Opinião

Operação Lava a Jato – Artigo de Mario Cezar Nogales

Mario Cezar Nogales é Consultor em hotelaria e autor de cinco livros para o setor

*Mario Cezar Nogales
Que estamos sob o jugo de governos, governantes e políticos corruptos descarados já não é mais novidade haja vista a quantidade de noticias relativa ao descobrimento de corrupção em vários níveis e a indignação geral da população com respeito ao tema.
Contudo e como sempre é dito, cada país tem os governantes que merecem e neste caso devemos dar a mão para a palmatória.
Nós brasileiros devemos nos conhecer bem para que possamos corrigir nossas falhas para de fato progredirmos como país e neste quesito estamos todos incluídos inclusive este que vos fala e a partir do momento que descobrimos nossas falhas podemos de fato partir para as devidas correções.
Não é só o governo que é corrupto, nós como administradores hoteleiros e como brasileiros também somos corruptos e/ou corruptores e vou lhes explicar como o somos com base no dicionário.

Somos corruptos quando deixamos ocorrer a deterioração, decomposição física, orgânica de algo; putrefação ‹ c. dos alimentos ›.
A partir do momento que deixamos de reutilizar ao máximo os alimentos transformando-os em outros produtos e desperdiçando mais de 20% dos alimentos desde o produtor até que chegue a mesa do consumidor, também somos responsáveis por comer demais e também por nos servir demais deixando comida nos pratos que vão diretamente ao lixo.

Somos corruptos quando modificação, adulteração das características originais de algo ‹ c. de um texto ›.
Aqui se aplica a famosa “Lei de Gerson”, ou seja, levar vantagem em tudo, interpretamos e reinterpretamos contratos, leis, acordos e tudo isto para levar vantagem sobre outro, vamos desde a aplicação de leis que tiram direitos de uns para dar direitos a minorias até mesmo letras miúdas nos contratos e nos esquecemos que democracia é pluralidade e atendimento igualitário a todos, se um tem direito a… todos tem direito a e não apenas alguns.

Somos corruptos quando deixamos a (fig.) depravação de hábitos, costumes etc.; (devassidão).
Somos um país que tem vergonha de sua própria história e tem vergonha de manter a sua própria história, já fomos pelegos dos costumes franceses, já fomos pelegos dos costumes norte americanos, agora somos pelego do que há de pior na sociedade, louvamos os bandidos e desqualificamos os honestos, sorrimos a um assalto e chamamos de imbecil àqueles que devolvem uma carteira cheia de dinheiro. Passamos a valorizar mais àqueles que tem algo do que àqueles que raciocinam sobre algo, damos glória aos imbecis e incompetentes e negamos a todos aqueles que usam a intelectualidade.

Quando nos tornamos corruptos quando por nossa permissão e/ou por relevar atos ou efeito de subornar uma ou mais pessoas em causa própria ou alheia, (ger. com oferecimento de dinheiro; suborno ‹ usou a c. para aprovar seu projeto entre os membros do partido ›)
Chega até ser cansativo perceber e/ou saber que em determinados hotéis os colaboradores que deveriam focar seu atendimento na hospitalidade acabam corrompendo todo o serviço do meio de hospedagem já que o grande problema que encontro em vários hotéis é o fato de alguns funcionários receberem “comissões” sobre serviços de terceiros. O problema está que este terceiro sempre irá adicionar em seu preço final ao consumidor ou seja, é o hóspede que paga o pato e neste quesito há verdadeiras máfias no que tange a serviços de taxis que atendem os hotéis, no serviço de alimentos (delivery) que são entregues a hóspedes (sou testemunha de casos onde a pizza tem um sobre valor de 100% quando o hóspede solicita), até mesmo no oferecimento de serviços de acompanhantes (prostituição de fato) onde funcionários dos hotéis chegam até a “cafetinar”, o que dizem os administradores? Nada e alguns deles até apoiam, afinal de contas se não conseguirem estes serviços em seu hotel, conseguirão em outro lugar e porque não ganhar algo com isto. (um verdadeiro absurdo).

Somos corruptos com emprego, por parte de grupo de pessoas de serviço público e/ou particular, de meios ilegais para, em benefício próprio, apropriar-se de informações privilegiadas, ger. acarretando crime de lesa-pátria ‹ é grande a c. no país ›.
Sem muita explicação é de fato quando deixamos de pagar e ou de fazer algo que é obrigatório não apenas por força de lei mas também por força moral e quando nos deparamos com fiscais nos deixamos levar na propina para esquecer o caso.

Somos corruptos quando há (jur.) disposição apresentada por funcionário público de agir em interesse próprio ou de outrem, não cumprindo com suas funções, prejudicando o andamento do trabalho etc.; prevaricação.
E quando descobrimos isto deixamos que apenas os agentes do governo façam sua parte e não fazemos a nossa, não boicotamos e não nos manifestamos, apenas vemos os “carros dos bois” passar.

“A verdade, mesmo que a de um, não deixa de ser a verdade” – Gandhi

“Seja aquilo que você quer do seu mundo” – Amit Goswami

Somente caminharemos em rumo à “Ordem e Progresso” quando nós mesmos deixarmos de ser corruptos, quando nós mesmos façamos que os idosos passem na frente sem que haja necessidade de leis que assim obriguem, quando nós mesmos tivermos respeito pelos pedestres enquanto estivermos em nossos veículos, quando nós mesmos louvemos o intelecto no lugar da limitação da falta de conhecimento, quando nós mesmo façamos da meritocracia uma verdade em nossas empresas.
Posso até estar sendo utópico, contudo estas correções começam em casa e de fato me tornei incorruptível, eu sou somente um contudo, minha família seguirá meu exemplo e se meu vizinho seguir meu exemplo e os leitores seguirem meu exemplo poderemos transformar este país.

*Mario Cezar Nogales é Consultor em hotelaria e autor de cinco livros para o setor – Contato mario@snhotelaria.com.br

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