Austeridade orçamentária não é contar palitos
No momento crucial da elaboração de um orçamento anual muitas variáveis necessitam ser visitadas e avaliadas. Aspectos do orçamento podem variar, de acordo com o modelo escolhido: por histórico, OBZ ou outros mais ou menos ortodoxos, porém todos os modelos irão concordar que a opinião de amadores, aventureiros, pseudo-sábios ou daqueles super-gênios (que entendem de absolutamente tudo, embora vivam em um universo comparado a uma noz), compromete mais do que ajuda.
É fundamental ponderar, ouvir as bases e, acima de tudo, analisar o momento atual da empresa. Se chegou bem até ali, então vale a pena levantar históricos, processos e procedimentos, potencializá-los e melhorá-los. O cenário é catastrófico? Medidas drásticas, embora racionais, devem ser implantadas não só no orçamento, mas principalmente no modelo de gestão.
A atualidade nos ensinou a contar moedas, não desprezar sequer os palitos – esses também devem ser contatos, sem dúvidas – mas Budget é muito mais do que isso. E uma visão radical ou pouco maleável pode gerar resultados desastrosos à curto e médio prazo, e até comprometer o negócio à longo prazo.
A palavra de ordem é austeridade, planejar o ano vivendo o dia, atentos aos movimentos de mercado e do mercado. Alternativas devem ser buscadas incansavelmente, teorias estudadas sem, no entanto, deixar de dar ouvidos à prática, expertise, experiência, valores e habilidades de um gestor de alta performance.
Muitos associam o orçamento a uma bússola e se guiam apenas por ele, quando na verdade é a gestão que faz com que a empresa encontre o seu norte. É como na história da navegação: os comandantes das antigas embarcações eram limitados ao único equipamento que lhes serviam de guia; já nos navios modernos, além da bússola, exploram uma vasta gama de instrumentos e indicadores que potencializam seus resultados. Números frios não traduzem necessariamente o sucesso da empresa, a efetividade dos resultados é que gera alicerces para alcançar longevidade, pois manter o negócio, fazendo-o crescer, é o objetivo a ser almejado.
Lembrando a TGA – Teoria Geral da Administração, alguns diriam que se estaria mais uma vez confrontando dois gênios: de um lado “Taylor”, científico, pragmático e sistemático, e do outro “Fayol”, clássico, humano e sistêmico. Deixando o academicismo de lado, permitam-me usar uma expressão que aprendi com meu pai: “aproveite o que deu certo, melhore o que deu errado e ouça os envolvidos”. Apesar da importância da sua fundamentação, não se deve basear tudo somente na teoria acadêmica, desprezando a experiência prática. É pertinente valorizar quem “encosta a barriga no balcão”.
Voltando à austeridade necessária durante o processo de elaboração e execução do Budget, conclui-se que tudo tem seu devido valor e é relativando as peças desse processo que se pode identificar os “ofensores” orçamentários, que devem ser tratados diferentemente, pois geralmente são os pontos nevrálgicos do negócio. A forma como entendemos e os tratamos será o grande diferencial de resultados, com todo cuidado para não impactar negativamente na qualidade, produtividade e satisfação do produto ou da empresa.
Grosso modo, é como fazer e servir um belo prato, talvez um filé ao molho béarnaise, onde o arroz ou as batatas que acompanham a iguaria não fazem grande diferença na formação do preço dessa maravilha. Nesse caso, o filé e o próprio molho são, com o perdão da palavra, os “ofensores” nesse orçamento.
Apenas uma nota do autor: ao juntar o vinho, ervas, gemas, sal, pimenta e manteiga, não deixe ferver, pois coloca em risco toda a alquimia do prato.
*Rhaxwell Santos é Superintendente da Fazenda Vila Real, Executivo de grandes empresas há mais de 25 anos, gestor de Alta Performance, Gerador de Resultados, Professor e Formador de Equipes Vencedoras. Contato – rhaxwell@yahoo.com.br