Opinião

A necessária qualificação da hotelaria brasileira

Silvania Capanema*

 

É sempre a mesma história… Enquanto uns tantos trabalham, outros, que não sabem e não fazem nada, jogam pedra!

 

O Sr. José Otávio Meira Lins, Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do estado de Pernambuco, publicou um artigo na seção “Opinião” da edição de junho da Revista Hotéis em que Minas Gerais e outros estados são contra a classificação hoteleira. De onde ele tirou esta idéia? Eu não o conheço, assim como a maioria de meus colegas presidentes das ABIHs estaduais, apesar de minha presença em todas as reuniões da ABIH Nacional desde que assumi a presidência da ABIH/ MG — Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do estado de Minas Gerais há três anos e meio. Nem uma única vez houve qualquer tipo de comunicação entre nós. Não me agrada, nem aos meus colegas, que este senhor expresse, por nós, opinião contrária à que temos.
Gostam de dizer que os mineiros trabalham em silêncio, na verdade somos apenas discretos, não alardeamos nossos feitos antes de vê-los concretizados. A proposta de se criar um novo sistema de qualificação para a hotelaria brasileira veio da ABIH MG, o que é de pleno conhecimento da ABIH Nacional e do Ministério do Turismo, porém não a apresentamos à imprensa porque é matéria que está sendo devidamente tratada pelo MTur e ainda não está pronta para ser divulgada oficialmente ao país.
A partir da possibilidade de realização da Copa do Mundo 2014 no Brasil, aprofundei estudos sobre a qualificação da hotelaria, tanto do que já vinha sendo feito no país quanto ao que existe hoje em outros países, sobretudo os europeus, cuja hotelaria tem maior semelhança com a brasileira. Em 2008, inclusive, fiz uma viagem à Espanha para conhecer de perto o sistema de qualificação de sua hotelaria. 
Em janeiro de 2009 apresentei à presidência da ABIH Nacional o escopo de um projeto piloto de qualificação da hotelaria brasileira, com a proposta de ser aproveitado pelo IBH, recentemente ressuscitado com o objetivo  de qualificar a hotelaria, como reza o primeiro item de seu novo estatuto. O projeto não obteve o mínimo interesse da ABIH Nacional e então o levei ao conhecimento do MTur, com a devida permissão da entidade.    
Em 6 de abril de 2009, a proposta do Projeto Piloto foi apresentada ao trade turístico mineiro e a partir daí reunimos um grupo de 36 hotéis e pousadas em Belo Horizonte para executar as ações previstas no projeto.  Com a realização de várias oficinas de trabalho conjuntas, quando dividimos os meios de hospedagem participantes em categorias, além de trabalho interno nos hotéis, analisamos as matrizes de classificação já aplicadas pela  Embratur no país, tendo também matrizes de outros países como fonte de estudo.  O resultado deste trabalho, que propôs, além de uma simplificação e modernização da matriz de classificação de 2002, a sugestão de novas matrizes para flat, pousada, resort, hotel  histórico e hotel fazenda , foi entregue( e muito bem recebido) ao sr. Ricardo Moesch, Coordenador-Geral de Serviços Turísticos do Mtur, no dia 1 de junho de 2009.  Como havíamos sugerido a retirada dos quesitos de qualidade da matriz, por supormos critérios subjetivos e que não poderiam ser averiguados em uma simples auditoria para classificação, mostrei nesta data, ao Sr. Ricardo, o escopo do Projeto de Qualidade que já estávamos desenvolvendo.
Em Belo Horizonte, prosseguindo com os trabalhos, levantamos todas as competências profissionais da hotelaria, realizando um belo trabalho de conscientização e reconhecimento da importância de suas funções com todos os colaboradores de 15 hotéis participantes do Projeto Piloto. Em seguida, reunimos os documentos existentes nestes hotéis para elaborarmos, conjuntamente, os Manuais de Procedimento Internos dos Processos da Hotelaria. 
Com base nesta experiência, nos projetos já realizados no Brasil e no estudo das boas práticas aplicadas em outros países, elaboramos o  “Projeto Piloto de Qualificação da Hotelaria Brasileira”, que foi entregue ao Sr. Airton Pereira, então Secretário Nacional de Políticas do Turismo do Mtur, no dia 12 de novembro de 2009, no MTur, em Brasília.
Em suma, o Projeto de Qualificação apresentado pela ABIH MG ao MTur  sugere três pilares:  Capacitação dos profissionais da hotelaria por meio dos recursos disponíveis na localidade e uma certificação única e oficial em todo o país, maneira esta de garantir a uniformidade e a qualidade do Certificado Profissional; Classificação dos meios de hospedagem através de um novo sistema acessível, simplificado e adequado a todas as diferentes tipologias, de modo a tornar possível a classificação de todo e qualquer tipo de hospedagem no País; Qualificação da empresa através da qualificação de seus processos, tornando acessível a implementação de uma Norma de Qualidade Hoteleira do tipo ISO 9001. Ao final do processo, tendo cumprido todas as etapas, a empresa recebe o Selo de Qualidade.
Colaborando para a construção desses processos, a ABIH MG vai entregar à ABNT um documento com as 38 competências profissionais levantadas nos hotéis de Belo Horizonte, a fim de que sirvam de material para a elaboração das Normas Brasileiras de Competências Profissionais, necessárias à orientação técnica nos cursos profissionalizantes e aos parâmetros para a Certificação Profissional. 
No presente momento, a ABIH mineira prepara os manuais de procedimento da hotelaria, documento este que poderá servir de base para que o MTUr, ou quem este indicar, prepare as normas para a qualificação dos processos hoteleiros, com vistas ao futuro Selo de Qualidade.
Desta forma, não só a ABIH MG é totalmente a favor da qualificação da hotelaria brasileira para que possamos, em 2014, mostrar ao mundo que estamos em igualdade de condições com a melhor hotelaria internacional classificada por estrelas, como também tem trabalhado arduamente para que o Brasil se torne um dos melhores destinos turísticos do mundo.

 

*Silvania Capanema é Presidente da ABIH/MG

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