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Enxoval de cama como alma da hospitalidade

A utilização de produtos químicos e a execução de procedimentos de lavanderia de maneira equivocada podem custar caro ao hotel: o estado do enxoval pode ser um fator de decisão do hóspede

Deitar-se sobre um lençol bem branquinho e enxugar-se com toalhas limpas e macias são alguns dos principais prazeres de uma pessoa ao chegar no apartamento de um hotel. Mas para isso, existe um serviço invisível e crucial do setor de governança, a lavanderia. Este setor precisa funcionar próximo da perfeição. Com a alta rotatividade de usuários por dia ou semana, os enxovais dos meios de hospedagem passam por muitos processos para estarem sempre impecáveis e livres de micro-organismos para os hóspedes. Contudo, se não feitos corretamente, os procedimentos podem desgastar as peças e diminuir sua vida útil, gerando um gasto maior que o esperado pelo empreendimento por ano e virando uma grande dor de cabeça ao gestor.

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A lavanderia do hotel deve ser bem planejada e inserida desde o estudo inicial de construção de um hotel. É um setor que merece cuidado especial, assim como o restaurante, a recepção, os apartamentos e as outras áreas do hotel. Com uma lavanderia bem planejada, são oferecidas melhores condições de trabalho aos funcionários, a produtividade será medida, a qualidade estará presente, o custo será compatível e o lucro, que é o objetivo principal de qualquer negócio, será consequência.

A utilização de bons produtos químicos na lavanderia vai proporcionar a conservação do equipamento, o custo baixo, a conservação das roupas, o menor risco à saúde dos funcionários e a qualidade superior no produto final. Em alguns hotéis, a lavanderia é terceirizada, e nesse caso, cabe ao responsável pela lavanderia controlar o recebimento e o envio das roupas, zelando sempre pela qualidade.  É importante que a estrutura, interna ou externa, tenha condição plena de gerenciar processos, medir e melhorar continuamente, mantendo em linha os seus indicadores, desde os econômicos, operacionais, aos de qualidade que tratam do controle higiênico-sanitário, conforto e padrão de maciez para proporcionar ao hóspede a melhor experiência durante a sua estada.

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Terceirizar ou não?

Antes de tudo, é necessário fazer um estudo da necessidade de manter uma lavanderia própria, ou se terceirizar é a melhor opção. Trata-se de um setor que deve possuir os recursos técnicos necessários, para lavar, secar, passar e consertar grande quantidade de roupas diariamente, além de atender aos pedidos dos hóspedes para os mesmos serviços. Ter sua própria lavanderia ou contratar este serviço dependerá de algumas variáveis, como porte do hotel, número de funcionários, espaço físico destinado a este fim, entre outras.

De acordo com Maria José Dantas, Presidente nacional da ABG – Associação Brasileira de Governantas e Profissionais de Hotelaria e diretora da Governança.com – Consultoria Hoteleira, no caso de terceirizar o serviço, todo o processo de lavagem e entrega dos enxovais precisa de muito controle de ambas as partes. “Antes de contratar uma empresa para prestar esses serviços é necessário “amarrar” todas essas situações, que são pontos críticos na vigência do contrato. A quantidade de peças coletadas deve ser a mesma devolvida diariamente. Quando o enxoval não é devolvido com a mesma quantidade que saiu, o terceirizado precisa ser notificado e as razões esclarecidas. Todas as peças não devolvidas devem gerar um crédito para o hotel e, não havendo devolução posterior, a reposição das peças deve estar em conformidade com a especificação do enxoval extraviado”, alerta a consultora.

O hotel deve exigir da lavanderia terceirizada que sejam utilizados produtos profissionais, que faça processos separados para cada tipo de tecido, assim como para os processos de relavagem das peças que oferecem uma sujidade resistente e têm que ser submetidas a um novo processo, o que é muito frequente. “O processo de relave é caro, significa reduzir as margens de lucratividade do processo. Porém, para minimizar esse custo e aumentar a vida útil das peças, deve-se observar alguns cuidados com o manuseio. O enxoval não deve ter contato com o solo sem uma proteção impermeável, nem deve ser arrastado em sacos sem proteção. Uma dica seria adotar o processo de pré-lavagem para remoção de manchas específicas antes de submeter ao processo final de higienização”, explica Maria José.

 

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Esses cuidados começam desde a retirada do enxoval pela camareira até a unidade de processamento. Nesse fluxo, o primeiro passo importante é a triagem feita pela própria camareira ainda dentro do apartamento. Baseado na sua observação, o enxoval que tiver algum tipo de sujidade fora do padrão deve ser separado ainda no local e enviado para um processo especial separado dos demais. Isso favorecerá um tratamento exclusivo, adequado para cada tipo de sujidade. Optando por uma lavanderia própria, o hotel deverá equipá-la adequadamente, de acordo com o volume de roupas a serem trabalhadas diariamente. Este estudo pode ser feito pelos fabricantes, para dimensionar adequadamente o espaço e os equipamentos necessários. É também necessário que o hotel defina todos os fornecedores com os quais trabalhará, bem como os produtos que serão usados no processo.

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Maria José Dantas – “As perdas provocadas pela manipulação interna e o processo químico de higienização do enxoval lideram as estatísticas de prejuízos no hotel”  Crédito da foto – Divulgacao

 

Etapas cruciais

É importante reforçar o principal objetivo do processo de lavanderia, que é ter a roupa limpa, isenta de micro-organismos patogênicos que podem causar doenças ao usuário final. Isso tudo, sem perder de vista a boa apresentação das peças, que devem estar em perfeitas condições de uso a um custo acessível. Segundo Maria José, o enxoval é o item mais caro do centro de custo da hospedagem, tanto na aquisição para montar o par-estoque inicial como na reposição, além do custo diário para sua higienização. Nos hotéis de médio porte e de alto padrão, essa conta pode passar dos R$ 2 milhões e as perdas provocadas pela manipulação interna e o processo químico de higienização lideram as estatísticas.

Ela pontua que, quando o processo é externo, os gestores internos perdem parcialmente a gestão sobre ele, por isso é importante estudar bem se o processo se dará internamente ou por contratação. “É muito importante conhecer as instalações, equipamentos e produtos que a lavanderia terceirizada vai utilizar. O processo completo para a higienização de têxteis obedece a um círculo simples, que é a ação química, ação mecânica, temperatura e tempo, combinados. Esse ciclo será ajustado de acordo com a situação das peças (tipo de fibra e sujidade) e maquinários. O processo é separado em ciclos que compreendem a lavagem, extração/centrifugação, secagem ou calandra para os tecidos planos, em seguida, dobragem das felpas, seguido pelo abastecimento dos andares e/ou rouparia”, afirma a Presidente da ABG.

O passo-a-passo do processo começa na retirada das peças dentro do apartamento, retirando da cama/banheiro direto para o saco hamper (ou carrinho da camareira) que, em seguida, serão recolhidas pelo roupeiro ou seguem pelo chute (duto especialmente instalado para essa finalidade) diretamente para a área de triagem. Nessa área as peças serão separadas e classificadas e, em seguida, encaminhadas para processamento interno ou contadas e ensacadas em sacos resistentes, preferencialmente impermeáveis, destinados apenas para transportar roupa suja à lavanderia externa.

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Na unidade de processamento, a entrada da roupa suja para higienização não pode ser pelo mesmo acesso que sai a roupa higienizada de forma a evitar a contaminação cruzada. Uma preocupação a mais para quem processa o enxoval fora do seu hotel é o transporte, que também precisa ser adequado. “O correto é ter um transporte exclusivo para roupa limpa e outro para roupa suja. Mas, como nem sempre isso é possível, deve-se exigir o transporte da roupa limpa e higienizada embalada e acondicionada em gaiolas para não correr o risco de contato com as paredes ou solo contaminados dos veículos destinados para esse fim. O controle deve ser rigoroso, se não a roupa pode se “perder” nesse trajeto, do hotel até a lavanderia terceirizada e vice-versa”, destaca.

A lavagem úmida é usada apenas em alguns casos, sendo substituída por processos químicos que ajudam na economia de água
A lavagem úmida é usada apenas em alguns casos, sendo substituída por processos químicos que ajudam na economia de água – Crédito da foto – Divulgação

Em relação à lavagem, além do processo molhado, o outro possível é a seco, porém é mais utilizado para uniformes, de acordo com a consultora. “É um processo realizado com solvente, em geral o Percloetileno, substituindo a água. Esse processo é totalmente químico, sem água, a sua principal vantagem é evitar o encolhimento da fibra e a manutenção da sua coloração, ou seja, um desgaste menor que significa prorrogar a vida útil das peças”, afirma. Mas, trata-se de um produto poluente, considerado nocivo ao meio ambiente, segundo a fonte “Ann Meeker – O’Connell”, mencionada por Maria José. O processo de lavagem à seco também deixa uma contribuição importante no que diz respeito a redução do consumo de água, mas é um processo que requer equipamentos mais específicos, e consequentemente, caros. “Vale a pena um estudo especialmente dedicado à viabilidade da operação com o Percloetileno. Hoje o mercado nacional já dispõe de excelentes equipamentos com tecnologia de ponta que realizam o processo tradicional de higienização têxtil com baixíssimo consumo de água e energia”, explica Maria José.

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Se não for usada a substância correta para cada tipo de mancha, o procedimento de limpeza pode ocasionar na perda da peça – Crédito da foto – Freeimages

Cuidados com manchas

Se a lavagem de peças com sujidades leves como um simples suor após o uso do hóspede já devem ser feitas com cuidado, quando manchas aparecem a atenção deve ser dobrada. Algumas manchas são invisíveis, principalmente as provocadas por alguns medicamentos, como a Clorexidina. Essa substância só reage evidenciando a mancha no tecido quando entra em contato com o cloro, que pode estar presente na água, ou no processo químico de higienização. Contudo, a indústria química tem a solução para dar segurança a esse processo clorado com a presença da Clorexidina.

Sangue é um tipo de mancha que deve ser removida o mais rápido possível, em menos de 24h, se não fica mais resistente e os danos ao tecido para remoção total podem ser irreversíveis. “Nesse caso, a remoção da mancha deve ser feita com água fria com Peróxido de Oxigênio. O alvejamento à base de produto clorado é um processo mais barato para as lavanderias, no entanto o cloro não é uma boa alternativa quando o processo requer detergentes e temperatura. Cloro e temperatura podem ocasionar perda imediata de todas as peças processadas”, explica Maria José.

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As lavanderias de maior porte e/ou que seguem processos profissionais trabalham com essa preocupação na separação e classificação das fibras. São classificadas como fibras naturais, vegetais e comuns a quase todo enxoval de cama e banho, as fibras de algodão, que também podem ser de tecido misto. “Um exemplo bom sobre a separação das peças são as toalhas brancas, que não podem ser lavadas com tecidos planos, como lençóis ou fronhas. A razão é simples: os processos são automáticos e a dosagem de produtos químicos é definida por tipo de fibra e por tipo de sujidade. Isso define se o processo vai ser quente, frio, leve, pesado, alvejado ou não. Uma carga de toalhas brancas, por exemplo, recebe uma carga química e uma ação mecânica de centrifugação exclusiva para felpas, para lençóis essa centrifugação é desnecessária e pode comprometer a preservação das peças”, explica Maria José.

Outras fibras artificiais, como viscose e sintéticos, que são tecidos de poliéster, nylon, lycra, estão entre os itens de menor volume usados nos hotéis. Todos são separados também por tipo de sujidade. Esses cuidados contribuem para a manutenção da vida útil do enxoval e tratam da lavagem normal com água.

Ações preventivas

Basta uma falha na produção da lavanderia para a operação da Governança ser comprometida, e a principal forma de evitar erros no processo é ter uma gestão adequada sobre ele. Maria José Dantas recomenda que o departamento de governança trabalhe com três mudas se a lavanderia for interna. Se for externa, a recomendação é ter uma muda a mais, ou seja, quatro mudas. “O departamento precisa estar preparando minimamente para ter uma ocupação de 100% por três ou quatro dias consecutivos. A outra razão é o tempo de descanso da fibra entre um processo e outro. Se a minha operação é realizada com três mudas de enxovais, teoricamente eu terei 72h de descanso das peças até a próxima lavagem, tempo ideal para a recomposição total da fibra após o processo químico e mecânico. Esse tempo influencia diretamente no desgaste das fibras, pode ser maior ou menor de acordo com o intervalo de lavagem. Só a título de referência, segundo os fabricantes, um lençol de algodão suporta aproximadamente 110 processos. E cerca de 30% a mais para tecidos mistos, algodão e poliéster, em boas condições de uso. Fabricantes de equipamentos, têm outra referência, estimam 80 processos para fibras de algodão e a mesma proporção nos tecidos mistos”, explica.

Com a primeira referência dada por Maria José, estima-se que mensalmente a mesma peça seja higienizada seis vezes com um intervalo de cinco dias entre cada processo. Esse lençol de algodão será submetido a 108 processos ao longo de 18 meses. Em um ano e meio, teoricamente, toda vida útil estaria consumida. “O fato é que muitas peças estarão em boas condições, passado esse período de uso. Essa referência é para o gestor da área fazer o seu provisionamento para reposição do inventário. No entanto, se a quantidade do enxoval em uso não for suficiente para esse intervalo, o desgaste será gradativamente maior, antecipando a sua reposição em até um ano ou pouco mais”, detalha a especialista.

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O Grand Palladium Imbassaí Resort, na Bahia, faz treinamentos semanais com sua equipe de governança para padronizar o serviço de lavanderia – Crédito da foto – Divulgação

Cada material para seu fim

Pode-se pensar que a lavanderia em um grande hotel ou resort pode ser diferenciada, ou seus processos mudem de acordo com a alta ou baixa temporada. Mas de acordo com Valdir Paixão, chefe de lavanderia do Grand Palladium Imbassaí Resort & Spa, empreendimento de 654 unidades habitacionais situado em Imbassaí (BA), a única mudança é a redução dos turnos de trabalho da lavanderia própria do hotel. “O primeiro cuidado é que os materiais sejam utilizados para os fins aos quais são destinados. Além, claro, de evitar manchas para evitar processos de re-lavagem ou lavagem pesada (com produtos mais fortes para tirar manchas). A lavagem depende do tipo de material, mas todos os itens (cama e banho) passam por processos intensos de lavagem, regulamentados pela ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, como: Umectação, Pré-lavagem, Lavagem, Desinfecção, Neutralização e Amaciamento”, explica Paixão.

Pensando no impacto ambiental, a lavanderia do empreendimento baiano busca utilizar o menor número de processos de enxágue possível, e todos os produtos utilizados são biodegradáveis. “Estamos involucrados na proteção do meio ambiente e recebemos a premiação EarthCheck por quatro anos consecutivos. Utilizamos processos automatizados de dosagem de produtos para uso exato da quantidade de químicos por quilo e temos planilhas de controle para acompanhamento dos consumos”, conta o chefe de lavanderia.

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Para padronizar os trabalhos, o hotel faz treinamentos semanais de reciclagem dos processos de trabalho, buscando um trabalho mais produtivo e de melhor qualidade. “O principal erro que tentamos evitar é o uso de enxovais para fins não apropriados, gerando manchas e mais processos de lavagem e, consequentemente, redução da vida útil do enxoval”, declara Valdir Paixão.

Os principais cuidados tomados no Paradise Resort, em Mogi das Cruzes (SP), são o manuseio e o transporte até a lavanderia terceirizada
Os principais cuidados tomados no Paradise Resort, em Mogi das Cruzes (SP),são o manuseio e o transporte até a lavanderia terceirizada
O risco do cloro

Localizado em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, o Paradise Golf & Convention recebe todos os tipos de hóspedes, inclusive famílias nas altas temporadas em estações quentes. Para atender a demanda, o hotel optou por terceirizar a lavanderia de seu enxoval. Os processos de lavagem de lençóis e fronhas, toalhas, cobertores e edredons são diferenciados para minimizar o aparecimento de manchas causadas por protetor solar e outros produtos utilizados pelos hóspedes. De acordo com Cristina Avistá, Governanta do empreendimento, os principais cuidados estão no manuseio do enxoval, tanto no hotel, quanto no transporte e na lavanderia. “Não se deve deixá-las sobre o piso, entre os carrinhos ou gaiolas, evitando assim danos mecânicos por atrito. O hipoclorito de sódio (vulgarmente chamado de cloro), presente nos produtos utilizados para limpeza dos pisos dos banheiros, é um risco ao enxoval, pois causa a degradação do algodão, causando aparecimentos de “furos” nos tecidos. O Paradise não faz uso deste tipo de produto, nem para limpeza dos apartamentos, para evitar este tipo de problema”, explica a governanta.

Para lavagem dos enxovais do hotel são utilizados produtos biodegradáveis, livres de nonilfenol, certificados por ISO 14000. A executiva conta que o processo de lavagem utilizado é a base de água, e as lavadoras extratoras que são utilizadas gastam por volta de 15 litros de água para cada quilo de roupa, o que dá um consumo diário de 240 m³. “Os processos são os mesmos utilizados na Europa e nos EUA, desenvolvidos para otimizar a durabilidade do tecido, minimizar a quantidade de produtos químicos e consumo de água. Utilizamos também dosadores automáticos muito precisos, de tecnologia avançada controlada por CLP (Controladores Lógicos Programados), equipamento computadorizado projetado para comandar e monitorar máquinas ou processos industriais”, elucida.

Para ela, o manuseio incorreto, causando danos mecânicos nos tecidos e a utilização de hipoclorito de sódio são os principais riscos ao enxoval. “A dosagem manual, método utilizado por algumas lavanderias, também pode causar danos como inversão de etapas ou produtos químicos, por exemplo”, alerta.

Qualidade antes do Preço

Mesmo que a equipe de governança siga todos os processos de lavanderia corretamente, ou a empresa terceirizada seja impecável na prestação de seus serviços, ainda pode haver um fator que pode fazer com que o hotel gaste mais do que deveria com a manutenção dos seus enxovais. A qualidade das peças utilizadas deve ser considerada desde o estudo inicial de implantação do hotel, pois é a partir disto que o gestor ou a governanta terá a certeza de que as peças durarão mais tempo, mesmo com um grande número de lavagens diárias e semanais.

Para Rose Molon, Gerente de Vendas Institucional da Altenburg — empresa que fornece produtos de cama e banho para o mercado hoteleiro —, o gestor do hotel deve considerar vários pontos na hora de adquirir o seu enxoval. “Preço não é um fator determinante para a compra, porque é preciso avaliar a qualidade, se o produto atende ao público do empreendimento, o percentual médio de ocupação e enxergar a roupa de cama como um diferencial que pode fidelizar o cliente”, explica a gerente.

Para evitar descartes e trocas inesperadas, no momento da venda a empresa orienta os clientes a seguir rigorosamente as instruções de manutenção contidos nas etiquetas dos produtos e a aquisição de, no mínimo, três enxovais por cama, para assegurar a manutenção das peças e maior durabilidade. “O ideal seria quatro, mas se tiver três já é possível fazer um bom trabalho. Dessa forma, a distribuição dos enxovais fica assim: um enxoval na cama; o segundo enxoval na lavanderia; e o terceiro enxoval no descanso de, no mínimo, 24 horas, pois este é o tempo de recomposição da fibra do tecido de algodão, por se tratar de uma fibra natural”, afirma Rose.

A empresa prioriza a matéria-prima utilizada, acabamentos e tratamentos como anti-peeling e anti-encolhimento e alta capacidade de absorção (hidrofilidade das toalhas). Segundo a gerente, a durabilidade do enxoval vai depender da rotatividade das peças, dos cuidados com a lavagem química utilizada no processo e a temperatura utilizada no mesmo. “O principal impacto que um bom enxoval tem na prestação dos serviços de um hotel é a satisfação do hóspede, pois ele pode retornar, indicar e fidelizar. Outro fator primordial é o tempo de reposição, pois um enxoval adquirido e mantido corretamente, com certeza a reposição ocorrerá com um espaçamento muito maior, se comparada a um enxoval adquirido somente por conta do preço. Todo meio de hospedagem, independente da categoria, deve trabalhar com um bom enxoval e deve ter excelência nos produtos que oferece. Basta errar em um dos pontos do nosso processo de venda, para perdermos o cliente. Ele é a alma do negócio. Cliente satisfeito volta”, pontua a Gerente da Altenburg.

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Fios por polegada

Saber diferenciar e escolher peças sob o ponto de vista do material usado na confecção é mais um desafio para a equipe de compras e governança do hotel. Antes das técnicas para cuidar melhor dos enxovais, a primeira ação do empreendimento é ter à frente dessa área um especialista dedicado à gestão do custo e a qualidade dos processos da área, para os hotéis que têm uma lavanderia interna. A governanta precisa desse suporte, pois não é possível fazer uma boa gestão na governança e lavanderia sem o apoio dos supervisores ou coordenadores, cada um em sua área.

Para isso, a empresa Abdouni Tecidos, que fornece linhas de cama, mesa e banho para hotelaria, utiliza tecidos 100% Algodão e Tecido Misto – Poliéster com Algodão. A coleção 100% Algodão conta com peças 180 fios, 200 fios e o 300 fios. O Tecido Misto é uma mistura das fibras naturais do algodão com o poliéster sintético. Ambas as fibras possuem na utilização prós e contras e se costuma usar essa mistura para obter o melhor de cada uma delas.

De acordo com Omar Abdouni, Diretor Comercial da empresa, o Tecido Misto é versátil, pois contém a maciez e leveza do algodão aliada a durabilidade do poliéster e é usado principalmente pela facilidade na hora de lavar e passar. “Outro aspecto a levar em conta nestes dois tipos de tecido é a quantidade de fios por polegada. Esta característica também está diretamente ligada à nobreza e refinamento do produto acabado. Em outras palavras, quanto maior a quantidade de fios por polegada de tecido, maior será a vida útil do produto e o prazer ao toque proporcionado”, explica.

Os produtos da Altenburg contam com tratamentos anti-peeling e anti-encolhimento, que colaboram para maior durabilidade das peças - Crédito da foto - Divulgação
Os produtos da Altenburg contam com tratamentos anti-peeling e anti-encolhimento, que colaboram para maior durabilidade das peças – Crédito da foto – Divulgação
Descanso do tecido

Com enxoval completo para cama, com lençóis, fronhas, colchas, cobertores, saias, travesseiros entre outros, com 180 até 400 fios, a empresa Tognato se preocupa com a matéria prima de seus produtos, responsável pela durabilidade dos mesmos. Luiz Pardo, Diretor da empresa, também recomenda que o hotel tenha uma quantidade adequada de trocas de acordo com a ocupação do empreendimento, possibilitando o descanso do tecido. “Permitir que as fibras se recomponham e trabalhar com uma boa lavanderia que não abusa de química para tirar a sujidade da roupa é essencial. Mas tão importante quanto, é saber se está ou não comprando um enxoval de qualidade. Às vezes, compras somente por preço baixo acabam fazendo o hoteleiro comprar produtos de baixa durabilidade”, comenta o diretor.

Para dar maior segurança ao setor de governança de que as peças não ficarão manchadas após derramamento de líquidos como vinho, algumas empresas fornecem peças impermeáveis. Segundo Pardo, o material é usado em casos específicos quando é requerido, como nos casos de capas protetoras de travesseiro e protetores de colchão. “A Tognato trabalha com matéria prima com reconhecida qualidade e que acabam fazendo com que as peças tenham a vida útil esperada pelo cliente se conservada e lavada tomando todas as precauções”, defende.

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Lavadoras Girbau Série 6-HS da Girbau – Crédito da foto – Divulgação
Sob medida

Tão necessária como qualquer outro espaço dentro do hotel, a lavanderia exige um estudo de viabilidade antes de ser concebida. Fatores como quantos quilos serão lavados por dia; quantas horas a lavanderia irá funcionar, o total a se lavar; quanto corresponde à roupa lisa; felpa e uniformes, espaço disponível para se montar a lavanderia; tipo de aquecimento que será disponibilizado; quantas trocas de roupa o hotel dispõe; se a lavanderia terá tratamento de efluentes; etc, são dados que levarão ao correto dimensionamento deste serviço.

De acordo com Rafael de Marco, Gerente Comercial da Girbau — fabricante de maquinarias como lavadoras e passadoras —, estes quesitos são analisados a partir da real necessidade do cliente, após entender suas dificuldades e particularidades, bem como o porte do hotel, para assim, indicar o melhor maquinário para aquela demanda. “Podemos oferecer soluções personalizadas para cada tipo e tamanho de hotel. Fabricamos equipamentos para atender a necessidade tanto de uma Pousada de 10 apartamentos como também um resort com mais de 1.000 apartamentos. Importante ressaltar que o bom resultado de uma lavanderia dentro do hotel não depende somente de máquinas, e sim, de um bom estudo de dimensionamento, local de instalação, espaço para triagem da roupa suja e espaço para armazenamento da roupa limpa. Por isso sempre oferecemos de forma gratuita projetos em 2D e 3D para que o cliente possa visualizar como a sua lavanderia ficará depois de montada”, explica.

Ele conta que os equipamentos Girbau que são 100% automáticos e programáveis, e por isso é possível criar processos específicos de lavagem de acordo com o tipo de roupa, cor e sujidade. As Lavadoras Extratoras Serie HS da marca dispõem de um sistema que reconhece a carga que foi carregada na Lavadora e de forma automática e instantânea ela recalcula a entrada de água e produto químico para aquela capacidade específica que foi carregada na máquina. “Isso sem dúvida gera uma grande economia para o hotel que passa a ter gastos proporcionais com a capacidade que realmente está sendo lavado”, comenta Rafael.

 

Na lavadora Girbau é possível trabalhar de duas formas, sendo com carregamento manual de produto químico nos compartimentos ou através de dosagem automática onde a maquina emite os sinais para as bombas dosadoras. “Sempre que possível recomendamos o cliente trabalhar com processo de dosador automático, desta forma o nível de água e a quantidade de produto químico já estão configurados para aquele processo especifico, evitando assim uma dosagem excessiva de produto químico que pode causar danos ao enxoval”, pontua.

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A lavanderia Atmosfera utiliza produtos saneantes que possuem registro sanitário e registrados na ANVISA – Crédito da foto – Divulgação
Tecnologia como aliada

Para o gestor que escolhe o serviço terceirizado de lavanderia, há uma série de opções no Brasil, e como já mencionado, cabe ao responsável do setor fazer uma profunda pesquisa e estudo de qual é a mais adequada para as necessidades do seu hotel e a que executa o trabalho corretamente. Neste caso, os enxovais passam por separação e processos específicos para cama, mesa, banho, uniformes, itens especiais de decoração, roupa de hospedes, entre outras peças.

São realizados procedimentos diferentes para tipos de tecido como algodão, mistos, lisos e felpas. Além disso, os enxovais são separados por tipo de sujidade dentro da lavanderia, após separação e análise, são criados programas exclusivos para cada tipo de tecido e seu uso. No processo de limpeza toda a sujeira é removida sem danificar as fibras. Em alguns casos, os enxovais passam por processos especiais para a remoção de manchas e toda a sujeira é removida e a vida útil do tecido é preservada.

Esse procedimento é seguido na lavanderia Atmosfera, que está há 130 anos no mercado e presente em 12 países. No Brasil, ela atua em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Santa Catarina, Paraná, Espírito Santo e Ceará. No seu fluxo de trabalho, a empresa utiliza produtos saneantes que possuem registro domissanitário (higienização e desinfecção domiciliar) e registrados na ANVISA, fornecidos por empresas de produtos químicos com grande estrutura e acesso a matéria prima de alta qualidade, que prestam assistência e garantia.

Altenburg

De acordo com Juliana Soares, Gerente Comercial de Saúde & Hotelaria da Atmosfera, a tecnologia é uma grande aliada dos processos da empresa. Conta com sistema de rastreabilidade por lotes, controle de níveis de água, temperatura e drenagem tem seu tempo e dosagem por sistemas eletrônicos, secadores automáticos com sensores de temperatura e calandras com introdutores e dobradores automáticos; sistema de logística interna de transporte e controle da produção, sistema de ERP de gestão integrada e sistema de controle da lavanderia. “Também contamos com itens personalizados com códigos de barra e chip RFID para cada usuário, permitindo o acompanhamento de cada peça”, menciona Juliana.

A gerente afirma que a durabilidade do enxoval está relacionada a confiabilidade da área de utilidades (qualidade da água, vapor, ar comprimido, estação química), os métodos e processos operacionais adequados e a qualidade do enxoval.  “Quando a opção é pelo sistema de locação, esta preocupação deixa de existir para o hotel. Claro que as boas práticas no manuseio também são um fator importante. Para ajudar a equipe do hotel, a Atmosfera oferece treinamentos para funcionários e estoque reserva em caso de danos e evasão do enxoval”, explica.

Os desafios da governança são diversos e incluem: planejamento de custos e investimentos, descarte ou reparo de roupas, inventário de estoque, orçamentos, compra, controle de recebimento de fornecedores, demonstrativos de custos, reposição de enxoval, entre muitas outras. “No sistema de terceirização com locação de enxovais, a lavanderia cuida de todos esses processos além de melhor qualidade e profissionalismo na lavagem, preservando as fibras e a qualidade das roupas e enxovais”, defende. Para ela, diferente do material próprio, o qual gera investimentos dispersos, estoque instável e mais desgastado, o hotel consegue focar no que realmente importa, dedicação ao atendimento, aumento no apoio da equipe de hotelaria e conforto para o hóspede.

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Um Comentário

  1. Bom dia!

    Tenho muito interesse nesse assunto”manchas no enxoval”,pois trabalho em um hotel em MInas Gerais que estamos passando por esse problema,Se possível gostaria de mais informações sobre produtos,processos,fornecedores ,em fim tudo que possa somar ao nosso conhecimento .

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