ADIT Invest 2020 debateu impactos da pandemia na multipropriedade
O terceiro tema da 15ª edição do ADIT Invest, evento hibrido que vem sendo realizado no Hotel Pullman São Paulo Vila Olímpia, e tem a Revista Hotéis como Media Partner, trouxe a multipropriedade como destaque. Esse painel contou com a presença de Lucas Elmor, Sócio da Hectare Capital, Maria Carolina Pinheiro, VP Development Latin America do Wyndham Hotels & Resorts e Camila Almeida, Sócia-fundadora da Habitat.
Moderando o painel, Maria Carolina Pinheiro introduziu o assunto comentando que: “ A Wyndham trabalha em Gramado e Olímpia, que são multipropriedade, temos experiência nessa gestão. Na abertura falaram bastante do tema, e conversando com os painelistas, o grande gancho desse mercado foi quando entrou o mercado financeiro”, diz.
Camila Almeida, Sócia-fundadora – Habitat, comentou sobre o período de quarentena nas vendas. “O setor teve de se reinventar. Na questão de região afeta bastante, em São Paulo as mídias foram muito mais fortes. As vendas caíram, mas conseguiram controlar, apesar de depender muito das vendas nos estandes por exemplo. Teve essa questão das vendas on-line e vários projetos da carteira começaram nisso, foi uma questão positiva. A multipropriedade é forte no inverno, e esse ano não deu, e agora a temporada do verão, e esperamos uma retomada maior”, comenta.
Lucas Elmor, Sócio da Hectare Capital, acredita que a pandemia trouxe uma força maior para multipropriedade no mercado. “Em relação aos recebíveis, logo quando começou, nós intensificamos, fizemos um monitoramento mensal, reunião semana de gestão para termos um termômetro. O mês de março teve um impacto pequeno. Abril, maior e junho, vimos um aumento de inadimplência geral. As vendas caíram, mas os distratos não, as operações se mantiveram saudáveis apesar da pandemia, e isso foi um cartão de visita interessante para multipropriedade, acho que saiu por cima da crise”, diz.
Retomada dos projetos
Lucas Elmor foi questionado por Maria Carolina sobre a retomada. “Em termos de retomada depende da região, umas abriram mais rápidas e estão operando, outras não, estão em fase de obra. Então teve de tudo um pouco, mas no geral vemos a ocupação dos hotéis prontos. A velocidade de vendas ainda não está nos níveis anteriores da pandemia, mas já passou do vale, quando tínhamos mais distratos do que vendas“, afirma.
Lucas Elmor também comentou sobre a construção de mais de um projeto. “A gente tem alguns casos, não só nesse mercado, mas empreendedores que fizemos até cinco projetos em sequência. É aquilo, a primeira é sempre complicada, mas as seguintes elas fluem bem melhor, é natural que ocorra de forma mais rápida”, afirma.
Como funciona a multipropriedade nas empresas?
Camila Almeida explicou como a Habitat trabalha. “Eu acho que tem dois pontos, o cooperador saber que quer entrar no mercado financeiro, mas para nós entrarmos com recursos no projeto, olhamos quando ele está aprovado, lançado e vendas iniciadas, então a partir daí nós olhamos. Hoje entramos na parte que já lançou. Alguns projetos participamos desde o começo, mas o financiamento mesmo é depois das vendas iniciadas. Não existe o mínimo de obra, as vezes com 3% ou com quase tudo pronto”, aponta.
Lucas Elmor comentou o que é analisado durante o negócio. “Eu diria que hoje 70% do que a gente faz está com o perfil parecido com o que a Camila comentou. O projeto já está 40% vendido, com obra construída ou não. Mas temos outros produtos, e o que não fazemos de forma alguma é dar crédito para projeto não aprovado. Tem casos que olhamos o projeto e deixamos uma carta de intenção assinada, mas com alguns precedentes”, diz.
O que não é recomendável?
Para Lucas Elmor, o principal erro é não focar nas vendas. “Acho que até complementando a última pergunta, os maiores erros foram justamente negligenciando a importância e o impacto que as vendas tem. Colocar uma empresa que está focada em corporação tradicional, que não entende da estrutura, então isso acaba que o empreendedor não projeta o caixa e falta folego porque não tem dinheiro para pagar. Os maiores erros estão nessa parte, no comercial”.
Camila Almeida explicou que em sua opinião a localização é fundamental para o projeto funcionar e não errar. “Eu acho que a localização também é importante. Então, você fazer seu projeto na localização correta, como turístico por exemplo, é importante. Na expansão do setor é prova disso para aumentar o retorno. Tem que ter fluxos de pessoas para comprar”.
Possíveis desistências e visitas das obras
Camila Almeida respondeu uma pergunta do público sobre o acompanhamento das obras e se há desistência do público ao longo do projeto. “Acompanhamos muito de perto o projeto, então as visitas, quando estamos em obra nas visitas mensais, ou da engenheira, então se o projeto ocorre bem fazemos anual, se tiver muita inadimplência fazemos visitas mais recorrentes”, diz.
Lucas Elmor também respondeu à pergunta do público. “No nosso histórico na multipropridade não houve casos de desistência. Existe algumas com riscos fortes em comercial, então fazemos uma cobrança forte no empreendedor, nas visitas e relatórios, e podemos até trocar equipe de vendas ou a cobrança da carteira, o problema pode estar na pós venda, e vamos entender o porquê”, explica.