Opinião

A nova cara do turismo: dinâmico, compacto e com preço justo

Não é novidade que o turismo tenha crescido exponencialmente, em todo o mundo, e o crescimento da renda mundial tenha bancado esse aumento. Contraditoriamente, ou sintomaticamente (como queiram chamá-lo), tem crescido, ao mesmo passo, o turista que exige cada vez mais novidades e opções baratas de viagem, hospedagem e tour. Nessa esteira, podemos falar do turista que topa dormir no quarto de um morador da cidade que visita, por um valor acordado entre ambas as partes, ou se encosta, ali mesmo, no sofá da casa, de bom grado do anfitrião.            

 

As grandes empresas aéreas se aliam para fornecer passagens de volta ao mundo por preços rebaixados. Tem tours feitos à pé pelas cidades e, acredite se quiser, a contribuição é voluntária. Além de hotéis cujo lema é “pague o que quiser”. Onda do bem que invade o turismo? Não. É mais uma estratégia de marketing e uma via para trocar “figurinhas”, experiências de viagem, cultura e conhecimento.             

 

A começar pelas febres mundiais: bed and breakfast e couchsurfing, respectivamente “cama e café da manhã” e “surfe no sofá”, em português. A proposta é que o visitante se hospede na casa de um habitante local e que este faça as vezes de um guia turístico, fornecendo informações sobre as principais atrações da cidade.          

 

As categorias se diferenciam no pagamento: ao primeiro, se presume o pagamento de uma quantia acordada (normalmente, menor ao que seria pago em uma hospedagem convencional). A contrapartida do anfitrião, além do quarto e acesso às dependências da casa (opcionalmente), é o oferecimento de um café da manhã. Os contatos e transferências são intermediados por uma empresa especializada, aqui no Brasil, inclusive.        

 

O couchsurfing é um grupo de mais de um milhão de pessoas de mais de 180 países, vinculadas à uma rede social, que tem como única promessa oferecer um sofá ao visitante, sem receber nenhum pagamento em troca.  Embora não haja ganhos pecuniários, nesse segundo caso, os ganhos são recompensáveis: contato direto com pessoas de outras culturas e intercâmbio de experiências. Para o visitante, não há melhor opção de convívio com os hábitos e culturas locais.          

 

Para atrair o exigente turista, as companhias aéreas e agências de viagens apostam num turismo compacto e ousado: viajar ao redor do mundo e fazer o tour pelos principais pontos turísticos de uma cidade, à pé e de graça.         

 

“Viajar pelo mundo” soa épico, remete à obra “Volta ao mundo em 80 dias”, mas não há nenhuma historinha. As viagens podem ser realizadas por um valor de R$ 8 mil, com taxas inclusas e direito a desembarque em 12 países. E vale todo tipo de roteiro para atrair o turista: roteiro temático, como “Volta ao Mundo pelas Sete Maravilhas” (já oferecido pela Star Alliance) e roteiros concentrados em determinadas regiões do globo, a exemplo do “Circuito Asiático” e do “Circuito Oceano Pacífico”.           

 

O walking tour – tour à pé – por sua vez, inova nos seus guias, normalmente estudantes universitários locais, que apresentam a cidade de forma dinâmica, em pequenos grupos, focado em histórias e curiosidades do local e algumas dicas preciosas, como onde comer pagando uma pechincha ou, pelo menos, mais barato. E, o melhor, escapam ao enfadonho, à moda dos guias enciclopédicos que despejam números e mais números ao visitante.  O guia, normalmente muito simpático e solicito, cria a brecha:  marketing a outros passeios, agora sim, pagos, e a contribuição que, embora voluntária, é sempre presente. A novidade já chegou ao Rio, São Paulo, Santiago, Sydney, Kiev, Tel Aviv, Tóquio, Amsterdã e muitas outras cidades. Nessa seara de propostas inovadoras, foi anunciada também a novidade “pague o quanto quiser”, já presentes em restaurantes do mundo todo e, agora, em hotéis de Paris.              

 

Em todos os casos, a máxima se centra em que a maior parte dos viajante não é tão mesquinho que não queira pagar o preço que convém, nem tão generoso a ponto de pagar além do que considere justo. Isso torna mais acessível a viagem a todos os públicos e ajuda a engrossar, ainda mais, a fileira de viajantes mundo à fora. Ganham viajantes, em economia; ganham anfitriões, em experiências interculturais; e ganham empresas associadas ao turismo no montante de fechamentos.

 

Henrique Mol é especialista em turismo e sócio-fundador da Encontre Sua Viagem, franquia de turismo

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