Opinião

A Copa do Mundo acabou. E agora? – Artigo de Luiz Arthur Medeiros

Luiz Arthur Medeiros*

 

A copa do mundo que será realizada aqui em nosso país tem dado um grande impulso ao setor hoteleiro e turístico. Grandes redes trabalham para ampliar sua oferta de apartamentos, hotéis de autogestão buscam o aperfeiçoamento de suas instalações, linhas de crédito foram criadas pelo governo… Mas existe um grande porém nisso tudo, acompanhado de uma enorme interrogação. Tamanha oferta de disponibilidade vai encontrar ocupação depois que estes grandes eventos terminarem?
Não é novidade para ninguém as carências estruturais que temos no Brasil para suportar o aumento de demanda que estes grandes eventos trazem. Nossos aeroportos estão estrangulados, nosso transporte público é precário, a segurança ainda engatinha em profissionalismo e nossa mão de obra em turismo receptivo e hotelaria é de baixa qualidade.
Mas no que tange a número de leitos, pelo menos para a Copa do Mundo, podemos avistar um panorama de certa maneira favorável. Das doze cidades sedes, apenas quatro delas apresentam número de leitos abaixo do padrão FIFA recomendado para a competição. São elas Belo Horizonte, Porto Alegre, Manaus (o caso mais grave) e Cuiabá. O restante das sedes já tem a capacidade instalada mais do que suficiente para suportar o grande fluxo turístico.
A hotelaria brasileira precisa com urgência voltar seus olhos para o que a espera depois destes eventos. Não são poucos os exemplos de sedes de grandes eventos esportivos que experimentam uma espécie de “ressaca” pós competições. Dos eventos esportivos ocorridos nas últimas quatro décadas podemos afirmar que apenas Barcelona soube manter os benefícios conquistados com os jogos olímpicos lá realizados em 1.992.
A única maneira de manter os turistas em nosso país é prestar bons serviços. De nada adianta construir novos hotéis, se não tivermos pessoas capacitadas para trabalhar neles. Bons serviços não evitam que os hóspedes deixem os hotéis depois de suas férias, mas fazem com eles voltem nas próximas, e isso faz girar a roda do nosso mercado.
Ao governo caberia, além de conceder linhas de crédito amigáveis para construção e reformas de empreendimentos hoteleiros, incentivar a formação de mão de obra nessas áreas. Não há no país nenhuma instituição de ensino público que tenha cursos superiores de hotelaria, e é isso que realmente mostra como estamos planejando mal nosso trabalho para estes enormes acontecimentos.
Mais uma vez repito. Temos que começar a “esquecer” um pouco estes dois grandes eventos que somados vão ocupar dois meses da ocupação hoteleira, e lembrar que todos os dias precisamos de hóspedes. Que Copa do Mundo e Olimpíadas sejam nossos trampolins para vôos mais altos, e não apenas um bom período para ganhar muito antes que ele termine.

 

*Luiz Arthur Medeiros é consultor da Concierge Hotelaria com 15 anos de atuação no trade, com passagens por redes como Travel Inn, Bristol hotéis, Vila rica, entre outras. Contato –   arthur@conciergehotelaria.com.br

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Um Comentário

  1. Boa tarde, Luiz!

    Gostaria de fazer uma ressalva, a cerca do que você escreveu, sobre a não existência de cursos de hotelaria na rede pública de ensino no nosso País. Poi,s há sim… Eu sou estudante de Hotelaria na UFPB(Universidade Federal da Paraiba). Outras duas faculdades federais oferecem o curso de hotelaria no Brasil, que são a UFPE e a UFMA. Entre no nosso site e conheça um pouco mais do nosso curso, http://www.prg.ufpb.br/cursos/CCAE/HOTELARIA.htm. Abraço!

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