do ISS da Secretaria Municipal de Fazenda-RJ, Alexandre Calvet , o Deputado federal, Herculano Passos Presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Turismo e seu colega, o Presidente da Comissão de Turismo da Câmara, Paulo Azi, também participaram deste seminário, entre outros profissionais.

Da esquerda a direita da foto, Eraldo Alves da Cruz, Secretário executivo do conselho empresarial de turismo e hospitalidade da CNC, o Deputado Herculano Passos, Manoel Cardoso Linhares, Vice-presidente da FBHA e seu Presidente, Alexandre Sampaio e Dilson Jatahy Fonseca Júnior, Presidente da ABIH
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E um dos principais temas debatidos, foi o Airbnb. Por ainda não existir uma definição a respeito dos serviços ofertados pela plataforma – se seriam “meios de hospedagem” ou “provedores de aluguel por temporada” –, o Airbnb se isenta do pagamento de uma série de impostos hoje cobrados do mercado e compete de maneira desigual com os outros agentes da hotelaria. “Em um contexto onde o Airbnb detém 10% da fatia do mercado global, é evidente a necessidade de a classe empresarial exigir das autoridades federais que promovam isonomia de condições entre todos do setor de hospedagem, o que deve ser traduzido pela regulamentação das novas plataformas, a exemplo do que já foi feito em grandes metrópoles mundo afora, como Nova York, Berlim e Paris”, afirma o presidente do Cetur, Alexandre Sampaio.

Alexandre Sampaio: “Em um contexto onde o Airbnb detém 10% da fatia do mercado global, é evidente a necessidade de a classe empresarial exigir das autoridades federais que promovam isonomia de condições entre todos do setor de hospedagem” – Foto – Divulgação

Ao lembrar que mais de 70% do volume de negócios do Airbnb no Rio de Janeiro vem da locação de apartamentos inteiros, número que chega a 47,5% em São Paulo, o Presidente do FOHB — Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil, Manuel Gama, defendeu a implementação de novas regras, por parte do governo, para a boa convivência de todos os agentes do mercado. “Nos deparamos novamente com a concorrência desleal ao observarmos que estas acomodações inteiras, ofertadas pelo Airbnb, se encontram dentro das áreas hoteleiras e turísticas. E é claro que, se os impostos da hotelaria são mais altos, os preços por diária também serão”, afirmou Gama.

Manuel Gama: ““Nos deparamos novamente com a concorrência desleal ao observarmos que estas acomodações inteiras, ofertadas pelo Airbnb” – Foto – Divulgação
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Classificação das novas atividades econômicas

O evento debateu as dificuldades de regulamentar as plataformas de hospedagem por elas não se encaixarem especificamente nas definições legais das atividades de aluguel por temporada ou de meios de hospedagem. Para o presidente da ABR — Associação Brasileira de Resorts , Luigi Rotunno, um comunicado do próprio Airbnb afirma que, a partir de maio, pagará impostos ou taxas de turismo em 275 localidades dos Estados Unidos, o que já demonstra o enquadramento da atividade econômica. “Eles já dizem em seu comunicado que são taxas de Turismo. Essa discussão não precisa mais existir no Brasil. Muitas cidades criaram taxas novas, pois se trata de algo novo”, defendeu Rotunno.

Luigi Rotunno: “275 localidades dos Estados Unidos já instituíram taxas para o Airbnb pagar”

Para o gerente Jurídico da FNHRBS — Federação Nacional de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares, Ricardo Rielo, o Ministério do Turismo tem a prerrogativa de “planejar, fomentar e regulamentar” a política nacional do turismo, segundo determina a Lei Geral do Turismo, e criar uma solução para a questão da tributação das plataformas. “O ministério pode fazer um ato normativo para acabar com a insegurança jurídica que se estabeleceu. Precisamos pensar em uma contribuição social para fins de fomento ao turismo”, disse.

Já o coordenador do ISS da Secretaria Municipal de Fazenda-RJ, Alexandre Calvet, lembrou que o Airbnb hoje recolhe o Imposto Sobre Serviços sobre todas as operações realizadas no Brasil, no município de São Paulo, onde tem sua filia brasileira, e em cima do valor da comissão que eles recebem pela negociação. Ele defendeu a criação de um tributo a ser cobrado, pela própria plataforma, e repassado ao restante dos municípios brasileiros que recebem usuários da plataforma. “Essa é uma solução possível, e acredito que uma alteração na Lei Complementar 116 (que rege o Imposto Sobre Serviços) seja mais célere do que a criação de uma nova tributação, que requer uma emenda constitucional”, explicou.

Além de não gerar receita para os municípios onde estão localizados os quartos ofertados, a falta de clareza sobre o enquadramento das atividades das plataformas de hospedagem, baseadas na chamada economia compartilhada, pode abrir margem para a autuação fiscal dos proprietários na declaração do Imposto de Renda, afirmou o advogado Cesar Brandão, sócio do escritório Simões Brandão Advogados. “O contribuinte acaba declarando a entrada de dinheiro proveniente da receita do Airbnb de forma equivocada, já que a plataforma é apenas intermediária e não fornece os dados daquele que, de fato, efetuou o pagamento“, pontuou.

Sugestões no Congresso

No Congresso Nacional, já tramitam algumas matérias que buscam algum tipo de regulamentação para o tema, mas o deputado Herculano Passos, lembra que propôs a criação da Comissão Especial do Marco Regulatório da Economia Colaborativa, no âmbito da Câmara dos Deputados. “Ao final, devemos elaborar um projeto de lei com uma regulamentação que seja boa e justa para todas as partes”, defendeu Herculano, lembrando que a comissão está em fase de indicação e membros.

Já seu colega de Congresso, Paulo Azi, também acredita na necessidade de regulamentação da economia colaborativa. “Não é justo que vários serviços novos venham competir de forma desigual com aqueles que estão no mercado e cumprem suas obrigações tributárias e formais. Precisamos de leis que tragam segurança jurídica e estabeleçam as competências dos diferentes entes federativos em relação a esses novos negócios no licenciamento e questões tributárias dessas atividades”, afirmou Azi.

No centro da foto, o Consultor Roland de Bonadona (Ex-CEO da AccorHotels para as Américas), ladeado a sua direita pelo Deputado Federal Otávio Leite e a sua esquerda por Alexandre Sampaio, Presidente da FBHA – Foto – Divulgação

Além do debate sobre a tributação e a regulamentação das plataformas de hospedagem, o evento também ofereceu aos participantes exemplos exitosos da economia colaborativa que podem ser aplicados pela rede hoteleira. De acordo com Roland Bonadona, da Bonadona Hotel Consulting, enriquecer a experiência local dos clientes, alavancar espaços subutilizados, atraindo público para dentro do hotel, e consolidar uma reputação on-line são alguns exemplos a serem seguidos pelos meios de hospedagem.

Próximos Debates

O seminário Impactos da “Economia Colaborativa” – Hospedagem é o primeiro de uma série de cinco eventos que além de abordar a chamada economia colaborativa – com foco em setores como alimentação, transportes e agenciamento de viagens -, também vai tratar do tema Esporte e Turismo. Todos os seminários integram a série Turismo: Cenários em Debate que o Cetur da CNC vai realizar em 2017 com o objetivo de elaborar um documento final com as conclusões e sugestões de políticas públicas.

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Edgar J. Oliveira

Diretor editorial - Possui 31 anos de formação em jornalismo e já trabalhou em grandes empresas nacionais em diferentes setores da comunicação como: rádio, assessoria de imprensa, agência de publicidade e já foi Editor chefe de várias mídias como: jornal de bairro, revista voltada a construção, a telecomunicações, concessões rodoviárias, logística e atualmente na hotelaria.

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