Entrevista

Alexandre Sampaio,um dos timoneiros da hotelaria nacional

Em um cenário nunca antes vivido, a hotelaria nacional tem passado por inúmeras mudanças e transformações e está prestes a recepcionar cerca de 600 mil turistas durante a realização da Copa do Mundo da Fifa Brasil 2014, entre os meses de junho e julho. O setor tem se movimentado e progredido, e este crescimento não seria possível sem o apoio de entidades ligadas ao setor, como a FBHA — Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação, que tem se empenhado em uma série de pleitos para o setor, junto com as outras entidades co- irmãs (FOHB, ABIH e Resorts Brasil) para garantir competitividade. Vários resultados já foram alcançados e no momento a flexibilidade das jornadas de trabalho e as cobranças ilegais do ECAD estão na pauta de reivindicações.

Confira nessa entrevista exclusiva com Alexandre Sampaio, Presidente da FBHA, que acaba de ser reconduzido ao cargo pelo período de mais quatro anos,  os assuntos mais importantes do setor e isto inclui: os novos contratos de trabalho; o crescimento de soluções tecnológicas no mercado hoteleiro, a super oferta de leitos em algumas regiões; a regulamentação do condo hotel; o legado da copa do mundo e das olimpíadas e os planos da FBHA para os próximos quatro anos e até mesmo as representações patronais sindicais da categoria.

Revista Hotéis —  Como você analisa o atual momento da hotelaria nacional?
Alexandre Sampaio — O atual momento da hotelaria no Brasil é promissor, inúmeros investimentos foram realizados nas diversas sedes da Copa do Mundo, propiciando uma melhoria na qualidade dos equipamentos, obrigando os meios de hospedagem já instalados a modernizarem suas instalações e houve uma excepcional diversificação da segmentação dos hotéis. Estamos assistindo um boom de hostels, dos mais simples aos sofisticados e hotéis boutique, em lugares antes inimagináveis, como as comunidades pacificadas no Rio de Janeiro. Isto tudo resulta em melhor qualidade de atendimento, emprego crescente, aumento do nível de renda do colaborador e uma oferta mais diversificada, resultando em mais opções para o consumidor.

Revista Hotéis —   Quais os pleitos que a FBHA está reivindicando? A flexibilidade das jornadas de trabalho e as cobranças do ECAD estão nesta pauta?
Alexandre Sampaio — A FBHA — Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação participou recentemente da entrega de uma série de revindicações da categoria, junto com as outras entidades co- irmãs (FOHB, ABIH e Resorts Brasil) em evento realizado em São Paulo, com a presença do candidato Aécio Neves, do recém empossado Ministro do Turismo e o novo deputado responsável pela agora Comissão de Turismo da Camara dos Deputados. Naquele estudo feito com a colaboração de todos, sintetizaram-se as principais demandas de nosso setor. Muitas delas de caráter tributário visando ganho de competitividade, tanto no âmbito estadual quanto federal e algumas trabalhistas. A Federação trabalha agora pela implantação do contrato de curtíssima duração, uma promessa do atual Ministro do Trabalho, ainda antes do Campeonato Mundial de Futebol, pois permitiria número expressivo de contratações formais de temporários e dando possibilidade aos pequenos empreendimentos de trabalharem melhor sua sazonalidade. No assunto ECAD, estamos participando do grupo de trabalho instalado pelo Ministério da Cultura, que objetiva proporcionar subsídios para a regulamentação da nova lei de direitos autorais. Estamos confiantes que o marco legal desta matéria, isentará no âmbito dos quartos, conforme ampara a Lei Geral do Turismo, o pagamento de música sintonizada pelo hóspede. Porém, continuaremos a recolher pelas áreas comuns, mas não nos sujeitando mais ao monopólio do ECAD – Escritório Central de Arrecadação.

Revista Hotéis —  Em que aspectos a questão preço, devido ao posicionamento da Embratur e da Senacon, prejudicou a vinda de turistas estrangeiros ao Brasil para a Copa? Isto poderá causar uma má impressão do Brasil?
Alexandre Sampaio— Creio que o mal já está feito e este dano poderá se prolongar ainda por algum tempo. A Fifa declarou através da Match que nunca vendeu tantos pacotes turísticos para a competição, como quanto agora  no Brasil, portanto a argumentação da Embratur e Senacom, partiram de premissas errôneas. Este é um evento majoritariamente de torcedores amantes do futebol (que querem no caso dos estrangeiros, fazer algum turismo), de patrocianadores (que potencializam seus incentivos para esta disputa) e de pessoas com bom poder aquisitivo. Ninguém em sã consciencia viajará para qualquer local da competição sem ingresso, portanto ou este viajante adquiriu o pacote no site oficial (hotel e entradas incluídas), pagando o valor publicado ou se sujeitou ao sorteio dos ticktes, procurando aéreo e hospedagem a posteriori. Achar que a hotelaria foi um fator inibidor do deslocamento de nacionais ou turistas de fora, com os preços em queda após a devolução dos quartos, referente aos dias de intervalo dos jogos, conforme previa a operadora turística oficial do torneio, é não conhecer a realidade do mercado. Aliás, nenhuma novidade sobre isto. A maioria dos hotéis selecionados, nos dias de competição, terão boa ocupação, porém ainda há vagas em determinadas cidades. A preocupação agora é que tudo ocorra bem, dentro do possível, para nossa imagem permitir o legado de sermos um destino que as pessoas pela televisão queiram visitar no futuro e aqueles que aqui vierem, saiam com uma boa impressão para retornarem. Portanto estamos seguros que a hotelaria cumprirá sua parte, não estamos convictos quanto a outras responsabilidades.

Revista Hotéis —  Quais são as suas expectativas em relação ao novo Ministro do Turismo e a Presidência da Comissão de Turismo da Câmara dos Deputados?
Alexandre Sampaio— O Ministro Vinicius Lages é um experimentado gestor público, com vivência na área internacional do Sebrae, conhecedor dos problemas do setor e de muitas das entidades do trade. Com certeza é um bálsamo e uma esperança para pelo menos um melhor entendimento dos segmentos que compõem o turismo nacional com suas peculiaridades e dificuldades. Não precisaremos esperar uma familiarização com nosso universo, pois o mesmo já convive há anos com muitas das demandas de nossas representações. O problema é o curto espaço de tempo desta gestão. Vamos torcer, para que independente do resultado eleitoral, o Ministério do Turismo não seja em 2015, moeda de troca política e tenha uma gestão profissional, próxima a Presidência, talvez um modelo a ser discutido, seja uma secretaria especial, para que se possa implementar uma política de Estado e não de Governo. Acalenta-se que com a separação do esporte, a comissão na Câmara dos Deputados, específica para o turismo, possa através do seu Presidente Deputado Renato Molling, desempenhar aquilo que dela se espera. Dabates sobre os temas nacionais propostos, iniciativas sobre projetos de lei favoráveis ao desenvolvimento turístico e discussão democrática sobre assuntos controversos, face a interesses antagônicos.

Revista Hotéis —  Qual a sua percepção em relação aos candidatos a Presidência, considerando o Turismo para os próximos quatro anos? O turismo será tratado como uma pauta importante na economia e assim poderemos sair da casa dos 5 milhões de turistas estrangeiros recebidos/ano?
Alexandre Sampaio— Na verdade este ano face ao torneio futebolístico chegaremos aos seis milhões. Temos que ouvir as propostas dos presidenciáveis, que ainda pouco se posicionaram a respeito. A FBHA – Federação Nacional de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares pretende junto com a CNC e a Câmara Empresarial de Turismo da Confederação, propor reuniões com os candidatos, visando ouvir suas idéias, reunindo o trade turístico em todo o seu espectro, para avaliarmos suas plataformas para nosso setor. Particularmente acho que se não houver uma mudança de paradigma face ao segmento, dificilmente avançaremos para um patamar superior. Temos que encarar nossa atividade como irradiadora de desenvolvimento integrado para a economia como um todo, com potencial empregador e indutor de políticas públicas complementares ou que se harmonizam para a sociedade como um todo.

Revista Hotéis—  Na sua opinião, qual o papel dos aplicativos para smartphones , no que diz respeito à venda de apartamentos nos hotéis?  A hotelaria brasileira está preparada para acompanhar esta tecnologia?
Alexandre Sampaio — A tecnologia estará cada vez mais presente na hotelaria e na alimentação fora do lar. Não só em aplicativos para reservas de quartos e mesas, mas também no operacional. A utilização de robôs de pequeno porte para limpeza de quartos e asseios de banheiros serão uma realidade em poucos anos, inclusive no Brasil. Nossa mão de obra, face aos altos índices de emprego na economia, tende a se tornar cada vez mais cara e de difícil especialização. Portanto a saída é ganho de competitividade. Se vamos pagar mais para a arrumadeira ou ao faxineiro, que eles sejam capazes de desempenho muito superiores aos de hoje e para isto é imprescindível ganho de  produtividade, com incorporação do manuseio de equipamentos de última geração,  que facilitem o trabalho braçal. Postos de auto atendimento em estabelecimentos hoteleiros, vão aumentar inexoravelmente, mantida sempre uma alternativa de relação pessoal com o hóspede, porém os tótens vieram para ficar, tanto  no check in quanto no check-out.

Revista Hotéis —  A cidade do Rio de Janeiro terá 14 mil novos apartamentos até 2016, sendo 11 mil somente na Barra da Tijuca. Isto não poderá ocasionar um desiquilíbrio e gerar super oferta? Você que é empresário do setor hoteleiro fluminense, como analisa este mercado nos próximos anos?
Alexandre Sampaio —  A implementação de maneira tão vigorosa de investimentos hoteleiros pela iniciativa privada na cidade do Rio de Janeiro, prova o acerto das políticas de incentivo fiscal e edilício, por parte da Prefeitura carioca para suprir, o número de quartos que faltavam na  ocasião da disputa pela sede dos Jogos Olímpicos de 2016. O caderno de encargos assinado pelas entidades governamentais das três esferas, garantia as habitações. Ele também foi subscrito pelo SindRio (Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Rio), portanto era necessário deslanchar processos de motivação e  de custo benefício que atraíssem capitais para estas construções. Os decretos foram precisos, pois limitavam as vantagens para aqueles que empreendessem de imediato, de forma que os prédios ficassem prontos para a competição olímpica. De certa forma não houve surpresa pela resposta dos investidores, mas sim pelas formas criativas de capitalização junto ao público, o que agora parece que será corrigido. Quanto ao número de empreendimentos majoritariamente na Barra da Tijuca, é compreensível face ao maior número de terrenos disponíveis, com preços ainda viáveis. Esta oferta adicional gerará um esforço muito grande dos hoteleiros, da Riotur, da Turisrio, da Embratur, do Convention Bureau local e do Rio Centro, para atração de eventos, seminários, shows, convenções e congressos para ocupar estes apartamentos.

Revista Hotéis —  Pelo fato do Rio de Janeiro sediar a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, quais os legados que a cidade terá, assim como a hotelaria?
Alexandre Sampaio —  Os legados de novos meios de  transportes públicos facilitando a mobilidade urbana, como o BRT e BRS além do VLT, a revitalização e transformação da zona portuária em local de convivência social e turística, com moradias, prédios comerciais, shoppings, hotéis, restaurantes e museus. Além disto, o ganho de novos equipamentos culturais como o MAR — Museu de Arte do Rio de Janeiro, o novo MIS —Museu da Imagem e do Som, em plena Av. Atlântica, o futuro Aquário, o  Museu da Amanhã e a Cidade da Música na Barra , recentemente reinaugurada. Estes são alguns dos exemplos que nossa metrópole terá para usufruto de sua população e turistas, que aqui vierem. Quanto a hotelaria, a chegada de novos grupos gestores nacionais e estrangeiros, trará tecnologia, gestão de ponta, qualidade de atendimento e potencializará vendas no mercado internacional, pois estas redes se esforçarão para ocupar suas unidades, através seu sistema de reservas mundo afora .

Revista Hotéis —  A CVM – Comissão de Valores Mobiliários está comunicando o mercado que poderá regulamentar o condo-hotel no Brasil, pois no entender dela, esta captação de recursos envolve riscos aos investidores. Como você analisa esta situação e qual o impacto que ela terá no setor?
Alexandre Sampaio—  Acho primordial que a CVM se posicione, obrigando os lançamentos de estruturas de vendas em cotas de participação de hotéis, sejam caracterizados como operações mobiliárias, portanto sujeitas ao crivo do orgão regulador. Mesmo para vendas de condo hotéis, flats ou apart hotéis, em que o investidor individual compra através de uma escritura uma unidade, colocando-a no pool, deveria ser  exigido, um estudo crível de viabilidade econômica. Isto envolve deste o lançamento imobiliário, que se incorporasse no memorial de obras, permitindo uma visão clara dos riscos ao público. Esta tolerância até então, levou incorporadoras e construtoras, a uma sanha desenfreada de vendas, que em nada colabora com os destinos, pois não existe compromisso, com a provável super oferta hoteleira futura. Este quadro se desenhou em todas as capitais brasileiras, sedes da Copa e mesmo as redes, que administram empreendimentos já em funcionamento se preocupam. É claro que naquelas sociedades em cota de participação para  hotéis em que o investidor é único ou majoritário no total dos quartos, há  compromisso com sua rentabilidade e deduz-se que estão comprometidos com a cidade escolhida para seu aporte.

Revista Hotéis —  Que análise você faz sobre as principais demandas do setor hoteleiro na atual conjuntura econômica? Este é o momento adequado de reivindicações?
Alexandre Sampaio—  Creio que teremos dificuldade em mantermos o Brasil Maior para a hotelaria, as contas do Governo estão sobre pressão interna e externa, mesmo os candidatos de oposição tem um discurso contra as desonerações. Entretanto acho fundamental esta manutenção, pois somos intensivos de mão de obra e o peso da folha com encargos é substancial em nosso custo operacional. Várias das outras demandas são possíveis de serem atendidas como compensação tributária de prejuízos acumulados, nos últimos cinco anos, pelo menos neste exercício fiscal, em uma alíqüota superior aos atuais 30 % . Temos ainda a pretensão da extensão, dos efeitos da lei 11717 de 2008, modificada pela MP 413, que permitiria uma depreciação acelerada, inclusive de imóveis hoteleiros e softwares, estes últimos adquiridos em função da Copa. No âmbito do Confaz a alteração e uniformização das rúbricas de incidencia do ICMS sobre a conta de energia elétrica dos meios de hospedagem, em um patamar mais baixo, pelo menos levando em conta a sazonalidade. Completariam a lista, incentivos fiscais para os hotéis que investissem em aperfeiçoamento interno de seu quadro de colaboradores, redução de IPI sobre determinados produtos para nosso setor (que permitiriam modernização e ganhos de competitividade), inclusão das vendas de diárias hoteleiras para clientes no exterior, mesmo que passando por intermediários como operadoras nacionais (MPEs), como atividade exportadora. Este é o momento adequado para revindicarmos, períodos eleitorais, permitem que candidatos assumam compromissos.

Revista Hotéis —  Você está se reelegendo na presidência da FBHA para mais quatro anos. Que análise você faz de sua gestão e quais os desafios para o próximo quadriênio?
Alexandre Sampaio —  Durante este primeiro quadriênio procuramos potencializar os sindicatos menores com a oferta se um sistema de gestão de excelência de maneira gratuita, ajudamos no aperfeiçoamento de seu banco de dados visando uma manutenção operacional mais adequada. Colaboramos nos eventos para aqueles que queriam realizar projetos nesta área, apoiamos a construção de sites próprios destas organizações, além de cumprir nosso papel estatutário de acompanhamento de registros dos associados da FBHA junto ao Ministério do Trabalho. Implementamos um fórum de advogados sindicalistas com reuniões periódicas para discussão de assuntos de interesse de todos, de assessorias de imprensa para uniformizar a comunicação, participamos de uma série de feiras setoriais da categoria, audiências públicas no Congresso Nacional e em outras estruturas de poder. Colaboramos na confecção de documentos que foram entregues às autoridades constituídas das mais diversas, com pleitos tanto na gastronomia quanto na hospedagem, além de exercermos plenamente nossa representatividade em vários estados de maneira mais próxima ao empresariado, com a abertura de escritórios em São Paulo, Belo Horizonte e Salvador. Adquirimos uma sede nova em Brasília, onde está nossa matriz, com mudança prevista para este segundo semestre, além de criarmos um conselho regional de consulta do Presidente, visando uma maior participação de novas lideranças. Implementamos ainda uma Comissão Nacional de Negociação Coletiva, que tem por objetivo ajudar o patronato nas discussões, quando das convenções de trabalho com os trabalhadores, nas datas base. Nos próximos quatro anos, manteremos o foco no fortalecimento da representação sindical das empresas, discutiremos os grandes temas do nosso setor que nos afligem e emperram o crescimento de nossos segmentos. Vamos propor a criação de uma frente parlamentar da hotelaria (pois já participamos de uma da alimentação fora do lar) e pretendemos incentivar a criação de sindicatos em áreas inorganizadas.

Revista Hotéis—  Você é diretor na CNC – Confederação Nacional do Comércio, de Bens, de Serviços e de Turismo, responsável pelo turismo. O que tem sido realizado? Quais ações o trade pode esperar da Confederação?
Alexandre Sampaio—  Sou diretor da Confederação Nacional  do Comércio, de Bens, de Serviços e de Turismo, presido o Conselho de Turismo da CNC e coordeno a Camara Empresarial da Confederação, mas não sou responsável direto pela política em relação ao setor pela casa. Esta é uma prerrogativa de nosso presidente Antônio de Oliveira Santos, porém colaboro no subsídio de informações que corroboram ou permitem as decisões de nossa entidade. A Astur — Assessoria de Turismo, sob a égide da Secretaria Geral, que tem na sua titularidade nosso companheiro ex hoteleiro Eraldo Cruz, permite uma interação muito positiva em prol do turismo nacional. A CNC como a maior representante da hotelaria e alimentação fora do lar, face aos sindicatos patronais vinculados à FBHA, que por sua vez alinha-se aquela estrutura, tem trabalhado e prestigiado intensamente, não só os nossos setores, como também as representações das agências de viagens, empresas de eventos, turismo de aventura, operadoras, imprensa especializada, etc. Somos um dos principais patrocinadores do Congresso da ABAV, além de aportarmos recursos em inúmeros eventos, congressos, seminários, feiras e exposições do trade como um todo. Independente de ser reconduzido como diretor da CNC a partir de agosto, por mais quatro anos, a opção da Confederação Nacional do Comércio e Turismo por apoiar efetivamente o segmento é inexorável e contínua.

Revista Hotéis —   No setor de alimentação fora do lar, qual é a sua análise quanto ao momento atual? Na sua perspectiva, quais são as perspectivas para esse setor?
Alexandre Sampaio —  A gastronomia brasileira encontra-se em um estágio de profundas transformações. O aumento da renda resultou, que tanto na alimentação comercial do almoço, quanto no jantar de lazer ou negócios, em um  crescimento do mercado e dos clientes. Isto propiciou o surgimento de milhares de novas empresas, além de um universo de novos fornecedores, cursos especializados, publicações específicas, importadores com novos produtos mais elaborados e de qualidade, além de um mundo imensurável na internet voltado para o setor. O surgimento de uma geração de chefs brasileiros de alta capacidade, levou a que muitos jovens optassem pela carreira, elevando o nível de nossa culinária a padrões mundiais.  O consumo de vinhos tornou nosso mercado promissor, tanto para produtores nacionais, quanto para os de fora e a diversidade de nossas regionalidades, através de temperos, insumos e tradições permitiu, alçarmos a um nível de excelência para a cozinha brasileira. Se como segmento vamos bem, em termos de negócios carecemos de atendimento de algumas demandas, como, por exemplo, a inserção de nosso universo no Brasil Maior, para as empresas de lucro real ou presumido terem mais competitividade, dado que são grandes empregadoras. A disseminação pelos Estados, de maneira geométrica dos produtos alcançados pela substituição tributária, distorceu o espírito da lei e deve ser combatida. Outra demanda seria a padronização dos regimes especiais de incidência do ICMS, através de alíqüotas mínimas, como os 2% sobre o faturamento bruto (caso do RJ), simplificando a burocracia tributária, além de termos uma lei específica mais adequada, para regularmos contratos de locação em shoppings. A implementação dos contratos de trabalho de curtíssima duração, resultaria em maior empregabilidade formal para buffets e fast foods, pois permitiriam conciliar os interesses dos jovens que querem trabalhar e estudar, agregando qualidade no atendimento, além de permitir maior aproveitamento dos profissionais.

Revista Hotéis—   Como você analisa as representações patronais sindicais da categoria e o que a FBHA faz para mudar a realidade?
Alexandre Sampaio —  É incrível que ainda nos dias de hoje, empresários se sujeitem a serem representados por figuras descompromissadas com os anseios de nosso setor, que se perpetuam no poder, com interesses pessoais acima dos representados, além de não prestarem contas de sua gestão. Urge que os empresários assumam suas responsabilidades e cobrem mudanças em suas bases, permitindo renovação, como a nossa, já que cumprirei, se eleito em 16 de maio próximo, meu último mandato a frente da FBHA.

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