A importância do café da manhã nos meios de hospedagens
Artigo do Chef Edson Puiati*
O café da manhã ou “breakfast”, que define uma pequena refeição quando usado o termo mais comum internacionalmente, ainda é considerado a primeira refeição do dia. Sobre ser ou não a mais importante do dia é uma questão ainda não confirmada pelos estudos científicos. No entanto, o mais importante é entendermos suas variações de acordo com o país e a etnia. Cada estado ou país possui seus costumes, crenças e hábitos alimentares que influenciam e ajudam a compor o variado cardápio do café da manhã. Em um país como o Brasil, com dimensões continentais, os costumes são bem diversos, o que faz de um café da manhã no Norte ser diferente do Sudeste e ainda mais diferente no Sul.
Cultura alimentar
As características da cultura alimentar local são fortemente procuradas pelos hóspedes e turistas que buscam através da comida entender a cultura local. É comum comer um sanduiche de tucumã em Manaus. Em São Paulo, um sanduiche bauru e em Porto Alegre, procura-se uma “Lanchera” para se comer um sanduiche de torrada de pão de forma, presunto, queijo e manteiga. São culturas diferentes e que preservam seus costumes através do menu do café da manhã.
É na primeira refeição do dia que podemos impressionar o hóspede, o turista, e até mesmo o “passante” (indivíduo, que não sendo hóspede, entra e consome os serviços do hotel) ou visitante, com as iguarias mais típicas, principalmente levando-se em consideração seu modo de fazer, que traz consigo a cultura local.
Há muitas pessoas que escolhem o hotel pelo café da manhã. Em todos os hotéis que frequento pesquiso sobre o café da manhã. Conhecer as avaliações pode significar concretizar a hospedagem. O café da manhã pode, para muitos, ser de fato a principal refeição do dia, daí a importância de um olhar mais atento a esse serviço. Há hotéis que abrem seu café da manhã para “passantes”, o que pode agregar e muito na receita e em futuros clientes.
Tendências na alimentação
A hotelaria definia as tendências nos serviços de alimentação nas décadas de 80 e parte de 90, depois disso, observamos um movimento de terceirização de alguns serviços buscando maior gestão e rentabilidade. Alguns meios de hospedagem conseguiram se reinventar outros tiveram muitos problemas de integralização. É importante ressaltar que o serviço de alimentação de um meio de hospedagem é âncora do negócio e a degradação desses serviços pode significar perda de clientes.
O que precisamos entender é que o café da manhã é a identidade do hotel, da pousada ou qualquer outro meio de hospedagem. Estando incluído ou não na diária, é importante oferecer sugestões de menu, sejam elas tradicionais ou típicas, mas que tragam em si, uma “personalidade” própria. A “personalidade” a que me refiro é a referência que o estabelecimento adquire quando presta um serviço diferenciado, seja na forma que for.
Percebe-se que hoje, dentre a grande maioria dos meios de hospedagem, é que, o café da manhã é tradicional, digo: servem sempre as mesmas coisas e pouco se preocupa em ter um diferencial, uma personalidade. Muitas vezes a sensação percebida é que, este serviço só existe para cumprir a necessidade do protocolo de hospedagem e não de se tornar uma referência neste serviço, muitos produtos industrializados e nem sempre muito frescos fazem a composição do café tradicional o qual me refiro. A proposta aqui é fazer uma reflexão sobre este serviço e olhar para “dentro”. É possível fazer algo diferente com pouco, não precisamos servir caviar no café da manhã, talvez um simples ovo mexido, bem feito, pode se tornar um diferencial no serviço de seu negócio.
Nesse momento é importante pensar que, mesmo na pandemia, é possível nos reinventarmos, oferecendo o melhor que pudermos, com segurança e uma excelente prestação de serviços.
Salve o Café da Manhã! Salve o Breakfast!
*Chef Edson Puiati é um dos maiores talentos da gastronomia mineira com passagem em renomados restaurantes e hotéis. Além de ser consultor para várias empresas do setor gastronômico, ele é palestrante, restauranteur e o coordenador do curso de gastronomia da Universidade UNA, em Belo Horizonte e vai estar participando do Breakfast Festival que acontecerá em breve nos melhores hotéis da capital mineira.